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VEÍCULOS % Rádio 96,7%

3.7 AVALIAÇÃO DA COMUNICAÇÃO RURAL

O último fator observado foi a visão que o agricultor familiar tem do trabalho que os veículos de comunicação fazem para o meio, considerando os programas de rádio e televisão e a mídia impressa, mas foi possível perceber que as respostas se pautaram mais nos veículos eletrônicos, provavelmente porque poucos fazem uso de outros meios.

3.7.1 Considera a linguagem adotada fácil ou difícil

De todos os entrevistados, 40 (66,6%) disseram que é fácil entender a linguagem da mídia para o meio e 18 (30%) disseram que não. Outros dois (3,3%) não responderam. Os motivos mais citados para considerar fácil foram: linguagem simples, comunicação feita por pessoas que entendem do assunto, mensagens bem explicadas, explicações claras e fáceis, linguagem de costume deles, o fato de serem informações dirigidas e também por que os comunicadores "têm estudo".

Os fatores limitantes para o entendimento mais lembrados foram: que só se entende quando tem experiência no assunto, que vai depender do tema tratado, que as matérias são complexas, que é superficial, não falam da realidade do pequeno produtor e que a linguagem é muito técnica.

Entre os produtores com área de até cinco hectares, 75,8% consideram a linguagem dos meios de comunicação fácil, 17,3% difícil, enquanto 6,9% não responderam. É entre os produtores com maior área que se encontra maior grau de dificuldade. Daqueles com área entre 5,1 e 10 hectares, 42,8% consideram a

linguagem difícil; dos produtores que têm entre 10,1 e 20 hectares, 40% avaliam como difícil e 42,9% com mais de 20 hectares também pensam assim.

Para 80% dos produtores familiares de até 35 anos a linguagem dos meios de comunicação é de fácil entendimento. Na faixa de 36 a 50 anos o índice cai para 62%, enquanto 34,4% encontram dificuldades e um (3,4%) não respondeu. No caso dos entrevistados com mais de 50 anos, o índice de boa aceitação é de 66,6%, contra 28,5% que consideram a linguagem difícil. Um não respondeu, o que significa 4,7%.

Entre os 44 agricultores familiares que sempre viveram e trabalharam na atividade rural, 63,6% consideram as notícias do meio rural de fácil entendimento, 34% difícil e um, que corresponde a 2,4%, não respondeu. Dos 16 entrevistados que vieram da cidade, 75% acham fácil de entender e 18,7% não. Um, que representa 6,3%, não deu resposta.

Dos 10 entrevistados que aumentaram a área da propriedade, quatro (40%) têm facilidades em entender as informações para o meio rural dos produtos de mídia e seis (60%) encontram dificuldades. O índice é inversamente proporcional para quem registrou redução de área. Três de tal grupo (60%) consideram as matérias de fácil compreensão e dois (40%) não. Entre os agricultores que permanecem com área igual, 33 (73,3%) disseram que é fácil entender e 10 (22,2%) que é difícil. Dois (4,5%) não respondem a pergunta.

Na variação por nível escolar, observa-se que há maior grau de compreensão entre aqueles com mais escolaridade, embora, percentualmente, a facilidade é maior do que a dificuldade em todos os níveis. Destoam apenas aqueles com segundo grau incompleto, já que dois (50%) afirmam ser fácil entender e dois (50%) não. Entre os entrevistados com primeiro grau incompleto, 17 (60,7%) consideram as matérias de agropecuária fáceis de entender e 10 (35,7%) não. Um deles (3,6%) não respondeu. Para sete (70%) com primeiro grau completo é fácil e para dois (20%) difícil. Um (10%) não deu resposta. Nove (75%) com segundo grau completo não encontram dificuldades e três (25%) encontram. Dos cinco produtores que têm curso superior, quatro (80%) acreditam que é fácil e um (20%) difícil. O agricultor familiar que está cursando universidade também respondeu que considera fácil.

Na divisão por expectativa na atividade, 20 (64,5%) daqueles que consideram difícil viver na pequena propriedade disseram que a linguagem é fácil, nove (29%) que é difícil e dois (6,5%) não responderam. Para 15 (71,4%) agricultores que consideram que é possível sobreviver na agricultura familiar as matérias para o meio

rural são de fácil entendimento e seis (28,6%) afirmam que não. Os produtores que dizem viver bem apresentam maior índice de dificuldade, já que cinco (62,5%) afirmam que o jornalismo rural é bem expressado e três (37,5%) acreditam que não.

A conclusão deste item é de que a linguagem adotada é aprovada pela maioria dos produtores, já que mais de dois terços dos entrevistados não encontram dificuldades em entender as matérias. Importante destacar que justamente os grupos de produtores com mais de cinco hectares são os que apresentam maior índice de dificuldade, acima de 40%. Daqueles com menor área, apenas 17,5% acham a comunicação difícil. Nos grupos com mais idade também aumentam as dificuldades, como pôde ser observado. No caso da escolaridade, acham mais fácil entender à medida que têm mais tempo de escola. Quem teve aumento da área apresenta maior índice de dificuldade de entendimento do que aqueles que reduziram a propriedade, o que pode ser um indicativo que maior ou menor área, entre os entrevistados, não representa linearmente, maior discernimento comunicativo. Já quem veio da cidade tem um percentual mais elevado do que aqueles que sempre viveram no campo. Estar otimista ou não com atividade não apresentou relevância na resposta.

Fica evidente, ainda, nas observações das respostas, que os entrevistados tratam principalmente do caso da televisão e do rádio, veículos que realmente tentam, até de forma simplória, se aproximar do que consideram o linguajar do homem do campo.

De fácil entendimento 40 66,7%

Difícil de entender 18 30%

Não responderam 02 3,3%

TOTAL 60

QUADRO 21 – Avaliação dos agricultores familiares sobre as facilidades ou dificuldades de entender a comunicação rural

3.7.2 Assuntos que mais interessam aos entrevistados

Na seqüência, foi perguntado aos agricultores familiares quais são os assuntos que mais chamam a atenção nos noticiários agropecuários. Foram apresentados oito temas correntes nos programas, jornais e revistas que tratam do tema, mais uma questão para apontarem outros, que porventura lembrassem.

O tema de maior aprovação entre os entrevistados foi "cuidados com a lavoura", apontado por 63,3% dos agricultores. Depois aparecem "notícias sobre preços" e "novas tecnologias", com 60%. A sugestão "melhora na qualidade dos produtos" foi assinalada por 58,3% e "decisões do governo e políticas públicas" ficaram com 56,6%. Os itens que despertaram menor interesse foram "criação de animais", apontado por 43,3% dos produtores, e "armazenagem", com apenas 28,3%. Somente três entrevistados citaram outros temas, que foram: mais exemplos de atividades, perdas na lavoura e espaço para perguntas e respostas, ou seja, para participação do receptor.

Na divisão por área, todas as questões foram marcadas, mas com variações de interesse. Entre os 29 agricultores familiares com área de até cinco hectares, os temas mais destacados foram "cuidados com a lavoura", "preços" e "novas tecnologias", lembrados 17 vezes. As "decisões de governo" foram apontadas 16 vezes. Os itens que chamaram menos atenção foram "criação de animais", importante para oito produtores do grupo e "armazenagem", para cinco. Entre os sete agricultores que têm entre 5,1 e 10 hectares, as "técnicas de plantio", "cuidados com a lavoura" e "melhora na qualidade dos produtos" tiveram cinco apontamentos cada, enquanto "novas tecnologias" apareceu quatro vezes e as demais três. São desse grupo, também, os três que destacaram outros assuntos. As decisões de governo chamam mais a atenção dos agricultores de 10,1 a 20 hectares, já que o item foi apontado por nove dos 10 entrevistados do grupo. Já "armazenagem" só apareceu quatro vezes. Para oito dos 14 com mais de 20 hectares os "cuidados com a lavoura" e "preços" são temas importantes. Já armazenagem perde também no grupo, sendo destacado cinco vezes.

As repostas mostram, portanto, que os agricultores familiares têm interesses diversificados, mas sempre ligados àquilo que já produzem. Porém, é preciso lembrar que as sugestões eram fechadas. Ao indicar de forma livre o item "outros", apenas três o fizeram.