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Capítulo III Apresentação e análise dos dados

3.5 A avaliação do portefólio dos alunos

A construção e implementação do portefólio na disciplina de Matemática, como forma de promover a avaliação formativa e, deste modo, contribuir para a melhoria e regulação das aprendizagens dos alunos de uma turma do oitavo ano, constituiu um dos objetivos do estudo.

Stenmark (2007) sublinha que um dos principais objetivos dos critérios de avaliação passa por ajudar os alunos a valorizar a Matemática. Segundo o mesmo autor, não é uma tarefa fácil e o portefólio é um dos exemplos que nos permite, ao longo do tempo, quer pelas

81% 80% 100%

60%

57% 56% 70% 71%

1º Teste 2º Teste 3º Teste 4º Teste

Dados referentes ao aluno Z

121 tarefas propostas quer pelas resoluções e respetivas reflexões redigidas pelos alunos, ultrapassar esta difícil tarefa. A este propósito, o autor afirma que “One of the major benefits of portfolios is the oportunity for students and teachers to presente their own best thinking and their most creative work rather than thinking and work prescribed by others” (Stenmark, 2007: 44).

Seguindo esta linha de pensamento, Stenmark (2007) sugere que seja elaborada uma lista com particularidades que devem indicar o que é um portefólio bem sucedido. Refere, ainda, que estas particularidades devem ser discutidas em turma e posteriormente entregue aos alunos. Tendo em consideração as indicações sugeridas por Stenmark (2007), os critérios de avaliação a aplicar foram negociados com os alunos no início do ano letivo como já foi referido anteriormente.

Considerando os critérios de avaliação que foram negociados com os alunos (Anexo IX) e já referidos procedeu-se ao registo de informações de natureza qualitativa numa grelha (Anexo XVII). As grelhas foram construídas com base em quatro níveis de desempenho que Stenmark (2007) propõe e considerando esses critérios de avaliação.

Apresentam-se, de seguida, exemplos de apreciações realizadas no final de cada período letivo, onde são registados os aspetos a melhorar, bem como aqueles que já estavam em conformidade com o pedido, os que foram melhorados e, por fim, uma avaliação qualitativa.É importante refeir que todos os alunos recebiam esta informação para que, posteriormente, pudessem melhorar e acrescentar o que ainda faltava aos seus portefólios, tal como sugerem Pinto e Santos (2006) sobre a importância de avaliar qualquer produto realizado pelo aluno, incluindo o portefólio.

122 O portefólio do aluno A foi um dos que, no final do primeiro período, estava a ser construído dentro do que era esperado. Em termos de organização continha todos os elementos e uma boa apresentação; apenas faltava terminar uma ficha de trabalho, que o aluno, no início do segundo período e após diálogo sobre a sua avaliação intermédia, sublinha: “esqueci-me professora, não foi por mal” (DB, 04/01/2017). Os únicos aspetos realçados foram a ausência de data em algumas atividades e as reflexões que deveriam ser melhoradas porque ainda não contemplavam todos os pontos acordados. O aluno progrediu e foi notório o cuidado e a preocupação em melhorar o seu portefólio. No final do segundo período o aluno tinha um bom portefólio que se aproximava do pretendido com a implementação deste instrumento; no final do ano, o produto final resultante do empenho e determinação em querer fazer sempre o melhor, o aluno conseguiu o que se pretendia.

Figura 3.26 – Exemplos de apreciações realizadas no final de cada período (aluno C)

No caso do aluno C, no final do primeiro período, ainda estava numa fase muito inicial de construção do portefólio, onde se verificava a ausência de determinados aspetos, para além das reflexões; no segundo período, o aluno melhorou alguns aspetos do portefólio, demonstrando alguma evolução e dedicação na elaboração do mesmo, apesar de ainda ter de melhorar aspectos que ainda não tinha melhorado desde a primeira avaliação. No final do ano, o aluno conseguiu melhorar os aspetos referenciados na avaliação do segundo período, o que se refletiu na sua classificação final - Bom. Este aluno tinha iniciado o ano com nível dois no final do primeiro período e terminou com nível três.

123 Figura 3.27 – Exemplos de apreciações realizadas no final de cada período (aluno U)

O aluno U no final do primeiro período apresentava o portefólio mal organizado embora tivesse o índice, a capa alusiva à disciplina de Matemática e uma caracterização sua. No entanto, as reflexões estavam muito fracas, faltavam os separadores e algumas reflexões das tarefas que integravam o portefólio. Após o diálogo com o aluno sobre o que deveria ser melhorado no portefólio, o aluno mostrou alguma evolução no final do segundo período, principalmente na elaboração de reflexões e na organização do portefólio. No final do terceiro período foi uma grande surpresa ver o portefólio deste aluno, pois reformulou- o, tendo o cuidado de melhorar a apresentação e terminou todas as fichas que estavam em falta assim como as reflexões. Foi avaliado qualitativamente com Muito Bom no final do terceiro período.

Figura 3.28 – Exemplos de apreciações realizadas no final de cada período (aluno Z)

O aluno Z é um aluno que tem um especial gosto pela música e a capa que desenhou estava relacionada com o tema que o apaixona. Foi-lhe pedido que elaborasse uma capa relacionada com a Matemática e no segundo período o portefólio do aluno já constava de uma capa com referência a esta disciplina . Apesar de no final do primeiro período ter sido

124 informado da ausência do índice e dos critérios de avaliação, no segundo período ainda não constava o índice e faltavam algumas reflexões, porém já tinha melhorado as anteriores. Teve o cuidado de completar a sua caracterização pois faltava referir a sua opinião em relação à escola e diversificar ainda mais as tarefas que fizeram parte do seu produto final. Este aluno teve a ajuda da mãe na decoração da pasta de arquivo so seu portefólio, como o próprio referiu logo nas primeiras vezes que o levou para a escola. No final do ano o seu portefólio era um dos que conseguia mostrar empenho e dedicação ao trabalho desenvolvido durante o ano letivo.

No início de cada período letivo, no momento da entrega do portefólio, tivemos a preocupação de conversar com cada aluno individualmente, explicando a apreciação qualitatva bem como a justificação da respetiva avaliação, para além de mencionar o que havia ainda para melhorar. Apresentam-se na tabela 3.1 os resultados obtidos relativamente à avaliação dos portefólios em cada um dos três períodos de avaliação.

125 Tabela 3.1 – Avaliação do portefólio dos alunos por período

Domínio Nível Descritores

1ºPeríodo 2ºPeríodo 3ºPeríodo Nº de Alunos Nº de Alunos Nº de Alunos Organização do portefólio 1 - Pouco organizado

- Ausência dos separadores 5 2 0

3 - Pouco organizado

- Ausência de alguns separadores 11 7 1 4 - Organizado

- Ausência de alguns separadores 5 1 0

5 - Organizado

- Contém todos os separadores 5 16 25

Seleção de tarefas

1

- Atividades pouco diversificadas - Apresentação de um número muito reduzido de tarefas

12 8 2

3

- Atividades pouco diversificadas

- Apresentação de um número reduzido de tarefas

6 3 2

4

- Atividades diversificadas

- Apresentação de um número reduzido de tarefas

5 5 0

5 - Atividades diversificadas

- Apresentação de diversas tarefas 3 10 24

Reflexões

1 - Contém até um máximo de dois aspetos 13 7 2

3 - Contém três aspetos 8 13 5

4 - Contém entre quatro e cinco aspetos 5 3 16

5 - Contém todos os aspetos 0 3 3

Respeitou as indicações dadas para a

elaboração

1 - Respeitou até duas das indicaçãoes 3 2 1 3 - Respeitou entre três a quatro indicações 11 4 1 4 - Respeito cinco a seis indicações 9 5 0

5 - Respeitou todas as indicações 3 15 24

Evolução ao longo do

ano

1 - Nunca melhorou 14 3 0

3 - Melhorou poucos aspetos 10 10 3

4 - Melhorou uma grande parte dos aspetos 2 8 15

126