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GRADUAÇÃO NA MODALIDADE A DISTÂNCIA

3.2 Primeira fase: da LDB à Regulamentação de

graduação a distância foi iniciado com a oficialização da EaD pela LDB, passou por duas regulamentações e, na área da avaliação, duas edições de Referenciais de Qualidade. A seguir, trazemos a evolução dos documentos da legislação, mais relacionada à regulação dos cursos, bem como os instrumentos de avaliação da época.

3.2.1 Legislação

A criação, em 1995, da Secretaria Especial de Educação a Distância (SEED) com a atribuição de buscar inovações tecnológicas e metodológicas para melhoria da qualidade da educação brasileira no País, preparou a oficialização da educação a distância por intermédio da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1996 (ver Quadro 1). Pela primeira vez, uma Lei citava esta modalidade de ensino:

Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada.[...]

§ 1º. A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União.

§ 2º. A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diploma relativos a cursos de educação a distância.

§ 3º. As normas para produção, controle e avaliação de programas de educação a distância e a autorização para sua implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas.

(BRASIL, 1996; grifamos)

A primeira regulamentação deste artigo foi publicada no início de 1998 (BRASIL, 1998), dispondo sobre ensino fundamental para jovens e adultos, ensino médio, educação profissional, e graduação. Para funcionarem, entretanto, deveriam observar normas complementares a serem posteriormente expedidas que versariam sobre credenciamento de instituições, autorização e reconhecimento de programas.

A regulamentação complementar para credenciamento de cursos foi publicada pela Portaria MEC em 1998 (MEC, 1998). Autorização e reconhecimento de cursos de graduação foram regulamentados apenas com a Portaria MEC em 2004 que, adicionalmente, uniu e atualizou diferentes normas das modalidades de ensino presencial e a distância relacionadas a credenciamento e recredenciamento de IES (MEC, 2004b).

Em junho de 2005, foi publicada outra portaria (MEC, 2005) facilitando o credenciamento e autorização de instituições públicas de educação superior pré-selecionadas para participar dos programas de formação de professores a distância fomentados pelo MEC,

em razão da urgência de cursos nesta área.

Após consulta pública à comunidade acadêmica e comercial interessada na educação a distância, no final de 2005, foi publicada a atual regulamentação do Art. 80 da LDB, mediante o Decreto Presidencial no 5.622, de 19 de dezembro de 2005 (BRASIL, 2005a). Encerrou-se, de tal modo, o primeiro grande ciclo de constituição do marco regulatório para a educação a distância, permitindo que 2006 marcasse o início dos cursos de graduação a distância.

O Quadro 1 reúne uma síntese deste início de um encadeamento dinâmico de normas elaboradas à medida que se aprende a trabalhar com o ensino de graduação a distância.

Ano Documento A que se refere

Governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002):

1996 LDB, e seu Art. 80 Institui o ensino a distância

1998 Regulamentação Art. 80, LDB:

Decreto no 2.494, de 10 de Fevereiro de 1998, com dois itens alterados pelo

Decreto n.º 2.561, de 27 de abril de 1998. (revogados)

Trata de ensino fundamental para jovens e adultos, do ensino profissional e da graduação

Regulamentação complementar prevista nos Decretos no2.494/98:

Portaria MEC no 301/98, de 02 de abril de 1998.

(revogada)

Sobre o credenciamento de instituições para EaD, graduação e educação profissional

Governo Lula (2003-2010):

2004 Revogação da Portaria MEC 301/98:

Portaria Ministerial no 4.361, de 29 de dezembro de 2004

Sobre credenciamento e recredenciamento de (IES) de cursos superiores presenciais e a distância, além de pós-graduação lato sensu; de autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento de cursos.

2005 Portaria no 2.201, de 22 de junho de 2005 Facilita o credenciamento e autorização de instituições públicas de educação superior pré- selecionadas para participar dos programas de formação de professores a distância

fomentados pelo MEC. 2005 Revogação da Regulamentação de 1998 do Art. 80,

LDB (Decreto 2.494/98 e 2.561/98):

Decreto no 5.622, de 19 de dezembro de 2005

Nova regulamentação do Art. 80 da LDB. Quadro 1 – Legislação do ensino superior na modalidade a distância (até 2005).

3.2.2 Referenciais de Qualidade

A avaliação de cursos de graduação a distância nos primeiros anos de funcionamento da EaD contou com instrumentos de avaliação preliminares denominados Referenciais de

Qualidade. A primeira proposta de referenciais foi publicada em 1998 pelo MEC, cuja

origem, informalidade e impacto estão bem descritos no prefácio da 2ª edição, de 2003, destes mesmos referenciais:

Ao elaborar a primeira versão deste documento em 1998 e publicá-lo na página do MEC, [...] [o] propósito era o de aprofundar um primeiro texto escrito em 1997 e publicado na revista Tecnologia Educacional n° 144/98, da Associação Brasileira de Tecnologia Educacional – ABT, bem como o de colher sugestões para seu aperfeiçoamento e de subsidiar discussões mais pragmáticas sobre elaboração de projetos de cursos a distância.

Sua aceitação pela comunidade acadêmica e educadores, no entanto, foi imediata e,

mesmo informalmente, o documento passou a ser uma referência para as comissões que analisavam processos de autorização de cursos de graduação a distância (MEC, 2003).

A versão de 2003, como sugere esta citação, teve o mesmo conjunto de autores mas sua proposta é mais bem fundamentada e ampla:

Esta nova versão procura dar-lhe [, à EaD,] um caráter mais amplo. As mudanças são para que possa servir de orientação também para outros cursos que não sejam apenas os de graduação. Continua sendo um texto que trata de um referencial básico, sem a pretensão de esgotar a complexidade e abrangência de um projeto de curso a distância (MEC, 2003).

Apesar de a primeira regulamentação da educação a distância ter sido publicada em 1998, foi apenas com a segunda versão, em 2005 (BRASIL, 2005a), que se considerou já haver amadurecimento suficiente para o início dos cursos de graduação nesta modalidade de ensino. O primeiro curso de graduação a distância ofertado pela Universidade Aberta do Brasil começou a funcionar em agosto de 2006.

A experiência adquirida com este curso, denominado Curso Piloto em Administração, deu início a uma nova fase de elaboração do marco regulatório para a EaD: o que antes era uma elaboração teórica, passou a ser constituído com suporte na experiência com a UAB.