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2.2 AVALIAÇÃO DE CICLO DE VIDA

2.2.13 SOFTWARES DE AVALIAÇÃO DE CICLO DE VIDA

Em anos recentes, a ACV tem sido aceita como uma ferramenta para múltiplos usos, tais como a rotulagem ambiental, a melhoria ambiental do produto, a concepção do projeto ambiental do produto, a avaliação ambiental de processos e a definição de políticas ambientais (VIGON, B.W. & JENSEN, 1995). Em consequência disto, segundo Vigon & Jensen (1995), foram desenvolvidos softwares e bancos de dados para se conduzir ACV de forma ágil e adequada. Vários destes softwares e bancos de dados estão disponíveis para licença ou aquisição.

Benjamin (2002) acredita que a condução de uma ACV seria praticamente inviável sem o apoio dos recursos da informática. Este apoio faz-se necessário nas diferentes etapas da metodologia e com diferentes finalidades. É fácil perceber que a utilização de

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um software de apoio seria conveniente e de grande valia para a execução das diversas etapas do processo de análise de ciclo de vida de um produto. A primeira é a etapa do inventário, onde o número de informações é muito extenso e o tratamento complexo, uma vez que os dados devem ser transformados para a base de cálculo escolhida, e posteriormente fazer o tratamento matemático especifico para transformar em emissões equivalentes de algum aspecto potencial de poluição, identificando desta forma o impacto ambiental equivalente (avaliação de impactos).

Benjamin (2002) afirma que a utilização de uma biblioteca compatível (banco de dados) como fonte de referência e classificação, e que possua a capacidade de adaptar as informações para as condições dos processos analisados através de um pacote matemático adequado, minimize o tempo exigido para esta etapa de vital importância para a qualidade do estudo.

Os tratamentos dos aspectos associados aos impactos também podem ser viabilizados por softwares que transformam a magnitude de cada par aspecto/impacto e montam uma comparação levando todos a uma mesma variável e assim justificando urna análise comparativa de influência e porte. Desta forma, Benjamin (2002) afirma que a utilização de softwares é fundamental na interpretação de resultados, pois o mesmo facilita o refino das informações, deixando que o pesquisador possa ocupar-se com as conclusões e consequentes recomendações para a montagem de um plano de ação de acordo com os objetivos a que se propõe o estudo.

Benjamin (2002) verificou em sua pesquisa que nas etapas do inventário e avaliação de aspectos, o pacote matemático e a biblioteca são fundamentais, isto é, quanto mais completos e diversificados forem, maior será a abrangência de utilização do mesmo software de apoio com relação a diferentes escopos e metas. Entretanto, segundo a autora, é fundamental a possibilidade de inclusão de novos dados, alterando- se assim o banco de dados inicial, pois dados colhidos e transformados diferem de país para país, segundo grau de desenvolvimento, matriz energética, etc e seria interessante que o software pudesse readaptar sua biblioteca para ser compatível com estes novos dados de referência. Até 1996 Menke e outros (1996) identificaram 37 softwares para análise do ciclo de vida nos Estados Unidos e Europa (Anexo 1). Alguns softwares foram desenvolvidos exclusivamente para indústrias específicas, e não estão disponíveis comercialmente (SANTOS, 2006).

79  Software GaBi6.0

O Software GaBi é uma ferramenta de modelagem de avaliação do ciclo de vida. Os processos de modelagem suportados por ele estão em linha com as SETAC “Global

Guidance Principles for Life Cycle Assessment Databases”. A sigla GaBi significa

"Ganzheitliche Bilanz", que em alemão significa Equilíbrio Holístico.

O software é desenvolvido pela PE International, uma empresa de software e consultoria de sustentabilidade situada em Leinfelden-Echterdingen, Alemanha, composta por um grupo de trabalho no âmbito da Avaliação do Ciclo de Vida e Engenharia do Ciclo de Vida. Original da Universidade de Stuttgart, a PE International é agora uma organização global com subsidiárias em todo o mundo, bem como uma rede de parceiros de vendas em todo o mundo.

O GaBi é a próxima geração de soluções de produtos sustentáveis com uma poderosa ferramenta de Avaliação do Ciclo de Vida para ser usada nas seguintes aplicações de negócios:

Avaliação do Ciclo de Vida

 Projeto para o Meio Ambiente: o desenvolvimento de produtos que atendam às normas ambientais;

 Eco eficiência: redução do uso de materiais, energia e recursos da maneira mais rentável;

 Eco -design: o desenvolvimento de produtos com menores footprints, como menos emissões de GHG, redução do consumo de água e resíduos;

 Cadeias de valor eficientes: melhorar a eficiência das cadeias de valor, por exemplo: design, produção, fornecedores, distribuição

Custeio do Ciclo de Vida

 Redução de custos: a concepção e otimização de produtos e processos para redução de custos;

 Relatórios do Ciclo de Vida;

 Marketing de Produto Sustentável: rótulos de sustentabilidade do produto e reclamações, Declarações Ambientais de Produtos;

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 Relatórios de Sustentabilidade: comunicação ambiental e de produtos de relatórios de sustentabilidade;

 Compartilhamento de conhecimento LCA: relatórios e análises para os departamentos internos, gestão e cadeia de suprimentos;

Ciclo de Vida Ambiente de Trabalho

 Fabricação Responsável: desenvolver processo de fabricação que estejam dentro das responsabilidades sociais

O programa gera resultados para análise de ciclo de vida usando claras etapas definidas, através da elaboração de modelagem simples e análises de produtos e processos. O software é detalhado abaixo:

- Banco de dados: O banco de dados do Gabi inclui cerca de 800 fluxos diferentes de matéria e energia, sendo cada fluxo pertencente a um grupo de fluxos o que permite ao usuário desenvolver um sistema hierárquico (BENJAMIN, 2002). O banco de dados contém informações dos parâmetros das fases de vida do produto. O usuário especifica a fase (categoria, tipo), através da seleção do sumário de parâmetros, pré-existentes no banco de dados do software, aplicados dentro da fase analisada. Por exemplo: fosfatos pertencem ao grupo de matérias primas; um cabo de cobre pertence ao grupo de composição e CO2 pertence ao grupo de emissões para o ar.

Dez tipos de processos genéricos, os quais contêm 400 processos industriais específicos estão também incluídos no banco de dados. Os dez processos incluem (BENJAMIN, 2002): Processos industriais; Transporte; Mineração; Plantas de energia; Processos de transformação; Serviços; Limpeza; Manutenção; Recobrimento e; Processos de redução de consumo.

Os fluxos estão contidos dentro destes processos; caixas de diálogo multifuncionais permitem ao usuário acrescentar e editar dados e comentários. Além dos processos comuns provenientes de bibliografias atualizadas, o banco de dados possui dados especiais provenientes de pesquisas desenvolvidas pelo fornecedor do software, em cooperação com a indústria de diversos setores da indústria alemã.

- Interface com usuário: O usuário desenvolve o sistema de produto para análise através de urna planilha gráfica do Windows. A edição de dados e entradas desta janela é

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fornecida. Além disso, conforme explicitado, o software oferece uma ajuda on-line, assim como a edição de imagens e textos.

- Métodos para cálculos de Inventário: O desenho modulado distingue seis áreas de trabalho: inventário (ex: fluxos); cenários; métodos; balanços; avaliação e ferramentas gerais. Um sistema é desenvolvido usando a planilha gráfica do programa. Sub- processos do sistema podem ser desenvolvidos em planilhas separadas, salvas, e depois combinadas no sistema. A conexão destas planilhas do software permite o fácil deslocamento entre as camadas. Planilhas são desenvolvidas por simples arraste, tipo industrial de caixa de ferramenta apresentadas na janela da planilha (Windows). Fluxos entre sistemas industriais são criados através do desenho de uma linha entre eles. Parâmetros de banco de dados podem ser vistos por qualquer tipo de planilha. O uso de editor de texto e imagem permite ao usuário mudar planilhas e especificar dados de processos (BENJAMIN, 2002). O Gabi define a estrutura do produto do usuário de acordo com as informações contidas na lista das partes do produto, através da inserção de pesos destas partes. Então, o usuário, especifica as partes e componentes, do produto estudado, através de escolha de material e escolha do processo de manufatura. Na etapa da especificação de um produto baseado na sua composição material é feita a definição de produto através de escolha de material (BENJAMIN, 2002). O software realiza a definição da fase do fim de vida utilizando opções pré-programadas de restabelecimento e menus “Scroll-Down”.

- Métodos de cálculos para Avaliação de Impactos: A área de avaliação do software permite o usuário definir os critérios de avaliação. Monetário, técnico e análises ecológicas são possíveis. Pesos para os critérios de valoração permitem ao usuário perceber preferências individuais (BENJAMIN, 2002). A partir de algoritmos são feitas a integralização e compatibilização dos dados do inventário, obtendo-se a avaliação dos mesmos. O método padrão para Avaliação de Impacto é subdividido em cinco estágios; seleção dos campos críticos ecológicos; classificação; determinação dos impactos correlatos, padronização, e avaliação (BENJAMIN, 2002). Campos ecológicos podem ser classificados usando índices estocados no banco de dados (ex: consumo de recursos; degradações da camada de ozônio; liberação efetiva de substâncias tóxicas, acidificação, etc).

- Apresentação dos Resultados: O software define os resultados a serem apresentados de acordo com a escolha do usuário. Estes resultados podem incluir: Nível de inventário;

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Avaliação de Impacto; Resultados normalizados provenientes da Avaliação de Impacto; Balanços avaliados.

Diversas folhas de balanço estão disponíveis dentro do software, incluindo energia, e balanços avaliados. Exportar folhas de balanço para aplicativos do Excel é possível. Finalmente, os resultados são apresentados dentro de um relatório esquemático mostrando tabelas e diagramas, cujas informações podem ser exportadas para o Microsoft Word.

Benjamin (2002) adverte que ao se escolher um programa para uso, é importante além de verificar o software em si, considerar a assistência técnica que será disponibilizada pelo fornecedor, como updates de bancos de dados com frequência regular e custo razoável, além de apoio para a fase de aprendizagem e dúvidas no manuseio do aplicativo. Segundo Benjamin (2002), o software GaBi, ao lado do Sima Pró e Team™, estão entre os melhores softwares do mercado, no que diz respeito à análise de ciclo de vida. Entretanto, a autora ressalta que não existe nada universalmente aceito para requisitos óbvios que compõem a qualidade de um software, deixando claro que as necessidades variam com cada usuário ou tomador de decisão, de acordo com suas expectativas.

2.3 ACV NA ÁNALISE DE DESEMPENHO DE UNIDADES DE PRODUÇÃO

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