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Avaliação Geral do Grupo e Específica de uma Criança

No documento Relatório de estágio de mestrado (páginas 121-126)

Capítulo II – Estágio no Pré-Escolar

2.2 A Intervenção Pedagógica com o Grupo Pré-B

2.2.2 Avaliação Geral do Grupo e Específica de uma Criança

Tal como já fora mencionado na parte teórica do presente relatório, a avaliação das crianças que frequentam o Pré-Escolar deverá realizar-se de uma forma contínua, de modo a respeitar, integralmente, o seu desenvolvimento e aprendizagem.

No decorrer do estágio, observei cada criança e redigi notas de campo sobre situações relevantes. Estas possibilitaram a realização de uma avaliação ao nível do bem-estar e implicação, tendo como referência a escala de Portugal e Laevers (2010).

Portugal e Laevers (2010) referem que o nível bem-estar emocional das crianças é demonstrado através de vários indicadores, nomeadamente vitalidade, autoconfiança e autoestima, flexibilidade, abertura e recetividade, assertividade, tranquilidade, alegria e ligação consigo próprio. Para averiguar o nível de implicação de uma criança numa atividade/tarefa é necessário ter em conta alguns indicadores, tais como, expressão verbal e satisfação, expressão facial e postura, energia, concentração, persistência, precisão, complexidade, criatividade e tempo de reação. Para uma melhor compreensão, consultar o quadro síntese do bem-estar e implicação disponível no CD (anexo1).

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Foi utilizada uma ficha para a avaliação geral do grupo, onde foram assinalados os níveis em que cada criança se encontra e também foi redigido um pequeno texto com informações para justificar a avaliação atribuída (apêndice 11).

Portugal e Laevers (2010) mencionam que “os níveis de bem-estar e implicação tornam-se pontos de referência para os profissionais que pretendem melhorar a qualidade do seu trabalho, promovendo o desenvolvimento e a aprendizagem” (p. 20). Atendendo a esta afirmação é fulcral ter em conta as evidências demonstradas por cada criança e intervir nos aspetos onde estas apresentem mais fragilidades.

2.2.2.1 Avaliação Geral do Grupo

Figura 91. Gráfico acerca dos níveis de bem-estar e de implicação da Pré-B.

Legenda relativa às cores - Vermelho: assinala as crianças que suscitam preocupação em termos de bem-estar ou implicação (níveis baixos); - Laranja: assinala as crianças que parecem funcionar em níveis médios, tendencialmente baixos, e ou crianças que suscitem dúvidas; - Verde: assinala as crianças que, claramente, parecem usufruir bem da sua permanência no jardim-de-infância (níveis altos).

1 1 6 5 13 12 5 7 0 2 4 6 8 10 12 14 Bem-estar Implicação Nível1 Nível 2 Nível 3 Nível 4 Nível 5

A partir da análise da tabela construí este gráfico (figura 91), onde podemos constatar que, ao nível do bem-estar e implicação nas tarefas/atividades o grupo apresenta-se maioritariamente no nível 4 (alto). As crianças relativamente ao bem-estar, geralmente aparentam estar felizes, são abertas e espontâneas. Todavia, nem sempre demonstram alegria e boa disposição constantes para ultrapassar dificuldades e obstáculos de uma forma positiva, o que é evidenciado nas crianças que se encontram no nível 5 (muito alto). No que concerne à implicação, as crianças envolvem-se nas atividades praticamente sem interrupções, embora, por vezes, apresentem uma concentração mediana, sendo necessário chamar a atenção para se concentrarem na atividade/tarefa.

No grupo da sala Pré-B existem cinco crianças que se encontram no nível 5 relativamente ao bem-estar, pois irradiam felicidade, alegria e simpatia frequentemente. São crianças que estão bem consigo próprias e evidenciam autoconfiança e auto-estima que lhes permite uma abertura e segurança relativamente a novas atividades e experiências. No que concerne à implicação, sete crianças encontram-se no nível 5, demonstram elevada implicação, motivação, concentração e persistência na realização das atividades. Das 25 crianças que constituem o grupo, 11 encontram-se no nível 3 (médio/neutro). No que diz respeito ao bem-estar normalmente apresentam uma postura neutra. Evidenciam uma relativa vitalidade e autoconfiança, contudo, por vezes, “desligam” do contexto. A intensidade que exteriorizam ao realizar determinadas atividades é limitada, porque às vezes há ausência de uma verdadeira motivação e concentração.

Neste grupo, existe uma criança que se encontra no nível 2 (baixo) em ambos os indicadores, pois, a nível do bem-estar emocional demonstra algum desconforto, revela falta de confiança e necessita de apoio e incentivo constante para comunicar os seus

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interesses e necessidades. Isola-se, geralmente, do grupo e não consegue estabelecer relações com as outras crianças. Relativamente ao nível de implicação, a criança praticamente não se envolve nas atividades por iniciativa própria e, às vezes, limita-se a observar os colegas nas brincadeiras. Esta criança requer, por parte do educador, muito apoio afetivo e estímulos que promovam bem-estar consigo própria que depois poderá ser útil na relação com os outros e no seu processo de aprendizagem.

2.2.2.2 Avaliação Específica de uma Criança

Neste estágio, foram dadas diretrizes para avaliar uma criança de uma forma mais aprofundada, já que num tão curto espaço de tempo não seria possível avaliar todas as crianças neste sentido. Do grupo da sala Pré-B, optei por avaliar a Maria Inês (nome fictício), uma criança de cinco anos. Esta escolha deveu-se a observações consumadas na fase inicial do estágio, em que observei as suas atitudes e comportamentos em diversas situações do dia-a-dia, e algumas despertaram a minha atenção.

Utilizei a versão completa da ficha de avaliação individualizada de Portugal e Laevers (2010), onde está expressa a avaliação aprofundada da criança realizada por mim, uma pequena auto-avaliação realizada pela própria criança e informações obtidas a partir de uma conversa com a mãe da criança (apêndice 12). Nesta ficha, estão assinaladas as diversas competências pessoais e sociais, distribuídas por vários indicadores que dizem respeito às atitudes, ao comportamento no grupo, e alguns domínios essenciais. Tendo em conta à idade e competências médias das crianças do grupo, a Maria Inês encontra-se maioritariamente, no nível 5, nos diversos indicadores.

De uma forma sucinta, a Maria Inês é uma criança sociável, bem-disposta e muito prestável. Apresenta um elevado nível de autoestima, no geral, sente-se bem

consigo própria e desenvolve uma identidade positiva. É muito carinhosa e gosta muito de ajudar os adultos e os colegas. Ajudar é, sem dúvida, uma das suas tarefas preferidas. Tem atitudes responsáveis, quer nos seus trabalhos/atividades, como nas suas tarefas semanais. Respeita os seus colegas e eles respeitam-na igualmente.

É uma criança com um ímpeto exploratório muito elevado. Manifesta curiosidade e interesse contínuos sobre as temáticas exploradas, questionando e revelando vontade e desejo em aprender. Adapta-se bem a novas situações e também é capaz de lidar com situações imprevistas. Já adquiriu muitas competências essenciais e revela muita maturidade, aspetos que facilitarão a sua transição para o 1.º Ciclo.

Perto do fim do meu estágio, perguntei à Maria Inês se tinha aprendido muita coisa, ao que respondeu: Aprendi a brincar, a fazer nomes, números, letras, fazer jogos e a contar. Aprendi muitas coisas sobre as lagartixas e os répteis. Também questionei-a cerca das coisas que sabia fazer bem e quais gostava de melhorar, ao que respondeu: sou boa a arrumar, a copiar as letras, a fazer contas, a escrever letras grandes [maiúsculas], a cortar e desenhar. Relativamente aos aspetos a melhorar, referiu que gostava de não fazer nenhum risco fora de um desenho.

Em outra conversa informal, perguntei à Maria Inês o que mais gosta de fazer quando está na escola e ela respondeu: O que mais gosto é de ajudar as professoras porque eu gosto muito de ajudar. Gosto de fazer projetos e de ver os outros meninos a apresentar projetos. Seguidamente, perguntei o que gostava menos e ela disse: O que eu gosto menos é brincar na garagem, porque não gosto de brincar com os carros. Solicitei que formulasse um desejo e a Maria Inês surpreendeu-me ao dizer: Gostava de ter um menino novo na escola porque gosto de conhecer meninos lindos e novos.

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