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FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR NA INTENÇÃO DAS

Com o intuito de analisar os fatores que podem influenciar as mulheres em empreenderem, é necessária uma justificativa teórica. Foram definidas 4 variáveis que podem influenciar na intenção das mulheres em empreender, de acordo com a literatura. São elas: atitude pessoal, dificuldades, características psicológicas e competências individuais.

2.8.1 Atitude pessoal

A atitude pessoal é adquirida por meio dos comportamentos (crenças comportamentais), ou seja, se o indivíduo tem um comportamento positivo, logo sua atitude também será favorável.

A atividade empresarial está associada às diferentes percepções do indivíduo. Deste modo, ter uma atitude positiva, relacionada com as oportunidades, e não deixar que a possibilidade de falha seja um impedimento, são fatores positivos que se relacionam com a diferença de gênero para iniciar um negócio (MINNITI, 2010).

O resultado da análise de regressão dos autores Espíritu-Olmos e Sastre- Castillo (2015) revela que o gênero tem efeito altamente significativo, uma vez que

estudantes do sexo masculino mostraram maior atitude empresarial do que as estudantes mulheres.

As atitudes influenciam nas intenções das mulheres e são avaliadas como dimensões internas das pessoas para a prática comportamental. Portanto, a hipótese estabelecida para este estudo é:

H1 A atitude pessoal influencia significativamente a intenção empresarial das mulheres.

2.8.2 Dificuldades

A literatura destaca que mulheres já enfrentam estereótipos logo no início da vida, fazendo com que sejam incentivadas a criar negócios mais tradicionais, nos quais não recebem apoio financeiro.

O público feminino tem mais dificuldades para financiar o início de um novo negócio. Estas barreiras são 7,4% maiores quando comparado ao sexo oposto. Isto se explica pelo fato delas atuarem em setores que precisam de menos capital (tendência). Outro fator é que os bancos oferecem menos créditos para as mulheres, uma vez que o empreendedorismo é caracterizado pelo domínio masculino, dificultando e desmotivando-as a atuar nesta área, visto que suas capacidades são comparadas com a dos homens, geralmente tendo efeitos de excluir, subordinar e marginalizar as mulheres (BLAKE, 2006; HARRISON, 2006; ROPER, 2009 ).

As evidências de discriminações contra as mulheres, principalmente em países menos desenvolvidos, é uma das possíveis explicações para que este público encaminhe em direção a carreira empreendedora. Esta implicância dá-se pelas crenças inerentes à cultura, o que reduz a probabilidade delas de se tornarem empreendedoras e também reduz os benefícios não pecuniários referentes ao empreendedorismo (MINNITI; NAUDÉ, 2010).

As mulheres ainda sofrem preconceito e resistência quando se fala em cargos de liderança - as pessoas preferem ter líderes homens - especialmente quando são tradicionalmente ocupados pelo sexo masculino (EAGLY, 2007). O estudo de Sharif (2015) realizado na Malásia, evidencia que as barreiras de vidro enfrentadas pelas mulheres em qualquer tipo de organização impulsionaram-nas a empreender. Além disso, o preconceito desestimulam-nas de seguir carreiras nas organizações, atraindo-as ao empreendedorismo, em razão do sucesso neste ramo depender somente dos seus méritos (HEILMAN; CHEN, 2003).

Ainda, a análise de Diaz-Fernandez, Bornay-Barrachina e Lopez-Cabrales (2015) concluiu que há maior discriminação de salários entre gêneros em empregos com maiores remunerações. Isto significa que o combate desta distinção não se passa apenas pela promoção da presença feminina em trabalhos melhores remunerados, mas principalmente que todos os postos de trabalho tratem igualmente homens e mulheres.

H2: As dificuldades no mercado de trabalho influenciam significativamente a intenção empresarial das mulheres.

2.8.3 Características psicológicas

Características psicológicas relacionadas ao empreendedorismo têm recebido uma atenção especial. Contudo, os pesquisadores desta área usam algumas definições e metodologias diferentes, dificultando um consenso. Por exemplo: estudiosos acreditam que a necessidade de realização, controle interno, e a tolerância a ambiguidade são fatores que mais contribuem para o desenvolvimento da atividade empreendedora. Porém, em outras pesquisas conclui-se que os que se arriscam moderadamente são mais propensos a empreender, também foram encontrados trabalhos que relatam que a ética de trabalho Protestante tem um maior peso neste ramo (GREEN et al., 1996)

Os resultados obtidos por Green et al. (1996), em pesquisa realizada com empreendedores russos, evidenciam que estes possuem características similares com os empreendedores das economias Ocidentais, como, por exemplo, locus de controle predominantemente interno (se sente mais no controle de sua própria vida, atingindo mais facilmente o sucesso pessoal, em troca de uma exigência muito maior

de si mesmo) e necessidade de conquistas. Além disso, acreditam menos que

“pessoas poderosas” tem controle sobre seu destino econômico, em relação aos não- empreendedores.

Valores pessoais como autotranscedência, conservação (conformidade, tradição e segurança), propensão a mudanças e, principalmente, auto aperfeiçoamento (conquistas e autoridade) são variáveis que corroboram na intenção empresarial. Contudo, os traços de personalidade como as características de controle interno, necessidade de realização (desejo de um indivíduo de realização significativa), traços de bondades, a tolerância à ambiguidade, propensão para o risco

e características extrovertidas são ainda mais explicativos e relevantes na intenção empresarial (ESPÍRITU-OLMOS; SASTRE-CASTILLO, 2015).

A análise das características psicológicas pode funcionar como recurso para o enfrentamento das adversidades das necessidades de projetar atividades que promovam a realização de metas empresariais, ou seja, verificar as intenções dos indivíduos de iniciar um negócio é importante para responder o motivo pelo qual algumas pessoas são propícias a empreender e outras não. Fatores como esperança e, principalmente, orientação da ação (relacionada a decisão e a falha) são de grande relevância para resultados satisfatórios e consequentemente para o desempenho da empresa. (PRZEPIORKA, 2016).

As características psicológicas são um dos fatores que levam ao indivíduo exercer as atividades empreendedoras. Além disso, são estes atributos que afetam as competências individuais. Portanto, as hipóteses desta pesquisa são:

H3 As características psicológicas influenciam significativamente a atitude pessoal.

H4 As características psicológicas influenciam significativamente as competências individuais.

2.8.4 Competências individuais

Competência tem um papel primordial para o sucesso empresarial. O conceito de competência abrange o conhecimento, as habilidades e as atitudes. Estes fatores afetam diretamente no desempenho positivo que estão fundamentados no intelecto e na personalidade. Por outro lado, a competência relaciona-se também com a prática administrativa, uma vez que o alinhamento das competências as necessidades estabelecidas pela posição na organização são tão importantes quanto os atributos do indivíduo (MAMEDE; MOREIRA, 2005).

Man e Lau (2000) categorizaram seis tipos de competências: oportunidade (reconhecer as oportunidades de mercado), relacionamento (interação entre pessoa para pessoa ou interação do indivíduo para um grupo de pessoas), conceituais (diferentes capacidades conceituais que se reflete no comportamento empreendedor), organizadoras (organização de recursos físicos, financeiros e tecnológicos), estratégicas (definição, avaliação e estratégias da empresa), comprometimento (com os objetivos, com os colaboradores e com crenças e valores com objetivos pessoais para avançar com o negócio) e competências de apoio e equilíbrio entre trabalho e

vida pessoal (aprendizado, adaptação, administração do tempo, avaliação pessoal, equilíbrio entre trabalho e vida pessoal).

As competências individuas direcionadas ao empreendedorismo não são características pessoais fixas, ou seja, podem ser ensinadas. Porém pesquisas demostram que o retorno será maior de acordo com o público alvo, uma vez que o efeito da educação (medido em anos de escolaridade) é positivo e mais significativo sobre os empresários comparados com funcionários. Este motivo deve-se ao fato dos empreendedores terem maior autonomia comparados com funcionários, que por sua vez não tem muito tempo para dedicar um tempo para a educação (VAN DER SLUIS; VAN PRAAG; VAN WITTELOOSTUIJN, 2007).

H5: As competências individuais influenciam significativamente a atitude pessoal.

3 MÉTODO DE PESQUISA

Nesta seção são apresentados os procedimentos metodológicos que conduzem este trabalho. Destacam-se três momentos relevantes: (i) caracterização da pesquisa, (ii) metodologia de desenvolvimento e (iii) procedimentos teóricos. É importante ressaltar que os métodos foram definidos com o intuito de responder os objetivos de pesquisa propostos inicialmente. Portanto, neste capítulo foram apresentados a justificativa de escolha do método, a dimensão do estudo e plano amostral, o instrumento de coleta de dados, os procedimentos de coleta, e os métodos de análise e tratamento dos dados

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