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QUADRO 3 INFORMAÇÕES DOS SUJEITOS DA PESQUISA ESCOLA

7 CONCEPÇÕES DOS SUJEITOS SOBRE A RELAÇÃO ENTRE AS AVALIAÇÕES EXTERNAS E A MELHORIA DA QUALIDADE DA

7.1 O SAEPE e sua relação com a educação nos municípios

No capítulo 4, falamos sobre os principais aspectos do SAEPE, fazendo uma breve retomada, é importante colocar, que o SAEPE é o sistema de avaliação da educação de Pernambuco e tem como foco a melhoria nos índices nacionais, mas, além disso, seus objetivos são aferir os níveis de proficiência em língua portuguesa e matemática dos alunos das instituições estaduais de ensino. O SAEPE também atua nos municípios, uma vez que avalia as redes municipais de ensino do estado também. Os sujeitos demonstraram um entendimento e uma proximidade maior com a avaliação do SAEPE, por ser uma avaliação mais local, que apresenta resultados mais detalhados.

Dessa forma, os sujeitos em sua maioria consideram o SAEPE como uma fonte de informações, que trás como retorno as avaliações aplicadas resultados mais detalhados, uma vez que são disponibilizadas notas por municípios, escolas, turmas e alunos. É importante destacar que as notas por turma e por alunos não são de acesso público, sendo possível apenas a gestão da escola ter acesso a esses resultados individuais. Os demais resultados são públicos. Além desse mecanismo de resultado individual o SAEPE tem mais um ponto importante, quando pensamos a divulgação dos resultados, uma revista explicativa em versão online e impressa que é disponibilizada para os sistemas de ensino municipais e para as escolas. Além da revista, que apresenta os resultados diretos das avaliações, é disponibilizado também, uma revista de gestor que guarda a senha com a qual é possível acessar os dados da escola por turma e por aluno. Dessa forma, apenas a escola tem acesso a esses dados, G1 ao discorrer sobre essa questão afirma que:

Que uma avaliação assim, que trás os resultados de uma forma bem detalhada, e a gente pode tá discutindo na escola, os nossos resultados, inclusive agora os resultados por estudante, e a gente construir estratégias

em cima desses resultados, pra melhorar mesmo o processo de Ensino Aprendizagem (G1).

Esse retorno mais detalhado, das avaliações externas, foi discutido no capítulo anterior. Enquanto membros que constituem as instituições escolares, os sujeitos, não se colocam a parte do processo e viabilizam sugestões de melhoria, uma vez que as críticas são apontadas, também surgem apontamentos para melhorar as dificuldades apresentadas. Com possibilidades de um trabalho com as escolas para garantir, ou gerar mecanismos, que garantam a melhoria da qualidade nas escolas. G3, por exemplo, acredita que deveria ser feito um trabalho melhor e contínuo com os dados produzidos a partir dos testes externos, isso é importante para que as avaliações não se esgotem em si mesmas.

Ela te trás um resultado e a partir dali a escola caminha sozinha, e a gente vê que teria que ter um feedback, teria que fazer um trabalho de retorno, as próprias instituições que cuidam, ou até as secretarias. Aqui em Garanhuns temos esses planos de ação, a partir dos resultados do SAEPE, mas eu acho que isso deveria ser melhor sistematizado, melhor estruturado, e assim, o trabalho ser mais contínuo, não terminar só nos resultados mesmo (G3).

Lück (2012), afirma a importância de dar um feedback dos processos avaliativos, para que os resultados, não se percam , ou sejam esquecidos. A autora ao discutir a utilização de dados das avaliações institucionais, define a relação direta que existe entre o planejamento, a ação a partir dele, a avaliação e o feedback. Tomando esse modelo, para a utilização pela gestão escolar, dos dados das avaliações externas, ele se configuraria da seguinte forma: O planejamento inicial, a partir de análise de resultados anteriores e seleção das habilidades que vão ser trabalhadas, o agir, executar as ações planejadas para trabalhar as habilidades selecionadas, no caso das escolas pesquisadas se concentram em formas de preparação para os resultados, o avaliar, depois de todo processo anterior a realização da avaliação, e o feedback, ou seja, os resultados das avaliações, e a partir das análises desses resultados, recorremos novamente ao planejamento e o ciclo se reinicia.

Um fator que nos chama atenção, que veio com as mudanças que as avaliações externas como SAEPE E ANA trouxeram, é um questionário respondido pelos professores que trás perguntas sobre a gestão da escolar, esse questionário visa à compreensão de fatores extraclasse da escola, talvez uma tentativa de contextualizar os resultados, devido a tantas críticas sofridas por desconsiderar outros fatores escolares. De certa forma, os questionários são uma forma de tentar ouvir a escola e representar seus diferentes aspectos e nuance, como materiais didáticos, comunidade, infraestrutura, perfil socioeconômico dos estudantes. Esse questionário busca levantar informações sobre o perfil da escola, dos estudantes e do professor, segundo a proposta governamental, é um mecanismo de apoio para saber mais informações dos anos avaliados. Sobre esse ponto P1 diz que:

Eu vejo também, que nas provas, principalmente, a nível, de Estado, elas vêm com um questionário que pergunta sobre muita coisa da escola, como é a gestão? Como é o funcionamento da escola? E a gente preenche, e a gente vê, a cada ano, que não tem um retorno de melhoria nenhuma, não muda nada, então se esse instrumento vem pra melhor, então porque que a gente não ver mudar nada? Porque vem um questionário com mais de 100 perguntas pra o professor que depois não muda nada na escola? (P1).

É uma ferramenta interessante, desde que utilizada com o propósito para qual foi criado, mas como P1 afirma esse mecanismo, não tem sido utilizado com esse propósito ou com qualquer outro, a fala do sujeito deixa claro que ao menos para ela esse questionário é uma perda de tempo e não oferece retorno algum em melhorias e nem em resultados positivos para a escola e para os estudantes.