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4. Enquadramento operacional

4.1. Área 1 – organização e gestão do ensino e da aprendizagem

4.1.4. Avaliação

4.1.4.3. Avaliação Formativa

“A avaliação ao serviço do processo ensino-aprendizagem é mais contínua que final, é menos formal, assume formas diversas em função dos conteúdos da própria aprendizagem e adapta-se a grupos de alunos ou à turma.” (Karpicke et al., 2012, p. 76).

Esta modalidade de avaliação, é muito mais dinâmica que a avaliação diagnóstica, pois carimba essencialmente o processo de aprendizagem do aluno e não somente o produto. Ela é mais próxima das situações de ensino e de aprendizagem, nunca descurando a subjetividade dos seus intervenientes, os discentes.

Este tipo de avaliação é mais qualitativo que quantitativo, podendo-se obter de forma visual (observar o processo dos alunos), verbal (questionar os alunos sobre os seus conhecimentos) ou até mesmo por escrita (fichas de trabalho), sendo que numa aula se consegue combinar vários procedimentos e instrumentos desta forma de avaliação. Esta avaliação visa informar o professor sobre a qualidade do processo educativo, bem como do estado de execução dos objetivos traçados e metas atingidas. Este processo é mais extenso e pode funcionar para o professor perceber se os processos inerentes para atingir os objetivos foram bem delineados e se estão a ser bem executados. Por isso é de

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carácter sistemático e contínuo, de modo a que o professor possa adaptar as tarefas de aprendizagem, caso a consecução dos objetivos esteja em risco.

Esta avaliação fornece dados intermédios para que possa haver uma adaptação curricular, sempre que seja detetado algum tipo de dificuldade ou algum desajustamento no processo de ensino. Estes dados nunca deverão ser usados para a classificação, pois os alunos devem responder às situações de aprendizagem sem se confrontarem com a ameaça da classificação, sem elevar os níveis de ansiedade normas do quotidiano. No dia-a-dia é expectável que os alunos sejam livres, que errem, que se abram, nunca ocultando as dificuldades por via estratégica (Rodrigues, 2003).

Esta avaliação acompanhou-me durante todo o processo de ensino- aprendizagem, sendo que servia para eu identificar quais as aprendizagens bem sucedidas, quais as más sucedidas e quais as que necessitavam de melhor compreensão. Além de identificar as dificuldades, serviu também para identificar quais os processos que decorriam sem dificuldade e por isso foi sempre um bom indicador perante os objetivos traçados. Por vezes realizava de forma informal, sem quaisquer quadros de registo, onde registava de forma simples, alguns comportamentos dos alunos a diferentes estímulos. Mas também decorria de forma mais formal, onde criava quadros de registo simples, mas não informava os alunos de tal. Este aspeto mais formal decorria mais perto da unidade didática e servia para me precaver, caso algum aluno faltasse à avaliação sumativa. Tendo os dados das avaliações formativas formais e informais, conseguia ter uma noção geral de como o aluno era em cada conteúdo abordado.

“Hoje foi um dia de mais uma vitória, já me tinha acontecido anteriormente, mas desta vez o aluno em questão não consegue realizar o momento de avaliação em mais nenhum momento. Felizmente, como usei nas duas últimas aulas um registo mais formal de avaliação formativa, o aluno não vai sair lesado na sua avaliação final. Para além de conhecer o aluno do sexto ano muito bem, realizei um registo nas ultimas aulas em que consigo atribuir uma nota pela sua prestação ao longo da unidade didática. O aluno ficou muito preocupado pois tinha ficado doente e não conseguiu realizar a avaliação final, mas expliquei-lhe que tinha dados suficientes para realizar uma justa avaliação do seu

percurso e evolução na modalidade (…)”

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No caso de não possuir estes registos, podia enviesar a sua avaliação e ter caído no erro de avaliar incorretamente o aluno em questão.

Independentemente das estratégias pedagógicas utilizadas, o professor deve atenuar quaisquer possíveis limitações que possam ter influência direta no processo de avaliação. “O fato de dispormos de testes, medidas e observações, entre outros, sem reflexão e análises contextualizadas, tende a atitudes seletivas, classificatórias e discriminativas, geralmente inoperantes.” (Rodrigues, 2003, p. 8).

Devemos então combater tais processos e devemos incidir numa boa e justa avaliação, atenuando o surgimento de problemas, tendo sempre material de apoio que nos posso sustentar.

Esta avaliação foi uma das que teve mais impacto na minha prática de ensino supervisionada, pois em vez de avaliar os alunos apenas pelo produto final, avaliei pelo processo ao longo da unidade didática. Aliás, muitas vezes reforcei no fim das aulas, que dava muito mais valor a um aluno que se esforçasse e empenhasse nas tarefas, do que ao aluno que já fosse fisicamente mais apto e tivesse mais facilidade para realizar as ações. Sem esta avaliação não seria possível, iria só olhar para o produto final e as notas finais iriam ser muito mais fracas. Desta forma, consegui motivar os alunos mais eficazmente, reforçando de forma positiva, sempre que determinado aluno conseguia realizar com sucesso os objetivos que traçávamos conjuntamente. Houve muitos alunos, menos aptos fisicamente, que se esforçavam mais que qualquer um e que começaram a ter uma boa cultura desportiva (a nível motor e a nível de conhecimentos gerais do desporto).

“Nesta altura, o professor pode perceber se as suas estratégias de ensino são as mais adequadas à aprendizagem dos seus alunos, e os mesmos alunos podem também verificar o grau em que o seu estudo e trabalho escolar atingem os resultados almejados.” (Karpicke et al., 2012, p. 76).

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4.1.4.4 Avaliação Sumativa

“Para procedermos a uma avaliação, devem-se ter claros alguns princípios: esclarecer o que será avaliado inicialmente, selecionar as técnicas de avaliação em função dos objetivos, considerar os pontos positivos e limitados das técnicas de avaliação empregadas, levar em conta uma variedade de técnicas para assegurar uma avaliação compreensiva e considerar a avaliação como meio e não fim.” (Giannichi cit. por Rodrigues, 2003, p. 18).

Nesta modalidade de avaliação, os conteúdos a serem avaliados devem ser os conteúdos abordados durante a unidade didática. Aqui não podem conter conteúdos que estavam programados, mas que não foram abordados. Devem ser avaliados os conteúdos da forma mais objetiva possível, usando o instrumento mais fiável para cada avaliação. No meu caso, prefiro uma avaliação qualitativa, pois esta centra-se nos processos, no entanto pode haver alguma perda de objetividade e precisão. Nas primeiras avaliações realizadas e de forma a criar um registo simplificado, decidi criar uma check-list que me facilitava o processo de avaliação. Neste instrumento criei certas definições para cada conteúdo, sendo que a legenda era: observável; não observável; não aplicável. Este instrumento permitia-me registar ações ou comportamentos, mas comecei a achar que era redutor e introduzi uma escala de observação. Esta escala ia de um até cinco, pois quantos mais níveis tivesse, maior tinha de ser a sensibilidade para a medição do comportamento observado. Penso que o número de níveis para esta escala estava ótima, pois se tivesse mais níveis, apenas a conseguia completar com recurso a vídeo. Esta escala deu para usar com a turma partilhada, pois os níveis vão de um a cinco também, sendo que na turma residente convertia estes valores para valores de zero a vinte. Com a experiência e uso sistemático desta escala, fui atribuindo a cada valor um “+” , “-“ ou apenas o valor, para haver mais níveis e assim distinguir melhor cada patamar na conversão de um a vinte valores.

Esta modalidade de avaliação permite inferir professor e aluno da progressão ou possível retenção do aluno, pois esta avaliação, contrariamente à formativa, tem a função de classificar. Esta avaliação, comparativamente à formativa, tem um

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momento, tem um lugar específico para ela, que à partida será o fim da unidade didática. No entanto poderá ser também no final do período, como é o caso dos testes escritos. Este ano, realizei sempre um teste escrito no final do período, pois o professor cooperante fez questão que os seus estudantes-estagiários fizessem uma para cada uma das turmas.

A avaliação sumativa informa sobre o desenvolvimento dos conhecimentos, competências, capacidades e atitudes dos alunos em relação a um primeiro momento, por exemplo, de avaliação diagnóstica. Serve como um balanço de resultados, no final de um processo mais ou menos extenso de ensino.

No entanto, devemos ter em atenção que a finalidade da avaliação sumativa é informar e não classificar, pois esta presta-se à classificação, mas não se esgota nela. Isto porque pode ocorrer avaliação sem classificação.