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Avaliação imediata da hidratação do estrato córneo e da perda de água transepidermal (TEWL)

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.6 AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA CLÍNICA DAS FORMULAÇÕES

5.6.1 Avaliação imediata da hidratação do estrato córneo e da perda de água transepidermal (TEWL)

A análise da eficácia clínica foi realizada utilizando uma região onde não foram aplicadas formulações (C1), o veículo (C2), o gel, resultante do núcleo sólido reconstituído com água destilada (C3) e o controle positivo caracterizado como um produto comercial denominado de Gel Pós-Sol Aloe Vera. Foi possível observar, nas regiões onde foram aplicadas as formulações sob a forma gel obtido a partir do núcleo sólidos (C2 e C3), a formação de um filme residual com partículas insolúveis depositadas sobre a pele (Figura 15). Considerando que o Corneometer® apresenta dois

pratos metálicos e, através deles em contato com a pele, um fluxo de elétrons é gerado de um prato para o outro avaliando as alterações no conteúdo aquoso, foi possível observar que a presença desse filme particulado sobre a pele influenciou as análises (BYRNE, 2010; DARLENSKI et al., 2009; FLUHR et al., 1999; GONÇALVES; CAMPOS, 2009; HEINRICH et al., 2003; KIM et al., 2009).

Figura 15 – Imagens capturadas pelo Visioscan VC98 de um campo antes e após a aplicação do gel reconstituído a partir do núcleo sólido de PJ2

Onde: A = Imagem captura do campo imediatamente antes da aplicação; B = Imagem captura 1h após a

aplicação do gel reconstituído.

Logo, a comparação dos resultados será realizada entre os campos C2 e C3, nos quais foram aplicados o gel após reconstituição dos núcleos sólidos e, entre C1 e C4, nos quais foram aplicados os controles negativos e positivos respectivamente. Diante disso, os resultados da eficácia clínica hidratante estão expostos sob a forma de

B A

variação do percentual em relação aos valores mensurados uma hora após a aplicação dos produtos (Tabela 26).

Tabela 26 - Variação do percentual dos valores do conteúdo aquoso do estrato córneo, observados 1, 2, 3, 4 e 5 horas após a aplicação das formulações

C1 (%) C2 (%) C3 (%) C4 (%) T1 - - - - T2 0,61 9,26a 9,02 a -2,00 T3 1,62 23,25 a 22,12 a -1,62 T4 2,31 38,38 a,b 34,33 a 0,53 T5 0,67 48,62 a,b 41,93 a,c -2,53

Onde: ap-valor<0,05 para ANOVA + Tukey em relação a C1 e C4; bp-valor<0,05 para ANOVA + Tukey em

relação a C2_T2; cp-valor<0,05 para ANOVA + Tukey em relação a C3_T2. C1 = Controle negativo; C2 =

Veículo; C3 = Veículo + 3,0% PJ2; C4 = Controle positivo; T1, T2, T3, T4 e T5 = medida realizada após 1, 2, 3, 4 e 5h respectivamente. Fonte: Autoria Própria.

Foi possível observar que as formulações apresentaram um aumento estatisticamente significativo em relação ao controle negativo e ao controle positivo (Figura 16), atingido valores superiores a 40% de aumento no conteúdo hídrico do estrato córneo. Quando analisada a evolução dos valores para os campos C2 e C3 ao longo do tempo, essa variação foi estatisticamente significativa a partir quarta hora após a aplicação para a formulação veículo e a na quinta hora para a formulação aditivada com extrato de P. julifora, evidenciando que as formulações desenvolvidas atuam aumentando o conteúdo hídrico do estrato córneo.

No entanto, quando comparado os valores obtidos pela formulação aditivada com PJ2 e a formulação veículo, não foram encontradas variações estatisticamente significativas. Por outro lado, em valores absolutos, a formulação aditivada com PJ2 apresentou desde a primeira hora após a aplicação valores superiores aos valores obtidos para o veículo, na ordem de 10,04%; 9,80%; 9,03% 6,82% e 5,08% para T1, T2, T3, T4 e T5, respectivamente, mostrando que apesar não ser um valor matematicamente significativo, a formulação aditivada com PJ2 tem um desempenho biológico superior ao veículo.

Figura 16 – Variação do percentual dos valores de hidratação superficial do estrato córneo, observados 1, 2, 3, 4 e 5 horas após a aplicação das formulações.

Onde: C1 = Controle negativo; C2 = Veículo; C3 = Veículo + 3,0% PJ2; C4 = Controle positivo; T1, T2, T3,

T4 e T5 = medida realizada após 1, 2, 3, 4 e 5h respectivamente.

Estudo recente avaliou o potencial hidratante de frações de polissacarídeos aditivadas em formulações cosméticas. Barreto e colaboradores (2017), comprovaram o efeito hidratante de nanoemulsões cosméticas aditivadas com 0,5% de uma fração enriquecida em polissacarídeos, extraída do subproduto de beneficiamento de Agave sisalana, contendo 65% de açúcares totais. Os autores observaram a presença de galactose, glicose e manose, como constituintes da fração de polissacarídeos adicionada às nanoemulsões, monossacarídeos os quais também estão presentes na fração PJ2. As nanoemulsões contendo a fração de polissacarídeos hidrataram a pele de modo significativo, sendo atribuída a esses metabólitos, o efeito hidratante.

Em outro trabalho foi estudado o potencial hidratante de polissacarídeos de Scaphium scaphigerum, uma espécie bastante utilizada na medicina tradicional chinesa, extraídos das sementes descascadas (maceração com água deionizada 1:75 p/v / 60ºC / 150rpm / 3h) (KANLAYAVATTANAKUL et al., 2017). Os autores observaram através do método do fenol-ácido sulfúrico a presença de 36,58% de açúcares totais presentes na amostra e, formulações contendo 0,2% a 1,0% do extrato, apresentaram eficácia hidratante frente ao veículo e polissacarídeos comerciais com apelo hidratante, demonstrando o potencial de uso como matéria-prima hidratante

(KANLAYAVATTANAKUL et al., 2017). Utilizando concentrações ainda menores de polissacarídeos (KANLAYAVATTANAKUL et al., 2017) observaram que concentrações de 0,05% e 0,10% de Basella alba, contendo 37% de açúcares totais, promoveram aumento da hidratação da pele, avaliada através do método da capacitância , em 7% e 28% quando comparado ao controle, após 210min, percentual este semelhante ao observado para a PJ2.

Vale destacar que, (i) os autores Kanlayavattanakul e colaboradores (2017) observaram um significativo efeito hidratante utilizando baixas concentrações de extrato, (ii) os extratos utilizados nos dois últimos estudos apresentavam cerca de metade da concentração de açúcares totais presentes na nossa amostra PJ2, e (iii) o efeito hidratante de formulações contendo frações de polissacarídeos com composição monossacarídica semelhante, sugerem que o efeito hidratante observado para PJ2 se deve ao polissacarídeos presente em sua composição química, uma vez que a grande quantidade de hidroxilas livres pode ajudar na retenção de moléculas de água (CLARKE; ANDERSON; STONE, 1979; PRAJAPATI et al., 2013; THARANATHAN et al., 1987).

Além disso, o uso de carboidratos como agentes hidratantes e antienvelhecimento já é relatado pela literatura (DU; BIAN; XU, 2014), dentre eles, as β- glucanas (KRISDAPHONG et al., 2018). No entanto, até o presente momento, nenhum trabalho avaliou a eficácia hidratante de extratos contendo α-glucana, molécula essa isolada em PJ2, evidenciando o ineditismo do trabalho.

Em relação aos valores de perda de água transepidermal (Figura 17), tanto o veículo quanto a formulação aditivada com PJ2 apresentaram uma redução na TEWL, mas apenas o controle positivo apresentou variação estatisticamente significativa em relação ao controle negativo.

Damasceno et al. (2016), apontaram que as formulações aditivas com 1,0% e 3,0% de extrato hidroglicólico de Opuntia fícus-indica (L) Mill reduziram a TEWL em até 20,36% enquanto que o campo veículo apresentava uma discreta redução na faixa de 2,5% e na região onde não foram aplicadas formulações, um aumento da TEWL na faixa de 15%. Embora não sejam resultados estatisticamente significativos, é possível observar que a formulação aditivada com PJ2 apresentou perfil semelhante, promovendo uma maior redução da TEWL, especialmente, frente ao controle negativo.

Figura 17 - Variação do percentual dos valores de TEWL, observados 1, 2, 3, 4 e 5 horas após a aplicação das formulações

Onde: C1 = Controle negativo; C2 = Veículo; C3 = Veículo + 3,0% PJ2; C4 = Controle positivo; T1, T2, T3, T4 e T5 = medida realizada após 1, 2, 3, 4 e 5h respectivamente.

5.6.2 Avaliação em longo prazo da hidratação do estrato córneo, da perda de água