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Avaliação da perspectiva reflexiva ou crítica na trajetória acadêmica

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.4. Formação didático-pedagógica curricular: perspectivas para uma teoria da

3.5.2. Avaliação da perspectiva reflexiva ou crítica na trajetória acadêmica

Neste tópico, ao analisarmos os diversos depoimentos dos entrevistados, deparamo-nos com questionamentos que apontam para a falta da questão reflexiva no decorrer do curso. Embora os textos e discussões em sala de aula contribuíssem para a formação, não ofereciam subsídios para os futuros docentes exercerem uma prática reflexiva na vida profissional, sendo, talvez, essa prática alcançada, posteriormente, no exercício da profissão.

Do ponto de vista dos entrevistados quatro, e nove, faltou a temática reflexiva na grade curricular, havendo pouca exploração do tema “professor reflexivo”, cabendo ao aluno buscar uma complementação fora da estrutura curricular do curso, caso fosse do seu interesse.

Como disse anteriormente, houve pouca exploração do tema do professor reflexivo, se concentrando em uma única disciplina durante os quatro anos de curso, cabendo a você aluno buscar um aprofundamento extra curricular do tema, (Entrevistado 4 – grifo nosso)

Durante o curso vi como teórico da formação reflexiva o Nóvoa em duas disciplinas, mas eu estudei mais o professor reflexivo no grupo de pesquisa do qual eu participo, porque se você for contar com isso na graduação, não é muito abordado o professor reflexivo, fui buscar além da grade curricular do curso.(Entrevistado 9 – grifo nosso)

Embora na opinião dos entrevistados acima, a questão reflexiva não esteja inserida na estrutura curricular do curso, ao analisarmos o Projeto Pedagógico, não encontramos nenhuma disciplina destinada exclusivamente para essa questão, mas encontramos espaço para estar na disciplina Prática de Ensino, devido aos seus objetivos. (UNESP, 2000 p.18).

Outro entrevistado apontou a contribuição favorável dos textos e das discussões presentes na sala de aula para a sua formação. Contudo, no que se refere à preparação para tornar-se um professor reflexivo crítico, a formação foi falha, contando com a experiência de cada um.

(...) foi através dos textos, das discussões, e isso contribuiu em partes para minha formação, contribuiu para a gente ter um conhecimento do mundo, da classe, dos outros autores do passado. (Entrevistado 6 – grifo nosso)

(...) acho que a gente não sai preparado para ser um professor crítico reflexivo. É só a partir da sua experiência profissional mesmo, mas a faculdade forma uma pessoa crítica..., você vai conversar com pessoas de outro curso você consegue ter seu diálogo crítico, suas idéias, mas para trabalhar é muito fraco. (Entrevistado 6 – grifo nosso)

Ao analisarmos as competências que os alunos do curso de pedagogia devem adquirir no final do curso, encontramos dentre elas, a capacidade de empreender uma reflexão sobre a educação enquanto ação político-ideológica da sociedade brasileira, e, ainda, analisar criticamente dados e informações da realidade escolar (UNESP, 2000 p.8-10).

Um participante do estudo demonstrou-se satisfeito com a formação reflexiva que recebeu no curso, inclusive estabelecendo relação com outras universidades.

Eu acho que o tema de formação reflexiva foi bom na grade curricular, comparado a muitas “Uninadas” que tem por ai, (Entrevistado 7 – grifo nosso)

Embora haja essa declaração, prevalece a idéia de um modelo de formação de orientação acadêmica (GARCIA, 1999), cuja ênfase maior está no conhecimento disciplinar. Observam-se alguns avanços na direção de uma reflexividade prática (modelo da racionalidade prática), mas são tênues.

3.5.3 AUTO-AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE FORMAÇÃO (OU DE REFLEXÃO) NA TRAJETÓRIA ACADÊMICA

Ao analisarmos os diversos depoimentos dos entrevistados, deparamo-nos, neste tópico, com questionamentos que apontam ora para a importância da autonomia docente, para a valorização da profissão, assim como para a grande contribuição do contato com a realidade escolar durante a formação, e ora apontando para questões referentes à contribuição da universidade na concepção de um professor reflexivo, ou seja, um professor que busque alterar a realidade da educação.

Um participante ressaltou a importância da autonomia docente na sua formação, com a concepção de um papel não-neutro do professor mediante a realidade em que ele atua, sendo este um profissional responsável pelo cidadão que ele está formando.

Pra mim o que fica é essa questão do papel não neutro do professor de ter, em nossas mãos, a autonomia de resgatar esse papel não banal do professor que esta ali como um transmissor de conteúdo ele pegar o livro didático e transmitir o que está ali,

não, ele é um profissional responsável pela formação dos alunos. (Entrevistado 2 – grifo nosso)

Essas idéias lembram-nos o pensamento de Papi (2005), quando afirma que cabe ao professor recuperar sua autonomia, sentir que controla o seu trabalho, deixando de possuir um caráter individualista.

Na opinião de outro participante do estudo, a importância da experiência propiciada pelo contato com as instituições de ensino destacou-se, pois foi através desse contato que foi possível estabelecer uma ponte com a realidade.

(...) as minhas primeiras foram fracassadas em relação a classe, eu não conhecia, não entendia, conversando com o professor ele já previa o que ia acontecer, então me lembra muito o Nóvoa, quando você senta e prepara faz uma reflexão, durante a aula é uma outra reflexão, depois sobre a reflexão na ação, que foi o que você fez no desenvolvimento das atividades, bem como no conhecimento dos alunos perante aquela atividade. (Entrevistado 6 – grifo nosso)

Esse contato com a escola está previsto na prática de ensino onde ocorre uma visão integradora da ação educacional, contemplando a análise crítica da realidade e estudos para solucionar o problema, bem como a parceria com diversas escolas públicas do município (UNESP, 2000 p.17).

Para os entrevistados sete, nove, e dez, destacou-se a importância da formação reflexiva recebida no decorrer do curso, despertando o interesse em viabilizar meios para uma nova realidade educacional.

Eu achei que desde que eu entrei na faculdade, eu cresci bastante sobre refletir, porque no ensino médio o que a gente tem é “decoreba”, então a gente decora coloca todo aquele conhecimento, entre aspas, dentro da gente pra chegar no vestibular e vomitar tudo no vestibular e esquecer tudo quando entrar na faculdade. Daí a gente tem dificuldade aqui, quando eles entregam textos elaborados, de filosofia (...)a gente entra numa neura, porque a gente não sabe mais, a gente acha que desaprendeu a ler, que a gente não consegue entender mais nada. (Entrevistado 7 – grifo nosso)

O que eu vi sobre o professor reflexivo contribui para a minha formação como futura professora, embora eu ache que eu não estou a beira de ser uma professora reflexiva, ainda, mas eu estou trabalhando para isso. (Entrevistado 9 – grifo nosso)

O que eu vi sobre formação reflexiva contribui e muito para minha formação, eu acho que vai me ajudar bastante porque eu ainda não trabalho nessa área, mas trouxe pra mim uma inquietação pra buscar uma nova educação em nosso país, pra tentar mudar, pelo menos um começo. (Entrevistado 10 – grifo nosso)

Essas declarações nos remetem às competências atribuídas aos alunos ao final do curso de pedagogia, descritas no Projeto Pedagógico (UNESP, 2000 p.8- 10), onde cabe ao recém formado empreender uma reflexão sobre a educação enquanto ação político-ideológica da sociedade brasileira.

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