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Avaliação de Uso em Sessão de Musicoterapia

6 TESTES E AVALIAÇÕES DO GENVIRTUAL

6.2 Segunda Etapa

6.2.1 Avaliação de Uso em Sessão de Musicoterapia

O objetivo desta avaliação foi verificar a aceitabilidade do uso do GenVirtual por um paciente e se a ferramenta apresentava potencial para uso em sessões de Musicoterapia.

6.2.1.1 Metodologia

A avaliação foi realizada no setor de Musicoterapia da AACD.

Participaram desta avaliação, um paciente com Paralisia Cerebral (PC) e a musicoterapeuta que participou da avaliação do GenVirtual na etapa anterior. O diagnóstico clínico deste paciente era o seguinte:

Idade: Cinco anos.

Número do prontuário da AACD: 92011.

Disfunção motora: Diparesia espástica (dificuldades em modular a força

motora, impedindo a atividade eficaz dos membros). A diparesia quanto a topografia da lesão19, afeta mais os MMII.

Quadro clínico: Conforme relatório médico de 24/06/2010, a criança estava

frequentando a escola normal, mas apresentando dificuldades de aprendizado. Apresentava fala disártrica, semi-independente para as atividades da vida diária (como: tomar banho, ir ao banheiro, vestir-se, entre outros), movimentos involuntários dos MMSS e iniciando treino com andador de marcha.

19

Segundo Leite e Prado (2004), a PC pode ser classificada por dois critérios: pelo tipo de disfunção

motora presente e/ou topografia da lesão. A disfunção motora inclui: os tipos extrapiramidal ou discinético (atetóide, coréico e distônico), atáxico, misto e espástico. A topografia da lesão inclui tetraplegia ou quadriplegia, monoplegia, paraplegia ou diplegia e hemiplegia. O quadro clínico pode acusar ainda deficiência mental, epilepsia, distúrbios visuais e auditivos, distúrbios de comportamento, de linguagem e/ou ortopédicos

Os materiais utilizados foram: a segunda versão do GenVirtual (seção 5.2.2) instalada num Notebook (Pentium 4 Intel de 1.0 GHz e 512mb de memória RAM), um monitor de vídeo de 15’’ e uma webcam (Logitech Webcam Pro 9000).

A metodologia de avaliação foi realizada com base num estudo etnográfico por meio de gravações em vídeo e anotações. Buscou-se avaliar algumas das metas decorrentes da experiência do usuário20 (PREECE et al., 2005): se o GenVirtual é agradável, divertido e esteticamente apreciável. A cuidadora do paciente foi informada sobre os objetivos e os procedimentos da pesquisa e foi solicitado a ela que assinasse o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para que o teste pudesse ser registrado através de gravações em vídeo. O equipamento foi montado, na sala de musicoterapia, no mesmo espaço onde ocorreu o teste da etapa anterior. Inicialmente, a musicoterapeuta fez um planejamento sequencial e linear com os cartões musicais sobre a mesa. Em seguida, sentou-se ao lado do paciente e mostrou a ele um movimento para estimular os MMSS: impulsionou um de seus braços para frente e para trás de forma a alcançar e obstruir os cartões musicais em foco. Em seguida, ajudou o paciente a realizar os mesmos exercícios, segurando em seu braço esquerdo e solicitou que ele o fizesse sozinho. Os exercícios foram feitos divididos em três estágios: 10 minutos com o braço esquerdo, depois mais 10 minutos com o braço direito e depois mais 10 minutos com ambos os braços, um de cada vez, alternando-os a cada término de uma sequência linear. Um observador anotou os comentários feitos pelos participantes no decorrer deste teste. Os principais resultados são descritos a seguir.

6.2.1.2 Resultados

A Figura 6.4 mostra o paciente utilizando o modo compositor do GenVirtual. As imagens mostram o primeiro estágio dos exercícios feitos com o MMSS esquerdo. A

musicoterapeuta cronometrou o tempo dos exercícios utilizando seu relógio de pulso e sugeriu que o sistema pudesse cronometrar e controlar o tempo das tarefas.

Figura 6.4 - Paciente testando a segunda versão do GenVirtual em sessão de Musicoterapia

No segundo estágio dos exercícios, realizados com MMSS direito, foi observado que ao tentar obstruir os cartões marcadores, o paciente os empurrava para fora do campo de visão da webcam. Isto aconteceu por dois motivos: a) os cartões foram impressos em papelão o que os deixou muito leves; b) o MMSS direito era o mais negligenciado nas atividades-de-vida-diária deste paciente por consequências da paralisia cerebral. Como pode ser observado na Figura 6.5a, o paciente não apresentava coordenação motora suficiente para controlar os movimentos feitos pela mão direita. Foi necessário interromper o exercício para fixar os cartões na mesa com um adesivo (Figura 6.5b).

A cuidadora deste paciente acompanhou todo o teste e, observando suas dificuldades para realizar os exercícios com o MMSS direito, solicitou à musicoterapeuta permissão para ajudá-lo com os movimentos da mão direita. A cuidadora e a musicoterapeuta auxiliaram o paciente durante todos os exercícios do segundo e terceiro estágios e sugeriram um recurso para gravar as sequências de sons executadas pelo paciente. Após a análise dos vídeos e das anotações feitas pelo observador durante este teste, foi possível identificar requisitos do sistema:

• incluir um recurso que possibilite cronometrar o tempo das tarefas; • incluir um recurso para gravar as composições;

• incluir um recurso para ouvir as composições gravadas;

• colar os cartões marcadores em algum material antiderrapante.

No momento da montagem do equipamento na sala de Musicoterapia, o paciente mostrou-se curioso e ansioso para utilizar a ferramenta. Os cartões marcadores foram o maior alvo de interesse do paciente, o que possibilitou considerar a interface esteticamente apreciável.

O paciente utilizou o sistema durante os trinta minutos propostos. Não houve reclamações por parte do paciente ou do cuidador. Não houve desvio do foco de atenção do paciente enquanto fazia os exercícios propostos. O paciente apresentava uma expressão de satisfação e felicidade ao interagir com a ferramenta. Estas observações possibilitaram considerar a interface divertida e agradável de utilizar.