• Nenhum resultado encontrado

Avaliação Institucional nas Escolas e uso dos dados do SAEB e do SAEPE– perspectivas em disputa

QUADRO 3 INFORMAÇÕES DOS SUJEITOS DA PESQUISA ESCOLA

5 GESTÃO ESCOLAR E O USO DOS DADOS DO SAEB

5.3 Avaliação Institucional nas Escolas e uso dos dados do SAEB e do SAEPE– perspectivas em disputa

No contexto apresentado, acerca das perspectivas de gestão escolar e sua relação com as avaliações em larga escala, acreditamos que entender quais os usos que a gestão pode fazer dessas avaliações? Em que perspectiva de gestão os resultados são apresentados? E como podemos utilizar as avaliações em prol da melhoria do ensino? Sejam questões pertinentes a esse trabalho. Considerando que como afirmam Santos e Carbonera (2010, p. 177), para além da crítica, a perspectiva gerencialista norteadora das avaliações, é importante refletir acerca de processos de utilização dos resultados, pois, “as avaliações em larga escala estão presentes na realidade educacional de ensino nas escolas brasileira”.

Nesse sentido, alguns autores como Pagnan (2016), Machado (2012) e Soligo (2010) apresentam possibilidades para utilização das avaliações em larga escala por gestões escolares, abrindo espaço para um processo de comunicação entre gestão, professores, e comunidade escolar, que vise não apenas a divulgação descontextualizada dos resultados, mas sim, a cooperação mutua, no sentido de buscar possibilidades de fazer um bom aproveitamento dos resultados obtidos, propondo mecanismos de melhoria no ensino.

Pagnan (2016) destaca o uso da proposta de diagnóstico das avaliações em larga escala, no sentido de proporcionar a gestão escolar, a possibilidade de identificar os diferentes níveis de aprendizagem dos estudantes de cada escola. Colocando na figura do gestor escolar a responsabilidade pela divulgação dos dados obtidos ao conjunto dos professores, o autor se refere apenas aos professores das disciplinas contempladas nas avaliações, ou seja, língua portuguesa e matemática, porém defendemos que as estratégias que podem vir a ser formuladas a partir dos resultados das avaliações externas, devem ser elaboradas de forma coletiva com a contribuição do gestor, do coordenador e dos professores de todos os componentes curriculares.

Machado (2012) acrescenta que a socialização dos resultados deve alcançar também os pais dos estudantes, para que eles tenham conhecimento do desempenho dos seus filhos.

Nesse contexto o processo de divulgação dos resultados necessita ser pensado a partir da coletividade, entre os integrantes da escola, para possibilitar a compreensão e problematização da qualidade educacional (SOLIGO, 2010).

Soligo (2010) apresenta que é importante o conhecimento, pelos gestores e professores, da matriz curricular que norteia as avaliações. As avaliações SAEB, Prova Brasil, SAEPE, possuem matrizes curriculares que estabelecem as habilidades e competências que os estudantes deveriam saber em cada ano avaliado. Avaliações como SAEPE e Prova Brasil contam ainda com uma espécie de revista que elencada detalhadamente as metas atingidas pelos estudantes e quais ainda precisam de um aprofundamento maior, esse mecanismo de retorno dos resultados é até bem pensado, porém estas revistas informativas levam muito tempo, meses após a realização das avaliações, para chegar às escolas o que dificulta traçar um plano de ação, tendo as revistas como base. A partir do conhecimento da matriz curricular é possível “problematizar a avaliação levantando críticas e soluções para problemas de aprendizagem. [...] e identificar situações que não aparecem nos resultados dos testes” (SOLIGO, 2010, p. 04).

O autor continua sua reflexão afirmando que:

O uso e problematização dos resultados da prova Brasil e SAEB nas escolas ainda é assunto pouco trabalhado. E reconhecendo a grande diversidade social e econômica do país não há como pensar em um receituário. O que se pode fazer é indicar possibilidades objetivando que cada escola problematize os resultados dos testes e crie condições de uso a favor da melhoria da qualidade da educação em sua comunidade escolar (SOLIGO, 2010, p. 06). Reforçando a possibilidade de uso dos resultados das avaliações, de acordo com a realidade educativa de cada escola, Soligo (2010) traça alguns mecanismos gerais a serem observados nos usos dos resultados das avaliações em larga escala, dentre esses aspectos destacamos:

Formar e informar professores e comunidade escolar para usar os resultados das avaliações em larga escala, a partir da organização de grupos de estudo, que trabalhem com as matrizes curriculares, com competências e habilidades propostas e com as escalas de língua portuguesa e matemática usados nos testes podem ser um caminho para tornar as avaliações um instrumento aliado das práticas pedagógicas e não mais um mecanismo de pressão de ranqueamento (SOLIGO, 2010, p. 14).

Considerando as ações citadas acima vale salientar a necessidade de que os professores conheçam e compreendam os processos de avaliação em larga escala, a criação e desenvolvimento de grupos de estudo, com foco nos problemas percebidos a partir das avaliações, e tentar contextualizar os resultados, considerando as condições de trabalho

fornecidas à escola e pela escola. Dessa forma apenas a constatação de alcance ou não de metas, não é suficiente para mensurar o nível de qualidade da escola.

É ainda na perspectiva de possibilidades de reutilização dos resultados que Machado (2012) indica a interpretação e o uso dos resultados no trabalho escolar, como meios para a gestão escolar. Baseando-se nos dados disponíveis “a gestão escolar pode ter elementos para lançar luzes sobre ao trabalho que é realizado com o objetivo de avalia-lo nas reuniões e no cotidiano da escola”. (MACHADO, 2012, p.32).

As perspectivas em disputa de gestão escolar apresentam possibilidades e limitações para o uso das avaliações em larga escala. Inferimos que a perspectiva de gestão democrática, trás uma ideia de trabalho coletivo para o melhor aproveitamento das avaliações, através de propostas elaboradas coletivamente de intervenção a partir dos resultados, porém as possibilidades de autonomia da escola ficam de certo modo limitadas. Além disso, nem todas as instituições de ensino possuem mecanismos efetivos de democratização. Quanto à perspectiva de gestão gerencial, percebemos que as avaliações são norteadas, nessa perspectiva, quando da padronização de teste, responsabilização de professores, gestores e escolas por resultados, e ainda quando da estandardização dos resultados alcançados, como se eles tivessem fim em si mesmo. Nessa visão, uma proposta de intervenção precisa considerar que os índices não contemplam a totalidade escolar e que se faz necessário um trabalho, pós- avaliação para que haja melhoria da qualidade.

6 AVALIAÇÕES EM LARGA ESCALA E SUAS APLICAÇÕES NAS ESCOLAS