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BUSCANDO INDÍCIOS NA INVESTIGAÇÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA DOS “PIONEIROS” DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

3.1. Análise descritiva das entrevistas

3.1.4. Avaliação das experiências de educação a distância via web

Nessa parte do roteiro, três perguntas foram feitas: (a) “há diferença entre ser professor no presencial e na web?”, (b) “quais as dificuldades encontradas?” e, (c) “quais os êxitos?”

Com relação à primeira pergunta, os entrevistados responderam:

“Não dá para pegar o que se faz presencialmente e jogar na rede.”(Prof. A).

“Muita diferença, principalmente quanto à abordagem mais construtiva e menos paternalista, e na maneira como se relacionar com o aluno. As aulas também precisam ser preparadas e oferecidas de forma muito diferente.”(Prof. C).

“Há diferença sim. Na web dependemos muito mais da persuasão para manter o interesse do aluno, seja através de textos que o façam querer ler, seja através de atividades que o seduzam a participar. Em sala de aula a obrigação da freqüência, em grande parte, resolve esse problema. Por outro lado, isso se agrava, no meu caso, pois a participação na minha sala virtual é facultativa.”

(Prof. F).

“Óbvio. É algo que foge aos parâmetros presenciais, principalmente, em relação ao controle e disciplina. Além disso, se não for pensado e bastante refletido, poderá levar a mais uma desumanização da educação.”(Prof. G).

“Sim. Maior necessidade de interação e domínio do conteúdo.”(Prof. H).

Realmente não dá para transferir para a rede o que é feito no presencial porque dessa forma não se tem inovação. E, principalmente, o aluno não usufrui dessa formação. A

educação a distância via web pode ser considerada uma modalidade inovadora de educação e, inclusive potencializar a educação presencial. Entretanto, por ser um novo meio ela exige formas diferenciadas de se trabalhar na educação.

Com relação à segunda pergunta desse bloco – “Quais as dificuldades encontradas?” – o professor A cita que a principal e mais gritante dificuldade, e que, inclusive foi um dos motivos que levaram à descontinuidade do projeto de Hagen, refere-se à falta de autonomia na tradição escolar brasileira. Diz que é “notório que, nessa tradição, a sala de aula ainda é

largamente vista como o lugar de aprendizagem por excelência; que ao professor ainda se atribui a condição de principal fonte do saber, e que ao aluno se delega um papel eminentemente passivo e, portanto, menos autônomo.”211

Complementa a sua explanação dizendo que outra dificuldade da educação a distância é a perda da riqueza contextual e também da dificuldade de uma autodisciplina que esta exige. Com relação a essa questão, os teóricos da educação a distância no geral comentam que esse é um pré-requisito fundamental para o aluno dessa modalidade de educação, conforme apresentado no capítulo “Educação a distância: elucidações necessárias”.

Cabe salientar que essa é mais uma tarefa para a escola presencial, qual seja, preparar os alunos para o exercício da autonomia e não da heteronomia como tem sido feito porque senão esses alunos não estarão sendo preparados para a realidade que enfrentarão.

Já o prof. B referiu-se às dificuldades de quem tem barreiras com a tecnologia e que acaba atrapalhando o processo, exigindo muita força de vontade do interessado. Além da dificuldade com a rede,212 citou uma outra dificuldade, que foi recorrente também em outras entrevistas, que é a questão de não se saber calcular o tempo na EAD. A respeito da questão do tempo, ele complementa:

Por exemplo: um aluno se matricula numa disciplina e ele pensa assim: são 4 créditos. Quando a gente oferece uma disciplina a distância com 4 créditos, o aluno acha que ele só vai pensar naquilo durante 4 horas por semana. (...) Então, em todas as versões do nosso curso o pessoal acha que o curso sobrecarrega um pouco. Tem um aluno que disse: “Entrei nessa disciplina porque achei que ia ser fácil e é a disciplina do semestre que eu

211 Eu também senti essa dificuldade nas duas experiências como professora na educação na web e também nas

experiências como aluna.

212 Aqui ele se referia ao fato de que para se trabalhar no TelEduc o aluno precisa estar conectado e o preço da

conexão não é barato. Informou que geralmente os alunos acessam a página através das próprias universidades, no caso específico: UNICAMP e USP. E que aqueles alunos que precisam acessar da casa, reclamam dos gastos.

estou estudando mais; gastando mais tempo.” Os alunos pensam: Ah! É à distância, eu faço a hora que eu quiser. Você faz na hora que quiser o estudo programado. O nosso curso o cara tem que cumprir as tarefas naquela semana programada, porque é naquela semana que vamos estudar discutindo aquele assunto; e depois, passou. Então não tem essa flexibilidade do aluno escolher para fazer, por exemplo: cálculo de dieta e depois fazer a parte de doenças metabólicas. Não Pode inverter. Tem uma seqüência... Isso acontece também no presencial, não é exclusividade do ensino a distância.213

Essa flexibilização seria possível num estudo mais livre – apenas informação ou instrução programada – mas, no caso de uma formação, por exemplo, em nível de graduação, é difícil de ser viabilizada. Como você discute o assunto se cada um pode participar das atividades em um momento muito diferente do outro?214 Para o processo ser significativo há necessidade de algumas imposições. Você só consegue ter maior flexibilização em tutoriais, mas não é esse o uso assumido, neste trabalho, ou pelo menos não é só esse. O importante é o conceito de formação; de educação no pleno sentido e beleza da palavra, conforme defendido em capítulo anterior.

Com relação à viabilização da discussão na EAD mediada pela web, o prof. B diz que não é uma coisa fácil porque “às vezes você coloca uma pergunta, às vezes você tem que interferir,

só que você não pode interferir demais porque senão você polariza e vira assim: o professor pergunta e o aluno responde.” Esclarece que o objetivo é promover a discussão entre os alunos e entre estes e os professores.215

A esse respeito, ele, inclusive, diz que é um dos desafios da EAD juntamente com a necessidade de manter os alunos ativos e participantes durante toda a disciplina, além, também, de incentivar a discussão da linguagem escrita.

O prof. C diz: “primeiro, dá MUITO trabalho para o professor, o número de horas dedicadas na elaboração do primeiro curso é da ordem de 10 para 1. Depois diminui, mas a dedicação às respostas aos alunos, correção de trabalhos, etc., cria um sério obstáculo para a maior participação dos professores.” Outro problema sério para ele é a falta de disciplina dos alunos e o número de

desistências que acaba interferindo de forma negativa no professor que se sente frustrado pela situação.

213 Grifos meus.

214 Essa foi uma outra questão que comentei na experiência vivenciada do curso a distância.

215 O grande desafio é esse. Como incentivar a participação dos alunos sem interferir demais? Esse é outro

No artigo “Aprendendo a Distância”, publicado no Jornal “Correio Popular” de Campinas, em 01/10/99, o professor C encerra o seu texto falando sobre um dos obstáculos à concretização da EAD e que, de uma certa forma, no meu entender, também traz problemas para aqueles que ingressam nessa modalidade de educação e que não têm como avaliar essa prática. Assim, nas palavras do prof. C:

Outro obstáculo importante à maior penetração da EAD é o preconceito contra os cursos a distância. Realmente, desde os famigerados cursinhos por correspondência do IUB e o Instituto Monitor, cursos a distância são considerados de baixa qualidade ou simples enganação. Tanto assim que vários Conselhos Regionais, como o de Contabilidade, rejeitam a certificação profissional de pessoas formadas por cursos a distância. Mas essa situação vai mudar, certamente, com a entrada de universidades respeitadas na área.

Com relação aos “famigerados cursinhos por correspondência”, tenho a dizer que era uma das poucas opções para algumas pessoas de baixo poder aquisitivo. Se esses cursos funcionavam dessa forma é porque nesse país nunca houve uma política educacional séria que atendesse às necessidades do povo menos favorecido e esses cursos não tiveram nenhum prestígio porque exatamente era destinado a esse público. Agora a EAD está tomando outro rumo porque, com as possibilidades das novas tecnologias de informação e comunicação o seu público, também começa a mudar. Então, a questão não é tão simples, mas decorrente de uma realidade que precisa ser mudada. Contudo, assim como o professor, acredito que seja esse mais um obstáculo a ser superado e para que isso aconteça, a EAD precisa mostrar resultados melhores do que os apresentados até então nos referidos “cursinhos”.

Na opinião da profª. D, alunos menos maduros intelectualmente e com pouca autonomia intelectual têm mais dificuldades. Em sua avaliação, tal realidade ficou evidente ao comparar o desempenho dos alunos iniciantes da Pedagogia do período noturno com o desempenho dos seus alunos da pós-graduação em nível de Mestrado e Doutorado. Realmente esse é um fator limitador. A autonomia intelectual, a capacidade de aprender a aprender é de fundamental importância para o sucesso da EAD. Por esse motivo, a EAD deve ser usada para apoio ao presencial ou para quem tem perfil adequado para tirar proveito dela. Mesmo em nível de graduação, a aplicação precisa ser muito bem pensada para poder atingir bons resultados. Uma outra questão que ela aponta é a necessidade de planejamento do tempo na EAD que, se não for bem pensado, pode sobrecarregar os alunos. A esse respeito ela diz que alguns alunos da

graduação não têm tempo para se dedicarem a quaisquer atividades que não sejam feitas em sala de aula e confessa: “na verdade, para alunos que trabalham o dia inteiro, é uma sobrecarga porque eles sobrevivem de assistir as aulas. A maioria sequer lê. E isso seria uma coisa adicional.”

Para ela, idealmente, tanto professores quanto alunos deveriam ter alguma formação específica para o uso de toda essa tecnologia. Mas a falta disso não é impeditiva, porque, segundo a professora, no mundo de hoje todos têm que se virar sozinhos.

Além de falar das dificuldades encontradas na entrevista concedida, o prof. E também escreveu um artigo intitulado: “Formação de professores para educação a distância: relato de uma experiência em desenvolvimento”216 onde reforça as dificuldades encontradas no percurso da formação dos professores oferecido na “universidade comunitária”. Enumera e explica cinco dificuldades que, por conta da importância do relato de uma experiência vivenciada, além de pura e simplesmente apresentar, trago a explicação do professor para ajudar a repensar o oferecimento de cursos a distância, semipresenciais, ou de apoio ao presencial:

Inicialmente, fala da importância da definição de uma ferramenta adequada. Esclarece que de início foi criada uma ferramenta própria que não atendeu às necessidades do grupo e gerou muita reclamação e pode ter influenciado em algumas desistências do curso. Diz ainda que depois da adoção do TelEduc os problemas diminuíram, mas que a falta de um suporte técnico imediato deste, ainda é um fator complicador.217

Em seguida, defende a necessidade de uma equipe multidisciplinar e a sua defesa é apoiada nos argumentos que seguem:

(...) considerando que o ambiente Teleduc é bastante intuitivo, não exigindo maiores

especialidades do usuário, ainda assim, parece-nos fundamental a presença de um orientador pedagógico capaz de colaborar na produção dos textos instrucionais, na divisão das unidades de ensino, etc. Nossa experiência nesse curso, na fase de auxílio aos professores para a elaboração dos projetos-piloto, nos mostra a dificuldade que a maioria deles apresenta para produzir textos adequados ao ambiente virtual. A presença de uma tutoria alerta, que acompanhe e motive os alunos, é fundamental para a manutenção e sucesso do curso, como aliás reforça Azevêdo (2001). Também é necessário um revisor

216 Fonte: Revista de Estudos Universitários.

217 Importante lembrar aqui que o TelEduc é um produto interno da UNICAMP e para os professores da própria

instituição há o apoio da equipe técnica, mas para quem usa esse ambiente e é de outra instituição precisa ter uma equipe técnica própria que saiba mexer com ele porque a UNICAMP não se responsabiliza uma vez que ela já disponibiliza esse produto gratuitamente.

ortográfico. O curso aqui relatado não fez uso de recursos multimídia, mas em caso de cursos que utilizem maiores recursos de mídia, é necessário um roteirista de vídeo/áudio. Finalmente, há que se ter um profissional da área de informática que conheça a ferramenta e as linguagens e programas utilizados para seu funcionamento, com dedicação exclusiva ao Setor de EaD. Pudemos constatar que os alunos – professores com tempo escasso - perderam a motivação quando encontraram problemas técnicos para conexão ou navegação no ambiente virtual.218

Importante essas observações do professor porque a educação a distância não é da mesma natureza da presencial. Precisa de uma linguagem diferente, enfim, as especificidades dessa modalidade acabam sendo um desafio para o professor e se ele não tem apoio; ou desiste ou nem tenta.

Outra dificuldade apresentada pelo professor foi a heterogeneidade do grupo. Aqui ele relata que o curso reuniu professores de diferentes áreas, o que do seu ponto de vista é muito rico, mas que o que surpreendeu foi o fato dos professores da área de Ciências Exatas e Sociais terem dificuldades ou desinteresse em participar das discussões referentes a questões pedagógicas. O ideal seria que todo professor se interessasse pelas questões pedagógicas, mas como se sabe, as áreas mais técnicas são refratárias a essas questões. A saída está nessa equipe multidisciplinar que o professor colocou anteriormente. É obvio que isso causa dependência para o professor e aquele que quer ter autonomia acaba indo buscar caminhos próprios.

A falta de tempo também apareceu como um fator limitante. Com respeito a essa dificuldade, ele diz:

(...) não há dúvida de que a maioria dos professores tem problemas com a falta de tempo,

especialmente em nossa Instituição, que passou por algumas reformulações no último semestre. Isso exigiu uma série de atividades e reuniões extraordinárias dos professores, porém pudemos notar em nossos contatos pessoais, na sala dos professores e nas respostas do questionário de avaliação (módulo 4 acima mencionado), que a maioria, na verdade, não conseguia reservar um horário para se dedicar à EaD ou não era disciplinada o suficiente, postergando sempre as atividades do curso. Embora exista a divulgação ampla de que uma das vantagens de se fazer curso a distância é a flexibilidade de tempo para estudo, percebemos que se não houver autodisciplina por parte do aluno, essa facilidade tornar-se-á uma desvantagem. No curso em questão, várias vezes tivemos que alterar as datas de recebimento das atividades para atender aos atrasados. Sobre esse tema existe também uma boa bibliografia como, por exemplo, Belloni (1999).219

218 Ver referências para mais dados do texto citado. 219 Ver referências para ter mais dados sobre a obra citada.

Essa questão de falta de tempo deve ser ponto de reflexão. No caso da experiência em questão na “universidade comunitária” foi uma atividade a mais para os professores que voluntariamente ou indicados por seus superiores foram fazer o curso. Importante lembrar que as pessoas têm os seus compromissos e que a EAD para deslanchar precisa que se tenham condições mínimas para fluir. Uma dessas condições é remunerar o profissional para essa nova necessidade formativa. É bem provável que por trás dessa questão do tempo tenha outra explicação que não pode ou não deve ser revelada, como por exemplo, a falta de interesse pelo curso por várias razões, mas que se os profissionais estão sobrecarregados não há possibilidade de formação, muito menos uma que seja desejável e adequada.

A última dificuldade relatada pelo Prof. E foi denominada por ele como queda de

interesse pelo curso. Aqui também considero importante trazer as suas próprias palavras,

quando diz:

(...) apenas 9 dos 26 inscritos concluíram o curso, ainda que alguns deles não tenham

completado todas as tarefas solicitadas. 7 professores inscritos não chegaram a entrar no ambiente virtual, não deram notícias nem responderam aos apelos do tutor, mantiveram um “silêncio virtual”, nas palavras de Azevedo. Outros 10 professores enviaram e-mail pedindo seu desligamento devido à falta de tempo ou acúmulo de trabalho. Foi possível perceber um interesse ou uma curiosidade inicial e, depois, um silêncio ou abandono gradativo, na medida em que as tarefas se tornaram mais práticas e reflexivas, e talvez por isso, mais difíceis. Possíveis causas para o abandono são a duração do curso (praticamente um semestre letivo), atividades muito trabalhosas, pouca disponibilidade de tempo para a realização das tarefas ou ainda, desinteresse pelos temas abordados. Outras considerações a esse respeito também se encontram na literatura específica como, por exemplo, em Marin (2000) e Mercado (1999).220

Nessas experiências é sempre importante saber quais os motivos do afastamento, mas como os professores envolvidos são da própria instituição, a verdade nem sempre aparece ou pode ser mascarada/camuflada.

Outros professores entrevistados falaram das suas dificuldades e temos os seguintes depoimentos:

“Fazer o aluno mandar um comentário sobre os textos”(Prof. F).

220 Dados das obras citadas: Marin, Alda Junqueira (Org.). Educação Continuada: Reflexões, Alternativas.

Campinas, SP: Papirus, 2000. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico). Mercado, Luis Paulo Leopoldo. Formação Continuada de professores e Novas tecnologias. Maceió: Edufal, 1999.

“Em relação a atitudes e procedimentos dos alunos para as questões conceituais. Pois, a disciplina de estudos, na realização das atividades, ficou comprometida. Houve dificuldade da realização, pelos alunos, de todas as atividades propostas”(Prof. G).

“Atrair e motivar”(Prof. H).

Realmente os desafios para se implementar a educação a distância via web são muitos. Entretanto, compartilhar essas dificuldades pode ajudar no processo de formação de quem está com a mão na massa e também de quem pretende iniciar. Certamente ainda não se tem uma forma adequada de desenvolver a educação a distância via web, mas é com os erros e acertos de quem está fazendo que vamos encontrando caminhos melhores.

Contudo, depois de tantas dificuldades e desafios, também foram relatados ganhos/êxitos. Isso mostra que na implementação da EAD via web há limites, mas também, e, principalmente, há possibilidades, conforme discutido no Capítulo I deste trabalho.

Um dos pontos fortes das experiências vivenciadas pelo prof. A é a revalorização da produção escrita. Para ele, o fato de nos comunicarmos por escrito na Internet é um “ponto fortíssimo”, numa cultura que vinha negligenciando essa produção em favor da forma oral de comunicação. É claro que há críticas a essa forma de escrita usada na Internet, inclusive há aqueles que estão muito decepcionados. Mas o tempo passa e os procedimentos se transformam, o que também ocorre com a língua. Cabe perguntar a esses inconformados com o mau uso do nosso vernáculo: usamos a norma culta em nossa comunicação? Não. Ao longo do tempo, a sociedade foi incorporando novas formas de expressão e extinguindo outras. Daqui a algum tempo, o que hoje causa arrepios será uma forma corriqueira de expressão e outras formas novas estarão assustando as futuras gerações. Afinal de contas, tudo que é diferente causa impacto num primeiro momento.

Outro ponto positivo apontado pelo referido professor é a possibilidade do uso da rede para partilhar conhecimentos, conforme já comentado em outra questão. Também acredita que a EAD via web por utilizar maior número de canais perceptivos possibilita uma aprendizagem mais eficaz. Importante ressaltar que isso só é possível com o uso criativo e competente da tecnologia porque ela sozinha não tem esse poder. Explicita, ainda, que a EAD via web usada como apoio ao presencial potencializa a educação ao agregar qualidade a esta. A respeito do uso das novas tecnologias no ensino de línguas, ele diz, textualmente:

O certo é que os pontos fortes da atual tecnologia para o ensino de línguas não estão mais – ou exclusivamente – naquilo que pode ser feito em sala de aula, com a ajuda do professor, mas antes naquilo que cada aprendiz pode fazer com a ajuda do computador, por conta própria. Com isso, estamos novamente diante de um importante deslocamento. O lugar de utilização da tecnologia não é mais sobretudo a sala de aula, mas exterior a ela: o centro de auto-acesso ou laboratório de informática na instituição, ou ainda o espaço individualizado do aprendiz fora da instituição, seja ele na esfera privada (em casa) ou no trabalho. Esse novo cenário de ensino/aprendizagem traz em seu bojo outro deslocamento fundamental: o controle da utilização da tecnologia não está mais nas mãos do professor, pois tal uso não mais ocorre em sua presença. Nesse contexto, ganham importância a disposição do aluno a trabalhar de forma autônoma e a infra-estrutura que lhe está disponível. Qualquer limitação num desses fatores deve necessariamente ser levada em conta num planejamento com perspectiva de sucesso.

O exercício da autonomia do aprendiz é, realmente, um grande ganho para todas as esferas da vida deste. Se por um lado a prática da heteronomia é um fator limitador, a