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7 DIREITO INTERNACIONAL TRIBUTÁRIO POR MEIO DA APLICAÇÃO DO

7.2 Autonomia e organização tributária internacional

Frente à conclusão do item anterior, podemos afirmar que, a instituição de tributos internacionais não é uma necessidade do Estado, mas do povo desse Estado que hoje forma a sociedade internacional, isso porque os tributos internacionais não devem ser apropriados por um Estado, mas disponibilizados em fundos, por exemplo, na forma do Fundo Monetário Internacional – FMI, porém, com a diferença de que os contribuintes devem ser as pessoas jurídicas e físicas, que enquadrarem nas prescrições previstas, pelos fatos geradores estabelecidos, por meio de tratados internacionais

A contribuição tributária será instituída por tratados internacionais dos países signatários, na forma e na regra das Convenções de Viena de 1969 e 1986, devendo os tributos ser administrados pela ONU, dentro do mesmo modelo de funcionamento do FMI e do BIRD.

Concluindo, ao Estado nacional signatário do tratado internacional caberá o mesmo papel que exerce nos tributos nacionais, só que não se apropriarão dos tributos que serão depositados em órgãos da ONU, que administrarão tais recursos e usarão de acordo como as necessidades da sociedade internacional e, não dos Estados, como, por exemplo, citamos o desequilíbrio ecológico mundial, preservação da Antártida e da camada de ozônio.

Assim posto, os Estados Nacionais se organizarão do ponto de vista tributário por meio de um sistema de cooperação e distribuição de

competências sob o comando da Organização das Nações Unidas, sem no entanto, perderem sua autonomia política que é a característica fundamental de uma organização federativa.

Burdeau (1967) define a organização federal do Estado por dois princípios básicos, a saber: o da “autonomia” e o da “participação”. O primeiro refere-se ao princípio mais caro para o federalismo, o principio da autodeterminação conquistada mas garantida institucionalmente pela Constituição às partes federadas, a exemplo do federalismo americano; o segundo diz respeito à responsabilidade que cabe a cada subsistema federativo na gestão macroeconômica do país, responsável pela governança do sistema. Este último princípio nos remete diretamente para a noção de “cooperação” das ações entre os entes federados –aqui entendida como uma cooperação não só horizontal, pactuada entre as unidades federadas, ou subnacionais, mas também à cooperação vertical praticada de baixo para cima, para atender os interesses da União naquilo que diz respeito à satisfação das demandas sociais e ao equilíbrio macroeconômico do país.61

A idéia de se criar uma organização tributária unificada vem sendo discutida pela ONU, seu diretor, Vito Tanzi, em artigo, da obra Terceira Via, organizada por Antonny Gidenns fala da fluidez do mercado global e da incapacidade jurídica contemporânea que tem as instituições políticas nacionais de estabelecer uma política fiscal em relação às multinacionais, frente a capacidade das multinacionais transferirem riquezas para suas subsidiárias em regiões com menor carga tributária. Ante a tal realidade, Vito Tanzi, defende a criação de uma Organização Mundial dos Tributos:

A importância crescente do comércio ocorrido dentro de multinacionais – entre diferentes partes delas situadas em diferentes países. Esse comércio intramultinacionais representa hoje uma parcela grande e crescente do comércio mundial total.

A crescente incapacidade dos países de tributar, especialmente com alíquotas altas, o capital financeiro, e também as rendas auferidas por indivíduos com habilidades altamente comerciáveis. Alíquotas altas sobre o capital financeiro ou sobre indivíduos altamente móveis proporcionam grandes incentivos para que os contribuintes transfiram o

61 FILHO, Jair do Amaral. ANAIS do 41º Jornadas Internacionales de Finanzas Públicas.

Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Nacional de Córdoba, setembro de 2008. República Argentina.

assumam residência em países de baixo impostos.

Os governos poderiam aprender a lidar com preços de transferência ou introduzir novas maneiras de tributar as multinacionais. Poderiam desenvolver meios de monitorar o comércio e o dinheiro eletrônicos, ou introduzir novos impostos, como “bit taxes”, “impostos de Tobin” ou outros. E podem até mesmo criar uma Organização Mundial dos Tributos, que ajudaria a discutir os problemas e a desenvolver e coordenar soluções62.

No livro Terceira Via, organizada por Antonny Gidenns, capitulo 27, Humanizando o capitalismo global: Qual caminho tomar?

Michael Edwards defende o centralismo cooperativo, que é uma característica básica de uma sociedade federalista in verbis:

Há três razões para que a cooperação internacional seja central para uma “conversa” desse tipo. A maneira é que mercados integrados ditam uma resposta para questões sociais e ambientais. Poucos governos criarão impostos ecológicos ou insistirão em padrões trabalhistas melhores a menos que outros países também concordem em fazer o mesmo. Segundo, não existe consenso a respeito de como humanizar o capitalismo, agora que a vias tradicionais para isso – por meio de sindicatos, de Estados de bem-estar social, de um grande setor público com extensiva e progressiva – sofrerem erosão. As medidas recomendadas para substituir tais coisas, como melhorias na educação e no treinamento ou parcerias entre os setores públicos e privado, parecem inadequadas quando confrontadas com o poder gerador de desigualdades dos mercados reais e com discriminação sistemática embutida nos atuais modelos econômicos em função de sexo e idade, especialmente no contexto global. Dificilmente haverá uma resposta universal para essas questões, que se aplique a tantos contextos nacionais diferentes, mas podemos apoiar uns aos outros há busca por algumas respostas. Terceiro, é difícil travar diálogo quando se está passando fome , e é difícil inovar sem um nível básico de segurança, poder de voz e igualdade de direitos.63

As citações acima reforçam nosso entendimento de que é plenamente possível o estabelecimento de um sistema tributário internacional por meio dos princípios federalistas, pois tal fato não contraria o direito interno dos estados e a idéia tradicional de soberania. Pelo contrário, os estados nacionais ficam

62 GIDDENS, Anthony. O Debate Global sobre a Terceira Via. São Paulo: UNESP, 2007.pp.

275-557.

fortalecidos à medida que exercitam sua autonomia na luta pela sobrevivência dentro da comunidade política global.

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