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2.2 AVALIAÇÃO DE CICLO DE VIDA

2.2.11 AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL DE CICLO DE VIDA

De um modo geral, os modelos de AICV podem ser agrupados em duas categorias:  Modelos Clássicos ou Midpoint;

 Modelos de Danos ou Endpoint.

A primeira consiste nos modelos que ligam diretamente os resultados do ICV para categorias de impacto intermediárias, por exemplo, acidificação e mudança climática (GOEDKOOP; SPRIENSMA, 2001).

A segunda categoria são os modelos de danos. Esses modelos vão além das categorias de impacto intermediárias, sendo modelados causas e efeitos para estimar danos (GOEDKOOP ; SPRIENSMA, 2001). Enquanto que os modelos clássicos produzem categorias de impacto intermediárias, os modelos de danos estimam quais são os danos que decorrem dessas categorias intermediárias para o homem, fauna e flora (EUROPEAN COMMISSION, 2010).

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Figura 21 - Diferença entre os métodos de AICV (EUROPEAN COMMISSION, 2010).

Em geral, indicadores que são escolhidos próximos ao inventário, tem um grau de confiabilidade maior que os indicadores que vão além dos intermediários, já que as hipóteses assumidas são menos especificas. Entretanto, indicadores específicos são mais fáceis de serem interpretados que os indicadores intermediários. A Figura 21 apresenta a diferença de abordagem das metodologias de impacto Midpoint e Endpoint (EUROPEAN COMMISSION, 2010).

Dentre os métodos de AICV existentes nos documentos do Programa Iniciativa do Ciclo de Vida (UNEP, 2010) são listados 10 métodos que são amplamente utilizados: Eco-indicator 99, EDIP 97 - 2003, EPS 2000, (Dutch) Handbook on LCA, Impact 2002+, JEPIX, LIME, Swiss Ecoscarcity e TRACI (MENDES, 2013).

Já o ILCD Handbook, documento baseado nas normas internacionais da ISO, apresenta uma análise geral dos seguintes métodos de AICV: CML 2002, Eco-Indicator 99, EDIP 1997, EDIP 2003, EPS 2000, Impact 2002+, LIME, LUCAS, ReCiPe, Ecological Scarcity Method, TRACI, MEEuP e USEtox (MENDES, 2013).

Um levantamento de métodos de AICV realizado por Takeda, Tachard e Ometto (2010) indica quais são os métodos mais utilizados e citados em artigos científicos disponíveis em bancos de dados internacionais. Embora a pesquisa, realizada por meio de revisão sistemática, tenha encontrado 85 métodos de AICV na literatura, segundo Takeda, Tachard e Ometto (2010) a utilização de métodos de AICV está concentrada em basicamente sete famílias: Eco-indicator, CML, EPS, LIME, EDIP, Impact e Swiss Ecoscarcity (MENDES, 2013).

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Tabela 4 - Principais Métodos de AICV (Avaliação do Impacto de Ciclo de Vida).

Metodologia Desenvolvedor País Descrição do Método Ano

Eco-indicator 99 Pré Holanda

Endpoint (Danos), incluindo Normalização e opção de Ponderação

padrão 1999

EPS 2000 IVL Suécia Método com Ponderação 1999

ReCiPe RUN + PRé +

CML + RIVM Holanda

Método que integra e harmoniza as abordagens midpoint e endpoint em uma

estrutura consistente.

2000

CML2002 CML Holanda Midpoint com Normalização

2002

IMPACT 2002+ EPFL Suíça Midpoint com Avaliação de Danos e

Normalização 2003

TRACI US EPA USA Midpoint com Normalização 2003

LIME AIST Japão Midpoint (caracterização), endpoint

(avaliação de danos) e ponderação 2003

EDIP 97-2003 DTU Dinamarca Midpoint com Normalização 2004

LUCAS CIRAIG Canadá

Midpoint em que, eventualmente, poderá ser desenvolvido para o nível

endpoint

2005

Com base nos métodos relacionados nesses documentos internacionalmente reconhecidos verifica-se que há concordância sobre a relevância dos métodos listados neste capítulo. A Tabela 4 apresenta os métodos de AICV que foram citadas com o objetivo de promover o conhecimento de suas características e apresentar uma análise comparativa entre eles. Por ser a metodologia selecionada para se realizar a AICV desse estudo de caso o modelo CML 2002 será caracterizado a seguir.

CML 2002

Em 1992, o Centro de Ciências Ambientais da Universidade de Leiden (CML), em colaboração com a Organização Holandesa para Pesquisa Científica Aplicada (TNO) e com o Escritório de Combustíveis e Matérias-Primas (Bureau B&G) produziram um guia e documento de referência sobre uma metodologia de avaliação de ciclo de vida ambiental (HEIJUNGS et al., 1992). Desde então essa metodologia de ACV progrediu substancialmente. Um novo projeto foi iniciado e financiado principalmente pelo governo holandês. CML, Escola de Engenharia de Sistemas, Análises Políticas e Gestão, Delft

University of Technology, Departamento Interfaculdades de Ciências Ambientais da

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Ambientais da Universidade Livre de Amsterdam, IVAM- Pesquisa Ambiental, TNO e consultores de ACV participaram desse projeto, que resultou em um novo guia de ACV inteiramente holandês (GUINÉE, 2001).

De acordo com Guinée et al. (2002) o Dutch Handbook on LCA (Manual Holandês de ACV) oferece um “livro de receitas” com as diretrizes operacionais para a realização de um estudo passo-a-passo de ACV, justificado por um documento de base científica, com base nas normas ISO para ACV. Os diferentes elementos e requisitos da ISO tornam- se operacionais para o que é julgado como "melhores práticas disponíveis" para cada etapa. A versão revisada deste método intitulada “Handbook on Life Cycle Assessment:

Operational Guide to the ISO Standards” foi publicada em 2002.

O novo guia fornece orientações para dois níveis de sofisticação da ACV: uma versão simplificada e um nível detalhado, além disso, extensões opcionais para o nível detalhado são fornecidas (GUINÉE, 2001)

Esse método de AICV é baseado em uma abordagem midpoint que cobre todas as emissões e recursos relacionados aos impactos para os quais práticas e modelos de caracterização aceitáveis estão disponíveis (GUINÉE, 2002).

Os modelos de caracterização disponíveis foram selecionados com base em uma extensa revisão das metodologias existentes em todo o mundo. Para a maioria das categorias de impacto são recomendados um modelo base e modelos de caracterização alternativos, além de serem fornecidas listas abrangentes de fatores de caracterização e fatores de normalização. Ecotoxicidade e toxicidade humana, por exemplo, são categorias modeladas a partir do modelo USES-LCA, desenvolvido por Huijbregts (HUIJBREGTS, 2000).

As categorias de impacto abordadas por este método são: depleção de recursos abióticos, uso da terra, mudança climática, depleção de ozônio estratosférico, toxicidade humana, ecotoxicidade aquática (água doce), ecotoxicidade aquática (marinha), ecotoxicidade terrestre, formação de foto-oxidantes, acidificação e eutrofização. Algumas categorias de impactos adicionais são abordadas dependendo dos requisitos do estudo, estão entre elas: perda de função de suporte à vida, perda de biodiversidade, ecotoxicidade em água doce (sedimentos), ecotoxicidade marinha (sedimentos), impactos da radiação ionizante, mau cheiro do ar, ruído, calor residual, acidentes, letal, não letal, depleção de recursos bióticos, dessecação e mau cheiro da água (EC-JRC, 2010; GUINÉE et al., 2002).

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O método apresenta um escopo de aplicação global, exceto para as categorias de impacto acidificação e formação de foto-oxidantes, as quais apresentam o escopo de aplicação regional para a Europa (EC-JRC, 2010).

Segundo o ILCD Handbook (EC-JRC, 2010) os fatores globais para normalização estão disponíveis para 1990 e 1995 tanto para intervenções mundiais anuais agregadas ou per capita quanto para um cidadão médio. Planilhas de base estão disponíveis para que os fatores de normalização possam ser adaptados para outros métodos e novos dados desenvolvidos, e fatores de normalização para a Holanda e Leste Europeu estão disponíveis para ‘extensões’ (análises de sensibilidade).

Segundo o ILCD Handbook (EC-JRC, 2010) o método CML 2002 apresenta seis características particulares, são elas:

 Fundamentos científicos explícitos que apoiam todas as escolhas importantes;  Fatores de AICV alternativos fornecidos para análises de sensibilidade para cada

categoria de impacto;

 Todos os fatores de AICV podem ser obtidos como planilhas, as quais são regularmente atualizadas;

 Distinção entre categorias de impacto básicas, específicas do estudo e outras categorias de impacto;

 A maioria das categorias de impacto já foi descrita em artigos científicos;

 Princípios para AICV desenvolvidos juntamente com os princípios para outros elementos da metodologia de ACV (como unidade funcional, alocação, etc.) de uma maneira consistente em relação à manipulação do tempo, espaço, não linearidades, mecanismos econômicos, sociais e tecnológicos, etc.

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