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Avaliação Psicológica: breves considerações

No documento ESTUDO DAS CARACTERÍSTICAS PSICOMÉTRICAS (páginas 51-55)

A Avaliação Psicológica pode ser compreendida como um conjunto de informações obtidas pelo psicólogo, com ou sem a utilização de testes, junto ao paciente/cliente e seus familiares, para esclarecimentos e compreensão, o mais completa e profunda possível, das condições de um indivíduo. É realizada visando a identificação de distúrbios emocionais, problemas de conduta, condições intelectuais e emocionais de crianças, adolescentes e adultos; é destinada a subsidiar pais, escolas e profissionais da saúde que possam beneficiar-se da atuação do psicólogo.

Aqui, a avaliação psicológica será compreendida analogamente como testagem psicológica. Sendo assim, antes de prosseguir neste item, é fundamental resgatar a conceituação de Teste psicológico. Em suma, “um teste psicológico é em essência uma medida objetiva e padronizada de uma amostra de comportamento” (Anastasi & Urbina, 2000, pp. 18).

No entanto, para que um teste possa, de fato, representar uma medida objetiva e padronizada de uma amostra do comportamento, ele precisa possuir características tais que assegurem a sua confiabilidade e acuidade. Tais características psicométricas referem-se essencialmente à validade e precisão.

Por validade compreende-se o que um teste de fato mede e o quão bem ele o faz, i.e., se o instrumento realmente avalia o que se propõe a avaliar (Anastasi & Urbina, 2000). Anastasi e Urbina (2000) apresentam alguns tipos de validade, os quais serão muito sucintamente abordados a seguir.

- Validade de Conteúdo: os procedimentos de validade de conteúdo envolvem uma análise sistemática do conteúdo de um instrumento a fim de se averiguar se este abrange uma amostra representativa do domínio do comportamento que se

propõe a avaliar. Em geral, os escores nestes testes são referenciados ao domínio e um exemplo claro são os chamados testes de realização.

- Validade de critério: os procedimentos de validade de critério podem envolver comparação com critérios externos, tais como o desempenho em atividades específicas, como o desempenho escolar, por exemplo. De modo geral, a validade de critério pode ser preditiva, referindo-se à ‘predição’ do desempenho em uma tarefa específica a partir dos escores obtidos no teste; ou concorrente, quando o desempenho no teste é comparado com dados de critério já existentes. - Validade de construto: os procedimentos de validade de construto preconizam o papel da teoria psicológica na construção dos testes e refere-se à “extensão em que podemos dizer que o teste mede um construto teórico ou traço” (Anastasi & Urbina, 2000, pp.117). Algumas técnicas específicas são utilizadas nos procedimentos de validação de construto, tais como a observação de mudanças desenvolvimentais, correlação com outros testes, análise fatorial, consistência interna e, ainda, estudos de validade convergente e discriminante. Validade convergente refere-se à demonstração da existência de correlações entre o teste submetido à validação e variáveis com as quais ele, teoricamente, correlaciona- se; a validade divergente refere-se à evidenciação de não correlações deste mesmo teste com variáveis das quais deve, teoricamente, diferir.

A precisão, ou fidedignidade, por sua vez, refere-se ao quanto o teste é isento de erros, o quanto ele é preciso em sua medida. Há diferentes formas de se verificar a precisão de um instrumento e, não sendo objetivo deste trabalho um aprofundamento desta questão, estes procedimentos serão apenas mencionados. Assim, os tipos de precisão ou fidedignidade são abaixo citados, conforme Anastasi e Urbina (2000):

- Fidedignidade de Forma-Alternada;

- Fidedignidade usando o Método das metades; - Fidedignidade do avaliador.

Recentemente, sobretudo os conceitos de validade têm sido discutidos e reformulados. Algumas destas discussões resultaram em novos conceitos, como os que serão muito brevemente citados a seguir, tomando como base os argumentos de Primi (2006, setembro).

- Evidencias de validade baseadas no conteúdo (refere-se à validade de conteúdo, conforme descrita anteriormente);

- Evidencias de validade baseadas na relação com outras variáveis (equivalente à conceituação de validade de critério, já mencionada);

- Evidencias de validade baseadas na estrutura interna (consistência interna, equivale à menção anterior de validade de construto);

- Evidencias de validade baseadas no processo de resposta (análise de itens); - Evidencias de validade baseadas na conseqüência da testagem (considera questões atinentes ao contexto em que o teste é utilizado e as implicações da testagem).

De uma forma bastante sucinta, pode-se considerar que a validade de construto é a própria definição de validade, sendo os outros tipos de validade formas de se investigar a validade de construto (Primi, 2006).

Não é objetivo estender demasiadamente este tópico, porém, considerando a relevância de tais itens, os quais serão, inclusive, utilizados no presente trabalho, será aqui esboçada uma breve descrição de consistência interna e análise de itens. Segundo

Anastasi e Urbina (2000) no método de consistência interna (por vezes utilizado como método em estudos de validade de construto), o critério utilizado é o próprio escore total do instrumento. Aqui, por exemplo, pode-se procurar por correlações item-teste, sendo selecionados itens que apresentem correlações significativas com o escore total do teste, o que possibilitaria a inclusão de itens que diferenciam os respondentes tal qual o escore total no mesmo instrumento, o que garante a consistência interna do teste. A análise de itens está intimamente relacionada à consistência interna e, de um modo bastante simplificado, uma análise quantitativa de itens inclui a mensuração da dificuldade e da discriminação destes. Sua relevância se dá pelo fato de que é justamente a característica dos itens um dos principais determinantes da validade e da fidedignidade do instrumento (Anastasi & Urbina, 2000).

Deste modo, e encerrando esta breve abordagem à avaliação psicológica, validade e precisão são características psicométricas que asseguram não somente a qualidade técnica e a confiabilidade de um teste psicológico, como também inter-relacionam-se com a esfera ética que permeia a avaliação psicológica e a atuação do profissional de um modo geral. Neste sentido, o presente estudo buscou por evidencias de validade e de precisão do Adult Dyslexia Checklist, objetivando também estimular a continuidade de pesquisas com este e outros instrumentos de modo a, futuramente, disponibilizar instrumentos válidos e fidedignos que possam ser úteis à atuação do profissional, seja na clínica, seja em outras áreas de inserção da psicologia.

No documento ESTUDO DAS CARACTERÍSTICAS PSICOMÉTRICAS (páginas 51-55)