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Capítulo III Apresentação e análise dos dados

3.7 Perceções dos alunos sobre o desenho de avaliação

3.7.2 Perceções dos alunos sobre o portefólio

Dada a natureza do estudo, importava identificar as perceções dos vinte e seis alunos sobre o que é o portefólio, antes da sua efetiva aplicação e no final do ano letivo, atendendo ao trabalho que os alunos realizaram na construção do portefólio. Como sublinha Fernandes (2005), o portefólio permite que tenhamos um melhor conhecimento das aprendizagens dos alunos, é um bom instrumento que nos ajuda a identificar os progressos e dificuldades dos alunos e, como tal, contribui para uma tomada de decisão mais coerente. Envolver o aluno na construção do portefólio permite que o professor acompanhe e oriente o seu percurso de aprendizagem ao longo do ano letivo, para além de que contribui para uma reflexão e autoavaliação das aprendizagens dos alunos (Lopes & Silva, 2012). Deste modo, uma das vantagens do portefólio passa por incentivar os alunos a terem um papel mais ativo no seu processo de avaliação e, consequentemente, levar o aluno a refletir de um modo construtivo sobre o produto do seu trabalho (Fernandes, 2005). Durante todo o tempo dedicado à construção do portefólio os alunos mostraram sempre uma postura ativa e, de certa forma, empenhada na construção das suas aprendizagens e na regulação das mesmas.

136 Foi aplicado aos vinte e seis alunos, um segundo questionário (Anexo III) no final de março de 2017 para recolher as primeiras perceções dos alunos sobre o portefólio assim como o seu contributo na melhoria das aprendizagens dos alunos. Relativamente a este segundo questionário, consideraram-se as questões da 1ª e 2ª parte relativas ao portefólio, uma vez que todas privilegiam a perceção dos alunos relativamente à construção do mesmo e o contributo deste nas suas aprendizagens pessoais.

Em primeiro lugar, procurou-se saber se os alunos já tinham ouvido falar do portefólio noutros anos letivos, pelo que vinte e um alunos responderam que não e cinco responderam que sim. Quando questionados sobre “Sabes o que é um portefólio?”, todos os alunos responderam que sim.

No sentido de averiguar, na perspetiva do aluno, o que é o portefólio, a tabela 3.6 representa as respostas dadas pelos alunos quando questionados “O que é para ti o portefólio?” no início e no final do ano letivo.

Tabela 3.6 – Resultados sobre as perceções dos alunos acerca de portefólio

Início ano

Final ano

Um dossiê onde se colocam trabalhos feitos nas aulas e em casa. 19% 23% Um dossiê onde se guardam os testes e fichas de trabalho realizados para cada disciplina. 19% 4% Um conjunto organizado de trabalhos realizados num período de tempo que permite ter uma visão

das aprendizagens conseguidas por um aluno. 27% 50% Um dossiê onde se guardam todos os testes e fichas de trabalho de todas as disciplinas. 4%

Uma compilação de trabalhos. 8% 4%

Uma coleção de diversas tarefas/trabalhos escolhidos pelo aluno que o levam a refletir sobre as

suas aprendizagens. 19% 23%

Um dossiê que não serve para melhorar a aprendizagem.

Um dossiê que os professores pedem, mas que não dão importância ao longo ano letivo.

Um dossiê sem utilidade para o estudo. 4%

Ao analisar os resultados constata-se que no início do ano letivo, para cinco destes alunos (19%) o portefólio consistia numa coleção de diversas tarefas/trabalhos escolhidos pelo aluno que o levam a refletir sobre as suas aprendizagens, no final do ano este número passou para seis (23%). É de salientar que a percentagem de alunos que referiu que o portefólio consiste num conjunto organizado de trabalhos realizados num período de tempo que permite ter uma visão das aprendizagens conseguidas pelo aluno, passou de sete alunos (27%), no início do ano, para treze (50%) no final do ano letivo. É, ainda,

137 importante realçar que, no início do ano letivo, para um aluno (4%), o portefólio era apenas um dossiê onde se guardam todos os testes e fichas de trabalho de todas as disciplinas e sem qualquer utilidade para o estudo. No final do ano letivo, nenhum aluno define o portefólio como sendo um dossiê para guardar os testes e fichas de trabalho e sem utilidade para o estudo. Parece claro que para estes alunos as suas perceções sobre o que é um portefólio se alteraram, ou seja, foram-se alterando e aproximando do conceito de portefólio que sustentou este estudo.

Ao entrevistar os seis alunos sobre como definem o portefólio, os alunos referem-se ao portefólio como “É um método de ajudar a estudar e melhorar as notas” (aluno S), uma forma de “organizar as nossas ideias e exercícios” (aluno X). Para o aluno X o conceito de portefólio não se alterou muito, importa referir que ao longo do ano este aluno manteve uma postura de pouco empenho e desadequada durante aulas.

Em geral, não foi esta a atitude dos alunos que se mostraram interessados e dedicados na construção do seu portefólio. Assim sendo, consideramos importante perceber como os alunos se sentiram na construção do seu portefólio no início e no final do ano letivo.

Tabela 3.7 – Resultados sobre como se sentiram os alunos na construção do portefólio

Ao analisarmos a tabela 3.7 sobre as respostas dos alunos à questão (2.2) “Como te sentiste na construção do teu portefólio na disciplina de Matemática?” a percentagem de alunos que se manteve interessado quer no início do ano letivo quer no fim, foi a mesma (50%). No primeiro momento que os alunos foram questionados sobre como se sentiam perante a construção do portefólio, dois alunos referiram que se sentiam aborrecidos e estavam até desinteressados. Contudo, no final do ano letivo, depois de todo o trabalho desenvolvido dentro e fora da sala de aula com o portefólio verificamos que nenhum aluno

Início ano Final ano Interessado 50% 50% Empenhado 46% 42% Pouco interessado 8% 10% Pouco empenhado 15% 15% Entusiasmado 23% 15% Motivado 42% 69% Aborrecido 8% Desinteressado 8%

138 chegou ao final do ano sentindo-se aborrecido e desinteressado pelo produto final após o desenvolvimento do mesmo. É ainda notório o aumento do número de alunos motivados no final do ano, aumentou de onze alunos (42%) para dezoito (69%), indicando que o uso do portefólio pode ter contribuído para o aumento de motivação na aprendizagem e desenvolvimento de competências matemáticas.

Relativamente ao grau de concordância face à utilização do portefólio na disciplina de Matemática, a tabela 3.8 apresenta-nos os resultados no início e no final do ano letivo.

Tabela 3.8 – Resultados sobre o grau de importância no uso do portefólio na disciplina de Matemática

A análise da tabela permite afirmar que catorze alunos (54%), concordavam no início do ano que o portefólio permitia colocar diversos materiais e, no final do ano letivo, esse número aumentou para dezanove (73%). Em termos de desenvolver a autonomia do aluno, onze alunos (42%) concordavam no início do ano com este facto, e no final do ano letivo este número aumentou para catorze (54%). Também se pode observar que o número de alunos que concorda muito com a afirmação “É muito útil para a minha aprendizagem” aumentou, passando de três alunos (12%) para onze (42%); no que concerne à afirmação “Não me motiva para aprender mais” não se nota alteração. Estes resultados mostram que os alunos alteraram a perceção que tinham sobre o uso do portefólio, o que revela que o

Não concordo Concordo

pouco Concordo Concordo muito Não tenho opinião Início ano Final ano Início ano Final ano Início ano Final ano Início ano Final ano Início ano Final ano

Permite-me colocar diversos materiais, testes, fichas de trabalho, tarefas, recortes de jornais, fotografias.

12% 8% 8% 4% 54% 73% 23% 19%

É uma perda de tempo. 77% 65% 15% 8% 4% 12% 4% 8% 8% Ajuda a desenvolver mais a

minha autonomia. 42% 54% 50% 46% Incentiva-me a procurar

mais recursos para estudar. 31% 12% 4% 12% 65% 38% 31% Não traz vantagens, porque

prefiro estudar pelos livros. 62% 46% 19% 4% 4% 35% 8% 8% 4% 4% É muito útil para a minha

aprendizagem. 12% 35% 58% 12% 42% 4% Não me motiva para

139 portefólio teve impacto nos alunos e não os deixou indiferentes a este instrumento de avaliação, reconhecendo a sua importância na aprendizagem em Matemática.