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AVANÇO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO

Historicamente, era reservado ao homem o direito de ser o único provedor das necessidades da casa. Às mulheres era atribuído as obrigações domésticas. Sendo assim, o direito ao trabalho e a obtenção do próprio sustento era vedado, bem como da participação nas decisões sociais (ANDRADE, 2016).

No decorrer da história as mulheres foram suplantando as barreiras impostas e, aos poucos, galgando melhores posições. Apenas em 1934 o voto feminino foi autorizado no Brasil, dando maior representatividade social às mulheres. Em 1951 foi aprovada pela Organização Internacional do Trabalho, a 29 de junho, a Convenção de Igualdade de Remuneração entre trabalho masculino e trabalho feminino para função igual (OIT, 2017). A partir da década de 70 as mulheres passaram a ocupar melhores postos de trabalhos, ou seja, profissões mais conceituadas e com maior grau de responsabilidade. Posteriormente (entre as décadas de 70 e 80), o movimento feminista destaca-se pelas incansáveis lutas e consegue estabelecer o dia 8 de março como o Dia Internacional da Mulher (ANDRADE, 2016).

Todos esses avanços culminaram em um cenário no qual as mulheres, apesar de ainda não completamente igualitárias em relação aos homens, alcançaram uma relevância de grande cunho. Observando a evolução da participação feminina no mercado de trabalho (Figura 11), percebe-se que a participação masculina na PEA (População Economicamente Ativa) passou de 80,8% para 67,1%, ao passo que a participação feminina mais que triplicou, saltando de 13,6% para 49,9% (ANDRADE, 2016).

Fonte: Adaptado de Censos Demográficos do IBGE – 1950 a 2010

Vinculava-se a imagem da mulher ao de um ser frágil, submisso, destinado às atividades domésticas e passivos de proteção. Esta crença refletia na inserção feminina no mercado de trabalho, fazendo com que as profissões fossem enquadradas dentro destes critérios e, por conseguinte, gerando baixos rendimentos e desvalorização (MARQUES, 2004).

Andrade (2016) afirma haver o dobro da participação masculina, na categoria empregadores, em relação às mulheres. Também discorre que a inserção das mulheres no mercado de trabalho não ocorre de forma honesta, com o desemprego atingindo com mais intensidade as mulheres negras, que sofrem com preconceito relacionado diretamente ao gênero feminino e à cor negra. No mercado de trabalho, a mulher sofre discriminação por idade, origem, gravidez, orientação sexual, deficiência e doença.

A inserção da mulher no mercado de trabalho implica num forte impacto nas relações sociais, pois quebra com a estrutura familiar e cultural pré-estabelecida, além de combater a discriminação de gênero, tanto no âmago remuneratório quanto no relativo ao posto de trabalho (PEREIRA; SANTOS; BORGES, 2005).

Para Andrade (2016), a renda relaciona-se diretamente com a escolaridade. Todavia, quando se adiciona a variável do gênero, nota-se que comparativamente, segundo dados do PNAD (2011), em todos os graus de escolaridade, as mulheres

recebem menos que os homens, evidenciando a existência de uma desigualdade salarial (Tabela 1).

Tabela 1 - Rendimento-hora (R$) da população ocupada no trabalho principal, por grupos de anos de estudo, segundo o sexo e a cor ou raça – 2011

SEXO E COR / ANOS DE

ESTUDO TOTAL ATÉ 4 ANOS 5 A 8 ANOS 9 A 11 ANOS 12 ANOS OU MAIS TOTAL Total 10,2 5,7 6,7 8,9 22 Branca 12,4 6,7 7,4 9,8 23,8 Preta ou Parda 8,1 5,2 6,1 8,1 18,6 MULHERES Total 9 4,7 5,4 7,1 17,7 Branca 10,9 5,5 6,1 7,7 19,3 Preta ou Parda 7,2 4,2 4,9 6,5 15 HOMENS Total 10,9 6,2 7,6 10,4 27,2 Branca 13,6 7,3 8,1 11,6 29,2 Preta ou Parda 8,7 5,6 6,8 9,3 23,2 Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2011, do IBGE

Apesar disso, os estudos de vários especialistas evidenciam que o aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho, cada vez mais consistente, não fez com que houvesse uma diminuição no preconceito sofrido por elas (ANDRADE, 2016).

Abramo (2000) expõe a mesma conclusão, arrazoando que a maior participação das mulheres no mercado de trabalho não foi acompanhada por uma diminuição das desigualdades profissionais entre os gêneros masculino e feminino.

Quanto à população economicamente ativa, as mulheres representam cerca de 40% dos indivíduos. Isso demonstra um movimento diferente daquele que vinha ocorrendo tradicionalmente em nossa sociedade: o crescimento constante e consistente das mulheres na esfera econômica (GOMES, 2005).

Atualmente, as mulheres não só estão inseridas significativamente nas organizações como também ocupam cargos de liderança, porém de forma tímida. A definição para liderança, de acordo com Chiavenato (2004) é um tipo de poder pessoal, tendo inteira ligação com as relações já existentes do líder com as outras pessoas. A liderança está relacionada à habilidade de conduzir as pessoas a fazerem de boa vontade o que o líder solicita.

No Brasil, apesar do número elevado de recém-formadas, apenas 14% dos cargos de gestão/direção são ocupados por mulheres. A maior parte dos cargos de alto escalão nas empresas são dominados pelo gênero masculino (LOUREIRO; IKEDA, 2013).

Corroborando esse dado, Kanan (2013), afirma que, devido a atos discriminatórios ou sexistas, apesar do grande número de mulheres nas empresas, os cargos de liderança ocupados por elas não são expressivos, demonstrando que o preconceito de gênero ainda ocorre em nossa sociedade.

Para Loureiro e Ikeda (2013), o grande desafio é mostrar para essas mulheres que vale a pena assumir um papel de liderança. Este desafio deve-se ao fato do desejo de ter filhos, presente na maioria das mulheres, ser um peso contra o exercício de cargo de liderança, fazendo com que muitas delas não busquem essa oportunidade.

Assim, Metz (2014) afirma que espera-se uma igualdade de direitos tanto no poder público quando no privado, todavia para que isso ocorra, deve existir cooperação dos dois lados: enquanto as empresas devem buscar flexibilidade à manutenção da mulher no mercado de trabalho, para que aproveitem da melhor maneira possível suas competências, as mulheres devem acreditar em si mesmas e continuar almejando cargos superiores.

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