• Nenhum resultado encontrado

6 Base bibliográfica: considerações Para os cerrados do Nordeste a base biblio-

endemismo do Cerrado, usando táxons indicadores

V. 6 Base bibliográfica: considerações Para os cerrados do Nordeste a base biblio-

gráfica ainda é pequena. Além do mais, a maioria dos trabalhos relacionam-se com levantamentos expeditos, seletivos, levantamentos com base em uma única excur- são ao campo, levantamentos com base em material de herbário (com problemas de fidedignidade em termos de determinação botânica), bibliográficos (com proble- mas de repetição e acumulação de erros de compila- ção) ou com levantamentos inexpressivos em termos de cobertura amostral. Entretanto, são importantes, porque circunstanciais e de acordo com o domínio do conhecimento de quando foram realizados.

Para os cerrados da Bahia destacam-se: Pinto

et al (990) e Stannard (995). Para os cerrados de Pernambuco, Andrade-Lima (957), Haynes (970), Sarmento e Soares (97) e Tavares (96a, b). Para a Paraíba, Oliveira-Filho (99) e Oliveira-Filho e Carvalho (99). Para o Ceará, Albuquerque (987), Fernandes e Figueiredo (977), Figueiredo (989a, b) e Granjeiro (98).

Para os cerrados do Piauí e do Maranhão as principais contribuições estão associadas com Rizzini (96, 976), quando apresentou as idéias de “zona marginal” e de “individualidade fitogeográfica do cerra- do piauiense maranhense”, importantes, mas diferentes do contexto atual (Castro, 99a, b).

Para o Piauí, especificamente, Barroso e Gui- marães (980) apresentaram o primeiro levantamento florístico considerado intensivo, caracterizando uma flora lenhosa (árvores, arbustos e lianas) com uma lis- tagem de 6 espécies para o Parque Nacional de Sete Cidades (Piracuruca, PI). Castro (98), por sua vez, fez a mesma coisa para a Estação Ecológica de Uruçuí. Una (Baixa Grande do Ribeiro, PI), caracterizando uma flora lenhosa (árvores, arbustos e lianas) com uma listagem de 8 espécies e apresentando um mapeamento para a vegetação do Cerrado s.l. Goergen (986) e Jenrich (989) ofereceram também valiosas contribuições, o primeiro, com a apresentação de “critérios ecológicos para o desenvolvimento de modelos de aproveitamento agrícola” e, o segundo, com a apresentação de uma listagem de plantas árboreas e arbustivas associadas com as suas respectivas importâncias econômicas.

A partir de Castro (99a), os cerrados do Nor- deste, principalmente do Piauí e do Maranhão, passam a ser chamados de “cerrados marginais distais”, mas não com a conotação de “marginais” porque teriam uma flora preponderantemente composta de “espécies acessórias” (sensu Rizzini) e, sim, porque estão distribu- ídos nas margens do espaço geográfico ocupado pelos cerrados brasileiros, sem nenhuma ligação necessária com qualidade da flora ou das espécies, isto é, com aspectos de oreadicidade. No lugar de “individualida- de florística” (sensu Rizzini), apresenta-se a idéia da existência, no Nordeste, de um dos supercentros de biodiversidade dentre os três já citados anteriormente. A expressão “distais” refere-se ao fato de que estes cerrados são a continuação fisionômica e estrutural dos cerrados do Planalto Central de forma contínua, dife- rentemente da forma “disjunta” como se encontram os cerrados marginais no Sudeste meridional (São Paulo), determinados que foram por questões antrópicas.

Em Barbosa et al (996), um total de 9 espécies (conhecidas: completamente identificadas) são apresen- tadas para a flora lenhosa (árvores, arbustos e lianas)

70 do Nordeste, tomando como base os 7 (dezessete) levantamentos selecionados por Castro (99a). Com base em  (treze) destes levantamentos florísticos e/ou fitossociológicos, Castro et al (998) apresentam uma caracterização dos cerrados do Nordeste (Piauí). Destes levantamentos,  (onze) foram quantitativos e  (dois), qualitativos. Métodos, critérios de inclusão e delineamentos amostrais foram diferentes, o que certamente influiu sobre o baixo número de espécies comuns, mais do que a natural heterogeneidade espacial característica: Byrsonima crassifolia, Qualea grandiflora,

Qualea parviflora, Stryphnodendron coriaceum e Vatairea

macrocarpa. Na caracterização da flora lenhosa (árvores, arbustos e lianas) um total de 08 espécies (conhecidas e desconhecidas: identificadas ao nível de família de gênero e não identificadas) são listadas.

Com base naqueles  levantamentos, os cerra- dos do Piauí distribuem-se entre as latitudes de º58’ - 8º5’S e º’ - 5º5’W e 70 - 0m de altitudes. As temperaturas médias anuais variam de 6,° - 7ºC, as precipitações anuais de .7 - .709mm e as defi- ciências hídricas anuais de 65-560mm. A distribuição das chuvas apresenta se de modo irregular, porém mais concentrada entre os meses de dezembro-abril. O clima varia de Subúmido Seco a Subúmido Úmido, conforme o método de Thornthwaite e Mather (955). Com relação aos solos, os cerrados do Nordeste, e mais especificamente no Piauí, podem estar associados com sazonalidade hídrica na presença de concreções, plintita (laterita) e com cores que variam do cinza claro ao amarelo, com as grandes variações do lençol freático, nem sempre bem drenados ou podem ser pobres em cálcio, apesar da presença de Orbignya e

Copernicia.

Para o Maranhão, Rizzini (976) listou  es- pécies, caracterizando as floras silvestre e campestre. Haluli e Duarte (985) listaram as 78 espécies arbó- reas que foram coletadas em dezesseis municípios da bacia do rio Itapecuru, e UEMA (988) apresentou uma listagem de 89 espécies de Magnoliophyta (mo- nocotiledôneas e dicotiledôneas) e Lycopodiophyta (pteridófitas). Nestas publicações os levantamentos são gerais, expeditos e, com exceção da primeira, a fidedignidade da determinação botânica das espécies é consideravelmente suspeita.

Na forma de diagnóstico, SEMATUR (99) apresenta os principais problemas ambientais do Es- tado do Maranhão. Eiten (99) publica os resultados das excursões que realizou nos anos de 96, 96 e 970.

As primeiras análises fitossociológicas começam com Imaña-Encinas et al (995), Sanaiotti (996), Soa- res (996) e Ferreira (997). Para os dois primeiros o

critério de inclusão foi o de indivíduos com diâmetro à altura padrão (DAP), melhor que à “altura do pei- to”, igual ou maior que 5cm, nos municípios de Santa Quitéria do Maranhão e Carolina, respectivamente. No terceiro, em Imperatriz, foram considerados todos os indivíduos arbustivos e arbóreos e, no último, em Afonso Cunha, os indivíduos com diâmetro ao nível do solo (DNS) igual ou maior que cm. Para o Parque Estadual do Mirador (Mirador, MA), com cerca de 700.000ha, encontra-se em andamento o primeiro levantamento fitossociológico, dezoito anos depois da sua criação: 980.

Para Santa Quitéria do Maranhão,  espécies arbóreas, distribuídas em  famílias, foram apresenta- das. Destas, Plathymenia reticulata, Byrsonima crassifolia,

Ouratea spectabilis (possivelmente Ouratea hexasperma) e Qualea parviflora foram consideradas como as mais importantes sob o aspecto ecológico-silvicultural. Para Carolina (MA), 65 espécies arbóreas foram listadas, das quais apenas 8 espécies foram amostradas em termos quantitativos. Para Imperatriz (MA) e Afonso Cunha (MA),  e  espécies foram amostradas, distribuídas em 8 e 9 famílias botânicas, respectivamente.

Outros levantamentos florísticos, muito ex- peditos, inéditos ou em fase de publicação, foram realizados em algumas localidades do Noroeste da Bahia (Formoso do rio Preto), Sul do Ceará (Sertão de Salgado e Crato), Sudoeste do Piauí (Corrente, Gilbués e Santa Filomena) e Sul do Maranhão (rio Balsinha, Carolina, Fazenda Parnaíba, Gerais de Bal- sas, Pé de Galinha, Pedra Caída, Alto Parnaíba, Tasso Fragoso, Loreto, Barão de Grajaú, São João dos Patos e Fortaleza dos Nogueiras) (Ratter et al, 996, 977, Ratter e Bridgewater, 997). Em geral, para cada um deles, o número de espécies é pequeno. O método de levantamento utilizado, denominado pelos autores de “levantamento rápido”, refletiu diretamente sobre as baixas representatividades florísticas das amostras. V.7 - Cerradão do Nordeste: características

As questões de conceito, delimitação e caracte- rização dos “cerradões” continuam ainda em aberto. Com base nas 5 amostras de cerrado s.l. comparadas por Castro (99a), das quais 9 (6,9%) referem-se a cerradões, de acordo com a classificação indicada pelos seus próprios autores, em todos os grupos de cerrado no Brasil há amostras de cerradão, o que pode indicar que estes pertencem muito mais ao cerrado s.l. do que a uma classe florestal, de transição ou não, que não mantenha relações de oreadicidade, ainda que possa tê-las em termos de estrutura (fitofisionomia). De um modo geral, os cerradões meridionais são mais

florestais e, os setentrionais, mais savanóides (Castro, 987, 99a) e, quanto mais meridionais, mais distantes floristicamente do cerrado s.l. Segundo Ribeiro e Wal- ter (998), o cerradão “do ponto de vista fisionômico é uma floresta, mas floristicamente é mais similar a um cerrado”. Neste aspecto, o conhecimento sobre a florística dos cerradões do Nordeste tem muito que contribuir.

Nos cerradões é a flora arbustivo-arbórea que predomina e a flora deste componente (arbustivo-ar- bóreo) é eurioreádica em termos de cerrado s.l., pelo menos mais do que a flora herbáceo subarbustiva. A expressão “cerradão” é um conceito mais fisionômico do que florístico, o que leva a crer que a generalização de que todo cerradão não representa um subtipo dos cerrados é, no mínimo, muito simplista. Desta forma, a hipótese é: há cerradões que representam um dos subtipos do cerrado s.l. e há os que não o são floristi- camente (Castro, 99a).

O problema maior é que não é discreta a se- paração entre os “dois tipos de cerradão”. A expres- são “cerradão” foi a que mais resistiu em termos de classificação informal e além disto, existem espécies características deste tipo ou subtipo de vegetação e segundo Rizzini (979), há outras que são endêmicas e outras que são características de tipos ou subtipos de vegetação circunvizinhas não oreádicas, “no sentido de que não têm relação com o cerrado s.l.”. A florística, então, é que poderia separar os dois tipos de cerradão. Como ambos têm fisionomia florestal, essa florística poderia distinguir um “cerradão de cerrado” (em ana- logia ao “campo sujo de cerrado”) de um outro tipo de cerradão, particular ou não. Algumas espécies do cerrado s.s. são substituídas no “cerradão de cerrado”, tanto quanto algumas espécies do campo cerrado são também substituídas no campo sujo de cerrado.

O nível de substituição tanto em um subtipo quanto no outro é que poderia dar indicação das di- ferenças entre campo sujo e campo sujo de cerrado e entre cerradão de cerrado e cerradão. Entretanto, somente estudos futuros mais refinados, incluindo florística e fitossociologia de “florestas xeromorfas”, dentro e fora do domínio morfoclimático vegetacional do cerrado s.l., poderão indicar respostas satisfatórias e comprovar ou não aquela hipótese.

De qualquer modo, os cerradões do Nordeste não são os mesmos que os cerradões do Planalto Central ou do Sudeste meridional. Luetzelburg (9, 9), por exemplo, já os caracteriza em termos de fisionomia como “um campo cerrado da flora arbórea, aconchegada, quase que apertada”. Para este autor, entretanto, a flora do cerradão é a mesma que a do campo cerrado.

Popularmente, os cerradões do Nordeste são chamados de “chapadas”, principalmente porque ocorrem em terrenos altos e planos. Os componentes herbáceo subarbustivos e arbustivo arbóreos sempre estão presentes. Alguns indivíduos do componente arbóreo atingem facilmente porte de 0-5m. A copa das árvores se tocam, deixando fácil, entretanto, a pe- netração de luz. A serapilheira existe, mas nunca como nas matas. Os solos em geral são profundos e variam de arenosos a argilosos. O crescimento simpodial dos ramos está presente e o nível de tortuosidade dos ramos e/ou de suberosidade dos caules têm relação direta com o tipo e/ou freqüência do fogo, uma vez nestas áreas, tradicionalmente, os rebanhos são cuida- dos de forma extensiva ainda nos dias de hoje. Dentre as principais espécies destacam-se Parkia platycephala,

Sclerolobium paniculatum, Byrsonima sericea, Agonandra brasiliensis, Caryocar coriaceum, entre outras.

Para alguns, fisionomicamente, os cerradões do Nordeste são referidos como “vegetação de parque”, no entanto, a diversidade de espécies descarta facil- mente este enquadramento.

V. 8 - Estimativas da riqueza total de