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1.2.1 Localização Geográca e Problemática da Bacia

Localizada nas mesoregiões Metropolitana do Recife e Mata Pernambucana, a bacia hidrográca do Rio Pirapama ocupa uma área de cerca de 600 km2, tem sua nascente

no município de Pombos, no Agreste Pernambucano, e uma extensão aproximada de 80 km. A bacia é formada por 12 sub-bacias, cujos principais tributários são os rios Gurjaú, Cajabuçu e Arariba, pela margem esquerda, e os riachos Santa Amélia, Utinga de Cima e Camaçari, pela margem direita (Carrera-Fernandez,1999) [8].

A bacia hidrográca do rio Pirapama engloba parte do território de sete municí- pios, que são: Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca, Jaboatão dos Guararapes e Moreno, todos integrantes da Região Metropolitana do Recife (RMR), além de Vitória de Santo Antão, Pombos e Escada, os quais estão situados na Zona da Mata Pernambucana [8]. O Pirapama é o manancial mais importante em um raio de 40 km da cidade do Recife. No período 1980-82, a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) elaborou o Plano Diretor de Recursos Hídricos da Região Metropolitana do Recife e o Rio Pirapama se apresentou como principal manancial potencial para a RMR. A entrada do reservatório Pirapama na bacia modicará os usos atuais da água uma vez que exigirá maior eciência por parte dos usuários localizados na própria bacia

como por aqueles situados nos limites extra-bacia (Ribeiro,2000) [35].

A importância da bacia do Pirapama para a RMR motivou o desenvolvimento de um projeto conhecido como Projeto Pirapama, que envolve uma estratégia multi- disciplinar e interinstitucional para propor diretrizes a m de minimizar os atuais e potenciais conitos relativos ao crescimento econômico, gerenciamento ambiental e desenvolvimento social na bacia. É objetivo do projeto propor diretrizes para garan- tir a oferta de água de boa qualidade para a RMR e para os demais municípios da bacia [35].

Os problemas no setor de recursos hídricos desta região mais sérios são: insuciente produção de água tratada, elevadas perdas e altos desperdícios; precário atendimento dos sistemas de esgotamento sanitário e de limpeza pública; problemas de drenagem causados pelo inadequado uso do solo; poluição hídrica acentuada em alguns manan- ciais e ausência de manejo conservacionista (Ribeiro,2000) [35].

Como consequência desta situação, já podemos apontar o racionamento a que vem sendo submetida a RMR há alguns anos, o que tem comprometido a regularidade do atendimento à população, principalmente nas épocas de prolongada estiagem. Os sistemas de abastecimento de água de outros municípios integrantes da bacia que não fazem parte da RMR, como Pombos, Escada e Vitória de Santo Antão, já estão também enfrentando problemas para atender as crescentes demandas por água potável (Carrera-Fernandez,1999) [8].

Além disso, as águas da bacia do Rio Pirapama já apresentam altos índices de poluentes. Os fatores que mais contribuem para a poluição da bacia são a fertirrigação com vinhaça, as descargas diretas de vinhaça nos cursos d'água de usinas de açúcar e destilarias, os euentes industriais, o uso de fertilizantes, pesticidas e herbicidas, e os próprios esgotos sanitários (Carrera-Fernandez,1999) [8].

1.2.2 Economia

A vocação natural da bacia do rio Pirapama é a atividade industrial. Existem na área 24 grandes indústrias, as quais produzem produtos químicos básicos, gases industriais, materiais cerâmicos, caldeiraria, açúcar e álcool entre outros. Além disso, a atividade industrial vem sendo estimulada com a denição de novos projetos de implantação

de distritos industriais nos municípios de Escada e Vitória de Santo Antão, além dos novos empreendimentos industriais no Complexo Portuário e Industrial de SUAPE, no município de Cabo de Santo Agostinho (Carrera-Fernandez,1999) [8].

O setor primário na região tem como principal produto a cana-de-açúcar, a qual é produzida em todos os municípios da bacia, com grande representatividade em termos de área plantada. No entanto, o setor absorve apenas 3% da população ocupada. A indústria é de fato o setor mais importante em termos de absorção de emprego na área da bacia, a qual é responsável por cerca de 52% dos postos de trabalho (Carrera- Fernandez,1999) [8].

1.2.3 Usos Múltiplos da Água na bacia

Os recursos hídricos da bacia do Pirapama têm sido utilizados para as seguintes e múltiplas modalidades de uso (adaptado de (Carrera-Fernandez,1999) [8]):

1. Abastecimento Humano:É aquela necessária para atender às demandas das cidades, vilas, distritos e povoados para o consumo doméstico, comercial, público, entre outros, que integram a vida urbana das grandes, médias e pe- quenas aglomerações. Esta modalidade de uso tem prioridade sobre qualquer outra, observando-se as características de qualidade indispensáveis para aten- der às crescentes necessidades das comunidades. É um dos principais usos dos recursos hídricos na bacia do Pirapama. Demanda hoje uma vazão permanente de 1m3/s, além da demanda eventual de igual vazão, em períodos de secas se-

veras, através da transposição Pirapama-Gurjaú. A previsão é que depois da construção da barragem Principal, a utilização dos recursos hídricos aumente para 6m3/s.

2. Abastecimento Industrial: A água na indústria é extremamente importante tendo diversas utilizações, tais como: agente de limpeza, absorvente de calor, solvente, matéria-prima, elemento de transmissão mecânica, produção de va- por, despejos de euentes, meio de transporte, processamento de materiais, bem como para uso doméstico da fábrica. No caso especíco da indústria do açúcar e do álcool, em média, utiliza-se 6m3 de água para cada tonelada de

superciais ou subterrâneos (poços artesianos). Em pesquisa junto às grandes unidades industriais instaladas na área, constatou-se que 53% das empresas se utilizam de água da Compesa, enquanto que 47% delas fazem suas próprias captações. Destas, 68 % delas se utilizam de mananciais subterrâneos e 32 % de mananciais superciais. No entanto, o consumo volumétrico total de cap- tações subterrâneas é desprezível, visto que os mananciais subterrâneos na área da bacia não são propícios à captação. O consumo atual total de água nessa modalidade de uso está estimado ser em torno de 1, 2m3/s.

3. Abastecimento Animal: A utilização da água para abastecimento rural e animal na bacia do Pirapama é feita através de poços amazonas e, quando comparada a outros usos sua demanda pode ser considerada desprezível. No entanto, em certos casos a pecuária pode exercer altas demandas por água, principalmente em projetos de criação intensiva. Em termos de gestão de recursos hídricos, a dessedentação de animais gura como uma das parcelas no cômputo da repar- tição das vazões, a qual passou a ser, a partir da lei no. 9433/97, um dos dois usos prioritários da água em situações de escassez, juntamente com o abasteci- mento humano.

4. Diluição de Euentes Industriais: O lançamento, diluição e transporte de eu- entes industriais só é possível graças ao poder diluidor, propiciado pela vazão do rio Pirapama. Os despejos líquidos industriais são o resultado do descarte da água utilizada no processo de fabricação industrial. Por essa razão apre- sentam características diferenciadas em cada indústria e portanto demandam tratamento diferenciado. Os euentes industriais, para serem diluídos em corpos receptores, deverão apresentar parâmetros característicos que se situem dentro do que é estabelecido pela resolução no. 20 do Conselho Nacional de Meio- Ambiente (CONAMA), para cada classe de corpo d'água, com destaque para a Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), a Demanda Química de Oxigênio (DQO), os materiais sólidos em suspensão (MS), entre outros.

5. Diluição de Esgotamentos Sanitários: O lançamento, diluição e transporte de esgotos tratados é também uma das utilizações da água da bacia. As galerias de águas pluviais na área da bacia são utilizadas como coletores de esgotos brutos e

de euentes de fossas negras , tendo como corpos receptores os rios e riachos que cortam a área da bacia do Pirapama. Os esgotamentos sanitários oriundos das residências, edifícios públicos, escolas e demais construções urbanas deverão também enquadrar-se dentro de certos parâmetros ambientais, com destaque para a DBO, a DQO, os MS, além de teores de certas substâncias em decorrência dos materiais de limpeza e lavagem utilizados na vida moderna.

6. Irrigação: A irrigação é também um dos usos previstos para a bacia do Pira- pama. No entanto, essa modalidade de uso não é muito forte na área. Isto porque a bacia apresenta índices de pluviometria elevados, e além disso a vo- cação agrícola da bacia é apenas moderada. Considera-se água para agricultura o volume desse recurso natural que não é suprido naturalmente através das chuvas, necessário à aplicação articial aos cultivos, de forma a otimizar o seu desenvolvimento biológico.

7. Fertirrigação:A utilização dos recursos hídricos na bacia mediante diluição dos euentes da fabricação do álcool e aguardente, para irrigação (fertirrigação) das lavouras de cana-de-açúcar é também um dos usos previstos na bacia. A maioria das destilarias de álcool e aguardente que opera na área da bacia do rio utiliza os rejeitos do processo industrial (a vinhaça) para fertirrigar as lavouras de cana. Parte do vinhoto que se utiliza na fertirrigação evapotranspira-se, deixando que a fração complementar retorne ao solo. Da fração que retorna ao solo, uma parte escoa supercialmente e outra percola para as camadas subjacentes do solo, dirigindo-se ao cauce dos rios e riachos ou mesmo acumulando-se em algum aquífero, contaminando-os.

8. Geração de Energia Elétrica: Esta utilização na bacia do Pirapama é a o d'água, através de duas pequenas centrais hidroelétricas (PCH). Deste modo, esta utilização pode ser considerada como uso não-consuntivo visto que a água é utilizada em seu próprio manancial sem haver necessidade de retirá-la ou represá-la através de construção de barramentos de regularização da vazão do rio.

constitui-se hoje um uso muito especial para que a água permaneça na com- posição do cenário físico, onde cumpre um papel bem denido e necessária para garantir a preservação da fauna e da ora aquática da bacia do rio Pirapama, principalmente na sua parte estuarina.