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BRASIL

4. ANÁLISE DO PARQUE ESTADUAL DO LAJEADO: CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL

4.1.8. Avaliação Ecológica da Fauna do Parque Estadual do Lajeado (PEL)

4.1.8.3. MAMÍFEROS

Figura 68: Status local das aves registradas no PEL

(2002).

O gráfico referente ao status local para a comunidade inventariada por dados primários indica uma comunidade com representantes nas várias categorias no PEL, com um predomínio de espécies pouco freqüentes. Esse fato indica um ambiente ainda não muito degradado, pois, quando a degradação é acentuada, não são encontradas todas as classes apresentadas. Por outro lado, áreas bem preservadas apresentam um valor percentual mais elevado de espécies raras. O PEL está em uma situação intermediária e esse tipo de dado pode ser usado como um indicador da qualidade ambiental.

Resultados e Discussão

As informações do diagnóstico do grupo de mamíferos do Parque Estadual do Lajeado revelaram uma mastofauna diversa, com composição de riqueza de espécies muito semelhante à encontrada para os estudos da UHE Lajeado, considerando, principalmente, a diferença de esforços até então empregados.

Foram registradas 41 espécies de mamíferos para a região estudada (Listagem no Anexo 1), dos quais 6 são ameaçadas de extinção em território brasileiro e constam da lista oficial de mamíferos brasileiros ameaçados.

Essas espécies devem sempre ser objeto de atenção especial, para se detectar sua real condição regional, já que é sabido que algumas espécies consideradas em risco em âmbito nacional podem ser abundantes localmente, principalmente em regiões nunca antes estudadas. As espécies são: Speothos venaticus (cachorro-do-mato-vinagre), Myrmecophaga tridactyla (tamanduá-bandeira), Chrysocyon brachyurus (lobo-guará), Leopardus pardalis (jaguatirica), Panthera onca (onça pintada), Puma concolor (puma ou suçuarana) e Oncifelis colocolo (gato palheiro). Foram encontradas ainda, 5 espécies citadas no Apêndice II do CITES e 3 espécies consideradas vulneráveis pelo IUCN.

Foram registradas 38 espécies em formações florestais, 35 espécies em cerrado senso restrito, 27 em áreas de campo sujo, 24 em ambientes antropizados e 3 em ambientes úmidos (Figura 69). Não foram encontradas espécies exclusivas para cada um dos tipos de ambientes.

Figura 69: Número de espécies de mamíferos que ocorrem nos vários tipos de ambientes no PEL.

Dos mamíferos registrados no PEL, 21 (51,00%) são de pequeno porte, 10 (24,50%) são de médio porte e 10 de grande porte (24,5)%. Caso o PEL venha a ficar isolado pela degradação ambiental nos seus arredores, principalmente essas espécies de grande porte podem vir a ficar comprometidas por endogamia, deriva gênica e efeito bottleneck em função do isolamento, que impossibilitará a troca de material genético. Também aspectos da biologia das espécies podem representar dificuldades para a conservação. Ozotocercos bezoarticus, por exemplo, apresenta alterações sazonais em sua área de vida em função da sazonalidade, sendo seu home range maior na estação seca (Leeuwenberg et al, 1997).

Também de forma previsível, a influência do bioma Amazônico se faz sentir pela presença de espécies com centros de distribuição naquele ambiente. Assim, o marsupial Didelphis marsupialis (gambá) é encontrado com a espécie de áreas abertas Didelphis albiventris.

O grupo dos mamíferos é particularmente importante, pois abriga espécies cujos indivíduos utilizam enormes áreas de vida. Assim, a ocorrência de felinos de grande porte e de primatas indicam vastas regiões com potencial de existência de diversas outras espécies, pelo simples fato da extensão territorial conter diversos hábitats. Desta forma, a criação de Unidades de Conservação que garantam a permanência desses grupos na sua área de influência certamente estarão contribuindo para a preservação da mastofauna regional, que, em se tratando do estado do Tocantins, muito ainda têm a revelar ao conhecimento científico, e, conseqüentemente à sociedade.

A grande maioria dos entrevistados, moradores antigos da região, confirmou a redução da freqüência de registro de grandes mamíferos como antas, onças (pintada, parda, jaguatirica), capivaras, porcos do mato entre outros, que ainda existem na região, porém em baixas densidades, principalmente em função da supressão de hábitat pelo avanço das fronteiras agrícolas, desmatamentos, constantes queimadas e pressão de caça. Esses processos interferem negativamente na distribuição e abundância das espécies, reduzindo suas áreas de vida e a oferta de recursos (alimento, espaço, parceirosetc.).

Considerações Sobre as Espécies

Paca (Agouti paca), família AGOUTIDAE: espécie de roedor noturna e solitária, encontrada, em todo Brasil. Está associada aos cursos d’água, nas matas de galeria e brejos. Animal pouco vulnerável ao alagamento a sua boa capacidade de nadar Entretanto é muito visada pelos caçadores.

Cachorro-do-mato-vinagre (Speothos venaticus), família CANIDAE: canídeo raro e ameaçado de extinção, ocorre do Panamá ao norte da Argentina, com ampla distribuição por todo o Brasil. Animal pequeno, de hábito social, 4 a 7 indivíduos, de orelhas pequenas, rabo e pernas curtas (Emmons, 1990). Mesmo com ampla distribuição para a área de estudo da UHE Lajeado (Brito, 2001), são necessários estudos adicionais de rastreamento e radiotelemetria para maiores conclusões sobre o estado de preservação desta espécie.

Raposa-do-campo (Lycalopex vetulus), família CANIDAE: espécie noturna de pequeno porte e coloração avermelhada, endêmica do cerrado. Alimenta-se de frutos e pequenos vertebrados.

Cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), família CANIDAE: os cachorros, no geral, apresentam excelente capacidade de deslocamento. Espécie com ampla distribuição, é generalista.

Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), família CANIDAE: maior canídeo sul-americano, está incluído no Livro Vermelho dos Mamíferos Brasileiros ameaçados de Extinção. É mais encontrado em áreas abertas.

Veado-mateiro (Mazama americana), família CERVIDAE: a Família dos veados apresenta grande capacidade de deslocamento, mas, no entanto, são muito sensíveis à manipulação (estresse). São muito visadas pelos caçadores.

Veado-catingueiro (Mazama gouazoupira), família CERVIDAE: espécie com ampla distribuição no Brasil e na região, sendo mais encontrada em áreas abertas.

Tatu-galinha (Dasypus novemcinctus), família DASYPODIDAE: espécie mais encontrada nas matas de galeria; apresentam ampla distribuição pelo Brasil e hábitos fossoriais. São também muito visados pelos caçadores.

Tatuí (Dasypus septemcinctus), família DASYPODIDAE: idem ao anterior.

Tatu-rabo-de-sola, tatu-de-rabo-mole (Cabassous unicinctus), DASYPODIDAE: apresenta ampla distribuição pelo Brasil, alimenta-se basicamente de formigas.

Tatu-peba (Euphractus sexcinctus), família DASYPODIDAE: espécie de ampla distribuição no Brasil, mais encontrada em áreas abertas. São também muito visados pelos caçadores.

Cutia (Dasyprocta sp.), família DASYPROCTIDAE: grupo de roedores com ampla distribuição pelo Brasil. Apresenta boa capacidade de deslocamento.

Ouriço-cacheiro, porco-espinho (Coendou prehensilis), família ERETHIZONTIDAE:

apresenta ampla distribuição no Brasil. Tem hábito solitário noturno, arborícola e possui movimentos lentos.

Gambá, saruê (Didelphis albiventris), família DIDELPHIDAE: família de marsupiais semi-arborícolas. Apresenta ampla distribuição no Brasil, inclusive nas regiões periurbanas.

Gambá, mucura (Didelphis marsupialis), família DIDELPHIDAE: espécie amazônica, mais encontrada em áreas de floresta.

Onça-parda, puma, suçuarana (Puma concolor): apresenta distribuição desde o Canadá até a Patagônia, entretanto está ameaçada de extinção à redução das matas e florestas, à caça predatória e por necessitar de grandes áreas para obter seus recursos alimentares.

Onça pintada (Panthera onca), família FELIDAE: maior felídeo das Américas (130 kg) é mais encontrada associada a cursos d’água; ocorre do México ao norte da Argentina. Os felídeos são predadores inconspícuos e solitários, apresentam grande área de vida e capacidade de deslocamento. Animal ameaçado de extinção, principalmente pela supressão de seus hábitats naturais.

Jaguatirica (Leopardus pardalis), família FELIDAE: apresenta distribuição para o Cerrado, Amazônia, Mata Atlântica e Pantanal. Felino de grande porte, aproximadamente 10 kg (Fonseca 1996), também ameaçado de extinção.

Gato-mourisco, jaguarundi (Herpailurus yaguaroundi erpailurus), família FELIDAE: ocorre do sul do Texas até o norte da Argentina, de hábito diurno, de vida solitária e alta variação cromática.

Gato-palheiro (Oncifelis colocolo) família felídae: bastante semelhante ao gato doméstico.

Animal de pequeno porte (42,3 - 63 cm), cauda curta (22 - 33 cm), peso em torno de 3,5 Kg.

Apresenta coloração muito variada, do cinza amarelado ao cinza escuro ou marrom

avermelhado. As patas apresentam listas escuras e largas em número de duas ou três nas anteriores e três a cinco nas posteriores.

Capivara (Hydrochaeris hydrochaeris), família HYDROCHAERIDAE. Maior roedor do mundo, pesando aproximadamente 50 kg.(Fonseca, 1996). Espécie semi-aquática, muito visada por caçadores.

Furão (Galictis vittata), família MUSTELIDAE: carnívoro de pernas curtas e corpo alongado, com distribuição para o cerrado e mata Atlântica.

Tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), família MYRMECOPHAGIDAE: animal desdentado de ampla distribuição, endêmico do Brasil, encontrado em áreas abertas.

Alimenta-se basicamente de formigas e cupins, através da língua longa e pegajosa. A longa e peluda cauda do tamanduá é utilizada para cobrir o animal quando este está em repouso, camuflando e protegendo-o de possíveis predadores. Animal freqüentemente encontrado atropelado nas estradas e rodovias.

Tamanduá-mirim, Tamanduá-de-colete (Tamandua tetradactyla), família MYRMECOPHAGIDAE:

espécie semi-arborícola, de ampla distribuição pelo Brasil, é mais encontrada nas áreas arbóreas.

Também é bastante encontrado atropelado nas estradas e rodovias.

Guaxinim, Mão-pelada (Procyon cancrivorus), família PROCYONIDAE: carnívoro frugívoro onívoro, om grande capacidade de deslocamento. Espécie solitária e noturna. Apresenta ampla distribuição pelo Brasil. É encontrada principalmente nas matas próximas a cursos d’água.

Quati (Nasua nasua), família PROCYONIDAE: espécie arborícola, social e onívora.

Tapeti, coelho silvestre (Sylvilagus brasiliensis): roedor de ampla distribuição no Brasil.

Anta (Tapirus terrestris), família TAPIRIDAE: maior mamífero terrestre brasileiro, muito apreciada por caçadores.

Cateto, caititu (Pecari tajacu), família TAYASSUIDAE: Porcos-do-mato, com ampla distribuição pelo Brasil; andam em bandos, em áreas abertas e matas e são muito utilizados como fonte de energia para subsistência de populações indígena e rural.

Queixada, porco-do-mato (Tayassu pecari), família TAYASSUIDAE: maior porco silvestre do Brasil, anda em bandos e habita, principalmente, áreas de matas.

Macaco-prego (Cebus apella), família CEBIDAE: macaco de maior distribuição no Brasil, apresenta alimentação bastante diversificada: frutas, insetos, répteis, anfíbios, serpentes, ovos. Anda em bandos de 20 a 30 indivíduos (Aurichio, 1995) e, algumas vezes, aproxima-se das pessoas para conaproxima-seguir alimentação.

Mico-estrela, soim (Callithrix penicillata), CALLITRICHIDAE: anda em grupos de 2 a 9 indivíduos, alimenta-se de frutos, folhas, resinas e insetos. Em estudo realizado na Reserva Ecológica do IBGE, as espécies mais utilizadas por essa espécie foram Qualea grandiflora, Vochysia sp e Scheflera macrocarpa (de Miranda e de Faria, 2001).

Bugio, guariba, barbado, capelão (Alouatta caraya), CEBIDAE: são essencialmente herbívoros frugívoros/folhivoros. Machos negros, fêmeas e filhotes castanho-claro, formam bandos pequenos com casal e filhotes.

Morcego-insetívoro (Pteronotus parnellii) MORMOOPIDAE: espécie de hábitos gregários e que pode formar grandes colônias. Alimenta-se de insetos e apresenta polimorfismo quanto à cor da pelagem, podendo ocorrer castanho-escuro e alaranjada.

Morcego-nômade (Anoura geoffroyi), família PHYLLOSTOMIDAE: morcego nômade, nectarívoros.

Morcego-das-frutas-menor (Artibeus jamaicensis), família PHYLLOSTOMIDAE: alimenta-se de frutas, especialmente figos, podendo utilizar ainda néctar e insetos. É considerado um importante dispersor de semente no processo de sucessão das florestas. Utiliza ocos de árvores, galhos, folhagem densa, folhas de palmeira, cavernas e ocasionalmente construções humanas como refúgios. Forma grupos de um macho com várias fêmeas. É encontrada em florestas primárias, secundárias e caducifólias, assim como em áreas agrícolas (Emmons,1990).

Morcego-das-frutas-maior (Artibeus lituratus), família PHYLLOSTOMIDAE: semelhante à espécie anterior.

Morcego-beija-flor (Glossophaga soricina), família PHYLLOSTOMIDAE: esta espécie alimenta-se de pólen, néctar, frutos e insetos e prefere refúgios como abrigo. Ocorre em florestas primárias, secundárias e até em áreas agrícolas. Tem importante contribuição na polinização das espécies de vegetais de que se alimenta.

Morcego-das-cavernas (Lonchorhina aurita), família PHYLLOSTOMIDAE: insetívora, vive em cavernas e grutas e é pouco conhecida.

Morcego-falso-vampiro (Phyllostomus discolor), família PHYLLOSTOMIDAE: espécie generalista que se alimenta de frutos, grandes insetos, pólen e néctar. Forma grupos de um macho reprodutor, algumas fêmeas e seus filhotes e machos não reprodutores. Animal essencialmente noturno, que se abriga em ocos de árvores ou cavernas. Para forragear, é comum voar em fila indiana. Pode ser encontrado em florestas preservadas, florestas secundárias e áreas agrícolas.

Morcego-falso-vampiro (Phyllostomus hastatus), família PHYLLOSTOMIDAE: semelhante à espécie anterior.

Morcego-falso-vampiro (Vampyrodes caraccioli), família PHYLLOSTOMIDAE: espécies de grupos pequenos (2 a 4 indivíduos), frutívoras, que utilizam folhas de palmeiras como refúgio. Habitam florestas de baixa altitude, áreas degradadas e áreas agrícolas (Emmons, 1990).

No documento Plano de Manejo do Parque Estadual do Lajeado (páginas 176-181)