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Entende-se por valoração a quantificação do valor monetário de uma tecnologia específica com o objetivo de comercializá-la ou licenciá-la a terceiros. O objetivo da valoração não é prever o valor exato da tecnologia no momento de sua comercialização, mas fornecer, diante de todas as incertezas que caracterizam o processo de inovação tecnológica, um valor esperado que, de certa forma, capte os riscos e incertezas inerentes a este processo. O termo valoração não deve então ser confundido com o termo valorização ou tampouco comparação de tecnologias (Park & Park, 2004).

Ainda segundo os autores, a valorização é entendida como a busca de meios para agregar valor a uma tecnologia, seja pelo desenvolvimento de aperfeiçoamentos em suas especificações técnicas ou pela sua introdução em novos modelos de negócio, por exemplo. O conceito de avaliação de tecnologias, segundo Santos & Santiago apud Souza (2009), está relacionado com uma primeira análise qualitativa a ser feita em um projeto de P&D, independente de seu estágio de desenvolvimento.

De acordo com Tipping et al (1995), a finalidade básica da avaliação de uma tecnologia é fazer um levantamento de seu potencial de comercialização. Ainda segundo os autores, em uma avaliação, além de se investigar o processo específico de P&D, algumas análises complementares são realizadas com o intuito de estimar o potencial da tecnologia. A primeira dessas é a comparação com soluções tecnológicas concorrentes que visam atender a necessidades similares. Assim, é possível ter ideia da posição da tecnologia em questão em relação a alternativas disponíveis no mercado e, se possível, a alternativas ainda em estágio de desenvolvimento.

Também se podem incluir no escopo da avaliação a tarefa de apontar algumas alternativas de modelo de negócio e seus respectivos potenciais de mercado. Essa análise qualitativa voltada

para o mercado, mesmo que não seja realizada em profundidade, é importante para auxiliar a análise quantitativa do valor da tecnologia. As empresas utilizam alguns métodos de valoração, uns sendo mais relevantes que outros dependendo do tamanho da empresa, seu nível de pesquisa e desenvolvimento, estratégia corporativa e modelo de negócio. Os modelos de avaliação com base em valor monetário, conforme Sveiby (2001), são costumeiramente classificados em três tipos básicos: Abordagens de Custo, de Mercado e de Renda. O método a ser utilizado depende de vários fatores, incluindo a razão pela qual a valoração está sendo feita e a quantidade de dados disponível. A seguir, são apresentados métodos inseridos nessas três abordagens, suas vantagens e desvantagens.

a) Abordagem de Custo: baseada no princípio econômico da substituição. Esta abordagem revela-se limitada, tendo em vista sua dependência de dados necessários à estimativa de custos e à definição do fator de depreciação. De acordo com autores como Sveiby (2015), existem dois métodos que utilizam essa abordagem dependendo do ponto de vista da negociação: o custo de reprodução e o custo de substituição. Do ponto de vista do desenvolvedor, o custo de reprodução é a quantia necessária para reproduzir exatamente o produto. Nesse caso, o objetivo é recuperar o investimento já realizado. Do ponto de vista de quem compra a tecnologia, o custo de substituição é a quantia necessária para a criação de algo que possa ser utilizado de maneira similar.

Ainda segundo o autor, os valores utilizados nos cálculos devem ser os custos relativos ao da valoração e não os custos reais para o desenvolvimento do produto. Os custos estão divididos em diretos e os de oportunidade. Os custos diretos incluem os materiais necessários para desenvolver o produto, trabalho e algumas despesas gerais. Os custos de oportunidade incluem o dinheiro perdido como resultado de investir nesse projeto ao invés de outra oportunidade. Qualquer atraso na venda do produto também resultará em perdas, as quais devem ser incluídas. Por fim, uma potencial obsolescência do produto deve ser contabilizada. Isso pode ser feito considerando-se qualquer aspecto do produto que já esteja obsoleto.

Santos e Santiago (2008) apontam que a principal vantagem desse tipo de abordagem é sua simplicidade. No caso de valoração baseada nos custos auferidos pelo desenvolvedor, o levantamento das informações é bastante direto para os principais custos (e.g.: horas de trabalho, materiais, hora de equipamentos), desde que exista um acompanhamento desses valores durante o desenvolvimento. Já no caso da valoração baseada no custo de substituição, boas estimativas podem ser feitas caso o processo de desenvolvimento seja dominado pelo interessado na aquisição. Essa última vantagem, no entanto, explicita a primeira limitação dessa abordagem.

Drews (2004) enfatiza que quem adquire a tecnologia não domina o processo de desenvolvimento, o que é muito comum para produtos com alto nível de inovação, e estimar os custos de desenvolvimento interno torna-se uma tarefa extremamente complexa. Isso porque a empresa terá que considerar a contratação de pesquisadores, a construção de laboratórios de pesquisa e o risco inerente à mesma, o que não é trivial. Além disso, essa análise muitas vezes acaba negligenciando a receita que a empresa deixa de gerar em função do tempo gasto com o aprendizado para o desenvolvimento interno da tecnologia.

O autor afirma ainda que, quando a tecnologia ainda é nova, a abordagem pelo custo é mais efetiva. Quando se obteve alguma renda com o produto, outros métodos, por exemplo, os inseridos na abordagem pela renda, que serão vistos adiante, podem ser uma melhor opção porque a abordagem pelo custo não leva em consideração essas quantias.

Drews (2004) aponta uma desvantagem desse método, que assume que o custo atual de produção do produto é igual ao seu valor real, o que, muitas vezes, não é verdade. É possível que esse produto custe muito pouco para produzir enquanto que sua demanda é altíssima, o que aumenta seu valor. Acredita-se que esse método só deva ser utilizado quando não existirem informações sobre mercado ou rendimentos futuros.

b) Abordagem de Mercado: é o método mais simples e direto. Assume que o valor da tecnologia é decorrente ao que os participantes do mercado julgam que o é. Assim, um requisito básico dessa abordagem é que exista um mercado público e ativo e dados disponíveis acerca de transações de propriedades comparáveis (DREWS, 2004). E essa é a sua principal limitação, isto é, a indisponibilidade de dados acerca das transações de bens similares à tecnologia para a qual se deseja um valor monetário.

A abordagem pelo mercado, também conhecida como o método transacional, assume que o valor presente de mercado de uma empresa representa o seu valor total (valores dos ativos tangíveis somados aos dos intangíveis). Entendida dessa maneira, esse tipo de abordagem só é efetivamente eficaz quando a empresa tem apenas um tipo de produto ou serviço, o que não é comum nos dias de hoje (FLIGNOR & OROZCO, 2006). Fatores como a data de transação, tipo do produto e localização geográfica devem ser levados em consideração. Drews (2004) afirma que esses fatores adicionais incluem os termos e condições da transação, como a forma de pagamento, e quaisquer circunstâncias adversas, como situação de falência de uma das partes, o que alteraria a transação.

Drews (2004) considera que este método funciona melhor quando há uma grande quantidade de dados de mercado que podem ser usados. Flignor & Orozco (2006) também o

consideram o método mais confiável quando conduzido de maneira correta. A desvantagem desse método é que dados de mercado muitas vezes não estão disponíveis ou são difíceis de obter (Drews, 2004). A abordagem pelo mercado tem maior sucesso quando os dados necessários vêm de uma das partes envolvidas na valoração. Infelizmente, os acordos, em sua maioria, são mantidos em confidencialidade no todo ou em parte, dificultando o acesso à informação necessária para conduzir esse método (FLIGNOR e OROZCO, 2006). É necessário ter um grande volume de informação para que esse método se torne útil.

c) Abordagem de Renda: assume que o valor é determinado pela capacidade de produzir renda que uma certa tecnologia detém. Especificamente, o valor é medido pelo VPL dos benefícios econômicos intrínsecos na vida útil da tecnologia. Sem dúvidas, o FCD é o método mais utilizado atualmente para uma série de aplicações.

Segundo Pitkethly (1997), esse método pode levar em consideração dois fatores importantes na valoração de um ativo: o valor do dinheiro no tempo e as incertezas envolvidas no processo. Esse método é baseado em fluxos de caixa estimados, na vida econômica da propriedade intelectual e na taxa de desconto (DREWS, 2004). Outro componente a se considerar é a vida econômica da tecnologia, a qual pode ser bem diferente da vigência de uma patente (DREWS, 2004; FLIGNOR & OROZCO, 2006). A vida econômica da tecnologia tem relação com a quantidade de tempo em que ela consegue manter algum valor. Se uma tecnologia ficar obsoleta, sua vida econômica pode terminar enquanto a patente ainda está em vigência (FLIGNOR e OROZCO, 2006). O inverso também é verdadeiro, ou seja, uma tecnologia pode manter seu valor ainda que a propriedade intelectual relacionada a ela inexista, tenha sido indeferida, tenha passado o prazo de vigência ou que tenha sido declarada inválida ou de uso limitado (PITKETHLY, 1997).

O terceiro componente é a taxa de desconto, a qual depende dos custos de financiamento do produto. Drews (2004) aponta que a taxa de desconto considera os riscos específicos a uma indústria, assim como aqueles encontrados no mercado. Também pode ser utilizada uma taxa de desconto livre de risco. Nesse caso, os fluxos de caixa devem ser projetados considerando o risco e depois trazidos a valores presentes usando essa taxa livre de risco. Das duas maneiras ambos os fatores são considerados. Em outras palavras, o valor da tecnologia é dado pelos ganhos futuros esperados, descontando-se os riscos.

Na aplicação desse método, é importante lembrar a subjetividade envolvida e os componentes mencionados anteriormente, que devem ser avaliados com atenção por conta disso. Esse método funciona melhor nos casos em que: os fluxos de caixa futuros são estimados com

boa previsibilidade, o tempo de vida do ativo é claro e a taxa de desconto a ser utilizada é facilmente calculada.

Em suma, uma análise baseada no FCD é adequada para ambientes de baixa incerteza. Inserido nos métodos de abordagem pela renda está a Teoria de Opções Reais. Esse método busca contabilizar o valor da flexibilidade gerencial que está associada ao direito, mas não à obrigação, de se investir em algum empreendimento (Black & Scholes, 1973). Isso porque, durante o desenvolvimento de algum empreendimento, os riscos envolvidos são variáveis. A teoria por opções reais é indicada nos casos em que as decisões são tomadas de forma sequencial e a incerteza desempenha um papel fundamental.

A teoria de precificação de opções teve sua origem na precificação das opções financeiras, com a publicação do artigo de Black & Scholes em 1973, porém, o termo Opções Reais só veio a ser utilizado por Brealy & Myers (2003), que destacaram que as oportunidades de expansão de uma empresa (novos investimentos) podem ser vistas como sendo análogas às opções de compra. Em termos gerais, as opções podem ser consideradas como um direito e não como uma obrigação, em uma determinada data (ou antes dela), de comprar ou vender determinado ativo cujo preço está sujeito a alguma variação (HULL, 2004). A lógica de opções reais, como no mercado financeiro, indica que aquele que possui uma opção tem o direito, mas não a obrigação, de exercê-la. Assim, se o valor esperado de se exercer a opção for positivo, o proprietário o fará. Caso contrário, o proprietário não exercerá esta opção, e sua perda ficará limitada ao valor investido para se ter tal opção.

O método de valoração por opções reais apresenta uma evolução com relação ao método de FCD por ser capaz de lidar com várias opções de fluxo de caixa, cada uma com uma taxa de risco que pode variar com o tempo (MITCHELL & HAMILTON, 1988). Essa análise é importante pois, por exemplo, o risco envolvido num processo de P&D vai diminuindo à medida que as etapas do desenvolvimento forem sendo ultrapassadas, isto é, enquanto o desenvolvimento ainda estiver em escala de bancada, o risco de não se obter sucesso (alcançar o resultado esperado) é maior do que quando o desenvolvimento estiver em escala piloto ou até mesmo em escala industrial.

Apesar das vantagens, este método também possui algumas limitações, conforme Mitchell & Hamilton (1988). A primeira delas é que a análise é mais complexa e demorada do que as demais metodologias, pois é necessário coletar mais informações sobre a tecnologia (como por exemplo, séries históricas dos preços dos insumos necessários e dos produtos gerados para a modelagem dos diversos cenários possíveis). Além disso, as técnicas matemáticas utilizadas são

mais sofisticadas que as utilizadas pelo FCD e de pouco conhecimento por quem atua nesta áreas nas empresa. As técnicas apresentadas podem ser sumarizadas de acordo com o Quadro 2.4.

Método Base Vantagens Desvantagens Quando usar

Custo Custo de reprodução ou custo de reposição. Simplicidade na aplicação. Não leva em consideração renda ou lucro. Quando não existirem informações sobre mercado ou rendimentos futuros. Mercado Dados recentes de transações no mercado.

Provê uma valoração precisa quando as empresas têm acesso a informações sobre transações com ativos semelhantes. Dados de mercado muitas vezes não estão disponíveis ou são difíceis de serem obtidos. Quando há uma grande quantidade de informações de mercado. Renda (FCD) Renda prevista de acordo com a vida econômica da tecnologia. Bastante analítico. Método bem dominado por técnicos em valoração. Depende de fatores subjetivos. Não considera a variação das incertezas ao longo do tempo. Fluxos de caixa futuros são

estimados com boa previsibilidade e as incertezas são baixas. Renda (Opções Reais) Renda prevista contabilizando o valor da flexibilidade gerencial. Bastante analítico. Agrega o valor da flexibilidade gerencial ao ativo valorado. Análise é mais complexa e demorada do que as demais metodologias.

Mais indicado para os casos onde a incerteza é alta.

Quadro 2.4: Abordagens dos métodos de monetização de ativos intangíveis. Fonte: Adaptado de Sveiby (2015).

Park & Park (2004) argumentam que a contribuição principal de seu modelo, isto é, sua vantagem competitiva, está essencialmente apoiada na proposição de um método que considera a estrutura das relações entre fatores de tecnologia e fatores de mercado. Isto é, aspectos comerciais de uma tecnologia não são independentes, mas sim influenciados pelos aspectos técnicos de uma tecnologia e vice-versa, denominados de Valor da Tecnologia (VOT) e Valor de Mercado (VOM).

O VOT é referente ao potencial valor que está implícito na tecnologia em si, e esse fator está subdividido em duas porções, chamadas subfatores:

 Fatores Intrínsecos: representam características naturais da tecnologia em si. Consiste essencialmente em: Posição Proprietária, Nível da Tecnologia, Duração da Tecnologia e Grau de Estandardização.

 Fatores de Aplicação: considera aspectos relativos à usabilidade da tecnologia; é composto por Tipo de Tecnologia, Taxa de Contribuição, Escopo de Aplicação e Grau de Perfeição.

Para Park & Park (2004), em se tratando de VOM, o tópico central é o valor prático da tecnologia objeto que é materializada no mercado ou processo de negócio. Portanto, os fatores VOM representam parâmetros requeridos na estimativa dos fluxos de renda e computados no valor monetário. VOM é composto por dois subfatores:

 Fator Tipo do Valor: determinado pelo tipo de renda, isto é, geração de receita ou economia de custo;

 Fator Tamanho do Valor: compreende três parâmetros essenciais à abordagem de renda: i) montante da renda, ii) duração da renda, iii) risco da renda.

Esses dois fatores (VOT e VOM) são organizados de forma a decompor o procedimento de cálculo do valor de tecnologias. No modelo de Park & Park (2004), os fatores VOT e VOM estão relacionados, isto é, não são independentes entre si. A Figura 2.1 mostra essa relação.

Figura 2.1: Relação estrutural entre VOT e VOM. Fonte: Park e Park, 2004.

Como se pode verificar na Figura 2.1, o tipo do VOM é determinado pelo tipo de tecnologia do VOT. Por exemplo, a Geração de Receita (VOM) depende da tecnologia de produto ou componente tecnológico (VOT). Já a Redução de Custos (VOM) geralmente é obtida pelo tecnologia de processo (VOT). Além disso, a duração da receita (VOM) está sujeita à vida da tecnologia (VOT) e a quantidade de receita (VOM) é influenciada por vários tipos de VOTs, como a Posição Proprietária ou Taxa de Contribuição da tecnologia, etc.

Assim, se VOT e VOM forem considerados independentes, um número de fatores pode ocasionar overlapping ou redundância e a acurácia da avaliação pode ser comprometida ou deteriorada. Ao reconhecer esse problema, o método proposto por Park & Park (2004) avalia primeiro os fatores VOT para posteriormente determinar os fatores VOM, com base nos fatores daquele. Park & Park (2004) defendem o argumento de que avaliação de tecnologia tem algo de ciência e algo de arte. E, conforme esses autores, essa visão está apoiada em dois aspectos básicos. Primeiro, a tecnologia não é tangível ou visível. Segundo, o valor econômico da tecnologia é afetado por vários fatores não técnicos, realizados apenas após a comercialização, conforme Boer (1998). Por último, a atividade de avaliação supõe algum nível de subjetividade. De fato, essas observações permitem entender que o gestor pode encontrar obstáculos e dificuldades no processo de avaliação de tecnologias (BOER, 1998).

A avaliação de ativos intangíveis é de interesse tanto dos administradores financeiros como também de investidores e, portanto, há duas categorias essenciais: modelos que oferecem classificações de projetos com base em sistemas de rating (pontuações ou scores), tal como o proposto por Lin & Tang (2009), e modelos que têm como resultado valores monetários para os projetos. Monetizar ativos intangíveis, tais como novas tecnologias o são, não constitui um tema tão recente.

A literatura apresenta basicamente quatro abordagens: i) Abordagem de custos; ii) Abordagem de mercado; iii) Abordagem da renda; iv) Abordagem do valor da tecnologia (VOT) e valor de mercado (VOM). A seguir, o Quadro 2.5 apresenta vantagens e desvantagens das abordagens de monetização de ativos intangíveis presentes na literatura.

Abordagem de Custos Abordagem de Mercado Abordagem da Renda Abordagem do Valor da Tecnologia (VOT) e Valor de Mercado (VOM) Definição

Valuation baseado nos

custos requeridos para reproduzir ou repor o ativo. Valuation baseado no preço de ativos comparáveis no mercado. Valuation baseado na riqueza presente do fluxo futuro de renda. A classificar ao longo deste trabalho. Vantagem Fácil de calcular se os custos são conhecidos.

Fidedignidade à arena de competição da companhia. Possível de capturar a riqueza presente com base na capacidade de gerar receita. A classificar ao longo deste trabalho. Desvantagem Desconhecimento do potencial futuro do projeto. Lacuna de dados de mercado acerca de ativos de comparáveis. Chance de erro devido à estimação do ativo. A classificar ao longo deste trabalho.

Quadro 2.5: Resumo das abordagens existentes para monetização de ativos intangíveis. Fonte: Elaboração própria.

Assim, considerando que a inovação corresponde a um ativo intangível importante; que sua valoração não consegue ser devidamente expressa pelas metodologias tradicionais; que ela é explicitada nos projetos de P&D do SEB como de grande relevância; e que existem particularidades quanto à forma como a P&D é realizada no setor, no Capítulo 3 é apresentada a dinâmica da P&D no SEB, no contexto da reforma institucional iniciada na década de 1990.

3 MUDANÇAS NO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO (SEB)

Em meados da década de 1990, o setor elétrico brasileiro passou por importantes alterações de cunho estrutural e institucional, migrando de uma configuração centrada no monopólio estatal, como provedor dos serviços de infraestrutura e único investidor, para um modelo de mercado. Esse arcabouço legal sustentou, também, a execução da privatização de ativos de serviços de energia elétrica sob controle estadual e federal (ROCHA PINTO & MAISONNAVE, 2012).

O programa de reformas incluía, além da privatização do setor, a introdução de um modelo de regulação baseado no princípio de competição (atividades de geração e comercialização) e monopólio natural (atividades de transmissão e distribuição). De acordo com Rocha Pinto & Masonnave (2012), dentre as principais adequações de caráter estrutural citam-se: a exploração dos serviços de energia elétrica por terceiros, mediante licitação; a manutenção do controle e operação dos sistemas elétricos de forma centralizada; o livre acesso e uso das redes elétricas; a desverticalização das atividades setoriais (geração, transmissão, distribuição e comercialização); criação e regulamentação da comercialização de energia elétrica e a criação da figura do consumidor livre.

A chamada Reestruturação do Setor Elétrico Brasileiro (RESEB) foi implantada com base em várias sugestões apresentadas pela consultoria internacional Coopers & Lybrand, contratada pelo Governo Federal em meados de 1996. O preceito básico desse novo modelo era trazer eficiência econômica e produtiva com aumento da capacidade do sistema e a abertura do mercado de energia elétrica ao capital privado, promovendo a competição entre seus diversos agentes. O eixo das reformas do SEB teve como dínamo a rápida privatização das empresas

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