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Pode-se constituir uma deficiência dependendo da idade, sexo, fatores sociais e culturais, qualquer perda ou anormalidade da estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica, que resulte numa limitação ou incapacidade no desempenho normal de uma determinada atividade (MASI, 2002).

A Política de Educação Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva considera que a pessoa com deficiência se refere àquela que possui impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental ou sensorial que, em interação com diversas barreiras, pode ter limitada sua participação plena e efetiva na escola e na sociedade (BRASIL, 2008).

No ano de 1997 a Organização Mundial de Saúde classificou as deficiências, e conceituou o termo deficiência como uma perda ou anormalidade de uma parte do corpo (estrutura) ou função corporal (fisiológica), incluindo as funções mentais, cujas limitações das atividades em função desta perda ou anormalidade, seja estruturalmente ou fisiologicamente, entendidas como uma dificuldade no desempenho pessoal.

Na Política Nacional de Saúde da Pessoa com deficiência, o instrumento legislativo do Ministério da Saúde (MS) que orienta as ações deste setor, assim classifica as deficiências:

I - deficiência física - alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções;

II - deficiência auditiva - perda parcial ou total das possibilidades auditivas sonoras, variando de graus e níveis na forma seguinte: de 25 a 40 decibéis (db) - surdez leve; de 41 a 55 db - surdez moderada; de 56 a 70 db - surdez acentuada; de 71 a 90 db - surdez severa; acima de 91 db - surdez profunda; e f) anacusia;

III - deficiência visual - acuidade visual igual ou menor que 20/200 no melhor olho, após a melhor correção, ou campo visual inferior a 20º (tabela de Snellen), ou ocorrência simultânea de ambas as situações; IV - deficiência mental - funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: comunicação; cuidado pessoal; habilidades sociais; utilização da comunidade; saúde e segurança; habilidades acadêmicas; lazer; e trabalho;

V - deficiência múltipla - associação de duas ou mais deficiências. (BRASIL, 2000).

Para fins de delimitação deste estudo, abordaremos principalmente, os conceitos relativos à deficiência visual, baixa visão e cegueira, mostrando a distinção entre eles, para que, posteriormente, possamos enfatizar mais especificamente a cegueira, que permeará nosso estudo.

O Instituto Benjamin Constant (BRASIL, 2013), centro de referência nacional para questões da deficiência visual, a conceitua como a perda ou redução de capacidade visual em ambos os olhos, em caráter definitivo, que não possa ser melhorada ou corrigida com o uso de lentes, tratamento clínico ou cirúrgico.

Para González e Díaz (2007) todo sujeito possuidor de uma alteração funcional na estrutura dos olhos é considerado deficiente visual.

A deficiência visual também pode ser conceituada como uma perda total ou parcial, congênita ou adquirida, com variações relacionadas ao nível e à acuidade4 visual (SILVA, Luzia, 2009).

As pessoas com deficiência visual, por sua vez, são subdivididas em dois grupos: cegos, pessoas com completa perda de visão, isto é, visão nula, sem

percepção luminosa; e pessoas com visão subnormal ou baixa visão, aquelas que apresentam uma perda visual severa, que não pode ser corrigida através de tratamento clínico ou cirúrgico, nem com o uso de óculos convencionais, todavia, com a utilização de recursos especializados ópticos, não-ópticos e eletrônicos poderão realizar algumas atividades da vida diária, por exemplo, leitura e escrita em tinta (BRASIL, 2011).

Como mencionado anteriormente, a deficiência visual está relacionada à baixa acuidade visual ou campo visual restrito. Sendo assim, a Organização Mundial da Saúde – OMS – diferencia os conceitos de baixa visão e cegueira que serão pertinentes à compreensão deste estudo, da seguinte maneira: “baixa visão é aquela que, mesmo após tratamentos ou correção óptica, apresenta diminuição considerável de sua função visual, já a cegueira é a perda total da visão por diversas causas, que vão desde traumas oculares até doenças congênitas”.

Segundo o Ministério da Saúde, a maior parte da população considerada cega tem, na verdade, baixa visão e é, a princípio, capaz de usar sua visão para realização de tarefas. Prevalecer

Para cada pessoa cega, há, em média, 3 ou 4 com baixa visão no Brasil. A prevalência de cegueira na população é de 0,3% e de baixa visão, 1,7%, sendo em maior predominância, a ocorrência das doenças oculares, a responsavel pelo comprometimento da visão em decorrência do avanço da idade (BRASIL, 2011).

As taxas maiores de cegueira e baixa visão são observadas com o aumento da vida média da população, ou seja, para a maioria das pessoas com mais de cinqüenta anos, as doenças oculares relacionadas à idade com maior incidência como: a catarata, o glaucoma, a retinopatia diabética e a degeneração macular (perda da visão no centro do campo visual, a mácula) são apontadas como as principais causas de cegueira no país (BRASIL, 2011).

No que concerne ao âmbito educacional, a pessoa com deficiência visual pode ser caracterizada como cego ou com baixa visão. Sendo considerado cego aquele que apresenta desde ausência total de visão até a perda da percepção luminosa, e com baixa visão, aquele que apresenta desde a capacidade de perceber luminosidade até o grau em que a deficiência visual interfira ou limite seu desempenho.

Entre outras definições existentes, para esse estudo, serão discutidos os conceitos e aspectos relativos à cegueira, mais precisamente ao aluno cego, aquele

que necessita tanto do braile, quanto da audição, isto é, métodos não visuais para aprender (O’REGAN, 2007).

Além disso, não pode ler tipos impressos ampliados, mesmo com o auxílio de potentes recursos ópticos, e, para a leitura e a escrita, necessita da utilização de um instrumento que possibilite o direito à palavra escrita, o Sistema Braile, que se configura como um meio que permite a interação com o mundo necessariamente pautado no verbal, com mediação sem dúvida, da oralidade (REILY, 2004).

Percebemos então, que a cegueira supõe a perda total da visão. No mundo em que vivemos a expressão e o contato visual têm um papel crucial na interação social e, portanto, no desenvolvimento evolutivo e na aprendizagem do sujeito, contudo na criança cega, que se encontra limitada visualmente, esse desenvolvimento ocorre a partir da discriminação, percepção e utilização da informação recebida de forma não relacionada ao visual (DÍAZ E GONZÁLEZ, 2007).

Os mesmos autores supracitados acrescentam, também, que apesar dessa limitação, as crianças com deficiência visual possuem necessidades semelhantes às das outras crianças sem deficiência, a diferença entre elas está na maneira como estas necessidades serão satisfeitas e os recursos empreendidos às respostas esperadas.

A convivência dos alunos cegos, dividindo os mesmos espaços com alunos sem deficiência visual, torna-se uma experiência enriquecedora, desde que lhes seja proporcionada uma mediação que permita o desenvolvimento de suas capacidades cognitivas, afetivas, motoras, sociais e que os leve a compreender a necessidade de participarem ativamente do mundo em que vivem (SILVA, Luzia, 2009). Logo, os educandos cegos precisam ser percebidos nas nossas escolas, como alunos dotados de capacidade de aprendizagem e sentimentos, para que as possibilidades educacionais que lhes forem oferecidas possam favorecer ser crescimento pessoal e social.

Nosso olhar precisa estar voltado para suas potencialidades e não para sua limitação, por isso concordamos com Silva, Luzia (2008, p. 33) quando afirma que:

As pessoas cegas, assim como as demais pessoas com algum tipo de deficiência: física, mental, sensorial, com múltiplas deficiências ou com talentos superiores aos denominados normais, devem ser olhadas e entendidas como pessoas diferentes sim, enquanto aparência, enquanto forma de comunicação, enquanto sua individualidade, mas iguais às demais pessoas, enquanto capacidade de sentir e produzir.

Isto posto, somos levados à reflexão sobre o grande desafio da escola inclusiva: buscar respostas educativas que atendam aos interesses e necessidades dos alunos com e sem deficiência, sem distinção, objetivando uma escola de qualidade para todos.

As discussões sobre a efetivação de uma escola, que responda à necessidade de todos os alunos, se afirmam pelo discurso pautado na demanda por ampliação das possibilidades de inclusão independentemente de suas condições.

Partindo deste direcionamento, refletiremos um pouco sobre a educação de pessoa com deficiência, sua breve historicidade, destacando a educação da pessoa cega, tema proposto por nossa pesquisa.