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3 COMPOSIÇÃO QUÍMICA E VALORES DE ENERGIA

3.3 Resultados e discussão

Os dados de composição química e energia bruta determinados para TG estão apresentados na Tabela 2.

Tabela 4 - Composição química e energia bruta da torta de girassol expressos com base na matéria seca.

Constituintes Torta de girassol

Matéria seca (%) 92,81

Energia bruta (kcal/kg) 5.533

Proteína bruta (%) 20,85

Fibra em detergente neutro (%) 47,36

Fibra em detergente ácido (%) 31,20

Extrato etéreo (%) 16,72

Matéria mineral (%) 2,87

Ácido Clorogênico (%) 1,75

O valor de matéria seca determinado para a TG foi de 92,81%, próximo aos valores de 92,43, 92,40, 91,62, 93,50, 93,51, 92,17 e 94,40% determinados por Costa et al. (2005), Pedreiro et al. (2009), Oliveira et al. (2012), Santos et al. (2012), Pinheiro et al. (2013), Berwanger et al. (2014) e Kargopoulos et al. (2017), respectivamente, e 9,82% superior ao valor de 83,70% observado por Pereira et al. (2011).

A energia bruta da TG apresentou valor de 5.533 kcal/kg, estando entre os valores obtidos por Berwanger et al. (2014) e Oliveira et al. (2012) de 5.228 e 5.729 kcal/kg, respectivamente.

Embora a TG tenha apresentado teor de 20,85% de PB, observou-se que o valor foi inferior aos valores encontrados por Costa et al. (2005), Pedreiro et al. (2009), Pereira et al. (2011), Oliveira et al. (2012), Santos et al. (2012), Pinheiro et al. (2013), Berwanger et al. (2014) e Kargopoulos et al. (2017), que variaram de 22,33 a 28,44% de PB.

Em relação aos dados encontrados na literatura (COSTA et al., 2005; PEDREIRO et al., 2009; PEREIRA et al., 2011; OLIVEIRA et al., 2012; SANTOS et al., 2012; PINHEIRO et al., 2013; BERWANGER et al., 2014), o valor de 47,36% de fibra em detergente neutro determinada está entre os 34,37 a 53,77% e para a fibra em detergente ácido de 31,20% foi superior ao maior valor determinado de 30,27% obtido por Oliveira et al. (2012).

O valor de 16,72% para o extrato etéreo foi 30,44% superior ao menor valor encontrado na literatura (11,63%), determinado por Pereira et al. (2011), no entanto, foi 41,11% inferior ao maior valor (28,39%), encontrado por Pinheiro et al. (2013).

A TG apresentou 2,87% de matéria mineral, valor inferior aos encontrados, que variaram de 4,45 a 5,09% (COSTA et al., 2005; PEDREIRO et al., 2009; OLIVEIRA et al., 2012; SANTOS et al., 2012; BERWANGER et al., 2014).

A quantidade de 1,75% de ácido clorogênico determinado para a TG está entre a amplitude de valores descritos para o farelo de girassol, que variou de 0,6 a 2,5% (CANIBE et al., 1999; GONZALEZ-PEREZ et al., 2002; ROSA et al., 2011).

As variações observadas nos valores de composição química e energia bruta entre a TG em estudo e as demais encontradas na literatura, podem ser atribuídas às diferentes origens dos subprodutos avaliados, uma vez que a composição dos alimentos de origem vegetal pode ser influenciada por fatores como variedade genética plantada, solo, clima da região e, no caso de subprodutos, pelo processamento a que foram submetidos (SILVA et al., 2008; LIU et al., 2015). De acordo com Oliveira et al. (2007), as variações na composição da TG são devidas, principalmente, à variedade genética e ao tipo e regulagem da prensa utilizada no processamento das sementes.

Os valores de EMA e EMAn foram influenciados significativamente (P < 0,05)pela idade das aves e pelos níveis de substituição da RR pela TG, no entanto, não houve interação entre os fatores avaliados (Tabela 3).

Os níveis de EMA e EMAn determinados com as aves entre 11 e 18 dias de idade foram menores (P < 0,05) do que os determinados com as aves entre 28 a 35 e 189 a 196 dias, que apresentaram valores semelhantes ente si (P < 0,05).

Os valores determinados com as aves mais velhas (28 a 35 e 189 a 196 dias de idade) apresentaram valores superiores, em média, de 75, 121 e 112 kcal/kg para EMA, EMAn na MS e EMAn na MN, respectivamente, em relação ao das aves entre 11 e 18 dias de idade.

Esse efeito da idade das aves sobre os valores de energia metabolizável determinados é, comumente, encontrado na literatura para diversos alimentos. De acordo com Brumano et al. (2006), aves mais jovens são menos eficientes para digerir e absorver os nutrientes presentes nos alimentos, visto que o sistema digestivo desses animais se encontra ainda em desenvolvimento, enquanto as aves mais velhas, além do sistema digestivo mais desenvolvido, possuem maior tamanho do trato digestivo, maior produção de enzimas e secreções gástricas, levando a um melhor aproveitamento dos nutrientes e da energia dos alimentos.

Segundo Freitas et al. (2006) as rações para frangos de corte, até 21 dias de idade devem ser formuladas considerando os valores de EMAn determinada com pintos e, para frangos com idade acima de 21 dias, deve ser considerado o aumento na digestibilidade dos

nutrientes e valorizar a contribuição energética dos alimentos, utilizando preferencialmente os valores de EMAn determinados com aves adultas. A adoção de um único valor de EM dos alimentos para todas as idades pode levar a utilização de valores superestimados, principalmente para aves nas primeiras semanas de idade (CALDERANO, 2008).

Tabela 5 - Valores de energia metabolizável aparente (EMA) e energia metabolizável aparente corrigida pelo balanço de nitrogênio (EMAn) da torta de girassol (TG), determinados com aves em diferentes idades.

Parâmetros (kcal/kg de MSEMA 1) (kcal/kg MS) EMAn (kcal/kg MNEMAn 2)

Idade

11 a 18 dias 3.144b 2.923b 2.713b

28 a 35 dias 3.221a 3.070a 2.849a

189 a 196 dias 3.217a 3.018a 2.801a

Nível de TG

20% 3.251a 3.094a 2.872a

40% 3.137b 2.913b 2.704b Média geral 3.194 3.004 2.788 CV3 (%) 2,52 2,43 2,43 ANOVA4 p-valor Idade 0,0435 0,0001 0,0001 Nível 0,0002 0,0001 0,0001 Idade X Nível 0,1417 0,3501 0,3541

1MS = Matéria seca; 2MN = Matéria natural; 3CV = Coeficiente de variação; 4ANOVA = Análise de variância; (P

< 0,05) Efeito estatístico significativo. Médias seguidas de letras distintas na coluna diferem entre si pelo teste SNK (P < 0,05).

Mello et al. (2009), também sugerem que, nas formulações de rações para aves, deve-se considerar que os valores energéticos dos alimentos diferem em cada idade. Estes mesmos autores avaliaram os valores de energia metabolizável, de dez ingredientes distintos, com aves em diferentes idades e observaram que os valores de EMA e EMAn, da maioria desses, aumentaram com o avançar da idade das aves.

Para a TG, Oliveira et al. (2012) determinaram, com base na MS, níveis de EMA de 3.274 kcal/kg e de EMAn de 3.056 kcal/kg, usando frangos de corte machos entre 28 a 37 dias de idade, valores bem próximos aos determinados no presente estudo com os frangos entre 28 e 35 dias (3.221 kcal de EMA/kg e 3.070 kcal de EMAn/kg) e 189 a 196 dias de idade (3.217 kcal de EMA/kg e 3.018 kcal de EMAn/kg).

Apesar de não citar o tipo e a idade das aves utilizadas, Pinheiro et al. (2013), descreveram para TG valor de 3.331 kcal de EMA/kg de MS, sendo este, 187, 110 e 114 kcal/kg superior aos 3.144, 3.221 e 3.217 kcal de EMA/kg de MS determinados com os frangos entre 11 e 18, 28 e 35 e 189 a 196 dias de idade, respectivamente.

Já Berwanger et al. (2014), utilizando frangos no período de 21 a 31 dias de idade, determinaram valores médios de 2.211 kcal de EMA/kg e 2.150 kcal de EMAn/kg de MS para TG, valores inferiores em 933 kcal/kg aos 3.144 kcal de EMA/kg e 773 kcal/kg aos 2.923 kcal de EMAn/kg, aos determinados com os frangos entre 11 e 18 dias, que apresentaram valores inferiores aos verificados com os frangos nas demais idade em estudo.

As variações nos níveis de energia metabolizável encontrados entre os estudos, podem estar relacionadas, principalmente, às diferentes origens e composição química dos subprodutos estudados, devido aos mesmos aspectos citados, anteriormente, para justificar as variações nos valores de composição da TG.

Maiores valores (P < 0,05) de EMA e EMAn da TG, foram determinados para o nível de 20% de substituição da RR pela TG do que para o nível de 40%.

Os valores de EMA, EMAn na MS e EMAn na MN (3.251, 3.094 e 2.872 kcal/kg) determinados com a ração composta por 20% de TG e 80% de RR, foram superiores em 114, 181 e 168 kcal/kg do que os determinados (3.137, 2.913 e 2.704 kcal/kg) usando a ração com 40% de TG e 60% de RR, respectivamente.

Utilizando uma ração teste composta por 20% de TG e 80% de RR para frangos de corte, Oliveira et al. (2012) determinaram valores de 3.274 kcal de EMA/kg e 3.056 kcal EMAn/kg de MS, valores semelhantes aos 3.251 kcal de EMA/kg e 3.094 kcal de EMAn/kg determinados com substituição de 20% de TG no presente estudo.

Berwanger et al. (2014) determinaram a energia metabolizável da TG com rações, para frangos de corte, contendo 10, 20, 30 e 40% de substituição da RR pelo subproduto e descreveram valores médios de 2.211 e 2.150 kcal/kg de MS para EMA e EMAn, respectivamente, valores inferiores aos encontrados no presente estudo, que foram em média de 3.194 kcal de EMA/kg e 3.004 de EMAn/kg de MS. De acordo com os autores, os níveis de TG testados não influenciaram significativamente os valores de EMA determinados, no entanto, os de EMAn reduziram linearmente a partir do nível de substituição de 10% de TG e isso deve ter ocorrido devido ao elevado teor de fibra da TG.

Assim, a redução nos valores de energia metabolizável encontrada devido à elevação dos níveis de 20 para 40% de substituição da RR pela TG, pode estar associada, principalmente, ao aumento do teor de fibra das rações em consequência da adição da TG.

Segundo Jacob et al. (1996), o alto teor de fibras é o principal fator limitante para utilização da TG na alimentação das aves, pois, diminui o aproveitamento dos nutrientes e da energia metabolizável das rações pelos animais (SENKOYLU e DALE, 2006).

De acordo com Berwanger et al. (2017a), a TG possui elevada concentração de polissacarídeos não amiláceos insolúveis, especialmente celulose e lignina, que não podem ser degradados pelas enzimas endógenas presentes no trato digestório dos animais não ruminantes. O complexo celulolítico atua como uma barreira no sistema digestivo das aves, prejudicando a ação enzimática e aumentando a perda endógena de nutrientes, reduzindo assim a disponibilidade de energia das dietas para esse tipo de animal (JANSSEN e CARRÉ, 1989).

Freitas et al. (2004) testaram níveis de 20 e 40% de substituição da RR por farelo de girassol, outro subproduto do processamento das sementes do girassol, e verificaram que a substituição em 40% proporcionou redução na EMA em relação ao nível de 20%, assim como ocorreu para a TG avaliada. No estudo citado, a redução também foi atribuída ao elevado conteúdo de fibra do alimento que, segundo os autores, reduz a digestibilidade e o aproveitamento dos nutrientes em virtude do aumento da taxa de passagem, dificultando o acesso das enzimas digestivas aos nutrientes durante a digestão.

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