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1. Jardim-de-Infância

1.3. Caracterização da sala de estágio

“No Jardim de Infância, as salas são geralmente organizadas de forma a permitir às crianças a escolha de diferentes tipos de actividade” (Cardona, 1992: 8).

Segundo Bassedas, Hughet e Solé (1999: 106) “o espaço e a sua organização têm grande influência no bem-estar dos profissionais e, ainda mais, das crianças pequenas”, ou seja, é necessário que existam condições para que as crianças se sintam à vontade, condições estas que dependem dos espaços, da higiene e das condições físicas (luz, ventilação, aquecimento, etc.).

Como o espaço tem grande importância no desenvolvimento da vida da criança, este deve ser pensado e reflectido por parte dos profissionais, devendo ir de encontro ao grupo de trabalho que possa existir. Quer isto dizer que os espaços e a forma como estão organizados devem ir ao encontro dos interesses e das necessidades das crianças, de forma a possibilitar o progresso e a evolução das mesmas.

Forneiro in Zabalza (1998: 236) refere que “ o espaço na educação é constituído como uma estrutura de oportunidades. É uma condição externa que favorecerá ou dificultará o processo de crescimento pessoal e o desenvolvimento das actividades instrutivas”.

Também as actividades e tarefas realizadas pelas crianças são determinadas pela organização dos espaços, uma vez que se a criança se deparar com um espaço organizado e destinado a uma área específica, irá desenvolver “um tipo de actividade, bem diferente da brincadeira que poderá desenvolver num espaço aberto sem delimitações” (Esteves, 2009: 14).

O espaço é um factor importante a ter em conta, pois dele e da sua organização dependem a movimentação, a construção, a brincadeira e o jogo da criança (Lobo, 1988).

Segundo Esteves (2009: 17) “cada canto deve ser bem planeado de forma a proporcionar o interesse e o desenvolvimento da criança”, devendo cada um desse “cantos” estar ao nível das capacidades dos alunos proporcionando-lhes dessa forma novas aprendizagens.

29 “O arranjo e a organização do espaço deverão reflectir os valores e fundamentos pedagógicos do educador, a sua concepção da criança, a sua concepção de aprendizagem, a sua concepção de intervenção, baseada na realidade local, nos usos, nos costumes, nas tradições” (Lobo, 1988: 19).

Em relação aos materiais, estes determinam as actividades que podem ser realizadas num Jardim de Infância e devem estar acessíveis às crianças, para que elas o possam ir buscar sozinhas e dessa forma escolher as actividades que pretendem realizar.

De acordo com Brinckman e Taylor (1991: 153), “ a definição das áreas e dos materiais que lá se colocam, importa observar as crianças – os seus interesses, as fases de desenvolvimento, as culturas”. Segundo este autor “ Os materiais devem reflectir a vida do seu dia-a-dia, logo, devem ter em conta os padrões e origens culturais” (Brinckman e Taylor, 1991: 154).

Para Forneiro (1998: 247) “a variedade de materiais está relacionada com a sua capacidade para estimular, “provocar” um determinado tipo de actividades. Normalmente, os materiais condicionam muito, já que as crianças costumam usá-los de um modo muito diversificado”.

O Jardim de Infância de Vendas é constituído por duas salas de actividades, duas casas de banho, um refeitório, uma dispensa e um recreio exterior, o qual não se encontra nas melhores condições, pois como é em terra, quando chove fica enlameado.

A sala de actividades destina-se ao desenvolvimento de actividades, quer orientadas, quer livres, podendo estas ainda ser desenvolvidas nos vários espaços existentes.

Este edifício possui duas casas de banho, uma para as crianças e outra para os adultos, ambas estão destinadas à higiene pessoal das crianças.

Este jardim possui água quente.

O espaço exterior (ver anexo 3), como já foi referido, não possui muitas condições. O piso é irregular e todo em terra, o que significa que ir para o recreio quando chove é praticamente impossível, porque fica cheio de lama, condições que podem proporcionar várias quedas. Também não tem um espaço coberto, o que impossibilita as crianças de o frequentarem quando está a chover.

30 As salas de actividades (ver anexo 4) estão divididas em zonas/áreas específicas de actividades, onde podemos encontrar diverso material de apoio, propício às aprendizagens e brincadeiras das crianças. Na sala principal encontra-se a área da casinha, as mesas de trabalho, a manta de acolhimento, a biblioteca, a estante onde está o material de colagem, a plasticina e os trabalhos, o computador e a estante dos jogos de mesa. Na outra sala, podemos encontrar o espaço da matemática, o espaço da escrita, a mercearia e os jogos de construção como os legos, etc. Todos estes espaços encontram- se separados através de armários que guardam diferentes materiais. Estes possuem também regras, para a sua frequência, as quais foram estipuladas pela Educadora em conjunto com as crianças. As salas estão ainda decoradas com diversos trabalhos executados pelas crianças, assim como diversos materiais que suscitam a fantasia e o jogo simbólico, a criatividade, estimulam o exercício físico e o desenvolvimento cognitivo. Possuem uma grande diversidade de materiais de diferentes formas, cores e texturas. É um local onde todo o material está ao alcance das crianças, tendo acesso aos armários e prateleiras.

O mobiliário é adequado, seguro e simples, não oferecendo perigo aos seus utilizadores. Contem janelas grandes que possibilitam boa luminosidade.

As paredes são claras, laváveis e confortáveis visual e tacticamente. Não apresentam arestas cortantes nem outros aspectos que ponham em risco a integridade física dos que as contactam directamente. A sala é também equipada por uma salamandra.

Infelizmente, não se encontra na sala de actividades uma zona de bancada fixa com cuba, um ponto de água e esgoto.

A Biblioteca (ver anexo 5) é constituída por duas estantes com livros; uma mesa e três pufs formados com pneus reciclados e almofadas. Aqui, as crianças desenvolvem o gosto pela leitura, aprendem a folhear livros, a tratá-los e a conservá-los. Através da audição de histórias, as crianças aumentam o seu vocabulário, ao mesmo tempo que exercitam a memória e a imaginação e se tornam mais comunicativas e sociáveis. Este espaço é frequentado por três crianças de cada vez.

Nos Jogos de Mesa (ver anexo 6) existe uma estante com quatro prateleiras, nas quais se podem encontrar diferentes jogos, como os jogos de enfiamento, os puzzles, os

31 jogos de construção, os dominós, os puzzles de cubos e os puzzles de raciocínio. Neste espaço podem estar quatro crianças. As crianças jogam nas mesas de trabalho ou na manta de acolhimento. Os diferentes jogos estão etiquetados com diferentes cores, consoante os temas dos mesmos, de modo a que as crianças se possam familiarizar com estes e que os consigam colocar por ordem crescente.

Quanto à casinha (ver anexo 7), nela podemos encontrar:

Quarto Cozinha

Uma cama Um armário de cozinha

Uma mesa – de – cabeceira Um lava – loiça

Um espelho Uma mesa com cadeira

Uma cama de bebé Um aspirador

Um baú das trapalhadas Uma tábua de engomar

Um guarda – roupa Um fogão

Dois carrinhos de bebé Um micro – ondas

Um banco Loiças e frutas de plástico

Bonecas Cestas

Este é um dos espaços mais procurados pelas crianças, principalmente as de três anos. É neste espaço que elas realizam brincadeiras de faz de conta e se projectam no mundo dos adultos. Neste espaço só podem estar quatro crianças de cada vez.

O espaço dos Jogos de Construção (ver anexo 8) é constituído por legos, etc. Este espaço é fundamental para as crianças, para o seu desenvolvimento intelectual e motor, porque brincando e jogando ao mesmo tempo desenvolvem a sua imaginação, a sua criatividade, a sua capacidade manual e a sua motricidade fina. Outras das vantagens deste espaço é a possibilidade de as crianças brincarem em grupo e partilharem os materiais existentes, aprendendo, assim, a trocar objectos e a cooperar com os outros.

32 No espaço da colagem, encontra-se a mesa de trabalho, revistas, tesouras e folhas de papel. Aqui podem estar quantas crianças quiserem, pois existem tesouras e lugar para todos.

Para que as crianças possam pintar, é necessário que exista material adequado na sala e isso verifica-se, pois existe um placard para colocar as folhas enquanto as crianças pintam e outro placard para colocar os trabalhos enquanto secam; vários recipientes com tintas; folhas de pintura e pincéis (ver anexo 9). Neste espaço podem estar duas pessoas de cada vez. Para que as crianças obtenham o material, elas necessitam da ajuda da Educadora ou da Auxiliar, devido a serem ainda pequenas. Este espaço é favorável ao desenvolvimento da coordenação visual – motora, as experiências tácteis e visuais sobre os efeitos produzidos pela mistura de cores. Contribui, ainda, para o desenvolvimento da motricidade fina, da criatividade e da imaginação infantil.

No acolhimento (ver anexo 10) existem quatro almofadas e uma manta e é frequentado pelo grande grupo. Aqui faz-se o acolhimento, canta-se os bons dias, faz-se a avaliação de alguns instrumentos da sala, elaboram-se os sumários, contam-se as novidades e contam-se histórias.

Quanto ao espaço da Matemática (ver anexo 11), este é constituído por uma mesa, uma cadeira, material matemático e um placard para colocar os trabalhos desta área. Neste espaço só pode estar uma criança de cada vez.

No espaço da escrita (ver anexo 12) encontramos duas mesas, quatro cadeiras, uma estante, lápis de carvão, canetas e folhas. Neste espaço podem estar quatro crianças. Aqui elas começam a ter contacto com as letras e com a escrita.

Por último, encontramos o espaço da ciência (ver anexo 13), onde existe um microscópio, um computador (não se encontra a funcionar), uma mesa com telefone, uma lupa e lamelas. Neste espaço é permitida a permanência de duas pessoas de cada vez.

Para além dos espaços, também os materiais são diversificados e bem explorados.

O Diário de Grupo (ver anexo 14), analisado e discutido pelo grande grupo, é o instrumento utilizado para gerir os conflitos da turma e manter um ambiente saudável e

33 de cooperação. Este diário é constituído por quatro colunas: “Novidades”, “O que vamos fazer”, “O que fizemos” e “Gostei, Não Gostei”. Aqui as crianças dizem o que gostaram, o que não gostaram, as novidades, o que querem fazer e o que fizeram através da avaliação do dia. O diário de grupo é um instrumento mediador e operador de regulação social do grupo. Este permite influenciar os juízos de valor sobre o trabalho escolar e a sua qualidade.

No Mapa das Regras da sala (ver anexo 15), estão estabelecidas as regras da sala de aula. Estas regras são elaboradas no início do ano pela Educadora e pelas crianças. O objectivo deste mapa é ensinar as crianças de que são necessárias regras para se poder viver em sociedade. O mapa está colocado na parede, num local bem visível que é para as crianças não se esquecerem que existem regras a serem cumpridas.

O Mapa das Tarefas (ver anexo 16) designa as actividades de manutenção de sala de aula e algumas funções desempenhadas pelos alunos. Pressupõe que todos saibam o que é preciso fazer e que cada um se responsabilize por uma tarefa.

Quanto ao Mapa do Projecto (ver anexo 17), este é constituído por cinco partes e serve para mostrar às crianças todos os passos a seguir quando se pretende obter uma resposta, ou seja, ajuda-os a entender como se faz uma pesquisa.

O Mapa dos Aniversários (ver anexo 18) é constituído por vasos, os quais cada um deles designa um mês do ano. As flores dos vasos mostram o número de crianças que faz anos em cada mês. Neste mapa apenas se verifica o mês dos aniversários.

O Quadro do Tempo, das Presenças e do Dia é apenas um só (ver anexo 19). Nele as crianças marcam o dia da semana correspondente ao dia do mês, o tempo e as presenças. Aqui as crianças marcam também o dia em que as crianças fazem anos, consoante o mês em se encontra. A marcação das presenças, por parte de cada criança, destina-se ao registo da assiduidade dos alunos, assinalando cada um a sua presença com um código combinado. Esta função leva os alunos a estabelecerem e a coordenarem um grande número de relações espaciais, temporais e simbólicas. Em relação ao tempo, as crianças colocam um cartão, consoante o estado de tempo que se verifique, no quadrado abaixo do dia da semana e do mês.

Deste modo, pensamos que as condições do Jardim de Infância de Vendas são boas, uma vez que não interferem no trabalho que lá se desenvolve. O improviso e a

34 adaptação às condições que existem são uma das características das pessoas que lá trabalham.

A sala é bastante acolhedora, bem organizada e o espaço que ela oferece está muito bem aproveitado, permitindo que o trabalho lá desenvolvido seja bastante diversificado.

Quanto ao recreio, apesar de não apresentar as melhores condições, com a ajuda da Auxiliar e da Educadora é também aproveitado da melhor maneira, brincando as crianças à vontade.

No que concerne ao refeitório (ver anexo 20), este é somente destinado ao serviço das refeições, que já vêm prontas a ser servidas. Neste compartimento existe ainda os cabides das crianças e é aqui que os pais deixam e vão buscar as crianças. O refeitório é composto por mesas redondas e as respectivas cadeiras, armários com talheres, pratos, copos e ainda outros materiais destinados ao almoço. Devido à existência de uma salamandra, a lenha também é guardada no refeitório.

Em todo o refeitório existem três janelas, que permitem a entrada de luz solar, existe também luz artificial, e um placard, no qual se colocam os avisos, a folha de presenças das crianças que almoçam e ainda as ementas que mudam todas as semanas.