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Característica da barreira:

A barreira do espaço é caracterizada pela dificuldade do Subsistema Deficiente Visual em se deslocar para e no local onde fica situado o Subsistema Ensino Superior.

Conforme apresentado em Nascimento et al. (1987, p. 14):

"Outro sério problema do deficiente visual é a sua, geralmente, restrita possibilidade de mover-se livremente em ambientes não familiares.

Dada a importância dessa locomoção independente - fator essencial para o ajustamento pessoal e adequação social do deficiente - é enfatizada a necessidade de desenvolver, na criança portadora dessa limitação, habilidades de orientação e mobilidade, ou seja, capacidade para que possa, utilizando-se de todas as informações sensoriais fornecidas pelo ambiente, reconhecê-lo e situar-se nele, numa interação que lhe permita influir e ser influenciada por ele. Embora possamos considerar a restrição à mobilidade independente, à percepção global e direta do meio como limitações básicas impostas por uma deficiência visual grave, não podemos nos esquecer de que delas podem decorrer muitas outras limitações, variando em grau e ocorrência para cada indivíduo, de acordo com a sua capacidade de utilização de técnicas e procedimentos compensatórios, de reação às práticas e expectativas sociais

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Um trabalho que vem sendo desenvolvido, no sentido de eliminar a barreira de comunicação, incrementando a acessibilidade para a integração de deficientes visuais no ensino superior, é o Projeto de Acessibilidade aos alunos Deficientes Visuais da PUC-Campinas (ProAces/DV). Este trabalho se utiliza das 3 soluções para eliminação da barreira de comunicação, aqui apresentadas, com resultados positivos. O projeto - que teve seu início através de uma dissertação de mestrado na área de tecnologia, desenvolveu-se e se enriqueceu sob uma orientação multidisciplinar e contou com a colaboração dos alunos deficientes visuais nele envolvidos - registrava, até meados do ano 2000, o atendimento a 14 alunos deficientes visuais (cegos e com visão subnormal), de diversos cursos de graduação, dos quais 4 já se haviam formado. Para conhecer com mais detalhes o ProAces/DV consultar: Carvalho (1994A), (1999M), (2000B), (2000C), (2000D), (2000E), Carvalho e Aranha (1998) e Carvalho et al. (1998).

que, de acordo com Telford29, podem lhe impedir o desenvolvimento e o exercício de aptidões e competências que o habilitam a tornar-se uma pessoa independente.".

Solução de acessibilidade:

Para minimizar as dificuldades do Subsistema Deficiente Visual, em se deslocar para e no local onde fica situado o Subsistema Ensino Superior, soluções como a utilização de recursos de mobilidade e o oferecimento, pelo Subsistema Ensino Superior, de Educação a Distância, podem ser adotadas.

No caso da utilização de recursos de mobilidade, os dois subsistemas envolvidos devem ser adaptados. Do lado do Subsistema Deficiente Visual, deve haver a adoção de recursos e de treinamento em mobilidade que, dependendo do grau de deficiência do subsistema, pode exigir a necessidade da utilização de bengalas (mecânicas ou eletrônicas) e da orientação e conhecimento prévio do itinerário para o Subsistema Ensino Superior, assim como do espaço onde está situado. Do lado do Subsistema Ensino Superior, toda uma alteração no seu ambiente deve ser efetuada, para permitir uma melhor mobilidade e acessibilidade ao meio físico, tal como iluminação, elementos de comunicação, acessos, etc., conforme aponta Henarejos et al. (1994) com maiores detalhes. Além dos dois subsistemas envolvidos, um terceiro componente deve, também, estar adaptado ao Subsistema Deficiente Visual, que é o meio ambiente30 que envolve os dois subsistemas, que requer adequações de via pública, modelos de sinalização, transporte público, etc., conforme aponta Henarejos et al. (1994) com maiores detalhes. Claro está que, particularmente no Brasil, como na maioria dos países do mundo, tanto o meio ambiente, como o Subsistema Ensino Superior, não estão preparados para a total acessibilidade pelo Subsistema Deficiente Visual. Não se vê, a curto prazo, uma completa modificação neste quadro. No Brasil, o Ministério da Educação e do Desporto tem se movimentado no sentido de exigir do Subsistema

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Telford, C. W. e Sawrey, J. M. (1978). O indivíduo excepcional. Rio de Janeiro, Zahar, 2a. ed. 30

Meio ambiente é o conjunto de todos os objetos que, dentro de um limite específico, possam ter alguma influência sobre a operação do sistema. Não há sistema fora de um meio específico (ambiente): os sistemas existem em um meio e são por ele condicionados. (Chiavenato, 1987, p. 352)

Ensino Superior uma adequação para melhor se adaptar ao Subsistema Deficiente Visual.

Apresentados os problemas envolvidos na utilização de recursos de mobilidade, nota-se que tal solução está longe de ser a mais cômoda para o Subsistema Deficiente Visual, exigindo uma grande adaptação de todos os subsistemas envolvidos, chegando, em certos casos, a inviabilizar o acesso do Subsistema Deficiente Visual ao Subsistema Ensino Superior. Maiores detalhes sobre as alterações a serem efetuadas no meio físico para a acessibilidade do deficiente visual podem ser vistos em Henarejos et al. (1994).

O oferecimento pelo Subsistema Ensino Superior de Educação a Distância, faz com que o Subsistema Deficiente Visual se sinta independente dos problemas envolvidos com o seu deslocamento e, conseqüentemente, dos apontados na solução anterior de utilização de recursos de mobilidade. É claro que, do ponto de vista da inclusão, a solução anterior é a mais completa, porém, levando em conta as dificuldades encontradas naquela solução, que em certos casos podem ser até inviabilizadoras, a solução da Educação a Distância deve ser seriamente considerada. Não se espera que se exija do Subsistema Ensino Superior que, para atender ao Subsistema Deficiente Visual, passe a oferecer Educação somente a Distância. O ponto de vista, aqui apresentado, é o de que, por outros motivos apresentados no capítulo 1 deste trabalho, a Educação a Distância é uma realidade e traz consigo entre suas vantagens a de ampliar o oferecimento da educação, eliminando as barreiras de espaço. Sob este aspecto, o Subsistema Deficiente Visual passa a ser privilegiado, neste sistema, por ter a barreira do espaço praticamente extinta. Esta solução é importante para este trabalho, pois vai ao encontro do objetivo do mesmo, que diz respeito ao acesso do deficiente visual a Educação a Distância.

As soluções de acessibilidade apresentadas para a barreira do espaço têm as características da forma 1 de quebra de barreira, exigindo modificações estruturais, tanto nos dois subsistemas envolvidos, como no seu meio ambiente.