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B - ARCABOUÇO AMBIENTAL DO PROGERIRH II – FINANCIAMENTO ADICIONAL

COORDENAÇÃO DE INFRA-ESTRUTURA HÍDRICA

C. AVALIAÇÃO AMBIENTAL DAS OBRAS SELECIONADAS DE 1º ANO – GAMELEIRA E UMARI

Barragem Gameleira e Adutora de Itapipoca Relatório de Avaliação Ambiental

(Fevereiro 2008)

APRESENTAÇÃO

O empreendimento composto pela barragem Gameleira e a adutora de Itapipoca foi proposto pelo Estado do Ceará para receber apoio financeiro do PROGERIRH II – Financiamento Adicional. Em função da documentação técnica apresentada, que indicava o cumprimento dos critérios de elegibilidade do Projeto, esse empreendimento foi pré-selecionado como uma das obras passíveis de financiamento no primeiro ano.

Visando confirmar as informações recebidas e cumprir os procedimentos previstos nos documentos do Projeto que orientam a indicação de obras prioritárias para financiamento, o empreendimento foi submetido a uma avaliação ambiental.

A avaliação baseou-se na análise de documentos elaborados pela Secretaria de Recursos Hídricos do Estado do Ceará, em reuniões técnicas com a equipe do estado proponente e em visita de campo.

O presente documento consolida o Relatório de Avaliação Ambiental da Barragem Gameleira e Adutora de Itapipoca (CE), elaborado de acordo com os procedimentos adotados no PROGERIRH.

Para facilidade de leitura, apresenta-se inicialmente a Ficha-Resumo Ambiental, contendo as principais informações requeridas para entendimento do empreendimento proposto e das principais questões ambientais envolvidas. Em seguida, apresenta-se uma discussão mais detalhada a respeito dos principais aspectos ambientais que merecem atenção específica, em função das peculiaridades do empreendimento e da região onde está prevista sua implantação.

PROGERIRH - Financiamento Adicional FICHA AMBIENTAL

Barragem Gameleira e Adutora de Itapipoca Principais componentes do projeto proposto

Estado: Ceará

Obra: Barragem Gameleira e Adutora de Itapipoca.

Situação atual da população a ser beneficiada: A população da sede municipal de Itapipoca e da localidade

de Barrento utiliza, na sua maior parte, água de pequenos açudes e poços, sem garantia de qualidade ou quantidade de água.

Características do empreendimento proposto: Barragem em maciço de terra homogênea no rio Mundaú

(divisa entre os municípios de Itapipoca e Trairi), com altura máxima de 16,5 m e extensão de 1.721 m. Destina-se a usos múltiplos, sendo o principal deles o abastecimento público da sede municipal de Itapipoca e da localidade de Barrento, no mesmo município. Outros usos previstos: perenização de trecho do rio, consumo humano da população ribeirinha, dessedentação animal e desenvolvimento da pesca. Também integram o empreendimento uma captação flutuante, Estação de Tratamento de Água em Barrento e uma adutora de água bruta, que se divide em dois trechos, um de 22,0 km e 500 mm, para Itapipoca; outro de 7,0 km e 100 mm, para Barrento, derivado do primeiro.

População a ser atendida: habitantes da sede municipal de Itapipoca e da localidade de Barrento. Indicadores Ambientais Específicos

Altura da barragem (máxima) 16,50 metros. Volume total do reservatório 52,64 hm3. Deflúvio médio anual afluente do rio barrado 89,93 hm3. Tempo médio de detenção do reservatório 7 meses. Vida útil do reservatório 50 anos. Vazão regularizada com 90% de garantia 0,649 m3/s. Interferências com outros usos consuntivos ou

não consuntivos da água Existe lançamento de esgotos brutos das cidades de Uruburetama e Tururu, a montante do reservatório.

Tendência à eutrofização Existe o risco, considerando o lançamento de cargas orgânicas a montante.

Tendência à salinização Não há risco, considerando os tipos de solos presentes na área de drenagem e o tempo médio de detenção inferior a 1 ano.

Área superficial do reservatório 1.147,8 ha.

Unidades de conservação ambiental vizinhas ou

afetadas * Não há.

Áreas de interesse ambiental vizinhas ou

afetadas ** Não há.

Patrimônio histórico, cultural ou arqueológico

vizinho ou afetado Há necessidade de fazer investigação, antes do início e durante execução das obras.

Áreas ou populações indígenas vizinhas ou

afetadas Não há.

Necessidade de reassentamento 163 famílias.em 78 propriedades

Necessidade de desapropriação Cerca de 1.772 ha., incluindo a faixa de proteção para o futuro reservatório.

piscicultura, outros. outros projetos, pois apenas pequena parte da vazão regularizada estará comprometida com o abastecimento público.

Perda de infra-estrutura existente Não é significativa. Doenças de veiculação hídrica ou endemias

presentes na região (indicar fonte pesquisada) Perdas de meios de sobrevivência estoques pesqueiros, terras para agropecuária, depósitos de argila

Pequena parte (10%) das terras inundadas são solos aluvionais aptos para agricultura.

*unidades de conservação definidas conforme Lei 9.985 / 2000.

**áreas de preservação permanente definidas na Lei 4.771 / 65, Medida Provisória 2.166-67 / 2001 e Resolução CONAMA no 303/2002; áreas com cobertura vegetal natural preservada; áreas de ocorrência de mata atlântica; áreas de proteção de mananciais destinados ao abastecimento público; jardim botânico; horto florestal; áreas previstas por lei estadual ou municipal para destinações específicas de proteção ambiental (incluir as leis de criação das áreas de proteção).

Atendimento às Salvaguardas Ambientais e Sociais do Banco Mundial OP 4.01 – Avaliação Ambiental

Foi elaborado pela Secretaria dos Recursos Hídricos - SRH o Estudo e Relatório de Impacto Ambiental – EIA/RIMA referente à construção da barragem Gameleira. O estudo foi realizado tendo por base o Termo de Referencia elaborado pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente – SEMACE (órgão estadual licenciador) incluindo também as diretrizes operacionais do Banco Mundial. O Estudo Ambiental foi encaminhado para análise e parecer técnico da SEMACE e, comprovada a viabilidade ambiental do empreendimento, foi aprovado no Conselho Estadual de Meio Ambiente - COEMA.

A SRH, por meio de seu Núcleo de Controle Ambiental – NUCAM, promoveu Audiência Pública para apresentação e discussão do EIA/RIMA com a população afetada (beneficiada e/ou impactada) pela barragem.

A expectativa das comunidades locais é muito boa, principalmente pela solução de abastecimento d’água da sede municipal, bem como a garantia de oferta d’água para outros usos, como a dessedentação animal, irrigação difusa, aqüicultura, recreação e lazer.

Adicionalmente foi realizada a presente Avaliação Ambiental com análise do EIA/RIMA e inspeção de campo.

OP 4.04 Habitats Naturais

Durante a elaboração dos estudos ambientais para o licenciamento da obra (EIA/RIMA) foi efetuado um diagnóstico do ambiente natural na área de intervenção direta e indireta. Os resultados desse diagnóstico mostraram que não haverá alteração em áreas de habitas naturais preservados, principalmente devido ao fato de que os locais afetados pela execução das obras já foram bastante alteradas pelas atividades antrópicas.

Na implantação do Açude será prevista a implantação da Faixa de Proteção de 100 metros no Entorno do reservatório de acordo com a legislação brasileira. Esta faixa deverá ser cercada e programa de revegetação ser implantado.

OP 4.10 - Povos Indígenas

Nos municípios de Itapipoca e Trairi, onde se situam as possíveis intervenções diretas ou impactos indiretos das obras da barragem Gameleira e da adutora de Itapipoca, não existem terras indígenas nem a presença de grupos reivindicando reconhecimento como remanescentes indígenas.

OP 4.11 - Recursos Físico-Culturais

No município de Itapipoca existem ocorrências arqueológicas e paleontológicas identificadas por pesquisadores. Por isso, e porque em escavações próximas a cursos d’água daquela região sempre existe a possibilidade de serem encontrados materiais ou evidências de interesse histórico, arqueológico ou paleontológico, serão adotadas medidas recomendadas nas Diretrizes Ambientais do PROGERIRH (Programa de Avaliação e Salvamento do Patrimônio Arqueológico). Para esse fim, deverão ser engajados no acompanhamento das escavações profissionais das áreas de arqueologia e paleontologia, devidamente habilitados, os quais deverão contar com a autorização do IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (materiais históricos e arqueológicos) e do DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral (paleontológicos).

OP 4.12 - Reassentamento Involuntário

Durante a fase de construção de açude, a SRH implantará com a comunidade afetada/beneficiada o Comitê de Apoio ao Reassentamento e Proteção Ambiental – CARPA, colegiado que conta com a participação de representantes de proprietários, moradores, poder público Estadual e Municipal, Igreja, ONG’s, Ministério Público, no sentido de acompanhar e colaborar na solução dos problemas na fase de construção da obra. Uma das questões principais a serem tratadas e acompanhadas é o reassentamento involuntário das 163 famílias afetadas para construção das obras e formação do reservatório e de sua área de proteção. Para orientar esse processo, a SRH elaborou um Plano de Reassentamento, com a participação das famílias afetadas, que resultou na definição das ações a serem desencadeadas.

Em decorrência do tempo já transcorrido desde sua conclusão (maio de 2003), na preparação do Financiamento Adicional, o cadastro e o Plano de Reassentamento foram atualizados e constam de Documento específico.

OP 4.37 - Segurança de Barragens

O projeto da barragem Gameleira teve o acompanhamento e orientação do Painel de Inspeção e Segurança de Barragens, em cumprimento a essa salvaguarda do Banco Mundial, e foi aprovado na 45º Reunião do Painel, em julho de 2003.

Cumprimento da Legislação Ambiental

Situação do Licenciamento Ambiental: O projeto já recebeu Licença de Instalação – LI emitida pela SEMACE – Superintendência Estadual de Meio Ambiente, em janeiro/2008.

Situação da Outorga: A emissão da outorga será feita pela SRH/CE, também a proponente da obra, portanto não haverá dificuldade para sua obtenção.

Fontes de informação:

• Relatório Geral dos Estudos Básicos da Barragem Gameleira (Consórcio JP – AGUASOLOS – ESC-TE), fevereiro de 2002;

• Barragem Gameleira - Levantamento Cadastral e Plano de Reassentamento (Consórcio JP – AGUASOLOS – ESC-TE), maio de 2003;

• Barragem Gameleira - Estudo dos Impactos Ambientais (Consórcio JP – AGUASOLOS – ESC-TE), maio de 2003;

• Relatório Geral do Projeto Executivo da Barragem Gameleira (Consórcio JP – AGUASOLOS – ESC-TE), abril de 2002;

• PROGERIRH – Relatório de Avaliação Ambiental Regional (SRH/CE, 1999); • Vistoria de campo realizada em fevereiro de 2008.

Parecer Conclusivo

A barragem Gameleira e a adutora de Itapipoca, associada à barragem, atendem os critérios de elegibilidade do PROGERIRH, no que concerne às questões ambientais, e poderá ser considerado elegível para o primeiro ano do Financiamento Adicional, desde que sejam atendidas as seguintes condições:

• Priorizar a inserção das sedes municipais de Uruburetama e Tururu em programas do governo estadual ou federal para viabilizar a implantação de sistema de esgotamento sanitário, de modo a minimizar o risco de eutrofização das águas do reservatório. • Adotar, como referência obrigatória na licitação das obras, o Manual Ambiental de

Construção constante do Documento “Diretrizes Ambientais para Projeto e Construção de Barragens e Operação de Reservatórios”, publicadas pelo Ministério da Integração e Banco Mundial.

• Implementar os programas ambientais definidos no Estudo de Impacto Ambiental da Barragem Gameleira, em cronograma compatível com a implantação das obras.

• Implementar os programas ambientais definidos na Parte B deste Documento - Relatório de Avaliação Ambiental do Financiamento Adicional especialmente:

 Programa de Educação Ambiental e Gestão Participativa

 Programa de identificação e Resgate de Patrimônio Histórico, Arqueológico e Paleontológico

1. Situação Atual da Área a ser Atendida

O Açude Público Gameleira será implantado em um boqueirão do rio Mundaú, divisa dos municípios de Itapipoca e Trairi, nas proximidades da localidade de Gameleira, distando aproximadamente 16,0 km a Leste da sede do município de Itapipoca.

O principal objetivo do Açude Público Gameleira é atender a demanda por água potável do sistema de abastecimento da sede do Município de Itapipoca e do povoado de Barrento. Secundariamente, o Açude Público Gameleira também irá propiciar irrigação, controle do fluxo hídrico do rio Mundaú e pesca.

A população da sede do município de Itapipoca é abastecida a partir de dois açudes, que não têm disponibilidade quantitativa suficiente e nem garantia de qualidade, pois recebem efluentes poluidores da própria cidade. O distrito de Barrento utiliza poços como mananciais, também sem garantia de quantidade ou qualidade.

As figuras 1, 2 e 3 mostram a localização da barragem Gameleira e da adutora de Itapipoca, para atendimento de Itapipoca e Barrento.

2. Descrição do Empreendimento Proposto

O empreendimento é composto por uma barragem e um sistema de abastecimento de água associado. As principais características da barragem Gameleira estão apresentadas a seguir.

IDENTIFICAÇÃO

Denominação Barragem Gameleira

Municípios Itapipoca e Trairi

Curso d’Água Barrado Rio Mundaú

Área da Bacia Hidrográfica 519,77 km²

Precipitação Média Anual 1.150,50 mm

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