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BRASIL

4. ANÁLISE DO PARQUE ESTADUAL DO LAJEADO: CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL

4.1.8. Avaliação Ecológica da Fauna do Parque Estadual do Lajeado (PEL)

4.1.8.2. AVES

Figura 66: Atividade e uso de estratos das

25 espécies de lagartos da área de

influência do PEL (2002)

b) guildas: foram levantados com base nos trabalhos de campo e dados de literatura.

Foram estabelecidas 8 guildas referente aos principais itens de alimentação da espécie, cada uma associada apenas a uma guilda, sem sobreposição;

c) sensibilidade aos distúrbios: algumas espécies são mais vulneráveis que outras à pressão antrópica. Em função disso, definiram-se 3 categorias - alta, média e baixa- sensibilidade a distúrbios (Stoltz,1996). Espécies altamente vulneráveis são bons indicadores de qualidade do ambiente;

d) Prioridade de conservação: conforme literatura disponível (Stoltz, 1996) e dados de campo, foram definidas as seguintes categorias qualitativas em relação à prioridade de conservação:

- urgente - a espécie já está em perigo e necessita de ações para sobreviver;

- alta - a espécie está ameaçada à sua distribuição geográfica e/ou restrições de hábitat e já mostra sérios sinais de declínio populacional;

- média - a espécie não está em perigo em curto prazo, mas é vulnerável se a tendência de destruição de hábitat continuar;

- baixa - espécie de ampla distribuição, não está em risco, é generalista em relação ao hábitat.

e) dependência de hábitats florestados no bioma do cerrado: Silva (1995) estabelece 3 critérios sobre dependência de hábitats florestados para algumas espécies na região do cerrado. Assim, as espécies podem ser: dependentes, semidependentes e

independentes;

f) status local das espécies - foi calculado o status local das espécies que ocorrem no PEL, baseado no número médio de registros computados. Calculando-se o número médio de registros, foram arbitradas as seguintes categorias de status local:

- 1 registro = rara

- 2 registros a 1 x média + 1 registro = pouco freqüente - 1 x média + 1 registro a 2 x média + 1 registro = freqüente - 2 x média + 1 registro a 3 x média + 1 registro = abundante - acima de 3 x média + 1 registro = muito abundante

Resultados e Discussão

No presente estudo, foram registradas 219 espécies de aves para a região (Quadro no Anexo 1), distribuídas em 48 famílias. As famílias com maior número de espécies foram Psitacidae e Picidae, (as duas com 11 espécies), Caprimulgidae (8) e Trochilidae (7), entre os não-passeriformes e Tyrannidae (37 espécies), entre os passeriformes.

Observa-se que a região considerada nesse estudo abriga uma elevada riqueza de aves. Às particularidades da área e seu estado de conservação, e mesmo a variações nas densidades das espécies de aves, algumas espécies podem ser consideradas raras local ou regionalmente, o que torna seus registros ocasionais.

O presente estudo realizado na área de influência do Parque Estadual do Lajeado revelou 2 registros novos para a região de influência da UHE Lajeado, a saber: Tachybaptus dominicus e Crotophaga major.

Com o centro de distribuição Amazônico, foram constatadas 19 espécies, a exemplo, Monasa nigrifrons e Cacicus cela. E com centro de distribuição Atlântico, identificou-se Corythopis delalandi. Os visitantes da América do Norte estão representados apenas por

uma espécie: Catharus fuscescens. E como representantes vindos do Sul, há duas espécies: Turdus amaurochalinus e Stelgidopteryx ruficolis.

No cerrado, foram detectadas 119 espécies, 110 nas formações florestais, 72 no campo sujo, 14 em ambientes aquáticos e 1 associada a ambientes antrópicos. Os ambientes florestais apresentaram maior número de espécies que só foram observadas nesses locais, 65, seguidos de cerrado, 19, no campo sujo, 9 e 3 em ambientes aquáticos (Figura 67).

Estratificação

Em relação à estratificação, 35,6% das espécies usam exclusivamente o dossel. As espécies que compartilham a utilização do dossel e outro estrato qualquer representam 46,1%. O estrato terrestre é ocupado exclusivamente por 18,7% das espécies. As espécies que são terrestres e compartilham outro estrato representam 27,8%.

No sub-bosque e estrato médio encontram-se as espécies mais exigentes com relação ao hábitat e à integridade de suas gradações. A família Hirundinidae e Apodidae são as únicas a utilizarem exclusivamente estrato aéreo.

Guildas

As guildas dos insetívoros apresentam maior número de espécies, totalizando um percentual de 35,6%, pertencentes às seguintes famílias: Nictybiidae, Caprimulgidae, Apodidae, Galbulidae, Dendrocolaptidae, Furnaridae, Formicariidae, Rhynocryptidae, Hirundinidae, Troglodytidae. Mimidae, Silviidae, Vireonidae.

As famílias Tinamidae, Cracidae, Psittacidae, Trogonidae e Turdidae são formadas somente por frugívoros. Entre os piscívoros, encontram-se apenas duas famílias: os Ardeidae, com 2 representantes, e os Alcedinidae, também com 2 representantes.

Todas as espécies das famílias Accipitridae, Tytonidae e Stringidae são carnívoras. Nos Falconidae, todas as espécies também são carnívoras, com exceção do Caracará plancus, que é onívoro.

Figura 67: Espécies associadas aos ambientes e espécies que foram específicas quanto a esse critério no PEL.

As 3 espécies da família Cathartidae são necrófagas, e as 7 espécies da família Trochilidae são nectarívoras.

Nas famílias Tyrannidae e Emberezidae as espécies apresentam mais de duas guildas. Na primeira, há frugívoros, onívoros e insetívoros e, para a segunda, frugívoro e granívoro.

Sensibilidade a Distúrbios no Hábitat

Foram observadas 3 espécies de ambientes florestados com alta sensibilidade a distúrbios, a saber: Leucopternis albicollis, Pteroglossus castanostis e Piculus leucomoelas. Apenas Charitospiza eucosma se destacou como espécie do cerrado com alto grau de sensibilidade.

Prioridade de Conservação

Nenhuma espécie apresentou prioridade um (1) para conservação e somente Rhea americana apresentou prioridade 2. Seis espécies são da categoria três (3) de prioridade de conservação: Ara ararauna, Heliactin cornuta, Melanopareia torquata, Cyanocorax cristatelus, Sicalis citrina e Saltator atricollis.

Comparando-se com os levantamentos realizados para a UHE Lajeado, há um acréscimo de 18 espécies não relatadas para a área do Parque Estadual do Lajeado, incluindo-se 2 novos registros para a área de influência da UHE Lajeado (Tachybaptus dominicus e Crotophaga major).

Espécies Indicadoras da Qualidade Ambiental

Como indicadoras da qualidade ambiental, foi constatada a presença de 11 espécies da Família Psittacidae, 5 da Família Ramphastidae e 11 da Família Picidae. Essas espécies são indicadoras da qualidade ambiental, por necessitarem de árvores senis para nidificação em suas cavidades. A presença dessas espécies atesta a existência de tais ambientes, ainda que no PEL estejam presentes locais com vegetação alterada.

Espécies Ameaçadas de Extinção

Foi detectada uma espécie ameaçada de extinção (Dendrocincla fuliginosa), segundo IBAMA (2002) e foram listadas 3 espécies que constam na relação de espécies ameaçadas ou vulneráveis (Charitospiza eucosma, Rhea americana e Neothraupis fasciata - IUCN).

Foram observadas 7 espécies endêmicas (Antilophia galeata, Melanopareia torquata, Thamnophilus torquatus, Cyanocorax cristatellus, Basileuterus leucophrys, Caritospiza eucosma (também no IUCN) e Saltator atricapillus, indicando a importância da criação de reservas na região.

Status Local das Espécies

Em relação ao status local, 22 (16,42%) espécies foram classificadas como raras, 72 (53,74%) espécies como pouco freqüentes, 24, freqüentes (17,91%), 8 (5,97%) abundantes e 8 muito abundantes (Figura 68).

Figura 68: Status local das aves registradas no PEL

(2002).

O gráfico referente ao status local para a comunidade inventariada por dados primários indica uma comunidade com representantes nas várias categorias no PEL, com um predomínio de espécies pouco freqüentes. Esse fato indica um ambiente ainda não muito degradado, pois, quando a degradação é acentuada, não são encontradas todas as classes apresentadas. Por outro lado, áreas bem preservadas apresentam um valor percentual mais elevado de espécies raras. O PEL está em uma situação intermediária e esse tipo de dado pode ser usado como um indicador da qualidade ambiental.

No documento Plano de Manejo do Parque Estadual do Lajeado (páginas 172-176)