Formação continuada na escola

Como discutimos no capítulo 5 a gestão escolar tem um importante papel na formação continuada dos professores, uma vez que é o coordenador pedagógico o responsável por ofertar essa formação nas escolas, em Garanhuns não é diferente. Nessa perspectiva, de debate Bauer (2017, p.80) afirma que:

Assim, cabe avançar no debate sobre a qualidade, destacando aspectos relativos ao currículo ofertado, a estrutura de ensino existente, a adequação da formação dos professores, enfim, outras dimensões da qualidade, que ultrapassem a dimensão cognitiva mensurada em uma ou duas disciplinas.

Considerando as afirmações acima, destacamos outra categoria, que aparece na fala dos sujeitos, a formação em serviço, formação continuada, realizada atualmente pela coordenação da instituição, na qual as avaliações e seus resultados têm tido destaque. No sentido de compartilhamento de informações com os professores, discussão sobre as avaliações, e elaboração de estratégias para melhorar os resultados.

Nas escolas municipais de Garanhuns os responsáveis pela formação em serviço são as equipes gestoras, principalmente, o coordenador pedagógico. Sordi (2017, p.232) argumenta que as equipes gestoras são potentes “atores deflagradores deste debate pelo lugar que ocupam na mediação dos diálogos entre escola e poder público. Não é por acidente que as próprias políticas neoliberais os elegeu como responsáveis pela gestão dos resultados da escola”.

De acordo com os sujeitos, as equipes gestoras organizam a formação continuada dos professores, e usam algumas dessas formações para trabalhar com os resultados dos testes, no intuito de traçar mecanismos para elevar os escores. Mas C2 ao descrever suas funções na coordenação da escola deixa clara a preocupação em ofertar uma formação em serviço que ajude os professores a melhorar a qualidade da educação na escola “o foco é esse né a formação dos Professores [...] a partir das dificuldades dos Professores, tentar buscar uma formação para que melhore a qualidade da aprendizagem”.

A preocupação aqui não está apenas na elevação dos escores, mas sim, em oferecer uma educação de qualidade para seus estudantes. Em contrapartida a esse pensamento de C2, alguns participantes como G1 apresentam em suas falas, o foco grande que é dado pelas escolas à elevação dos escores. O que até certa medida é justificável, porque, como já discutimos, a cobrança pelo aumento dos escores é grande, para os professores e para a gestão, mas não pode ser o mecanismo motor da educação escola.

Na fala de G1 são elencadas questões sobre a formação em serviço dos professores de Garanhuns, por exemplo, esses processos de formação continuada podem ser alterados a depender da gestão da secretaria de educação, considerando que houve pelo menos três mudanças de gestão na secretaria em um curto espaço de tempo, cada vez que a secretaria de educação passa por reformulação, os processos de formação de professores passam por mudanças, G1 afirma:

A gente assim tinha umas formações na secretaria que eram mensais, eu nem me lembro a periodicidade dessas formações, mas aí mudou a equipe gestora da secretaria de educação, mudaram os supervisores e aí criaram

um centro de formação que era o CEFAM25 e aí o CEFAM ele buscava oferecer formação em serviço, formação continuada nas várias disciplinas que o professor trabalha português, matemática, ciências, educação inclusiva, formação pra gestores, pra coordenadores, então era um centro de formação e assim tava dando um suporte muito grande pra escola, eu vejo que foi uma estratégia bem bacana, só que aí mudou a equipe da secretaria novamente e aí não foram retomadas as atividades do CEFAM, e aí a formação ela volta a ser responsabilidade inteiramente da escola, e aí como eu te falei é assim que a gente faz, pensando nas dificuldades, pensando nos resultados que não foram tão bons, pensando também no que vem sendo proposto pelas pesquisas mais atuais na área de educação que a gente conhece que a gente estuda e a gente faz as formações dentro da escola mesmo (G1).

Com as trocas constantes de gestão municipal de educação, podemos perceber que os processos de formação sofrem muitas mudanças. Sendo que deixam de ser mensais, ofertados pela secretaria de educação, em seguida deixam de integrar um centro de formação, para passar a ser responsabilidade da escola e da gestão escolar. Sobre esse processo de formação dentro da escola G1 afirma:

Até em relação às formações continuadas dentro da escola, onde é que eu tenho né, por exemplo, ano passado a gente teve um resultado não tão bom em matemática, como em português, então assim, poxa vamos pensar em formação em serviço, mais voltadas para matemática. E onde é que foram essas deficiências? Foram em fração, nas operações, onde é que aconteceu, qual eixo matemático que os professores tão tendo mais dificuldades, que aí vão ser refletidos nos resultados dos alunos. Os erros dos alunos você vê de certa forma a deficiência do professor, e eles mesmo também conseguem já fazer essa análise e trazer pra gente – realmente a matemática pra mim é mais difícil entendeu? Então se eu tenho dificuldade eu vou ter dificuldade pra ensinar meu aluno, então assim, eu vejo muito por esse lado (G1).

Considerando a discussão teórica sobre gestão escolar apresentada no trabalho, e as constatações a partir das falas dos sujeitos, destacamos a formação continuada como campo de estudo, e prática que possibilita a integração entre os profissionais da escola, o desenvolvimento de estratégias e a apropriação dos resultados das avaliações.