• Nenhum resultado encontrado

Das 22 proposições ordenadas a partir dos depoimentos, que versam sobre a avaliação do processo de ensino e aprendizagem da língua espanhola, pelos alunos cegos, identificamos 9 Núcleos de referência. No quadro 16, tabela 12 e gráfico 12, estão dispostos estes nove núcleos e seus equivalentes paradigmáticos, e, seqüencialmente, as discussões sobre a incidência deles.

Quadro 17 – NR: Avaliação do ensino da língua espanhola pelos alunos entrevistados.

ORDEM CÓDIGOS NÚCLEOS EQUIVALENTES PARADIGMÁTICOS

1. Ens Ensino Aula; curso.

2. Apr Aprendizagem Conhecimento; aprendizagem; trabalhar. 3. Alceg Aluno cego Nós; mim; nosso; eu.

4. Alus Demais alunos Colegas; grupo. 5. Prof Professor Professora.

6. Op Opinião para nós, alunos cegos, a parte escrita ainda é o nosso calcanhar de Aquiles no processo de aprendizagem da língua espanhola.

A sugestão que faço é trabalhar mais conversação no curso, e no nosso caso, os cegos, termos mais acesso ao texto em braile. (Aluno Pedro)

no curso aprendi mais nas atividades em dupla com os colegas do que propriamente na aula falada pela professora, porque com os colegas eu trabalhava mais a oralidade, eu tinha sempre mais facilidade nas atividades em grupo. (Aluno Júlio) 7. Aval Avaliação Se eu tivesse que dar uma nota ao curso de zero a

dez, acho que, sete e meio ou oito, para mim o objetivo foi alcançado, pois pretendia ter conhecimento do idioma e conhecimento de culturas diferentes; e isso eu consegui. (Aluno Roberto)

Acho que ficaram lacunas principalmente com a parte escrita e creio que deveria ter mais conversação, para ouvir, discutir... (Aluno Pedro) O curso foi muito bom, mas o que deu para perceber é que meu aprendizado foi mais ou menos vinte por cento, deixei de aprender muitas coisas e pretendo continuar o curso. (Aluno Júlio) 8. LíngE Língua Espanhola Língua espanhola; idioma.

9. RecD Recursos Didáticos Atividades em dupla; conversação; texto em braile. Fonte: NASCIMENTO, Irys de F. G. Arquivo pessoal, 2013.

Dos núcleos encontrados, o NR Aluno cego alcançou a maior incidência (Alceg – 23,5 %), depois a avaliação do processo (Aval – 19,6%), seguido da opinião dos alunos (Op – 17,7%) sobre o ensino e aprendizagem da língua espanhola e, seqüencialmente: aprendizagem (Apr – 11,8%), ensino (Ens – 9,8%), Recursos Didáticos (RecD – 7,8%), demais alunos (Alus – 3,9%), Língua Espanhola (LíngE – 3,9%) e Professor (Prof – 2%).

Tabela 12 – Níveis de incidência dos NR: avaliação do ensino da língua espanhola pelos alunos entrevistados

N° de INT Nº de P

OCORRÊNCIA DOS NÚCLEOS DE REFERÊNCIA

Ens Apr Alceg Alus Prof Op Aval LíngE RecD TOTAL

3 22 5 6 12 2 1 9 10 2 4 51

% 100 9,8 11,8 23,5 3,9 2,0 17,7 19,6 3,9 7,8 100 Fonte: NASCIMENTO, Irys de F. G. Arquivo pessoal, 2013.

Gráfico 12 – Avaliação do ensino da língua espanhola pelos alunos entrevistados.

Fonte: NASCIMENTO, Irys de F. G. Arquivo pessoal, 2013.

Percebemos, assim, algumas observações quanto à ausência da expressão escrita nas aulas de Língua Espanhola. Sobre este assunto, apesar de já havermos discutido anteriormente, vimos a necessidade de retomar, pois os alunos destacaram nas falas a inexistência, para eles, de propostas didáticas nas quais a expressão escrita poderia ser trabalhada e, também, ser favorecedora à aprendizagem da Língua Espanhola.

Para Bagno (2005), o ato de escrever não se configura com repetição mecânica de palavras ou orações, e sim como a conscientização de que cada palavra ou oração é apenas uma abertura para o mundo.

9,8% 11,8% 23,5% 3,9% 2% 17,7% 19,6% 3,9% 7,8%

Ens Apr AlCeg Alus Prof Op Aval LíngE RecD

0 5 10 15 20 25

Sendo assim, o professor deve trabalhar esta expressão de forma motivadora, buscando despertar o interesse do aluno. E, no tocante à Língua Espanhola, essa idéia é reforçada por Moreira, M. (2004) que aconselha aos professores a apresentação de oportunidades aos alunos, além das costumeiras decodificações de mensagens.

Em outras palavras, para o ensino da língua estrnageira em questão, é ressaltada a necessidade de que o ensino do desenvolvimento da escrita seja direcionado de maneira a relacionar experiências que viabilizem a utilização em contextos específicos, sejam como recursos de expressão ou de interação comunicativa, cabendo aos professores a criação de estratégias que possibilitem este aprendizado.

Outro aspecto também, nestas estratégias sobre o processo de ensino- aprendizagem para alunos cegos, como expõe Herrero (2000), é a utilização dos outros sentidos, além da visão, sendo importante a utilização de materiais táteis e auditivos, junto aos materiais visuais utilizados pelo restante dos alunos. No entanto, durante as aulas, foram poucas as estratégias com o uso do estímulo tátil, por exemplo, podemos citar, a iniciativa da professora Rosa que segundo o aluno Pedro; “a professora Ana que trabalhava com material concreto, ela levava bastante vídeo, ela levava algumas vasilhas com produtos de limpeza para a gente aprender o nome”. Iniciativa esta que contribuiu para a aprendizagem do referido aluno.

Por outro lado, observamos, a partir da fala de um dos alunos, que houve um pouco de omissão por parte de um dos professores, pois não existia uma preocupação na transmissão de conhecimentos trabalhados em sala de aula, que seriam fundamentais ao aluno, ou havia um possível desinteresse, ou ainda despreparo do professor, que não permitia ao aluno a aquisição desses conhecimentos.

Podemos perceber esta afirmação quando o aluno Roberto esclarece que, “posso dizer que foram duas vertentes, pois tive dois professores diferentes. Enquanto o primeiro fazia questão que a gente participasse da aula juntamente com todos os outros alunos, o segundo tava meio que nem aí”.

De acordo com Marchesi (2004), na sala de aula deve haver uma interatividade entre professor, aluno e conteúdo da aprendizagem para o favorecimento do processo de ensino aprendizagem. Porém, de acordo com a fala acima destacada, esta interatividade estaria funcionando desarmonicamente, uma

vez que o conteúdo da aprendizagem parece se encontrar à margem desse triângulo interativo.

Para Travaglia (2003), a educação lingüística seria concebida como o conteúdo da aprendizagem, sendo caracterizada como necessária importante e fundamental para se viver em sociedade, pois os recursos de determinada língua põem em jogo diversas interações comunicativas, ou seja, oportunizam a capacidade de o usuário empregar adequadamente a língua em diversos contextos de comunicação.

Portanto, esse aprendizado no ensino de Língua Espanhola deve ser compreendido como uma progressão da capacidade de realização da adequação do ato verbal às situações de comunicação para se fazer entender na língua em foco.