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7 DIREITO INTERNACIONAL TRIBUTÁRIO POR MEIO DA APLICAÇÃO DO

7.5 Unificação do Sistema Financeiro Internacional

O sistema financeiro internacional que hoje é regulado pelo mercado, além é claro, do FMI e do BIRD, deve ter um Banco Central como órgão das Nações Unidas, com a função específica de estabelecer regulamentação tributária internacional de contribuição obrigatória sobre todos os bancos nacionais. Dessa forma, os bancos nacionais têm de se sujeitarem as regras dos Estados nacionais, mas estarão obrigados a contribuir para Banco Mundial como forma de garantia dos investidores internacionais e o próprio sistema internacional de crédito. Tal providência evitaria os chamados ‘calotes internacionais’ na medida em que centralização regularia a circulação do capital internacional.

A contribuição tributária para constituir um fundo de reserva bancário em escala internacional, isso só seria como deve ser bom, para os investidores, para os Estados nacionais e para economia internacional, porque com a crise de um banco nacional, os investidores internacionais teriam garantia e não precisariam retirar seus recursos para colocarem em paraíso fiscal.

A criação de um sistema central que gerencie as movimentações financeiras internacionais é de fundamental importância para o equilíbrio do sistema global, pois apesar dos bancos atuais serem nacionais, seu sistema operacional é internacional devido expansão do sistema eletrônico de crédito que não tem mais fronteiras. Segundo Vito 67Fazi (2007) as transações reais, exigem papéis, que deixam vários traços para as autoridades fiscais seguirem, e isso tem o efeito de perder o espaço para as transações virtuais, que deixam traços muito menos identificáveis.

Com a unificação da sociedade internacional, não podemos mais ficar desprotegidos, pois os Estados-membros devem ser obrigados a seguirem as regras mínimas em escala internacional, e isso em nada diminui sua autonomia, pelo contrário é uma garantia de que todos vão continua existindo de forma pacífica. Vejamos os estudos de Fernando Rezende (1999):

Ultrapassado o estágio inicial de formação de uma união econômica, com a unificação da política tarifária, a harmonização dos sistemas tributários passa a ser uma imperiosa necessidade. Não por acaso, a Comunidade Européia trilhou, desde o início, o caminho da harmonização tributária. O ritmo e a velocidade com que esse caminho pode ser percorrido dependem da magnitude das diferenças preexistentes e das pressões externas que interferem no seu desenrolar. Com o avanço da globalização, a influência das pressões externas é agora mais forte do que no passado, implicando a necessidade de se avançar bem mais rapidamente hoje, em comparação com o ritmo observado na experiência européia, ao longo das últimas quatro décadas.68

Os argumentos aqui apresentados não significam que precisamos de um governo mundial. Pelo contrário, em instituições internacionais como a União Européia e o Mercosul, são os próprios Estados Nacionais exercitando sua autonomia, ou seja, o direito que cada Estado tem de existir por si e com isso manter relações internacionais.

Assim posto, quando defendemos a criação de um Banco Mundial para gerir tributos oriundos de todas as relações bancárias internacionais, estamos propondo, que os Estados-membros exercitem a sua condição natural de

67 GIDDENS, Anthony. O Debate Global sobre a Terceira Via. São Paulo: UNESP, 2007. 68 RESENDE, Fernando. Globalização, Federalismo e Tributação. Revista Planejamento e

acepção de Ethan B. Kapstein seria um novo Bretton Woods69, em que as instituições atuais seriam preservadas, mas os novos atores seriam criados como: os fundos internacionais, a centralização e a coordenação do sistema financeiro por meio de um Banco Mundial na função de gestor.

69 GIDDENS, Anthony. O Debate Global sobre a Terceira Via. São Paulo: UNESP,

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A idéia de autonomia e a sua relação com o federalismo vêm dos povos antigos, mas esses povos não tinham conceitos elaborados acerca da vida política na sua concepção racional. Decorrendo desta circunstância explicações divinas para ordem governamental. Apesar disso, percebeu-se ao longo da pesquisa, que determinados povos na Antigüidade Oriental tiveram grande sentimento de autonomia. Como foi o caso dos fenícios e dos hebreus. Os primeiros sempre viveram em cidades-estados independentes. Já os hebreus sempre lutaram contra a dominação de outros povos.

Percebe-se que a construção política do federalismo é produto de um desejo histórico das nações por viverem em comunidade, sem, no entanto, desejarem perder sua autonomia política. Como se verifica entre os gregos.

De todos os povos da Antigüidade, os romanos, foram os que mais se aproximaram da idéia federalista do mundo moderno. Isso se verifica quando a expansão territorial de Roma acaba e diminui o poder central do Imperador sobre as províncias. Nesse momento, as províncias chegam a influenciar de forma decisiva na escolha dos imperadores. Com o tempo, a debilidade do poder central, permitiu o crescimento do desejo de autonomia política provincial, o que, por conseguinte, levou sua dissolução.

O modelo colonial implantado pela Inglaterra nos Estados Unidos criou bases necessárias para o sentimento de autonomia política após a Independência das Treze Colônias. Processada a separação, a única maneira de viverem juntos era sob a forma de organização de um Estado, onde todos os membros tivessem autonomia política.

Desta forma, buscou-se, então, nos escritos de Locke, Rousseau e Montesquieu, a inspiração necessária para organização do novo Estado. Este arcabouço ilustrava modelo-padrão, que tivera grande inspiração no modelo político grego e romano. Vindo, dessa forma, a aparecer alguns traços do modelo da república romana na organização da primeira República Federativa da América, que acabou servindo de exemplo para várias sociedades.

instituição da Constituição de 1988, a forma de Estado Federativa passou a ser princípio fundamental, forçando que os Estados Federados se organizassem como tais.

A espinha dorsal do sistema federalista é a autonomia, que desdobra em participação, cooperação, descentralização e, não, a soberania. Autonomia é condição de existência do Estado federativo e, a soberania, é condição para participar das relações internacionais. Assim posto, a autonomia se enquadra de forma perfeita nos desejos das pessoas físicas e jurídicas em escala global, pois com a globalização, quanto mais os Estados se relacionam, mais exercem sua autonomia e sua soberania, o que implica dizer, que fazer parte do mundo globalizado é uma necessidade do Estado e da sociedade. E, que, por via de conseqüência, traz custos e implicações a todos os membros dessa comunidade e, que só será resolvido por meio de um controle em que todos arquem com o sucesso, assim como o fracasso. Ou melhor, é preciso que se crie um sistema unificado de proteção em escala global sem que isso importe em ameaça a existência dos Estados nacionais, pois os mesmos são condição necessária para a existência da sociedade política internacional. No Brasil, por exemplo, o sistema de controle das aspirações autonômicas dos Estados- membros, foi feito em 2000, com a criação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Frente ao exposto, verifica-se que é possível a comunidade internacional criar tributos e compartilhar entre si das receitas fiscais, dentro do modelo federativo de Estado, pois o mesmo é uma aspiração humana, que deriva da autonomia e, não, da soberania dos Estados. Desta forma, a criação de uma contribuição tributária internacional por meio de Tratado Internacional, é perfeitamente possível, pois tais tributos derivam da autonomia dos Estados em sua condição natural e, não, de sua soberania, que tem natureza política.

Portanto, no mundo globalizado em que vivemos a criação de tributos internacionais para atender determinadas demandas, como ecologia, segurança, saúde, previdência e sistema fiscal, é uma necessidade premente em que todos os Estados nacionais têm que enfrentar, pois as tentativas do aumento das taxas de crescimento das economias nacionais dependem do grau de participação na economia mundial, ampliado as flutuações externas, e

que, por fim, confirma a necessidade uma coordenação financeira internacional por meio do exercício consciente dos princípios federalistas.

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