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avaliação do ensino de graduação, por curso, por meio da análise das condições de

(EAD) 75 4.1 Apresentação do Problema e hipóteses de investigação

3 avaliação do ensino de graduação, por curso, por meio da análise das condições de

oferta e dos resultados do Exame Nacional de Cursos; e

4 avaliação dos programas de mestrado e doutorado, por área do conhecimento.

Para qualificar condições de oferta de cursos, que no Governo posterior passou a se chamar condições de ensino, o decreto inclui os seguintes aspectos (BRASIL, 1996b):

Art. 6º [...]:

I - a organização didático-pedagógica;

II - a adequação das instalações físicas em geral;

III - a adequação das instalações especiais, tais como laboratórios, oficinas e outros ambientes indispensáveis à execução do currículo;

IV - a qualificação do corpo docente;

V - as bibliotecas com atenção para o acervo bibliográfico, inclusive livros e periódicos, regime de funcionamento, modernização dos serviços e adequação ambiental.

O Exame Nacional de Cursos (ENC), conhecido como “Provão”, teve uma trajetória muito polêmica e foi muito questionado. De qualquer forma, ao ter seus resultados amplamente divulgados na mídia, guardou o mérito instaurar em toda a sociedade, e não mais apenas nas instâncias governamentais, a importância dos processos de avaliação de cursos e instituições.

O texto do decreto presidencial, de certo modo, antecipou a regulamentação do que posteriormente seria encontrado na nova LDB/96, publicada dois meses depois. Em seu artigo 46, a LDB estabelece regras para a avaliação de instituições de ensino superior e de seus cursos, ao introduzir “processo regular e sistemático de avaliação dos cursos de graduação e das próprias instituições de ensino superior, condicionando seus respectivos recredenciamentos ao desempenho mensurado por essa avaliação.” (BARREYRO; ROTHEN, 2008).

Visando à operacionalização da avaliação, em 1997, o antigo Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos foi reestruturado na forma do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), passando a ser vinculado ao MEC e a ter a responsabilidade de verificar, periodicamente, a qualidade do ensino brasileiro em todas as

suas instâncias.

2.5 Educação superior no governo Lula (2003-2010)

A política de educação superior do governo Lula pode ser sintetizada pela ideia de

expansão com qualidade e inclusão social e seu início é marcado pela criação, em outubro

de 2003, do Grupo de Trabalho Interministerial para Análise da Educação Superior.

O Grupo concluiu que o ensino superior estava em crise. Do lado do setor público, acentuou que a última década havia sido “de desarticulação do setor público brasileiro; as universidades federais não foram poupadas.” Quanto do setor privado, em franca expansão no governo anterior, sofria com “uma inadimplência generalizada do alunado e de uma crescente desconfiança em relação a seus diplomas.” (GTI/MEC, 2003, p. 1), além do alarmante número de 500 mil vagas ociosas, correspondendo a 37% de suas vagas oferecidas aos alunos com ingresso em 2002 (INEP, 2003).

O sistema de ensino superior precisava continuar crescendo porque havia atingido apenas 9,8% de jovens de 18 a 24 anos, cursando o ensino superior, muito longe dos 30% previstos no PNE (IBGE apud CNE, 2003, p. 5). Além desse motivo, estando a inclusão

social dentre os princípios do governo Lula, era preciso que, ao contrário do governo anterior,

se voltasse a expandir o ensino superior público e de qualidade, o que passava por proceder á revisão da política de financiamento das IES.

Para esta pesquisa, interessa destacar três ações deste governo: a Universidade Aberta do Brasil (UAB), que levou o ensino superior gratuito a regiões remotas; o Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior (SINAES); e o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI).

2.5.1 Formação de professores e a Universidade Aberta do Brasil

Com a instituição da Década da Educação pela LDB/96, definindo um prazo de até dez anos para que todos os professores estivessem habilitados em nível superior ou formados por treinamento em serviço, o MEC passou a ter um prazo predeterminado para prover formação docente a todos os professores da rede pública do País, e sem tirá-los de sala de aula.

Dois caminhos complementares foram seguidos. O primeiro, iniciado no governo FHC, foi a realização de cursos presenciais nos períodos de férias escolares, que se multiplicaram no Brasil, promovidos por diferentes instituições de ensino superior e apoiados pelo MEC.

Mesmo assim, logo se observou que não seria possível levar formação a todos, e em serviço, nesse País tão imenso territorialmente.

O segundo caminho possível seria a educação a distância, mas não havia metodologia definida e seu desenvolvimento demandaria alto investimento inicial, somado ao risco de se ofertar cursos que, por serem experimentais, não atrairiam a quantidade de alunos que justificasse sua criação.

Já no governo Lula, enquanto o MEC experimentava essa dificuldade de formação dos professores, o Banco do Brasil passava por desafio semelhante: como proporcionar formação superior a seus funcionários sem afastá-los do trabalho? No final de 2004, MEC e Banco do Brasil se uniram: o Banco do Brasil fomentaria a implantação de um curso-piloto em Administração, ofertado por universidades públicas em estreita relação com estados e municípios, em troca de uma quota de vagas para seus funcionários.

Uma vez desenvolvida a metodologia, o MEC passaria a estar apto a implantar os cursos de licenciatura que se faziam necessários. Assim nascia a Universidade Aberta do Brasil (UAB), um consórcio entre instituições públicas federais e estaduais. O primeiro curso, de Administração, e conhecido como curso-piloto, começou a funcionar no segundo semestre de 2006.

A UAB representa o esforço do MEC em expandir e interiorizar a oferta de cursos superiores, anteriormente concentrada nos grandes centros urbanos. Seus cursos de graduação de fato são semipresenciais em razão da obrigatoriedade de ter pelo menos 20% de aulas realizadas de forma presencial. Costuma-se, entretanto, denominá-los cursos a distância, talvez para evidenciar que são cursos realizados eminentemente por via de atividades a distância ou para melhor se alinhar com a terminologia da legislação que as regula.

O programa se realiza mediante convênios celebrados entre instituições de ensino superior (IES) e, tipicamente, governos estaduais e municipais. A IES fornece conteúdos e professores, e as prefeituras proveem os polos de ensino: infraestrutura física e administrativa para os encontros presenciais e um local de atendimento aos alunos. A UAB teve início com um curso-piloto em Administração iniciado no segundo semestre de 2006. No início de 2012, a UAB contava com 90 instituições participantes e 744 polos de ensino distribuídos em todos os estados brasileiros exceto o Acre (UAB, 2012).

A educação a distância visa a permitir que alunos superem restrições não apenas geográficas, mas também de tempo para cursar o ensino presencial tradicional. Representa um importante recurso para formar trabalhadores querendo retomar sua escolarização

interrompida (MOORE; KEARSLEY, 2007), conforme comprova o relato de uma aluna em seu primeiro dia de aula: sou separada, trabalho para sustentar sozinha meus três filhos... Se não fosse assim, eu NUNCA faria uma faculdade!

2.5.2 Avaliação do ensino superior: SINAES (2004)

Constatadas as precárias condições de alguns cursos dentre aqueles que proliferavam em todo o Brasil, somadas à necessidade de se continuar expandindo a oferta de vagas, foi criada a Comissão Especial de Avaliação (CEA) em abril de 2003 (POLIDORI, 2006). Fundamentando-se em estudos e debates com a comunidade acadêmica e a sociedade civil, a CEA produziu o documento SINAES: bases para uma proposta de avaliação da educação superior (BRASIL, 2004a). Com base nesse documento, foi criado o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES) em abril de 2004, com a finalidade de permitir o acompanhamento da evolução da qualidade do ensino superior (BRASIL, 2004b).

Com o SINAES, o Estado passa a acompanhar mais sistematicamente a atuação das IES e a avaliação alimenta os processos de regulação, conforme previsto na lei:

Art. 2º [...] Parágrafo único. Os resultados da avaliação [...] constituirão referencial básico dos processos de regulação e supervisão da educação superior, neles compreendidos o credenciamento e a renovação de credenciamento de instituições de educação superior, a autorização, o reconhecimento e a renovação de reconhecimento de cursos de graduação. (BRASIL, 2004b).

A coordenação e supervisão destas ações é de responsabilidade da Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (CONAES), instituída no âmbito do MEC, e vinculada ao gabinete do ministro de Estado de Educação, e a realização das avaliações é de responsabilidade do INEP. No âmbito institucional, cada instituição de ensino superior, pública ou privada, deve constituir uma Comissão Própria de Avaliação (CPA), com a atribuição de fornecer as informações solicitadas pelo INEP, bem como de conduzir os processos de avaliação interna da instituição.

O Sistema contempla três processos avaliativos4:

1 avaliação interna e externa das instituições de ensino superior;

2 avaliação dos cursos de graduação, visando identificar as condições de ensino