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4 TORTA DE GIRASSOL NA ALIMENTAÇÃO DE FRANGAS DE

5.2.5 Avaliação da metabolizabilidade dos nutrientes e valores de energia

Foram realizados dois ensaios de metabolismo, utilizando-se o método de coleta total de excretas, sendo o primeiro entre a 10a e a 11a semana de idade e o segundo entre a 13a

e a 14a semana de idade.

Para coleta das excretas, foram instaladas sob as gaiolas, bandejas de alumínio previamente revestidas com plástico para evitar perdas do conteúdo excretado. A identificação das excretas provenientes das rações em avaliação foi realizada com a adição de 1% de óxido férrico (cor vermelha) nas rações, no primeiro e no último dia de coleta, sendo desprezadas as excretas que não estavam marcadas na primeira coleta e as marcadas na última coleta do período de avaliação. Realizou-se duas coletas de excretas diárias, no início da manhã (08h00min) e no final da tarde (16h00min). Uma vez coletadas, as excretas foram pesadas, acondicionadas em sacos plásticos, identificadas por repetição e congeladas.

No final de cada período experimental, determinou-se a quantidade de ração consumida, pela diferença entre a quantidade de ração fornecida e a sobra, e o total de excretas produzidas, ao longo do período de coleta.

Para realização das análises laboratoriais, após o descongelamento à temperatura ambiente, as excretas de cada repetição foram homogeneizadas e posteriormente foi retirada e pesada uma amostra, sendo encaminhada para estufa de ventilação forçada a 55°C por 72 horas, para promover a pré-secagem e determinação do peso da amostra seca ao ar.

Em seguida, as amostras foram moídas em moinho tipo faca, com peneira de 16 mash com crivos de 1mm e encaminhadas ao LANA-UFC, junto com amostras das rações experimentais, para a determinação da MS e nitrogênio (N), seguindo a metodologia descrita por Silva e Queiroz (2002). A energia bruta (EB) foi determinada em bomba calorimétrica adiabática (IKA C200). Com base nos resultados laboratoriais foram calculados a umidade das excretas (%) e os coeficientes de metabolizabilidade (%) da matéria seca (CMMS), nitrogênio (CMN), energia bruta (CMEB) e os valores de energia metabolizável aparente (EMA) e

aparente corrigida pelo balanço de nitrogênio (EMAn) das rações (kcal/kg de MS) com base nas equações propostas por Matterson et al. (1965).

5.2.6 Avaliação do desempenho

As variáveis de desempenho estudadas foram: consumo de ração (CR - g/ave), peso médio final (PMF - g/ave), ganho de peso (GP - g/ave), conversão alimentar (CA - g/g) e uniformidade (UN - %). Para efetuar os cálculos as aves e as rações foram pesadas no início e no final de cada fase experimental.

5.2.7 Avaliação da composição corporal, retenção de nutrientes e metabolismo energético

No início do experimento (7ª semana de idade) foram selecionados 3 grupos de 2 aves com peso médio semelhante ao peso médio das aves utilizadas na formação das parcelas experimentais. Essas aves foram separadas em gaiola e, após completarem jejum alimentar de 24 horas, pesadas, atordoadas por eletronarcose, eutanasiadas, depenadas e pesadas novamente para determinação do peso em jejum sem penas. O mesmo procedimento foi realizado na 17ª semana de idade, sendo selecionadas duas aves por parcela, com peso semelhante ao peso médio de cada parcela.

Em ambas as idades, as carcaças (ave inteira sem penas) foram congeladas, serradas em serra de fita e trituradas em moinho industrial para carne, de 15 cv, por três vezes para melhor homogeneização da amostra. Da amostra total foi retirada subamostra, para posteriormente secagem em estufa de ventilação forçada por 72 horas, processamento em moinho de bola e análises laboratoriais para determinação da MS, N, EE, MM segundo metodologias descritas por Silva e Queiroz (2002) e EB em bomba calorimétrica (IKA C200).

A partir dos teores médios determinados nas carcaças, foi calculado o conteúdo de EE, PB, MM e EB corporal total na 7ª e 17ª semana e por diferença a quantidade retida no período. A metodologia do abate comparativo (FARREL, 1974) foi utilizada para a determinação da PB retida (PBR), EE retido (EER), MM retida (MMR), energia retida (ER) e produção de calor (PC).

A PC foi calculada através da fórmula: PC = EMI- ER. Onde: EMI = EMAn ingerida e ER = energia corporal retida. No cálculo da ingestão de EMAn foi considerada a EMAn determinada para cada ração nos ensaios de metabolismo.

5.2.8 Avaliação da viabilidade econômica

Para verificar a viabilidade econômica foram determinados o custo da ração (CDR - R$/kg de ganho de peso vivo), segundo metodologia proposta Bellaver et al. (1985), o índice de eficiência econômica (IEE - %) e o índice de custo (IC - %), propostos por Fialho et al. (1992). Para formulação das rações, foram considerados os valores de 0,80, 1,17, 1,96 e 3,60 R$/kg para TG, milho, farelo de soja e óleo de soja, respectivamente, preços praticados na época de realização do experimento.

5.2.9 Avaliação dos efeitos da fase de crescimento sobre o início da fase de produção

Ao final da 17ª semana as aves remanescentes (432 aves) foram transferidas para um galpão de postura, mantendo-se o mesmo delineamento experimental utilizado na fase de crescimento, distribuídas em gaiolas de arame galvanizado (25cm de comprimento x 45cm de largura x 40cm de altura), equipadas com comedouros tipo calha em chapa galvanizada e bebedouro tipo nipple, na densidade de duas aves/gaiola (563cm2/ave).

Nessa fase, o período experimental se estendeu até a 35ª semana de idade das aves, sendo esse tempo dividido em seis períodos de 21 dias cada. Todas as aves foram alimentadas à vontade, com uma ração para postura (Tabela 3), formulada à base de milho e farelo de soja, considerando as recomendações nutricionais constantes no manual da linhagem (HY-LINE INTERNATIONAL, 2016) e os valores de composição dos alimentos propostos por Rostagno et al. (2011).

O programa de luz utilizado foi de 14 horas de luz/dia logo após a transferência para o galpão de postura, com acréscimos semanais, a partir da semana seguinte, de 15 minutos de luz/dia até atingir 16 horas de luz/dia, permanecendo constante até o final do experimento.

As variáveis avaliadas foram, para maturidade sexual: Idade média ao 1º ovo (ID 1º - dias), idade média para que 50 % das aves colocassem ovos (ID 50% - dias), idade média para que 100 % das aves colocassem ovos (ID 100% - dias) e peso médio do 1º ovo (PO 1º - g), para desempenho: produção de ovos (PRO%), consumo de ração (CR - g/ave/dia), peso dos ovos (PO - g), massa de ovos (MO - g/ave/dia) e conversão alimentar/massa de ovos (CAM - g/g), para característica e qualidade dos ovos: percentagem de albúmen, gema e casca (%), densidade específica (DE - g/cm3), unidades Haugh (UH) e espessura de casca (EC - mm).

Tabela 20 - Composição, níveis nutricionais e energéticos da ração para poedeiras semipesadas no período de 18 a 35 semanas de idade.

Ingredientes (kg) Idade 18 a 35 Semanas Milho 59,28 Farelo de soja (45%) 26,88 Óleo de soja 2,01 Calcário calcítico 9,08 Fosfato bicálcico 1,97

Suplemento mineral e vitamínico¹ 0,10

Sal comum 0,41

DL - metionina 0,24

L - lisina HCL 0,03

TOTAL 100,00

Nível nutricional e energético calculado

Energia metabolizável (kcal/kg) 2.800

Proteína bruta (%) 17,00

Matéria seca (%) 89,55

Fibra detergente ácido (%) 4,17

Fibra detergente neutro (%) 10,78

Cálcio (%) 4,20 Fósforo disponível (%) 0,46 Sódio (%) 0,18 Cloro (%) 0,29 Potássio (%) 0,66 Lisina digestível (%) 0,83

Metionina + cistina digestível (%) 0,71

Metionina digestível (%) 0,48

Treonina digestível (%) 0,58

Triptofano digestível (%) 0,19

¹Níveis de garantia por kg do produto: vitamina A (min) 8.000.000 UI, vitamina B1(min) 1.000mg, vitamina B12 (min) 6.000mcg, vitamina B2 (min) 3.000mg, vitamina B6 (min) 1.000 mg, vitamina D3 (min) 2.198.214 UI, vitamina E (min) 8.000 UI, vitamina K3 (min) 2.000mg, biotina (min) 20 mg, niacina (min) 20g, ácido fólico (min) 200mg, ácido pantotênico (min) 9.280 mg, cobalto (min) 100 mg, cobre (min) 6.000 mg, ferro (min) 50g, iodo (min) 1.000 mg, manganês (min) 50g, selênio (min) 200mg, zinco (min) 50 g, Bacillus subtilis 150x10e9 UFC.

Para realizar o cálculo das variáveis, a produção de ovos de cada repetição foi registrada diariamente. Em cada período, as rações fornecidas e as sobras, foram pesadas por repetição. Uma vez por semana, os ovos de cada parcela foram coletados, identificados, pesados em balança eletrônica com precisão de 0,01g e três deles selecionados (evitando-se ovos quebrados, trincados ou sujos), com base no peso médio, para realização das análises. A

gravidade específica dos ovos foi determinada conforme procedimentos descritos por Freitas et al. (2004).

5.2.10 Variáveis climáticas

Durante todo o período experimental a temperatura ambiente e a umidade relativa do ar dentro dos galpões foram coletadas com auxílio de data loggers portáteis, os valores médios obtidos para essas variáveis foram de 29,70 ± 2,27ºC e 60,40 ± 11,30% para fase de crescimento e 28,89 ± 1,83°C e 69,22 ± 10,90% para fase de postura, respectivamente.

5.2.11 Análise estatística

A análise estatística dos dados foi realizada utilizando o programa computacional Statistical Analyses System. Os dados dos tratamentos foram submetidos à análise de variância e comparação de médias feita pelo teste de Dunnett (P < 0,05), em seguida, foi realizada análise de regressão para os dados obtidos com os diferentes níveis de inclusão de TG (6, 12, 18, 24, 30%).

5.3 Resultados e discussão

Conforme os resultados obtidos nos ensaios de metabolismos realizados com as rações oferecidas às frangas, nos períodos de 7 a 12 e de 13 a 17 semanas de idade (Tabela 4), houve diferença (P < 0,05) entre os tratamentos para o CMMS, CMN, CMEB e os valores de EMA e EMAn.

As aves alimentadas com as rações contendo TG a partir de 6% apresentaram redução (P < 0,05) no CMMS, CMN, CMEB e valores de EMA e EMAn em relação àquelas que receberam a ração controle.

A inclusão da TG em níveis a partir de 6% promoveu redução linear (P < 0,05) nos coeficientes de metabolizabilidade e valores de energia metabolizável das rações, na fase de 7 a 12 semanas: CMMS (Y = 79,46 - 0,30X; R² = 0,95), CMN (Y = 61,16 - 0,12X; R² = 0,98), CMEB (Y = 81,98 - 0,31X; R² = 0,99) EMA (Y = 3.402 - 7,12X; R² = 0,96) e EMAn (Y = 3.247 - 7,07X; R² = 0,95) e na fase de 13 a 17 semanas: CMMS (Y = 78,17 - 0,30X; R² = 0,99), CMN (Y = 65,11 - 0,24X; R² = 0,98), CMEB (Y = 85,90 - 0,35X; R² = 0,99), EMA (Y = 3.283 - 6,92X; R² = 0,99) e EMAn (Y = 3.177 - 6,93X; R² = 0,99).

Tabela 21 - Metabolizabilidade de nutrientes e valores de energia metabolizável de rações contendo torta de girassol (TG) para frangas semipesadas no período de 7 a 12 e 13 a 17 semanas de idade. Rações Variáveis CMMS1 (%) CMN2 (%) CMEB3 (%) EMA4 (kcal/kg/MS6) EMAn 5 (kcal/kg MS) 7 a 12 semanas de idade 0% de TG 78,98 63,13 83,40 3.508 3.374 6% de TG 77,02* 60,60* 80,29* 3.351* 3.204* 12% de TG 76,13* 59,60* 78,06* 3.336* 3.177* 18% de TG 74,51* 58,85* 76,22* 3.259* 3.095* 24% de TG 72,82* 58,14* 74,33* 3.235* 3.089* 30% de TG 69,60* 57,70* 72,74* 3.188* 3.036* Média 74,84 59,67 77,51 3.313 3.163 CV7 (%) 1,83 1,73 1,48 2,39 2,37 ANOVA8 p - Valor Rações 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 Regressão Linear 0,0001 0,0001 0,0001 0,0009 0,0006 Quadrática 0,0557 0,5263 0,5360 0,9386 0,8619 13 a 17 semanas de idade 0% de TG 78,67 64,94 85,14 3.338 3.203 6% de TG 76,18* 63,69* 83,64* 3.241* 3.138* 12% de TG 74,70* 62,44* 82,24* 3.199* 3.088* 18% de TG 73,05* 60,18* 79,28* 3.156* 3.052* 24% de TG 71,39* 59,51* 77,12* 3.124* 3.022* 30% de TG 68,98* 57,86* 75,69* 3.071* 2.963* Média 73,83 61,44 80,52 3.188 3.078 CV8 (%) 1,49 2,36 1,50 1,18 1,13 ANOVA9 p - Valor Rações 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 Regressão Linear 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 Quadrática 0,3272 0,7614 0,7327 0,8646 0,8473

1CMMS = Coeficientes de metabolizabilidade da matéria seca, 2CMN = Coeficientes de metabolizabilidade do

nitrogênio; 3CMEB = Coeficientes de metabolizabilidade da energia bruta; 4EMA = Energia metabolizável

aparente; 5EMAn = Energia metabolizável aparente corrigida para o balanço de nitrogênio; 6MS = Matéria

seca;7CV = Coeficiente de variação; 8ANOVA = Análise de variância (P < 0,05); *Difere do tratamento 0% de

TG pelo teste de Dunnett (P < 0,05).

Os fatores antinutricionais presentes na TG, principalmente o elevado teor de fibra: 47,36% de FDN e 31,20% de FDA pode ter sido responsável pelos efeitos encontrados nessas variáveis, devido ao aumento da inclusão da TG nas rações, uma vez que esse ingrediente possui alta concentração de polissacarídeos não amiláceos, especialmente celulose e lignina, que não

podem ser degradados pelas enzimas endógenas das aves (BERWANGER et al., 2017b). Além disso, o complexo celulolítico atua como uma barreira no sistema digestivo das aves prejudicando a ação enzimática, aumentando a perda endógena de nutrientes e, consequentemente, reduzindo a disponibilidade da energia da dieta para esses animais (JANSSEN e CARRÉ, 1989). Segundo Khajali e Slominski (2012) e Sakomura et al. (2014), a elevação da concentração de fibra da ração pode reduzir o tempo de passagem do alimento no trato gastrointestinal, minimizando o acesso das enzimas ao alimento, afetando a eficiência de utilização dos nutrientes.

Em concordância, Berwanger et al. (2014) observaram redução nos valores de EMAn da TG, determinados com frangos de corte, à medida que elevaram o nível de substituição (10, 20, 30 e 40%) da ração referência pela TG e relacionaram esse efeito como o elevado teor de fibra constante na TG.

De acordo com Rostagno et al. (2017), a porção fibrosa do farelo de girassol, que também é um resíduo do processamento das sementes da oleaginosa para extração do óleo, é constituída em sua maioria por polissacarídeos não amiláceos insolúveis, e que, a depender da quantidade adicionada à ração, pode gerar redução na disponibilidade dos nutrientes, para absorção, em consequência do aumento dos movimentos peristálticos do trato intestinal e motilidade do bolo alimentar e menor permanência do alimento no trato gastrointestinal e ação enzimática sobre o substrato.

Os resultados determinados para CR, PMF, GP, CA e UN das frangas, entre a 7ª e a 17ª semana de idade, alimentadas com rações contendo níveis de TG, estão descritos na Tabela 5.

Foram observados efeitos dos tratamentos aplicados (P < 0,05) sobre o CR e CA. As frangas alimentadas com as rações contendo níveis de 18, 24 e 30% de TG, elevaram o CR em relação às que consumiram a ração controle e, apenas, as que receberam 30% de TG apresentaram piora na CA.

Esse efeito negativo da inclusão da TG sobre o CR e CA das frangas pode estar relacionado, principalmente, ao teor de fibra contida na TG, como ficou comprovado sobre a metabolizabilidade dos nutrientes e valores de energia metabolizável das rações (Tabela 4). Associado a isso, a inclusão de níveis elevados de alimentos fibrosos na ração pode promover a diluição da energia e dos nutrientes da ração, quando isso acontece, as aves respondem com elevação compensatória no CR na tentativa de conseguir atingir os requerimentos necessários para mantença, desenvolvimento e produção (ROBERTS et al., 2007), como ocorreu para as

aves que consumiram as rações contendo 18, 24 e 30% de TG que elevaram o CR para conseguir manter o GP e PMF semelhante aos das aves alimentadas com a ração controle.

Tabela 22 - Desempenho de frangas semipesadas alimentadas com rações contendo torta de girassol (TG) no período de 7 a 17 semanas de idade.

Variáveis Rações CR1 (g) PMF2 (g) GP3 (g) CA4 UN5 (%) 0% de TG 4012,65 1439,25 868,72 4,62 89,52 6% de TG 4069,21 1443,09 879,54 4,63 89,16 12% de TG 4099,55 1436,93 875,52 4,68 90,45 18% de TG 4145,65* 1441,66 878,63 4,72 88,77 24% de TG 4156,66* 1435,93 870,43 4,78 87,60 30% de TG 4186,74* 1426,22 858,51 4,89* 87,58 Média 4111,74 1437,18 871,89 4,72 88,85 CV6 (%) 1,81 1,94 2,26 2,25 5,46 ANOVA7 p - Valor Rações 0,0039 0,9216 0,4656 0,0017 0,8970 Regressão Linear 0,0038 0,3596 0,0550 0,0001 0,3159 Quadrática 0,7512 0,6981 0,3399 0,4355 0,7682

¹CR = Consumo de ração; 2PMF = Peso médio final; 3GP = Ganho de peso; 4CA = Conversão alimentar; 5UN =

Uniformidade; 6CV = Coeficiente de variação; 7ANOVA = Análise de variância (P < 0,05); *Difere do tratamento

0% de TG pelo teste de Dunnett (P < 0,05).

Houve aumento linear (P < 0,05), a partir da inclusão de 6% de TG na ração, apenas para CR (Y = 4043,90 + 4,8695X; R² = 0,97) e CA (Y = 4,554 + 0,0103X; R² = 0,96) das frangas.

É importante ressaltar que, apesar dos niveis de 18 e 24 e 30% de TG terem propiciado aumento no CR das frangas quando comparado com o obtido com aquelas que receberam a ração controle, a CA, variável de maior importância na avaliação do desempenho e tomada de decisões, só foi influenciada negativamente com inclusão 30% TG.

Inclusão de TG em níveis até 12,5% (KARGOPOULOS et al., 2017) e 21% (PINHEIRO et al., 2013) na alimentação de frangas semipesadas no período de 1 a 20 e 10 a 16 semanas de idade, respectivamente, não apresentaram efeitos adversos sobre o desempenho das aves, corroborando com os resultados encontrados no presente estudo.

Em estudo com o farelo de girassol, que possui limitações de uso semelhantes às da TG, Abdallah, Beshara e Ibrahim (2015) observaram melhora significativa no GP e na CA de frangas entre a 11ª e 19ª semana de idade alimentadas com inclusão de níveis até 14% desse

ingrediente. Já Panaite et al. (2016) não observaram efeito de niveis até 21,58% de farelo de girassol na alimentação de frangas de 9 a16 semanas de idade sobre o GP.

Niveis moderados de fibra na ração pode estimular o desenvolvimento da moela e demais porções digestivas e eleva o tempo de trânsito do quimo no sistema digestório das aves (HETLAND e SVIHUS, 2001; GONZ'ALEZ-ALVARADO et al., 2007, 2008) e, támbem, a produção de ácido cloridrico e ácidos biliares e melhorar a atividade da amilase, favorecendo significativamente o processo de digestão e absorção dos nutrientes pelas aves (HETLAND et al., 2003; MATEOS et al., 2012).

A composição corporal (Tabelas 6), retenção de nutrientes (Tabelas 7) e metabolismo energético (Tabelas 8) das frangas não foi influenciada (P < 0,05) pelos tratamentos aplicados, indicando que a inclusão de até 30% de TG não foi suficiente para afetar as variáveis avaliadas.

Tabela 23 - Composição corporal de frangas semipesadas com 17 semanas de idade alimentadas com rações contendo torta de girassol (TG) no período de 7 a 17 semanas.

Variáveis Rações MS1 (%) PB2 (%MS) EE3 (%MS) MM4 (%MS) 0% de TG 33,11 19,70 14,40 2,86 6% de TG 33,08 19,66 14,37 2,83 12% de TG 33,13 19,67 14,41 2,79 18% de TG 33,01 19,64 14,34 2,82 24% de TG 32,98 19,62 14,29 2,75 30% de TG 32,96 19,59 14,25 2,72 Média 33,05 19,65 14,34 2,80 CV5 (%) 4,96 3,93 8,28 7,35 ANOVA6 p - Valor Rações 1,0000 0,9999 0,9999 0,8237 Regressão Linear 0,8392 0,8333 0,8012 0,2728 Quadrática 0,9764 0,9430 0,9370 0,7675

¹MS = Matéria Seca; 2PB = Proteína bruta; 3EE = Extrato etéreo; 4MM = matéria mineral; 5CV = Coeficiente de

variação; 6ANOVA = Análise de variância (P < 0,05).

Sugere-se que, a semelhança entre os tratamentos aplicados sobre as variáveis de composição corporal e retenção de nutrientes das frangas pode ser atribuída ao fato de que as aves elevaram o CR para contrabalançar os efeitos negativos da TG sobre o aproveitamento dos nutrientes da ração para manter a quantidade de nutrientes e energia o bastante para atender as

suas demandas. Fato comprovado pela ausência de diferença no GP e, consequentemente, no PMF das frangas na 17ª semana de idade (Tabela 5).

Tabela 24 - Retenção de nutrientes na carcaça de frangas semipesadas alimentadas com rações contendo torta de girassol (TG) no período de 7 a 17 semanas de idade.

Variáveis

Rações (g/kgPBR0,75/dia)1 (g/kgEER0,75/dia) 2 MMR 3 (g/kg0,75/dia) 0% de TG 2,49 2,43 0,34 6% de TG 2,47 2,41 0,33 12% de TG 2,49 2,43 0,33 18% de TG 2,50 2,43 0,34 24% de TG 2,44 2,40 0,32 30% de TG 2,41 2,47 0,31 Média 2,47 2,43 0,33 CV4 (%) 8,32 9,46 11,61 ANOVA5 p - Valor Rações 0,9618 0,9979 0,6315 Regressão Linear 0,4692 0,7639 0,1906 Quadrática 0,8439 0,4818 0,4641

¹PB = Proteína bruta retida; 2EE = Extrato etéreo retido; 3MM = Matéria mineral retida; 4CV = Coeficiente de

variação; 5ANOVA = Análise de variância (P < 0,05).

O aumento da concentração de fibra na dieta pode elevar o incremento calórico e, com isso, reduzir a eficiência de utilização da energia da mesma (NOBLET e VAN MILGEN, 2004). Entretanto, os resultados obtidos indicam que o metabolismo energético das frangas não foi influenciado pela inclusão da TG. Isso pode ter ocorrido devido a TG em estudo apresentar quantidade significativa de óleo (16,72% de extrato etéreo) o que pode ter contrabalançado o incremento calórico e a eficiência energética da ração, uma vez que, a eficiência energética da dieta aumenta com a adição de gordura e diminui com a adição de fibras (NOBLET et al., 1994). Segundo Noblet e Van Milgen (2004), enquanto a fibra possui eficiência de utilização da energia metabolizável de 60% a da gordura é de 90%. Diante do exposto, um fato interessante, e que contribui para o uso da TG na alimentação das frangas, é que, apesar de possuir elevada quantidade de fibra, a inclusão de até 30% de TG não comprometeu o metabolismo energético das aves.

Tabela 25 - Metabolismo energético de frangas semipesadas alimentadas com rações contendo torta de girassol (TG) no período 7 a 17 semanas de idade.

Variáveis Rações (kcal/kgEMI0,751/dia) (kcal/kgER0,752/dia) PC

3 (kcal/kg0,75/dia) ER/EMI (%) PC/EMI (%) 0% de TG 197,76 33,47 164,29 16,93 83,07 6% de TG 197,68 33,31 164,37 16,85 83,15 12% de TG 197,42 33,27 164,14 16,86 83,14 18% de TG 197,58 33,22 164,37 16,82 83,18 24% de TG 197,70 33,19 164,51 16,79 83,21 30% de TG 197,79 33,09 164,70 16,73 83,27 Média 197,66 33,26 164,40 16,83 83,17 CV4 (%) 0,97 7,80 1,83 7,73 1,56 ANOVA5 p - Valor Rações 0,9995 0,9999 0,9997 0,9999 0,9999 Regressão Linear 0,3243 0,4183 0,4183 0,8743 0,2409 Quadrática 0,4121 0,4049 0,4049 0,1449 0,7584

¹ER = Energia retida; 2EMI = Energia metabolizável ingerida; 3PC = produção de calor; 4CV = Coeficiente de

variação; 5ANOVA = Análise de variância (P < 0,05).

Os parâmetros de viabilidade econômica (Tabela 9) foram influenciados (P < 0,05) pelo uso da TG nas rações fornecidas às frangas no período de crescimento.

A inclusão de TG a partir de 18% resultou em menor custo com alimentação por kg de ganho de peso das frangas (CDR) e índice de custo (IC) e, consequentemente, maior eficiência econômica (IEE) em relação aos resultados obtidos com o grupo controle.

De acordo com análise de regressão, houve redução linear (P < 0,05) no CRA (Y = 6,479 - 0,0125X; R² = 0,99) e IC (Y = 106,42 - 0,2083X; R² = 0,99) e aumento linear (P < 0,05) no IEE (Y = 93,873 + 0,1992X; R² = 0,99), a partir da inclusão de 6% de TG nas rações.

A avaliação econômica da inclusão de alimentos alternativos na dieta das aves possui fundamental importância para tomada de decisão de uso e, também, do nível a ser utilizado, uma vez que, permite associar os efeitos do alimento no custo da ração com os efeitos nutricionais gerados sobre os parâmetros de desempenho das aves, comprovando o custo/benefício da sua utilização (ARRUDA et al., 2016).

Por exemplo, as aves alimentadas com a ração contendo 30% de TG, apresentaram piora significativa nos parâmetros de desempenho (CR e CA) em relação as que consumiram a ração controle. Contudo, o valor de CDR obtido com a ração contendo 30% de TG foi menor 0,44 R$/kg de ganho de peso, o IEE foi 7% superior e, consequentemente, o IC foi 7% inferior ao da ração controle.

Tabela 26 - Avaliação da viabilidade econômica da inclusão da torta de girassol (TG) na alimentação de frangas semipesadas no período de 7 a 17 semanas de idade.

Variáveis

Rações CRA1 (R$/kg ganho) IEE2 (%) IC3 (%)

0% de TG 6,53 93,33 107,24 6% de TG 6,40 95,19 105,07 12% de TG 6,33 96,17 103,99 18% de TG 6,25* 97,50* 102,63* 24% de TG 6,20* 98,36* 101,71* 30% de TG 6,09* 100,07* 99,96* Média 6,30 96,77 103,43 CV4 (%) 2,22 2,194 2,225 ANOVA5 p - Valor Rações 0,0001 0,0001 0,0001 Regressão Linear 0,0001 0,0001 0,0001 Quadrática 0,7487 0,7302 0,7631

¹CRA = Custo com ração; 2IEE = Índice de eficiência econômica; 3IC = Índice de custo; 4CV = Coeficiente de

variação; 5ANOVA = Análise de variância (P < 0,05); *Difere do tratamento 0% de TG pelo teste de Dunnett (P

< 0,05).

Não foram observados efeitos (P < 0,05) dos níveis de TG fornecidos nas rações das frangas, no período de 7 a 17 semanas de idade, sobre as variáveis de maturidade sexual em estudo: ID 1º, ID 50%, ID 100% e PO 1º (Tabela 10).

A qualidade das aves destinadas à produção de ovos ao final da fase de crescimento tem grande influência e relação direta com o desempenho dessas na fase de produção, uma vez que é no período de crescimento que ocorrem os processos de formação da franga. Assim, ao final dessa fase as futuras poedeiras devem apresentar peso e condições corporais ideais para conseguir expressar todo o seu potencial produtivo (BRAZ et al., 2011; FREITAS et al., 2014). A maturidade sexual das poedeiras está intimamente relacionada com o GP, PMF, UN do lote e a composição corporal das frangas ao final da fase de crescimento, diante disso, como os tratamentos aplicados não influenciaram essas variáveis na 17ª semana e, também, o GP, PMF e a UN ficaram bem próximo ao GP (860g), PMF (1,400g) e UN (90%) recomendados pelo manual da linhagem utilizada (HY-LINE INTERNATIONAL, 2016), esperava-se semelhança para as variáveis de maturidade sexual como foi verificada.

Tabela 27 - Maturidade sexual de frangas semipesadas alimentadas com rações contendo torta de girassol (TG) no período de 7 a 17 semanas de idade.

Variáveis

Rações ID 1º(Dias) 1 ID 50%(Dias) 2 ID 100%(Dias) 3 PO 1º(g) 4

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