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Avaliação realizada no estágio da Educação Pré-Escolar

2.1. Elementos teóricos e legislativos sobre a avaliação das aprendizagens

A avaliação na educação pré-escolar deve ser entendida como um meio de recolha e de análise de informações sobre o processo de ensino e de aprendizagem, indispensável à melhoria do referido processo.

147 Neste nível de ensino, a avaliação é “um processo de identificar, obter e proporcionar informação útil e descritiva acerca do valor e do mérito das metas, da planificação, (…), com o fim de servir de guia para a tomada de decisões, para solucionar os problemas de responsabilidade e para promover a compreensão dos fenómenos aplicados” (Stufflebeam, citado em Machado, 2008: 22).

A principal finalidade da avaliação é observar a evolução e o progresso da criança, para, em função disso, o educador tomar decisões na planificação do processo de ensino e de aprendizagem.

Segundo o Ministério da Educação (2009: 27), “avaliar o processo e os efeitos, implica tomar consciência da acção para adequar o processo educativo às necessidades das crianças e do grupo e à sua evolução. (…) Neste sentido, a avaliação é suporte do planeamento.”

Existem variadas maneiras de identificar o que as crianças sabem e conseguem fazer, entre elas conversando com os pais; com pessoas que conheçam as crianças; através de registos anteriores; observando o que a criança faz; ouvindo o que ela diz ou ainda recolhendo alguns trabalhos elaborados pela criança (Fisher, 2004).

A avaliação é realizada em diferentes momentos: antes, durante e depois das aprendizagens.

À avaliação que se realiza antes, no início das aprendizagens, designa-se de avaliação diagnóstica, a qual pretende averiguar a posição do aluno face a novas aprendizagens que lhe vão ser propostas e aprendizagens anteriores que servem de base àquelas, no sentido de prevenir dificuldades futuras e, em certos casos, de resolver situações presentes. Deste modo, a avaliação diagnostica é realizada para tomar decisões de como e por onde começar o processo de ensino e de aprendizagem, isto é, sobre os conteúdos a leccionar em primeiro lugar, sobre as estratégias de ensino a utilizar e sobre os objectivos mais adequados à situação inicial dos alunos.

Bassedas, Huguet & Solé (1999: 176) referem que as estratégias que se utilizam na avaliação inicial, estão dependentes do conteúdo que se pretende iniciar. Para tal, deve-se planear diversas situações apropriadas ao tipo de conteúdo, como, por exemplo, “observar, perguntar, escutar, propor, deixar falar, deixar fazer e ir detectando as suas competências e as suas dificuldades”.

148 Segundo Fisher (2004: 22 - 23), para saber quais os conhecimentos ou capacidades que uma criança possui, o educador deve planear um dia ou uma tarefa específica e posteriormente observar a criança. Esta observação, realizada pelo educador, deve ser registada numa folha de registo, na qual deve constar:

“- data: para garantir que o desenvolvimento de uma criança é registado e que a evolução é seguida ao longo do tempo;

- contexto: uma descrição sucinta para situar aquilo que as crianças fizeram bem num contexto…;

- observação: captar aquilo que uma criança realmente diz e faz;

- análise de aprendizagem: recorrendo à apreciação profissional do educador para identificar as capacidades ou conhecimentos precisos que a criança evidenciou naquilo que fez e disse;

- acção: para incitar o educador a aperfeiçoar o planeamento a curto prazo.” Sendo assim, é necessário realizar uma avaliação antes de as crianças iniciarem o seu processo de aprendizagem, para, dessa forma, o educador ir de encontro às necessidades de aprendizagem individuais das crianças (Fisher, 2004).

Uma outra função pedagógica da avaliação é a avaliação formativa, que, realizando-se durante o processo de ensino e de aprendizagem, pretende determinar a posição do aluno ao longo de uma unidade de ensino, no sentido de identificar as aprendizagens que os alunos estão a fazer e as suas dificuldades, de modo a solucioná- las o mais rápida e adequadamente possível.

Esta avaliação é a principal modalidade da avaliação no jardim-de-infância e é caracterizada por ser uma avaliação que permite ao educador verificar se os objectivos que planeou estão ou não a ser atingidos e se as estratégias de ensino que utiliza são as adequadas às crianças. Nesta avaliação a principal preocupação é recolher e analisar dados sobre o ensino e sobre a aprendizagem para reorientar este processo. Para além destas características, a avaliação formativa permite ainda informar os pais e encarregados de educação do processo educativo, das aprendizagens e das competências a cumprir. Esta avaliação tem carácter sistemático e contínuo, o qual se baseia na recolha de dados relativos à aquisição e desenvolvimento de conhecimentos,

149 competências adquiridas, atitudes desenvolvidas e destrezas dominadas pelas crianças (Machado, 2008).

Tal com afirma Fisher (2004: 35), a avaliação formativa tem “como fim fornecer informação ao educador”, ou seja, “é uma parte diária e contínua do ciclo de ensino e aprendizagem, através do qual o educador observa aquilo que as crianças sabem, compreendem e conseguem fazer, de modo a planear o que elas precisam de saber e de fazer a seguir.”

Uma das formas de avaliação formativa é o Portefólio, uma vez que através deste instrumento “os pais e encarregados de educação têm, também, uma informação mais detalhada acerca do desenvolvimento dos filhos, podendo apoiar a avaliação do educador” (Machado, 2008: 47).

Isto deve-se ao facto de no Portefólio constar informações relativas a todas as áreas de conteúdo, aos processos de aprendizagem e aos comportamentos e atitudes das crianças.

Também a reflexão é uma das formas de avaliação, nomeadamente no final de uma actividade, pois no momento de reflexão “as crianças explicam e descrevem às outras aquilo que fizeram e/ou aprenderam no decurso da actividade” (Fisher, 2004: 38). Desta forma, podemos concluir que “a avaliação é absolutamente necessária: pais e educadores devem ter consciência do nível de desenvolvimento em cada criança se encontra, em ordem a fomentar as condições propiciadas de um crescimento integral” (Machado, 2008: 51).

2.2. A prática avaliativa realizada

Para saber quais os conhecimentos e capacidades que o grupo de crianças apresentava, de modo a poder planificar um processo educativo adequado, o qual fosse de encontro às necessidades de aprendizagem por elas apresentadas, observámos atentamente as crianças quer nas actividades livres, quer nas orientadas ou de rotina, uma vez que é importante que as crianças para além de desenvolverem capacidades, desenvolvam também saberes do quotidiano, como por exemplo lavar as mãos, comer sozinho, entre outras.

150 Para além da observação, tivemos, também, algumas conversas informais com a Educadora, me permitiram ajustar as actividades que pretendia desenvolver às necessidades das crianças.

Durante o estágio, realizámos a avaliação formativa através da observação da realização das diferentes actividades desenvolvidas, cujos registos foram feitos por fotografias, pelo que todas as actividades, quer de rotina, quer livres ou orientadas foram fotografadas. Ainda houve registos das aprendizagens das crianças através de desenhos e de outros trabalhos elaborados segundo as temáticas, por exemplo, quando era lida uma história, quando era desenvolvida uma actividade ou ainda após uma diálogo.

Também no sentido de avaliar formativamente, construímos um Portefólio, que, para além de apresentar trabalhos das crianças realizados ao longo dos meses que estivemos estágio, apresentava, também, comentários nossos e da Educadora relativos à evolução das crianças e as avaliações realizadas pelas crianças, como, por exemplo, a avaliação do quadro das presenças e dos trabalhos.