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Análise dos fatores que influenciam as mulheres potiguares a empreender

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

ANÁLISE DOS FATORES QUE INFLUENCIAM AS MULHERES POTIGUARES A EMPREENDER

LEANDRO DE ALMEIDA GONÇALVES

Natal, RN, Brasil 2018

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ANÁLISE DOS FATORES QUE INFLUENCIAM AS MULHERES POTIGUARES A EMPREENDER

LEANDRO DE ALMEIDA GONÇALVES

Natal, RN, Brasil 2018

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Linha de pesquisa: Estratégia e Inovação. Orientador: Prof. PhD. Jamerson Viegas Queiroz.

Esta pesquisa foi financiada pelo projeto “Mulheres Conquistando Autonomia Econômica: ações para inserção e permanência das mulheres do Rio Grande do Norte no mundo do trabalho” – 692015 – SPM/FUNPEC/UFRN.

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Gonçalves, Leandro de Almeida.

Análise dos fatores que influenciam as mulheres potiguares a empreender / Leandro de Almeida Gonçalves. - 2018.

96 f.: il.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Natal, RN, 2018.

Orientador: Prof. Dr. Jamerson Viegas Queiroz.

1. Empreendedorismo - Dissertação. 2. Mulheres empreendedoras - Dissertação. 3. Intenção empresarial das mulheres -

Dissertação. 4. Modelagem de equações estruturais - Dissertação. I. Queiroz, Jamerson Viegas. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 65.012.2

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Projeto de Mestrado

ANÁLISE DOS FATORES QUE INFLUENCIAM AS MULHERES POTIGUARES A EMPREENDER

elaborado por

Leandro de Almeida Gonçalves

como requisito parcial para a obtenção do grau de

Mestre em Engenharia de Produção

O autor aqui designado concede ao Programa de Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio Grande do Norte permissão para reproduzir, distribuir, comunicar ao público, em papel ou meio eletrônico, esta obra, em todo ou em parte, nos termos da Lei.

Assinatura do autor: APROVADOR POR:

Prof. Jamerson Viegas Queiroz, Dr. – Orientador – Presidente.

Prof. Fernanda Cristina Queiroz, Dra. – Membro Interno do Programa.

Prof. Marciano Furukava, Dr. – Membro Externo ao Programa.

Prof. Eduardo Lopes Marques, Dr. – Membro Externo a Instituição.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais, Osman

Gonçalves Júnior e Maria Teresa de Almeida Gonçalves, e ao meu Padrasto Themistocles José da Costa Filho, que sempre me deram apoio e conselhos, e

me mostram que tudo é possível com força de vontade e determinação.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado saúde e sabedoria para vencer todos os desafios da vida. Aos meus pais, por todos os anos de sacrifício e esforços para a minha formação.

Ao meu irmão, Eduardo de Almeida Gonçalves, por sempre colaborar nos obstáculos da vida com paciência e compreensão e pelo apoio e suporte ao longo do mestrado.

Ao meu orientador, professor Jamerson Viegas Queiroz que me deu todo o suporte necessário tanto para o desenvolvimento dessa pesquisa como para minha carreira profissional.

Sincero agradecimento a professora Fernanda Cristina Barbosa Pereira Queiroz, pela confiança e amizade, pela competência nos seus ensinamentos, e pela dedicação e paixão pelos alunos e alunas.

Aos membros da banca, por disponibilizarem seu tempo em ler e avaliar meu trabalho para defesa, aos professores Marciano Furukava (UFRN), Fernanda Cristina Barbosa Pereira Queiroz (UFRN), e Eduardo Lopes Marques (UFV).

À Junta Comercial do Estado do RN – JUCERN pelo apoio e fornecimento dos dados das empresárias potiguares, uma vez que sem essas informações a pesquisa não poderia ter sido concluída.

Aos amigos de curso: Magaly, Ticiane, João, Renata e Ana. Obrigado pela cumplicidade, ajuda e amizade. E, em especial, ao amigo Gabriel que me ajudou e me ensinou muito nestes dois anos de mestrado.

Por fim, agradecer à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que viabilizou professores qualificados e competentes, além de uma estrutura de qualidade para a realização e conclusão da pesquisa. Muito obrigado!

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RESUMO

Esta pesquisa faz parte do projeto “Mulheres Conquistando Autonomia” no qual busca fortalecer a autonomia das mulheres, contribuindo para o aumento da sua inserção e permanência no mundo do trabalho. O empreendedorismo é predominantemente exercido por homens. Todavia, nos últimos anos foi constatado um aumento significativo de mulheres empreendedoras no Brasil e no mundo. Com isso, as mulheres cada vez mais vêm preenchendo esse espaço, em razão das mesmas possuírem características natas do empreendedorismo, o que demonstra uma vantagem de empreender. A participação das potiguares no ramo empresarial vem crescendo significativamente e já são maioria nas principais áreas do microempreendedorismo individual. O objetivo deste trabalho é analisar um modelo estrutural que evidencie o inter-relacionamento dos fatores chaves que influenciam a intenção das mulheres em empreender. A metodologia empregada consistiu em três momentos fundamentais. Inicialmente foi realizada uma pesquisa nas bases de dados a fim de obter um modelo teórico relacionado ao tema do estudo, em seguida foi efetuado uma survey com as mulheres empreendedoras do Rio Grande do Norte para reunir os dados com o propósito de compreender a relevância das variáveis definida pela construção teórica, e no final foi utilizado a modelagem de equações estruturais para detectar os constructos que contribuem com o processo investigado. Como resultados obteve-se que a “atitude pessoal”, as “competências individuais”, e as “características psicológicas” influenciam direta e indiretamente na intenção das mulheres em empreender. Já o construto “dificuldades” no mercado de trabalho não atingiu o nível de significância exigido nesta pesquisa, ou seja, esta variável não influencia as mulheres em empreender. Esse modelo estrutural empregado na pesquisa pode servir de base para um plano de ação a ser expandido pelas empreendedoras, de modo que essas mulheres aprimorem suas habilidades e aperfeiçoem suas capacidades de empreender.

Palavras-Chave: Empreendedorismo. Mulheres empreendedoras. Intenção empresarial das mulheres. Modelagem de equações estruturais.

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ABSTRACT

This research is part of the project “Mulheres Conquistando Autonomia" which seeks to strengthen the women’s autonomy, contributing to the increase of their insertion and permanence in the labor camp. Entrepreneurship is mainly exercised by men. However, in recent years there has been a significant increase in female entrepreneurs in Brazil and in the world. In addition, women are increasingly filling this space, because they have the inner characteristics of entrepreneurship, which shows an advantage to undertake. In the Rio Grande do Norte state, the participation of women in the business sector has been growing significantly and they are already the majority in the main areas of micro individual entrepreneurship. The objective of this work is to analyze a structural model that evidences the interrelationship of the key factors that influences the intention of the women to undertake. The methodology consisted of three fundamental moments. Initially, a search in the databases was first performed in order to obtain a pre-existing theoretical model related to the study theme, then was made a survey with entrepreneur women of Rio Grande do Norte to gather data with the purpose of understanding the relevance of the variables defined by the theoretical construction, and in the end was used the modeling of structural equations to detect the constructs that contribute to the investigated process. As a result, it was obtained that the “personal attitude”, “individual skills”, and “psychological characteristics” influences directly and indirectly in the intention of the women to undertake. On the other hand, the “difficulties” built in the labor market did not reach the level of significance required in this research, i.e., this variable does not influence women to undertake. This structural model used in the research can be the basis for an action plan to be expanded by entrepreneurs, so that they hone their skills and improve their ability to undertake.

Keywords: Entrepreneurship. Women entrepreneurs. Women entrepreneurial

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 16 1.1 PROBLEMA DE PESQUISA ... 17 1.2 OBJETIVOS DO ESTUDO ... 18 1.2.1 Objetivo geral ... 19 1.2.2 Objetivos específicos ... 19 1.3 RELEVÂNCIA E JUSTIFICATIVA ... 19 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ... 20 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 22 2.1 REVISÃO BIBLIOMÉTRICA ... 22

2.1.1 Sistemática revisão analítica da literatura ... 22

2.1.2 Evolução histórica da temática ... 24

2.1.3 Principais revistas ... 25

2.1.4 Principais Autores ... 26

2.1.5 Principais Artigos ... 29

2.2 EMPREENDEDORISMO ... 31

2.2.1 Empreendedorismo no Brasil ... 32

2.3 MULHERES EMPREENDEDO RAS ... 33

2.4 AUTONOMIA DA MULHER ... 36

2.5 PROJETO MULHERES CONQUISTANDO AUTONOMIA ... 37

2.6 AVANÇO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO ... 38

2.7 AVANÇO DA MULHER NO EMPREENDEDORISMO ... 41

2.8 FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR NA INTENÇÃO DAS MULHERES EM EMPREENDER ... 44

2.8.1 Atitude pessoal ... 44

2.8.2 Dificuldades ... 45

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2.8.4 Competências individuais ... 47

3 MÉTODO DE PESQUISA ... 49

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ... 49

3.2 METODOLOGIA DE DESENVOLVIMENTO ... 51

3.2.1 Procedimentos teóricos ... 53

3.2.2 Justificativa do modelo teórico ... 53

3.2.3 Formulação de hipóteses ... 55

3.2.4 Questionário ... 56

3.2.5 Definição de indicadores ... 56

3.2.6 Definição da População e Amostra ... 58

3.2.7 Modelagem de equações estruturais ... 60

3.2.8 Modelo teórico da pesquisa ... 67

3.2.9 Estratégia de Pesquisa ... 67

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 69

4.1 PERFIL DAS RESPONDENTES ... 69

4.2 ANÁLISE DESCRITIVA DAS VARIÁVEIS DO MODELO ... 74

4.3 ANÁLISE COM A MODELAGEM DE EQUAÇÕES ESTRUTURAIS 76 4.3.1 Análise do modelo de mensuração ... 76

4.3.2 Avaliação do modelo estrutural ... 80

4.3.3 Mensuração do modelo estrutural e as hipóteses de pesquisa ... 83 4.4 DISCUSSÃO ... 83 5 CONCLUSÃO ... 85 5.1 TRABALHOS FUTUROS ... 86 REFERÊNCIAS ... 87 APÊNDICES... 93

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APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO DE PESQUISA ... 94 APÊNDICE C – DECLARAÇÃO DE RESPONSABILIDADE DAS INFORMAÇÕES ... 96

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Estrutura da pesquisa ... 21

Figura 2 - Sistematização da elaboração da fundamentação teórica ... 23

Figura 3 - Número de publicações/ano (women Entrepreneurship) ... 24

Figura 4 - Número de publicações/ano (Women Entrepreneurial) ... 24

Figura 5 – Rede de autores ... 27

Figura 6 – Interações de Chen J.J. ... 27

Figura 7 – Interações Minniti M. ... 28

Figura 8 – Interações Ahl H. ... 28

Figura 9 - Capacidades e oportunidades da população brasileira em começar um negócio ... 33

Figura 10 - Atividades empreendedoras entre gêneros ... 35

Figura 11 - Participação na PEA, por gênero – 1950 a 2010 ... 38

Figura 12 - Classificação da pesquisa ... 51

Figura 13 - Desenvolvimento da dissertação... 52

Figura 14 – Modelo teórico de Anggadwita e Dhewanto (2016) ... 53

Figura 15 – Modelo teórico utilizado na pesquisa ... 54

Figura 16 - Etapas da MME ... 61

Figura 17 - Diagrama de caminhos ... 61

Figura 18 - Modelo estrutural ... 62

Figura 19 - Modelo de mensuração ... 63

Figura 20 - Índices estatísticos ... 65

Figura 21 – Representação gráfica do modelo de equação estrutural ... 67

Figura 22 - Estratégia de pesquisa ... 67

Figura 23: Nível de controle sobre a gerência do negócio das empreendedoras... 70

Figura 24: Idade das empreendedoras potiguares ... 70

Figura 25: Formação educacional das empreendedoras do RN ... 71

Figura 26: Estado civil das empreendedoras potiguares ... 72

Figura 27: Número de crianças das mulheres entrevistadas... 73

Figura 28: Atuação dos negócios das empreendedoras do RN ... 73

Figura 29: Faturamento bruto anual ... 74

(13)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Rendimento-hora (R$) da população ocupada no trabalho principal, por

grupos de anos de estudo, segundo o sexo e a cor ou raça – 2011 ... 40

Tabela 2: Média, mediana e desvio padrão das variáveis ... 75

Tabela 3: Valores de Curtose e Assimetria... 76

Tabela 4: Modelos de mensuração reflexivos... 77

Tabela 5: Nova análise do modelo de mensuração reflexivo... 78

Tabela 6: Consistência interna do modelo ... 79

Tabela 7: Valores da validade discriminante ... 79

Tabela 8: Valores dos VIFs de cada indicador ... 80

Tabela 9: Valores dos indicadores do Cross-validated Redundancy ... 81

Tabela 10: Valores dos indicadores do Cross-validated Communality ... 81

Tabela 11: Valores de R² e R² ajustado ... 81

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Periódicos com maior quantidade de publicações por tema ... 25

Quadro 2 - Principais autores que mais publicam por palavra-chave ... 26

Quadro 3 - Triagem dos artigos selecionados e disponíveis ... 29

Quadro 4 - Artigos mais citados por tema ... 30

Quadro 5 - Artigos recentes... 30

Quadro 6 - Tabela representativa do estudo ... 52

Quadro 7 - Perfil dos respondentes e de negócios ... 57

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

GEM Global Entrepreneurship Monitor.

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. SPM Secretaria de Políticas para as Mulheres.

BPW Federação das Associações de Mulheres de Negócios e Profissionais do Brasil.

FNQ Fundação Nacional da Qualidade.

MEE Modelagem de Equações Estruturais.

AEE Análise de Equações Estruturais.

MEI Microempreendedor Individual

CEO Chief Executive Officer

MLE Máxima Verossimilhança

JUCERN Junta Comercial do Estado do Rio Grande do Norte

MEE Modelagem de Equações Estruturais

AEE Análise de Equações Estruturais

RN Rio Grande do Norte

AVE Análise de Variância Extraída

VIF Variance Inflation Factor

CFO Chief Financial Officer

EUA Estados Unidos da América

TEA Total Early-Stage Entrepreneurial Activity

PEA População Economicamente Ativa

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1 INTRODUÇÃO

Esta dissertação faz parte do projeto “Mulheres Conquistando Autonomia: ações para inserção e permanência das mulheres do Rio Grande do Norte no mundo do trabalho”, o qual tem como objetivo estabelecer, com as mulheres e suas organizações representativas, processos formativos e de capacitação, bem como fomentar ações com gestores públicos e atores da sociedade civil visando fortalecer a autonomia econômica das mulheres do RN, contribuindo para o aumento da sua inserção e permanência no mundo do trabalho, por meio da articulação, ampliação e diversificação da oferta e demanda de ações, numa perspectiva crítico-feminista.

O empreendedorismo é uma ferramenta chave para o desenvolvimento e crescimento econômico de um país gerando empregos e aumentando a capacidade de inovação. A crescente busca pelo empreendedorismo aumentou significativamente nos últimos anos, principalmente pelas mulheres, contribuindo para o aumento da autonomia financeira delas.

Os dados mais recentes do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), relacionados aos comportamentos e atitudes empresariais revelam que 40,2% da população brasileira economicamente ativa veem boas oportunidades para iniciar uma empresa na área onde vivem e 27,7% pretendem abrir um novo negócio dentro de três anos, classificando o Brasil em décimo nono entre os 65 países pesquisados (GEM, 2017).

O Brasil está na décima posição mundial quando se trata de empreendedor nascente ou proprietário-gerente de um novo negócio (19,6%) e em terceiro lugar no que diz respeito a igualdade de gênero, isto é, a percentagem de mulheres empreendedoras nascentes, dividida pela percentagem equivalente para seus homólogos do sexo masculino é de 103,6%, revelando que existem mais mulheres iniciando a atividade empreendedora (GEM, 2017).

Todavia, o público feminino ainda possui menor quantidade de cargos de comando dentro das instituições. No Brasil, a taxa de ocupação na função de Chief Executive Officer - CEO totalizou 11% em 2016, um acréscimo de seis pontos percentuais em relação ao ano anterior. O número de empresas com mulheres no comando financeiro (Chief Financial Officer - CFO) registrou o mesmo aumento, de 5% para 11%. Contudo, as instituições brasileiras ainda figuram com uma média de

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19% de cargos de chefia ocupado por mulheres, porcentagem abaixo da média geral, que é de 24% (GRANT THORNTON, 2016).

Apesar desse cenário no qual os homens ainda prevalecem sobre as mulheres nos cargos de chefia, as norte-rio-grandenses estão cada vez mais ganhando força na área do empreendedorismo ao enxergarem cenários de oportunidades de fazer negócio. Em 2013, a potiguar Rosângela Melo conquistou o prêmio “Mulher de Negócios” na categoria “Pequenos negócios”, realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE (SEBRAE, 2017). Este fato valoriza e reconhece o público feminino na esfera dos negócios, destacando-se pelas características competitivas e inovadoras.

A participação feminina no ramo empresarial vem aumentando gradativamente. As microempreendedoras potiguares representam 46,9% dos novos negócios, de um total de 90 mil empresas (SEBRAE, 2017). A quantidade de mulheres norte-rio-grandenses que decidiram empreender e abrir uma empresa cresceu 74,2% (de 66 mil para 115 mil) em uma década, representando um crescimento significante comparado aos homens, que atingiram apenas 12,7% de aumento (SEBRAE, 2017). As mesmas também são a maioria (68,8%) nas principais áreas do Microempreendedor Individual – MEI (SEBRAE, 2017).

Fatores como a busca da independência financeira e o aumento da educação e capacitação das mulheres, explicam o crescimento do público feminino na atividade empreendedora. Outro ponto relevante para este aumento é em relação ao clima econômico do país, ou seja, fatores relacionados ao ambiente econômico, recessões, crises, influenciam na intenção de empreender (GEM, 2016).

Como essas mulheres estão desempenhando um papel cada vez mais importante no mundo dos negócios, é interessante a investigação dos fatores, como a atitude pessoal, a competência individual, as características psicológicas e as dificuldades no mercado de trabalho irão influenciar nas intenções das empresárias em empreender e consequentemente, nos resultados da companhia.

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA

A constante mudança no mundo dos negócios fez com que novos modelos de trabalho surgissem, mudando o comportamento referente ao trabalho e à relação entre as empresas e seus colaboradores devido ao fato das instituições cada vez mais

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reduzirem o custo e demandarem um maior nível de exigência dos empregados (GUEDES, 2009).

Com essas mudanças, as pessoas, progressivamente, buscam abrir o seu próprio negócio, surgindo novas empresas em um mercado novo ou que substituem companhias que não conseguiram se adaptar às transformações. O êxito dessa nova atividade dependerá das habilidades e capacidades do empreendedor, o que se torna um elemento chave na conquista do sucesso profissional.

A participação das mulheres no mercado de trabalho e no empreendedorismo estão tendo um aumento significativo. Em 2001, a participação das mulheres ativas em atividades empreendedoras era de apenas 5,67%. No entanto, em 2015, esse número aumentou para 20,33% (GEM, 2017). Com esse crescimento em um curto intervalo de tempo, o papel do público feminino no desenvolvimento econômico e social do país é bastante considerável.

Não diferente das mulheres brasileiras, a participação das potiguares no ramo empresarial vem ganhando espaço. Suas habilidades e capacidades, como a perseverança, a forma de comunicação e a forma de lidar com as pessoas, indicam uma vantagem nos negócios. Esse fato valoriza e reconhece o público feminino na esfera dos negócios, destacando-se pelas características competitivas e inovadoras. Todavia, ainda há uma desigualdade na remuneração entre homens e mulheres, mesmo ocupando cargos semelhantes, principalmente aquelas posições com maior remuneração (DIAZ-FERNANDEZ; BORNAY-BARRACHINA; LOPEZ-CABRALES, 2015). Além disso, as barreiras e preconceitos, como crenças inerentes a cultura, a dificuldade em financiamentos e o cargo de lideranças, são elementos negativos para o ramo empresarial feminino.

Nesta pesquisa, abordar-se a trajetória das empreendedoras, analisando suas atitudes, suas motivações e seus desafios. Portanto, a questão de pesquisa investigada neste trabalho é: Quais os fatores que influenciam as mulheres potiguares a empreender?

1.2 OBJETIVOS DO ESTUDO

As mulheres estão desempenhando um papel cada vez mais importante no mundo dos negócios, com isso é necessário a construção de um instrumento que auxilie o público feminino na busca por inovação e desenvolvimento.

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1.2.1 Objetivo geral

O objetivo deste trabalho é analisar um modelo estrutural que evidencie o inter-relacionamento dos fatores chaves que influenciam a intenção das mulheres em empreender.

1.2.2 Objetivos específicos

 Determinar o perfil das mulheres empreendedoras no âmbito regional;

 Identificar quais são os fatores chaves que influenciam na intenção das mulheres em empreender nas empresas do Rio Grande do Norte;

 Mensurar o impacto destas variáveis para a amostra em estudo, e suas correlações por meio da modelagem de equações estruturais empregando o software SmartPLS.

1.3 RELEVÂNCIA E JUSTIFICATIVA

A crescente busca pelo empreendedorismo aumentou significantemente nos últimos anos, principalmente pelas mulheres, uma vez que, sendo proprietária de sua empresa, além dos ganhos, esta atividade proporciona oportunidades e autonomia, o que, em muitas organizações, estes fatores são extremamente complexos para o sexo feminino (SALOMÃO, 2011). Esse público cresce, cada vez mais, de forma constante nos postos de trabalhos característicos aos homens, ocasionando um impacto positivo na economia do país (SALOMÃO, 2011).

Os dados do Global Entrepreneurship Monitor – GEM revelam que o Brasil ocupa a nona colocação no âmbito de atividades empreendedoras femininas em estágios iniciais comparado com 60 países do mundo, e em décimo terceiro lugar entre os empreendedores masculinos. Estes dados indicam que as mulheres brasileiras estão cada vez mais em busca do seu próprio negócio.

No Brasil, foi sancionada, no ano de 2006, com intuito de fomentar o empreendedorismo, a Lei Complementar nº 123/2006 BRASIL (2006) que institui normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às ME e EPP, trazendo facilidades tributárias a essas empresas (com o chamado Simples Nacional), e a Lei Complementar nº 147/2014 BRASIL (2014) que amplia benefícios para as pequenas empresas em licitações. Essas novas Leis aumentaram significativamente a abertura de empresas (cerca de 5% a mais comparado com 2014)

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e, consequentemente, alcançaram uma maior arrecadação em 2015 (quase 7% a mais) para os cofres públicos, mesmo em tempos de recessão econômica (GEM, 2017).

Além disso, esse estudo revela o crescimento das mulheres neste ramo, ressaltando o valor e a influência destas na contribuição do desenvolvimento socioeconômico. Assim, é importante destacar que, entre os diversos atributos das mulheres empreendedoras, propõe-se analisar os fatores que as influenciam a empreender, utilizando a modelagem de equações estruturais.

Nesse cenário de crescimento feminino no âmbito empreendedor, detectar os fatores que influenciam as mulheres em empreender, permite estabelecer um perfil dessa parcela significativa do empresariado, possibilitando a melhor compreensão da mulher nos negócios, além de auxiliar no direcionamento de políticas públicas referentes às empresárias.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho está estruturado em seis capítulos, com a finalidade de fornecer maior clareza para as discussões abordadas.

O capítulo 1 (Introdução) retrata a introdução do estudo, por meio da apresentação dos conceitos iniciais sobre o tema de pesquisa, o problema de pesquisa, o objetivo geral e específico, a justificativa e a estrutura da dissertação.

O capítulo 2 (Fundamentação teórica) aborda a revisão bibliográfica sobre os temas: empreendedorismo, empreendedorismo no Brasil, mulheres empreendedoras, autonomia da mulher, avanço da mulher no mercado de trabalho, avanço da mulher no empreendedorismo modelagem de equações estruturais, atitude pessoal, dificuldades, competências individuais, e características psicológicas. Nesta seção, será apresentada toda a fundamentação teórica na qual norteará as etapas da pesquisa.

O capítulo 3 (Método da pesquisa) apresenta os procedimentos metodológicos empregados. Neste capítulo serão especificadas as variáveis do modelo a serem testadas, o método que será utilizado, definição da amostra, a ferramenta de coleta de dados e como será feita a validação do modelo.

O capítulo 4 (Modelagem dos dados) como será elaborada a aplicação e desenvolvimento do método da modelagem empregada para avaliar os fatores que influenciam as mulheres em empreender.

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O capítulo 5 – (Resultados e discussões) expõe todos os resultados obtidos na pesquisa, respondendo ao problema de pesquisa e atender o objetivo geral e os objetivos específicos. Para a preparação e análise do modelo foi utilizado o software SmartPLS.

O capítulo 6 (conclusões) finaliza esta dissertação abordando as considerações finais do autor.

A Figura 1 evidencia a estrutura de capítulos adotada nesta pesquisa. Figura 1 - Estrutura da pesquisa

Fonte: Elaborado pelo autor

•Problema Objetivos Justificativa e Relevancia •

• Características psicológicas;

• Competências individuais; Intenção em Empreender • Dificuldades; Atitude pessoal;

Capí

tul

o

1

•Selecao das referências Definições Tipologia Barreiras

Capí

tul

o

2

•Critérios de escolhas Instrumento de coleta Hipóteses de pesquisa Modelo teórico

Capí

tul

o

3

•1 Modelo teórico 2 Diagrama de caminho •3 Modelo estrutural e de mensuração 4 Qualidade de ajuste •5 Identificação do modelo 6 Estimação do modelo •7 Interpretação e melhoria Capí tul o 4 •Resultados Discussão Capí tul o 5 •Conclusão Capí tul o 6

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo apresenta, em primeiro lugar, a revisão bibliométrica para nortear os subsídios que fundamentam teoricamente o argumento e que dá suporte à análise dos dados. No segundo momento, foram abordadas as referências nas quais se fundamenta a pesquisa, contemplando os temas referentes ao empreendedorismo, empreendedorismo no Brasil, mulheres empreendedoras, autonomia da mulher, avanço da mulher no mercado de trabalho e no empreendedorismo, modelagem de equações estruturais, atitude pessoal, competências individuais, dificuldades e características psicológicas.

O empreendedorismo feminino é um dos assuntos centrais desta dissertação em razão da relevância no contexto nacional e global para as mulheres empresárias que necessitam se sobressair em um mercado desfavorável. Embora as mulheres estejam cada vez mais no ramo dos negócios, ainda são minoria e existem inúmeras dificuldades e barreiras enfrentadas pelas mesmas.

O objetivo deste trabalho consiste em tentar demonstrar, pelo método da Modelagem de Equações Estruturais, se os fatores como competências individuais, características psicológicas, atitude pessoal e as dificuldades podem influenciar na intenção das empreendedoras.

2.1 REVISÃO BIBLIOMÉTRICA

Com o intuito de potencializar o estudo, foram efetuadas as seguintes etapas: 1) revisão analítica da literatura de forma sistemática sobre um determinado tema da literatura, 2) análise da evolução histórica da temática, 3) verificação dos principais autores; 4) exame dos principais artigos; e 5) análise das principais revistas neste segmento.

2.1.1 Sistemática revisão analítica da literatura

Com o intuito de potencializar o estudo, foi efetuada de forma detalhada a sistematização da literatura para a construção da fundamentação teórica. Para este fim, foi construído este roteiro para selecionar as bases teóricas e pesquisas com maior relevância na área, com o objetivo de obter qualidade e resultados satisfatórios. A base de dado empregada nesta pesquisa foi o Scopus e o Web of Science, em razão de serem referências em pesquisas e possuírem grandes quantidades de

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publicações relevantes disponíveis. Além dessas bases de dados, foi utilizada também a biblioteca digital de teses e dissertações da USP, na qual encontram-se trabalhos de grande relevância e que serviram de base para esta pesquisa. A princípio foi realizada uma busca com as seguintes palavras-chaves: “women entrepreneurship”; “women entrepreneurial”.

Em seguida, foram coletadas, nas bases de dados, as informações referentes ao número de publicações ao longo dos últimos anos, os autores relevantes ao tema e as pesquisas mais citadas, possibilitando uma seleção relevante nos trabalhos selecionados.

A coleta de dados dos dois assuntos pesquisados ocorreu da seguinte maneira: primeiramente, foram digitadas as palavras “women” e “entrepreneurship”, nas bases de dados do Scopus e do Web of Science, sendo pesquisados apenas trabalhos que possuem estas palavras-chave, focando somente em pesquisas que de fato serão úteis para a fundamentação. O mesmo procedimento foi empregado com as palavras “women” e “entrepreneurial”.

Por fim, após a seleção dos artigos realizada na etapa anterior, foi executada uma avaliação crítica das publicações. Para isso, foi optado por escolher os artigos mais citados na área e/ou os principais pesquisadores das temáticas em estudo, assegurando o valor das informações obtidas. A Figura 2 expõe a sistematização da literatura.

Figura 2 - Sistematização da elaboração da fundamentação teórica

Fonte: Elaborado pelo autor

Base de dado

– Scopus e Web of Science

–Biblioteca digital de Teses e dissertações da USP

Combinações de busca – Women Entrepreneurship

–Women Entrepreneurial Levantamento das pesquisas – Autores – Artigos – Revistas

Temas Úteis – Mulheres empresárias/empreendedoras

Avaliação Crítica –Principais pesquisadores

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2.1.2 Evolução histórica da temática

Na evolução histórica da temática, estabelecida pela combinação das palavras-chaves “women entrepreneurship” e “women entrepreneurial”, notou-se que estes assuntos tratados abrangem uma ampla gama de publicações, de acordo com o Scopus.

O primeiro tema evidencia um crescimento de publicações científicas durante os últimos anos. A Figura 3 apresenta o total de documentos publicados sobre empreendedorismo feminino. Nota-se uma pequena oscilação entre os anos 2000 e 2004, porém com pouca significância, visto que houve um aumento amplo em tempos recentes.

Figura 3 - Número de publicações/ano (women Entrepreneurship)

Fonte: Scopus (2017)

Na década de 90, pesquisas realizadas com mulheres empresárias eram praticamente nulas. Contudo, a partir de 2005 houve um maior interesse e, consequentemente, um crescimento em publicações sobre o tema. A Figura 4 evidencia que os estudos envolvendo este assunto cresceu nos últimos anos, indicando que este tema está cada vez mais sendo pesquisado por autores de diferentes países.

Figura 4 - Número de publicações/ano (Women Entrepreneurial) 0 10 20 30 40 50 60 70 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016

(25)

Fonte: Scopus (2017)

2.1.3 Principais revistas

A identificação das revistas que mais publicam de acordo com o tema deste estudo, fornece a compreensão de onde buscar e adquirir o conhecimento essencial para a elaboração deste trabalho. Portanto, foi necessário detectar os periódicos que se destacam no assunto em questão.

Para cada conjunto de palavra-chave, foram definidos os principais periódicos que publicam nesta temática, dando prioridade a estes, no momento da execução da fundamentação teórica. O Quadro 1 indica os cincos periódicos com maior número de publicações para cada um dos assuntos tratados.

Quadro 1 - Periódicos com maior quantidade de publicações por tema

Tema Periódico Quantidade

Women Entrepreneurship

International Journal of Gender and

Entrepreneurship 31

International Journal of

Entrepreneurship and Small Business 23 Gender in Management 8 International Entrepreneurship and

Management Journal 8

Entrepreneurship and Regional

Development 5

Women Entrepreneurial

International Journal of

Entrepreneurship and Small Business 6 International Journal of Gender and

Entrepreneurship 3 0 2 4 6 8 10 12 14 16 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016

(26)

Journal of Small Business and

Enterprise Development 3 Entrepreneurship and Regional

Development 2

Indian Journal of Agricultural Sciences 2 Fonte: Scopus (2017)

As revistas International Journal of Gender and Entrepreneurship, International Journal of Entrepreneurship and Small Business e Journal of Small Business and Enterprise Development aparecem em ambas as linhas temáticas, demostrando relevância acadêmica e orientação para pesquisas.

2.1.4 Principais Autores

Foi realizada a identificação dos autores que mais abordam sobre os temas “Women Entrepreneurship” e “Women Entrepreneurial”. Esta análise detectou os autores mais relevantes nos assuntos em questão e, por consequência, os mesmos foram citados neste trabalho. O Quadro 2 evidencia em detalhes os principais pesquisadores por palavra-chave.

Quadro 2 - Principais autores que mais publicam por palavra-chave

Tema Principais Autores Quantidade

Women Entrepreneurship Mas-Tur, Alicia 4 Pettersson, Katarina 4 Ahl, Helene 3 Dalborg, Cecilia 3 De Vita, Luisa 3 Hill, Frances M. 3 Kaciak, Eugene 3 Leitch, Claire M. 3 Mari, Michela 3 Marlow, Susan 3 Women Entrepreneurial

Chahal, Ved Parkash 3 Iakovleva, Tatiana A. 2 Kickul, Jill R. 2 Kumar, Arvind 2 Mavin, Sharon 2 Mitchelmore, Siwan 2 Patterson, Nicola 2 Rowley, Jennifer E. 2 Singh, Ummed 2 Turner, Jane 2 Fonte: Scopus (2017)

(27)

Optou-se por selecionar os 10 principais autores de cada tema, uma vez que a pesquisa realizada no Scopus forneceu centenas de pesquisadores, o que foge do objetivo, que é destacar apenas os mais relevantes. Além disso, como são muitos autores citados, a figura ficaria com muitas informações e os nomes cobrindo uns aos outros.

Desse modo, para obter uma avaliação tanto quantitativa como qualitativa, é necessário analisar um estudo sobre as produções cientificas encontradas culminando na elaboração e analise da rede de autores (Figura 5).

Figura 5 – Rede de autores

Fonte: Elaboração Própria

A Figura 5 evidencia os autores da rede que foram mais citados dentro da amostra de artigos coletados. Isso é relevante, uma vez que estes configuram-se como os principais pesquisadores do tema e os mesmos serviram como base da fundamentação teórica da dissertação. Vale salientar que alguns pesquisadores apresentados na Figura 5, não foram citados nesta dissertação em razão do tema não estar diretamente ligado com este trabalho.

(28)

Fonte: Elaboração Própria Figura 7 – Interações Minniti M.

Fonte: Elaboração Própria Figura 8 – Interações Ahl H.

(29)

Fonte: Elaboração Própria

A Figura 6, Figura 7 e Figura 8 apresentam os três autores que mais se destacam (em vermelho). Dentre eles, Chen J.J. que obteve 15 interações, e Minniti M. e Ahl H que tiveram 14 interações. Portanto são pesquisadores que necessitam de um olhar mais atento para suas produções acadêmicas, em razão dos estudos desta temática, tomam os princípios destes como pilares teóricos.

2.1.5 Principais Artigos

Para a realização da escolha dos artigos foram combinadas as palavras-chaves “women” e “Entrepreneurship”, das quais resultaram em 326 documentos encontrados referentes ao tema e, como critério, foi elaborada a seleção das 100 pesquisas mais citadas. Destes 100 trabalhos, 83 estavam disponíveis para a leitura.

Os mesmos passos foram realizados com os termos “Women” e “Entrepreneurial” sendo constatados 62 documentos, dos quais 43 estavam acessíveis para a análise. O Quadro 3 retrata a amostragem dos artigos na base de dado do Scopus.

Quadro 3 - Triagem dos artigos selecionados e disponíveis

BASE DE DADO SCOPUS

Artigos Encontrados Selecionados Disponíveis Women

Entrepreneurship 326 100 83

Women Entrepreneurial 62 43 43

Total 388 143 126

(30)

Elaborada a triagem dos artigos disponíveis, foram classificados os 126 documentos de acordo com a relevância acadêmica. Para isto, foi utilizado como critério o maior número de citações em ordem decrescente e as pesquisas que abrangem o tema. O Quadro 4 exibe os 10 artigos mais citados dos dois assuntos procurados.

Quadro 4 - Artigos mais citados por tema

Tema Título Autor Ano Citação

Women Entrepreneurship/

Entrepreneurial

Entrepreneurship as a solution: The allure of self-employment for women

and minorities

Heilman, M.E., Chen,

J.J.

2003 66

Perceived financial barriers and the start-up decision: An econometric analysis of gender differences using

GEM data

Roper, S.,

Scott, J.M. 2009 62 Credit programs for the poor and

reproductive behavior in low-income countries: Are the reported causal

relationships the result of heterogeneity bias? Pitt, M.M., Khandker, S.R., McKernan, S.-M., Latif, M.A. 1999 47

What was masculine about the public sphere? Gender and the coffeehouse milieu in post-restoration England

Cowan, B. 2001 44

Incorporating feminist theories into sociological theories of

entrepreneurship

Hurley, A.E. 1999 44

Breaking the "bamboo curtain" and the "glass ceiling": The experience of

women entrepreneurs in high-tech industries in an emerging market

Tan, J. 2008 41

What do we know about the patterns and determinants of female entrepreneurship across Countries?

Minniti, M.,

Naudé, W. 2010 38 Self-employment: The new solution

for balancing family and career?

Wellington,

A.J. 2006 37 Female entrepreneurship and

economic activity Minniti, M. 2010 34 Women entrepreneurs: Jumping the

corporate ship and gaining new wings

Patterson,

N., Mavin, S. 2009 34 Fonte: Scopus (2017)

Além dos artigos mais citados, foi elaborada uma triagem das pesquisas mais recentes publicadas nos últimos três anos. O Quadro 5 evidencia os estudos científicos atualizados.

Quadro 5 - Artigos recentes

Tema Título Autor Ano

Women Entrepreneurship/

Entrepreneurial

Women entrepreneurs in the Republic of Macedonia: Waiting for directions

Ramadani, V.a Gërguri, S.a Dana, L.-P.b Tašaminova, T.a

(31)

Glass Ceiling, the Prime Driver of Women Entrepreneurship in Malaysia: A

Phenomenological Study of Women Lawyers

Mohmad Yazan

Sharif 2015 Personality traits versus work values:

Comparing psychological theories on entrepreneurial intention

Espíritu-Olmos, R., Sastre-Castillo, M.A.

2015 Distribution of the gender wage gap with

endogenous human capital: evidence for Spain Navarro-Gómez, L., Rueda-Narvaez, M.F. 2015 Psychological Determinants of

Entrepreneurial Success and Life-Satisfaction

Przepiorka, A.M. 2016 Abilities and skills as factors explaining

the differences in women entrepreneurship Salvador Manzanera-Romána, Gaspar Brändleb 2016 The influence of personal attitude and

social perception on women entrepreneurial intentions in micro and

small enterprises in Indonesia

Anggadwita, G., Dhewanto,

W.

2016

Nurturing Social Entrepreneurship and Building

Social Entrepreneurial Self-Efficacy: Focusing on Primary and Secondary Schooling to Develop

Future Social Entrepreneurs

Nareatha Studdard, Naporshia Jackson, Maurice Dawson, Brian Leonard, Sharon L. Burton, William Quisenberry 2016

Desafios para a construção da autonomia econômica para as mulheres

Faria, Nalu

Mello, MArisa S. 2017

Fonte: Scopus (2017)

Com o intuito de obter visibilidade ao trabalho, estas pesquisas com maiores citações e estudos recentes foram tomadas como base para a fundamentação teórica, em razão do impacto positivo e obtenção de credibilidade para a mesma.

2.2 EMPREENDEDORISMO

O empreendedorismo é uma ferramenta poderosa para combater a pobreza e a desigualdade social, já que é a chave para o desenvolvimento e crescimento econômico, gerando empregos e aumentando a capacidade de inovação de um país.

(32)

Na literatura há diversas definições sobre empreendedorismo, tornando-se um desafio a definição do seu conceito, podendo levar a múltiplas interpretações e significados distintos (BLUNDEL; SPENCE; ZERBINATI, 2008). “Empreendedorismo não é simplesmente criar um negócio ou o funcionamento da economia. É muito mais sobre como organizamos a sociedade” (BRENKERT, 2002).

Timmons e Spinelli (2008) precisaram empreendedorismo como uma forma diferente de “pensar raciocinar e agir” em um contexto de oportunidades que possam ser aproveitadas em benefício do empreendedor e de terceiros. Para Sathorar (2009) uma definição comum entre os pesquisadores do tema é a geração de valor por meio de novos empreendimentos, assumindo riscos, crescimento acelerado e práticas relacionadas a inovação.

O estudo do empreendedorismo contribui em diversas áreas, como no processo estratégico de uma organização, na revolução das indústrias e mais comumente no desenvolvimento econômico e geração de riqueza (LOUNSBURY; GLYNN, 2001).

A pesquisa realizada por Dana (1996) revela que a percepção a uma oportunidade dependerá da cultura que o indivíduo se insere, ou seja, a resposta muda de acordo com a inserção do cidadão na sociedade, possuindo diferentes visões para o mesmo evento. Para que um indivíduo possa pôr uma ideia em prática (desenvolvimento da ideia em novos produtos ou linhas de negócios) dependerá de como a cultura da instituição adota quais os tipos de projetos são adequados para receber financiamento. Portanto, a cultura dentro de uma empresa é de extrema relevância para se empreender (LOUNSBURY; GLYNN, 2001).

As boas ideias nascem nos portões das escolas, nos clubes, igrejas e outros espaços comunitários, tornando-se arenas para a imaginação empresarial, o recrutamento e a criação de emprego. Logo, esses novos modelos de negócios estão em expansão contribuindo para novos mercados, assim como criatividades e inovações (EKINSMYTH, 2012).

2.2.1 Empreendedorismo no Brasil

O empreendedorismo no Brasil é visto, de um modo geral, positivamente pela população, o que indica que o país tende a empreender, visto que a cultura empreendedora está se propagando e sendo mais aceita pelas pessoas. Na Figura 9 é apresentado que 58,27% da população brasileira entre 18 e 64 anos acreditam que

(33)

têm conhecimentos e habilidades fundamentais para começar um negócio, e 42,38% observam boas oportunidades para empreender, um percentual satisfatório em relação a outros países como os EUA (55,71% e 46,63% respectivamente) e a Coreia do Sul (27,41% e 14,39% respectivamente) (GEM, 2017).

Figura 9 - Capacidades e oportunidades da população brasileira em começar um negócio

Fonte: Global Entrepreneurship Monitor (2017)

O TEA (Total Early-Stage Entrepreneurial Activity) mede o nível de atividade empreendedora em estágio inicial, ou seja, a porcentagem da população entre 18 e 64 anos que são empreendedores nascentes ou proprietários-gerente de algum negócio. Esse índice no Brasil foi de 17,2%, a frente de países como Alemanha (4,7%) e EUA (11,88%) que são exemplos quando se fala em inovação (GEM, 2017).

2.3 MULHERES EMPREENDEDO RAS

Nos últimos anos, a atividade empreendedora feminina resultou em um recorde na formação de novos negócios. Uma das causas para esta popularidade se deu em razão das empresas utilizarem a técnica downsizing (eliminar processos desnecessários tornando a organização mais eficiente e enxuta). Além disso, outro fato relevante é a experiência vivenciada pelas mulheres na maioria das organizações, na qual são frustrantes, em razão da falta de oportunidades para a realização profissional (HEILMAN; CHEN, 2003).

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%

Brazil Alemanha Coreia do Sul Suécia Suíça Estados Unidos

Capacidades e Oportunidades percebidas

(34)

A evolução da participação da mulher no mercado de trabalho deu um salto ao longo do século passado, em todo o mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, no ano de 1900, apenas 20% das pessoas do sexo feminino estavam empregadas, já em 2000, esse número subiu para 60%. Este aumento ocorreu principalmente na parcela das mulheres que têm filhos. Em geral, o sexo feminino escolhe carreiras autônomas para tentar equilibrar a família e sua carreira profissional, uma vez que as políticas de licença paternal não as ajudam e, consequentemente, o custo para a empresa é maior, colocando-as em desvantagem no mercado de trabalho (WELLINGTON, 2006).

Outro fator é que as mulheres já estabilizadas, normalmente, saem do emprego para se tornarem empreendedoras quando ocorrem duas ou três situações: necessidade de independência, circunstâncias pessoais e/ou quando sofrem machismo no local do trabalho. Quando acontece somente uma destas três ocorrências, geralmente continuam no cargo. Porém, quando sofrem duas circunstâncias, como por exemplo a necessidade de independência e problema de gênero no ambiente do trabalho, isto favorece a saída das mesmas para se tornarem empreendedoras. E, na ocasião da existência dos três acontecimentos, é notório o desejo de atuar no ramo do empreendedorismo (PATTERSON; MAVIN, 2009).

Nesse sentido, um estudo realizado com pessoas de ambos os sexos revelou que as mulheres têm uma forte tendência genética de se tornar empreendedoras, enquanto que o sexo masculino é influenciado pelo ambiente compartilhado (ZHANG et al., 2009). A fim de obter melhores informações a respeito das mulheres empresárias na Macedônia, foi elaborada uma pesquisa a qual revelou que as mesmas têm o desejo de trabalhar para si mesmas, dedicam mais de 10 horas de seu dia para o trabalho, e elementos como perseverança, persistência e confiança são variáveis de sucesso para empreenderem (RAMADANI et al., 2013).

A atividade empreendedora é predominantemente masculina, uma vez que historicamente foi associada à imagem do homem (MANZANERA-ROMÁN; BRÄNDLE, 2016). Contudo, as habilidades e capacidades (fatores chaves do empreendedorismo) são oriundas das mulheres, como a perseverança, a forma de comunicação e a forma de lidar com as pessoas, o que indica uma vantagem feminina de empreender, em razão delas já possuírem estas habilidades (MANZANERA-ROMÁN; BRÄNDLE, 2016).

A performance das mulheres nos negócios não é inferior ao sexo oposto (MARLOW; MCADAM, 2013). O que acontece na realidade é a marginalização do

(35)

mercado para este público no qual atuam menos neste setor em razão da discriminação (senso em que homens e mulheres serem diferentes gerando uma hierarquia no qual o homem é superior) (MARLOW; MCADAM, 2013). Portanto, a performance do sexo feminino é constrita (possuem capacidade, mas são limitadas pelo mercado devido a influência de gênero) e não uma performance abaixo da média (MARLOW; MCADAM, 2013).

Com todas essas qualidades, habilidades e capacidades que as mulheres possuem, os obstáculos e barreiras recebidos pelas mulheres desmotivam-nas a empreender. A Figura 10 evidencia a inferioridade nas atividades empreendedoras exercidas pelas mulheres brasileiras e em países com potencial inovador.

Figura 10 - Atividades empreendedoras entre gêneros

Fonte: Global Entrepreneurship Monitor (2017)

Nota-se que no Brasil, essa diferença já não é elevada, comparado com os países desenvolvidos. Uma das causas para este motivo são as dificuldades das mães donas de pequenas empresas serem superior em relação ao sexo masculino, em razão da dupla jornada que possuem em casa e no trabalho. Assim, a busca pela criação de empresas localizadas em espaços familiares vem crescendo ao longo dos

0% 5% 10% 15% 20% 25%

Brazil Alemanha Coreia do Sul Suécia Suíça Estados Unidos

Atividade Empreendedora Masculina x Feminina

Total de Estágio Inicial de Atividade Empreendedora para a População em Idade Ativa do Sexo Masculino Total de Estágio Inicial de Atividade Empreendedora para a População em Idade Ativa do Sexo Feminino

(36)

anos, em razão das novas tecnologias de comunicação que ampliam os limites empresariais a novos negócios (EKINSMYTH, 2012).

2.4 AUTONOMIA DA MULHER

O empoderamento feminino é conceito idealizado em 1995 na Conferência Mundial sobre Mulher. Este conceito abrange não só a representatividade da mulher enquanto participante das instâncias de poder, mas também a capacidade destas atuarem no processo de tomada de decisão, obterem a autonomia econômica e redução das desigualdades entre gêneros (RAPIZO et al., 2015).

Assim, autonomia das mulheres compreende vários aspectos: o econômico, o social, o cultural e o político, que são coextensivos e interdependentes. Isso significa ter independência financeira, ter liberdade e poder de decisão, ter o controle sobre o seu tempo e sobre o seu próprio corpo. No entanto, numa sociedade de extremas desigualdades, a autonomia econômica é determinante para conquista de uma autonomia mais ampla (MORENO; VIUDES, 2012). A dimensão da autonomia econômica é aqui compreendida como a aptidão das mulheres em produzirem o sustento próprio e de seus dependentes. Além disso, elas devem possuir a capacidade de administrarem seus rendimentos decidindo a melhor forma de fazê-lo (FARIA; MELLO, 2017).

No intuito de mitigar as desigualdades de gênero existentes na atual sociedade, a obtenção da autonomia econômica surge como variável decisiva. Entretanto, esse processo sofre com diversos empecilhos, tais como a maternidade, divisão sexual do trabalho, a desvalorização do trabalho produtivo da mulher, dentre outras. Todas estas nuances impõem dificuldades às mulheres não só ingressarem, manterem-se e atuarem igualitariamente. Assim, demanda-se por políticas e serviços públicos que busquem universalizar as oportunidades de trabalho (FARIA; MELLO, 2017).

Na perspectiva de Martins (2004), a autonomia pode ser definida como um estado de independência, exigindo uma consciência, capacidade de escolha, liberdade de pensamento e de ação do indivíduo. Assim, trata-se de uma relação de autoafirmação em relação ao mundo.

Sob a ótica de Fontoura, Gonzalez (2009) aspectos relativos ao trabalho mostram-se como preponderantes para a construção da autonomia dos indivíduos. Complementando-se, Bruschini, Lombardi (2003) destacam que a inclusão feminina

(37)

no mercado de trabalho assume um caráter irreversível e reflete um avanço social em direção à autonomia feminina.

Num outro espectro relevante à autonomia da mulher, encontra-se a divisão do trabalho familiar e doméstico. Sua divisão desigual sobrecai em maior intensidade sobre a população feminina, dificultando a entrada e perpetuação destas no mundo laboral (LAUFER, 2003).

O empoderamento é a base para o desenvolvimento da autonomia feminina, pois, a partir dele, que se alcança uma valorização, fomentando questionamentos relativos a estruturas sociais e, com isto, rompe-se com valores tradicionais da sociedade. Portanto, percebe-se que autonomia assume um caráter amplo de discussão, passando por aspectos econômicos, sociais, de sexualidade, dentre outros (LISBOA, 2008). Para Montaño, Mujer e Cepal, (2001), esse processo pode ser atingido através de políticas que atuem sobre a formalização e divulgação de direitos legais, a inserção dos setores excluídos nas decisões cotidianas e a capacitação para o direito à cidadania.

2.5 PROJETO MULHERES CONQUISTANDO AUTONOMIA

O projeto “Mulheres Conquistando Autonomia Econômica: ações para inserção e permanência das mulheres do Rio Grande do Norte no mundo do trabalho” tem como objetivo estabelecer, com as mulheres e suas organizações representativas, processos formativos e de capacitação, bem como fomentar ações com gestores públicos e atores da sociedade civil visando fortalecer a autonomia econômica das mulheres do RN, contribuindo para o aumento da sua inserção e permanência no mundo do trabalho, por meio da articulação, ampliação e diversificação da oferta e demanda de ações, numa perspectiva crítico-feminista.

O Projeto tem desenvolvido ações nos dez territórios potiguares, de modo a estimular o debate acerca da busca da autonomia das mulheres a partir de cada realidade vivenciada. São realizadas oficinas diagnósticas, que corresponde ao primeiro encontro presencial com o coletivo das mulheres, na perspectiva de conhecer suas demandas. Em seguida, são apresentadas as oficinas de validação com o intuito de validar e priorizar as demandas identificadas. Por fim, são elaboradas oficinas temáticas (Economia Solidária, Cooperativismo, Trabalho e Autonomia Econômica, Acesso a Políticas Públicas e Logística Reversa) com o objetivo de capacitar as mulheres potiguares e contribuir com a conquista de sua autonomia.

(38)

A pesquisa é um processo sistemático para busca de um conhecimento, que amplia a percepção e aprimora o entendimento das coisas. Nesse sentido, o projeto também tem como meta a publicação de artigos, dissertações de mestrado, teses de doutorados com temas relacionados a autonomia, empreendedorismo feminino, dentre outros.

2.6 AVANÇO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO

Historicamente, era reservado ao homem o direito de ser o único provedor das necessidades da casa. Às mulheres era atribuído as obrigações domésticas. Sendo assim, o direito ao trabalho e a obtenção do próprio sustento era vedado, bem como da participação nas decisões sociais (ANDRADE, 2016).

No decorrer da história as mulheres foram suplantando as barreiras impostas e, aos poucos, galgando melhores posições. Apenas em 1934 o voto feminino foi autorizado no Brasil, dando maior representatividade social às mulheres. Em 1951 foi aprovada pela Organização Internacional do Trabalho, a 29 de junho, a Convenção de Igualdade de Remuneração entre trabalho masculino e trabalho feminino para função igual (OIT, 2017). A partir da década de 70 as mulheres passaram a ocupar melhores postos de trabalhos, ou seja, profissões mais conceituadas e com maior grau de responsabilidade. Posteriormente (entre as décadas de 70 e 80), o movimento feminista destaca-se pelas incansáveis lutas e consegue estabelecer o dia 8 de março como o Dia Internacional da Mulher (ANDRADE, 2016).

Todos esses avanços culminaram em um cenário no qual as mulheres, apesar de ainda não completamente igualitárias em relação aos homens, alcançaram uma relevância de grande cunho. Observando a evolução da participação feminina no mercado de trabalho (Figura 11), percebe-se que a participação masculina na PEA (População Economicamente Ativa) passou de 80,8% para 67,1%, ao passo que a participação feminina mais que triplicou, saltando de 13,6% para 49,9% (ANDRADE, 2016).

(39)

Fonte: Adaptado de Censos Demográficos do IBGE – 1950 a 2010

Vinculava-se a imagem da mulher ao de um ser frágil, submisso, destinado às atividades domésticas e passivos de proteção. Esta crença refletia na inserção feminina no mercado de trabalho, fazendo com que as profissões fossem enquadradas dentro destes critérios e, por conseguinte, gerando baixos rendimentos e desvalorização (MARQUES, 2004).

Andrade (2016) afirma haver o dobro da participação masculina, na categoria empregadores, em relação às mulheres. Também discorre que a inserção das mulheres no mercado de trabalho não ocorre de forma honesta, com o desemprego atingindo com mais intensidade as mulheres negras, que sofrem com preconceito relacionado diretamente ao gênero feminino e à cor negra. No mercado de trabalho, a mulher sofre discriminação por idade, origem, gravidez, orientação sexual, deficiência e doença.

A inserção da mulher no mercado de trabalho implica num forte impacto nas relações sociais, pois quebra com a estrutura familiar e cultural pré-estabelecida, além de combater a discriminação de gênero, tanto no âmago remuneratório quanto no relativo ao posto de trabalho (PEREIRA; SANTOS; BORGES, 2005).

Para Andrade (2016), a renda relaciona-se diretamente com a escolaridade. Todavia, quando se adiciona a variável do gênero, nota-se que comparativamente, segundo dados do PNAD (2011), em todos os graus de escolaridade, as mulheres

(40)

recebem menos que os homens, evidenciando a existência de uma desigualdade salarial (Tabela 1).

Tabela 1 - Rendimento-hora (R$) da população ocupada no trabalho principal, por grupos de anos de estudo, segundo o sexo e a cor ou raça – 2011

SEXO E COR / ANOS DE

ESTUDO TOTAL ATÉ 4 ANOS 5 A 8 ANOS 9 A 11 ANOS 12 ANOS OU MAIS TOTAL Total 10,2 5,7 6,7 8,9 22 Branca 12,4 6,7 7,4 9,8 23,8 Preta ou Parda 8,1 5,2 6,1 8,1 18,6 MULHERES Total 9 4,7 5,4 7,1 17,7 Branca 10,9 5,5 6,1 7,7 19,3 Preta ou Parda 7,2 4,2 4,9 6,5 15 HOMENS Total 10,9 6,2 7,6 10,4 27,2 Branca 13,6 7,3 8,1 11,6 29,2 Preta ou Parda 8,7 5,6 6,8 9,3 23,2 Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2011, do IBGE

Apesar disso, os estudos de vários especialistas evidenciam que o aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho, cada vez mais consistente, não fez com que houvesse uma diminuição no preconceito sofrido por elas (ANDRADE, 2016).

Abramo (2000) expõe a mesma conclusão, arrazoando que a maior participação das mulheres no mercado de trabalho não foi acompanhada por uma diminuição das desigualdades profissionais entre os gêneros masculino e feminino.

Quanto à população economicamente ativa, as mulheres representam cerca de 40% dos indivíduos. Isso demonstra um movimento diferente daquele que vinha ocorrendo tradicionalmente em nossa sociedade: o crescimento constante e consistente das mulheres na esfera econômica (GOMES, 2005).

Atualmente, as mulheres não só estão inseridas significativamente nas organizações como também ocupam cargos de liderança, porém de forma tímida. A definição para liderança, de acordo com Chiavenato (2004) é um tipo de poder pessoal, tendo inteira ligação com as relações já existentes do líder com as outras pessoas. A liderança está relacionada à habilidade de conduzir as pessoas a fazerem de boa vontade o que o líder solicita.

No Brasil, apesar do número elevado de recém-formadas, apenas 14% dos cargos de gestão/direção são ocupados por mulheres. A maior parte dos cargos de alto escalão nas empresas são dominados pelo gênero masculino (LOUREIRO; IKEDA, 2013).

(41)

Corroborando esse dado, Kanan (2013), afirma que, devido a atos discriminatórios ou sexistas, apesar do grande número de mulheres nas empresas, os cargos de liderança ocupados por elas não são expressivos, demonstrando que o preconceito de gênero ainda ocorre em nossa sociedade.

Para Loureiro e Ikeda (2013), o grande desafio é mostrar para essas mulheres que vale a pena assumir um papel de liderança. Este desafio deve-se ao fato do desejo de ter filhos, presente na maioria das mulheres, ser um peso contra o exercício de cargo de liderança, fazendo com que muitas delas não busquem essa oportunidade.

Assim, Metz (2014) afirma que espera-se uma igualdade de direitos tanto no poder público quando no privado, todavia para que isso ocorra, deve existir cooperação dos dois lados: enquanto as empresas devem buscar flexibilidade à manutenção da mulher no mercado de trabalho, para que aproveitem da melhor maneira possível suas competências, as mulheres devem acreditar em si mesmas e continuar almejando cargos superiores.

2.7 AVANÇO DA MULHER NO EMPREENDEDORISMO

Apesar de estudiosos considerarem importante equiparar os gêneros em decisões empresariais, é necessário fazer uso da equidade cidadã e debruçar-se com mais empenho sobre toda a progressão empreendedora desse gênero deveras reprimido em um universo laboral fundamentalmente patriarcal. Antes de tudo vale contemplar, segundo Machado (1999), que a gestão feminina converge – em sua maioria – para a objetividade, aliada a estruturas inovadoras e com ênfase na qualidade dos serviços e produtos prestados, características cruciais para prosperar nesse competitivo mercado empresarial.

No entanto, nem sempre essas qualidades foram levadas em consideração. Segundo Castells (1999), o modo de trabalho entre homem e mulher não se limita apenas em questões biológicas. Uma série de outras razões são levadas em consideração. Leite (1994) detalha muito bem tais fatores, como por exemplo, os aspectos sociais incrustados na sociedade que levam, dentre outras situações, à desigual faixa salarial e à não consideração da dupla jornada de trabalho vivida pelas mulheres.

A princípio, o avanço da mulher empreendedora caminhou em paralelo ao progresso feminino no mercado de trabalho. Até 1951, com a norma da Organização

(42)

Internacional do Trabalho - que em tese previa igualdade de gêneros e remuneração - era praticamente nula a participação empreendedora feminina no mundo. Trazendo para o âmbito nacional, só a partir da década de 1970, impulsionada pela primeira crise mundial do petróleo, surgiu a necessidade de se criar novos modelos gerenciais, visto as demissões em massa no setor industrial – grande absorvedor da mão de obra feminina, de menor custo quando comparada à masculina.

Com esse grande desemprego feminino, a mulher então, se via, por necessidade, na busca pelo mercado para atuar como empreendedora, segundo Gomes (2005). Passou a ser usuária da prática do auto emprego, ou seja, a criação de oportunidades próprias de trabalho a partir de pequenos negócios e a passagem da esfera de empregada para empregadora. Em síntese, a crise mundial do petróleo fomentou, no Brasil, o início do empreendedorismo feminino de forma mais aguçada.

A década de 1980, no Brasil, ainda apresentava fortes influências de uma cultura patriarcal de décadas anteriores. Tal fato, que apregoava a dificuldade de ascensão feminina em ambientes trabalhistas, foi o motivador principal, segundo aponta Wilkens (1989), para a exploração da prática do empreendedorismo por elas. A aceleração de abertura de empresas pelas mulheres foi cinco vezes maior do que a abertura de empresas lideradas por homens nessa década. Vale mencionar que tamanho descalabro social perdurou também na década de 1990, segundo Munhoz (2000).

Mesmo com a transcendência do tempo, ainda perdurava na sociedade um pensamento retrógrado cristalizado para com as mulheres e a ascensão laboral, fato que potencializou elas optarem por deixar seus atuais empregos e se lançarem por conta própria como empresárias, na expectativa de poder ter autonomia de pensamentos e decisões e alcançar o sucesso por meio de seu potencial. No entanto, é necessário citar, segundo Natividade (2009), que na maioria das vezes o motivador empreendedor feminino é criado em situações de necessidade ou sobrevivência.

No novo milênio, apesar do lento avanço na esfera social feminina como um todo, foi trazido para discussão, com mais fervor, os entraves que cerceiam o gênero feminino. Com isso, estudos foram levantados e movimentos em defesa a essa classe foram mais incidentes, motivando um pensamento menos preconceituoso e mais construtivista.

Ademais disso, segundo Carreira, Ajamil e Moreira (2001), dois fatores foram os motivadores para inserir as mulheres em condições de empresárias. O primeiro

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