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3 SISTEMAS ELETRÔNICOS INTERATIVOS NA REABILITAÇÃO

3.4 Reabilitação Apoiada por Sistemas Eletrônicos Interativos

3.4.4 Desafios

A Reabilitação Virtual traz alguns desafios, tanto para os pesquisadores que buscam por novas soluções, quanto para utilização pelos usuários finais. Um desafio é referente à aceitação destas tecnologias por especialistas da área da Saúde (médicos e terapeutas), que exigem obter respostas fidedignas que comprovem a eficácia dos métodos. Os estudos ainda estão em andamento e não existem dados suficientes para satisfazer os críticos (BURDEA, 2003).

A complexidade dos computadores, interfaces e redes em sistemas de Reabilitação Virtual muitas vezes assustam alguns terapeutas, que não foram expostos a estas tecnologias durante sua formação acadêmica, provocando resistência a estas como instrumento de trabalho. Alguns terapeutas temem que a Reabilitação Virtual possa substituir por completo as práticas convencionais e ameaçam sua colocação no mercado de trabalho (BUCKEY et al, 2002).

Estudos pilotos têm demonstrado a eficácia da Reabilitação Virtual, sobretudo no que se refere ao tratamento de pacientes crônicos pós-AVC (ASSIS; LOPES, 2008), (SALVA et al, 2009). Entretanto, é de suma importância ressaltar que estas tecnologias não substituem a reabilitação convencional, mas sim, ajudam a aprimorar os métodos e fornecer subsídios de apoio, tanto para o paciente (para que possa realizar os exercícios também de forma não assistida), quanto para o terapeuta (para auxiliar no processo de planejamento e acompanhamento das tarefas, bem como na análise dos resultados). Além disso, a Reabilitação Virtual possibilita que o terapeuta possa ampliar seu potencial permitindo-lhe realizar tratamentos de um maior número de pacientes com maior diversidade de exercícios.

Melhorar as interfaces dos sistemas de Reabilitação Virtual é outro desafio. As interfaces não foram criadas como equipamento médico, e, portanto, não podem ser esterilizadas para uso repetido por diferentes pacientes. Além disso, muitas interfaces não são adaptadas para atender indivíduos com diferentes estaturas, pesos e deformidades físicas. Um exemplo é a falta de equipamento que comporte a estatura de uma criança. Dessa forma, a avaliação destas crianças utilizando um dado sistema pode torna-se difícil devido à introdução de variáveis que podem causar algum desconforto, por exemplo. Mesmo os adultos podem enfrentar dificuldades na utilização de alguns equipamentos. Por exemplo, pacientes submetidos a cirurgia de mão, ou que sofreram um AVC, podem apresentar dificuldade em utilizar luvas de sensoriamento projetado para uma escala normal. Outro fator é o peso de alguns equipamentos que podem gerar constrangimentos no paciente devido a usabilidade não compatível com seu estereótipo físico. Estes problemas podem reduzir a naturalidade da interação, o que é muito importante para os pacientes com distúrbios cognitivos.

O custo de muitos equipamentos vem caindo significativamente nos últimos anos em comparação com os anos anteriores (HUBER et al, 2010), (GOLOMB et al, 2010). Entretanto, os preços atuais de alguns equipamentos ainda são proibitivos para aquisição em larga escala pelos centros de reabilitação ou para as escolas e principalmente para uso domiciliar.

Huber et al. (2010) e Golomb et al (2010) sugerem o investimento de esforços para o reaproveitamento dos consoles de jogos para que possam ser adaptados aos métodos de reabilitação, uma vez que o mercado de jogos tem crescido significativamente nos últimos anos.

A telereabilitação possui desafios adicionais relativos à falta ou ausência de infraestrutura de comunicação. Apesar do avanço dos computadores e internet em domicílio, ainda há muitos usuários que dependem de linhas telefônicas para conexão com a Internet. Nestes casos, o uso de videoconferência para o contato remoto entre terapeuta e paciente torna-se impossível. Felizmente, certas formas de telereabilitação não necessitam de supervisão constante por videoconferência. Se as redes são usadas

problema pode ser resolvido com a utilização de banda larga, entretanto somente uma parcela muito pequena possui acesso à Internet por meio de banda larga.

Outro aspecto importante da telereabilitação é a segurança do paciente. Quando os pacientes estão realizando exercícios num sistema de Reabilitação Virtual, eles correm o risco de adquirir novas lesões, seja por excesso de força aplicada pelo dispositivo de controle/retorno de força (robôs), ou por acidentes com cabos e amarras necessários para o funcionamento do sistema, ou excessos de práticas de exercícios. Dessa forma, os sistemas devem ser integrados com programas de monitoramento por terapeutas para garantir que o paciente não sofra nenhuma consequência adversa.

A telereabilitação é uma nova forma de terapia, e, portanto, fatores psicológicos podem também influenciar na recuperação do paciente. Por exemplo, alguns pacientes podem participar menos do tratamento sem a intervenção direta do terapeuta, pois eles podem sentir que receberam menos atenção que merecem. Outros pacientes preferem menos contato humano, portanto, estudos de grande escala são necessários para elucidar questões de como a telereabilitação poderá ser tão ou mais eficaz ou servir de complemento à reabilitação convencional realizada no centro de reabilitação.

A Tabela 3.3 sintetiza os principais benefícios e desafios na área de Reabilitação Virtual, segundo Burdea (2003). Ressaltando que, alguns dos desafios apontados pelo autor na área cognitiva como, por exemplo, falta de interfaces naturais e falta de equipamentos para crianças já estão sendo superados nos dias de hoje e, portanto, não foram incluídos na tabela. Sato et al (2007) e Loureiro e Rodrigues (2011) comentam sobre o uso de interfaces naturais em geral e Garbin et al (2006), RICHARD et al (2007) e Juan et al (2008) comentam sobre equipamentos e interfaces para reabilitação de crianças.

Tabela 3.3. Benefícios e desafios na área de Reabilitação Virtual (BURDEA, 2003)

REABILITAÇÃO VIRTUAL BENEFÍCIOS DESAFIOS

Neuro-muscular Engajar/Motivar. Economia de escala. Coleta de dados online. Resolução temporal fina. Comprometimento/Funcionalidade. Funcionalidade. Simulação de detecção. Equipamentos caros. Aceitação clínica. Especialistas na área. Física Engajar/Motivar. Repetição/Intensidade. Adaptável às condições do paciente.

Aplicável em fases crônicas. Comprometimento/Funcionalidade.

Atividades da vida diária.

Configuração anormal do membro. Especialistas na área. Aceitação clínica. Carga cognitiva. Cognitiva Engajar/Motivar. Economia de escala. Maior privacidade.

Redução dos custos com terapias. Segurança.

Avaliação mais realista.

Custo elevado dos equipamentos. Especialistas na área.

Telereabilitação Reabilitação em domicílio. Redução do custo de terapeuta.

Redução do isolamento. Acesso remoto do banco de dados.

Custo dos equipamentos. Largura de banda da rede. Especialistas na área. Segurança. Estudos da eficácia.

3.5 Considerações

Este capítulo apresentou a área de pesquisa em Reabilitação Virtual descrevendo diferentes abordagens terapêuticas e os principais benefícios trazidos por ela. Existem desafios a serem vencidos para que estas tecnologias possam ter maior aceitabilidade pelos profissionais da Saúde. A Tabela 3.3 apresentou uma síntese dos benefícios e desafios da Reabilitação Virtual.

Até a data da publicação deste trabalho, não foi encontrado nenhum sistema de Reabilitação Virtual que associasse Realidade Aumentada e o uso da música no contexto de estratégias de Musicoterapia. Assim, justifica-se explorar e investigar este caminho nesta pesquisa.

4 SISTEMA DE REALIDADE AUMENTADA MUSICAL PARA