Acerca dos benefícios da aplicação da guarda compartilhada aos genitores e aos filhos, merece ser trazida à baila a lição de DIAS164:
162 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 3. ed. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2006. p. 362.
163 LEIRIA, Maria Lúcia Luz. Guarda Compartilhada: A Difícil Passagem da Teoria à Prática.
Disponível em: http://www.trf4.jus.br/trf4/upload/arquivos/emagis. Acesso dia 27 de maio de 2.009.
164 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 3. ed. São Paulo: Editora Revista dos
Fundamentos jurídicos não faltam para determinar de ofício a guarda compartilhada, de forma a garantir a maior participação de ambos os pais no crescimento e desenvolvimento da prole. Basta os autos revelarem que ela melhor atende aos superiores interesses do menor e ser ela recomendada por equipe interprofissional de assessoramento. Assim, na demanda em que um dos genitores reivindica a guarda do filho, constando o juiz que ambos demonstram condições de tê-lo em sua companhia, deve determinar a guarda conjunta, encaminhando os pais, se necessário, a acompanhamento psicológico ou psiquiátrico, para desempenharem a contento tal mister. Essa forma, com certeza, traz menos malefícios ao filho do que a regulamentação minuciosa das visitas, com a definição de dias e horários e a previsão de sanções para o caso de inadimplemento.
Se ambos os pais eram presentes, disponíveis e atenciosos com os filhos quando casados entre si, a guarda compartilhada vem a facilitar o bem estar da criança, pois mantém o convívio com os pais separados, evitando traumas na criança pela ausência de um dos genitores.165
Posicionando-se neste sentido, AKEL166 assinala :
A guarda compartilhada privilegia e envolve, de forma igualitária, ambos os pais nas funções formativa e educativa dos filhos menores, buscando reorganizar as relações entre os genitores e os filhos no interior da família desunida, conferindo àqueles maiores responsabilidades e garantindo a ambos um relacionamento melhor do que o oferecido pela guarda uniparental.
Ademais, a adoção do exercício conjunto da guarda facilita a solução de diversos problemas decorrentes da responsabilidade civil por danos causados pelos filhos menores.
(...) Outra vantagem desse recente exercício de guarda é o consequente respeito que se estabelece entre os pais, pois, embora não mais convivam, para que bem desempenhem o poder familiar, devem conviver de forma harmônica, a fim de tomar as melhores decisões acerca da vida dos filhos. (...)
165 RAMOS, Patricia Pimentel de Oliveira Chambers. O Poder Familiar e a Guarda Compartilhada Sob o Enfoque dos Novos Paradigmas do Direito de Família. Rio de Janeiro:
Editora Lumen Juris, 2005. p. 67.
166 AKEL, Ana Carolina Silveira. Guarda Compartilhada. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. ps. 107-
A certeza de que os vínculos com os pais serão mantidos, ainda que estes não mais compartilhem o mesmo lar, é de suma importância para que os filhos percebam que ainda há lugar para eles na vida do pai e da mãe, mesmo após o divórcio, eliminando o medo de perder os pais.
A referida jurista167 ainda acrescenta que a guarda compartilhada, dentre outras vantagens, preserva os vínculos afetivos, haja vista que o genitor não perde o filho, uma vez que pode haver o rompimento conjugal, mas jamais a parentalidade.
Ainda, tocante aos benefícios, emprestam-se, também os ensinamentos de PEREIRA168:
A guarda compartilhada, ou melhor, a responsabilidade parental atribuída a ambos os pais, mesmo com toda a dificuldade que ainda apresenta de ser compreendida e aplicada, com sua demanda de sensibilidade, preparo, conhecimento e dedicação dos profissionais de família, é um passo dos mais importantes para oferecer condições mínimas de felicidade e equilíbrio a todos que, um dia, formaram um núcleo familiar.
Ilustrativamente, neste sentido, entendeu o Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE MODIFICAÇÃO DE
GUARDA. DECISÃO QUE CONCEDEU A GUARDA DO FILHO
EM FAVOR DO PAI. PRETENSA ALTERAÇÃO PELA AGRAVANTE PARA QUE A GUARDA VOLTE A SER
COMPARTILHADA. POSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE
MOTIVOS GRAVES DA GENITORA. POSSIBILIDADE DO
DIREITO A DEFESA. RECURSO PROVIDO.
Pactuada a guarda compartilhada de filho pelo casal, a alteração em favor de um ou de outro somente deve ocorrer ante a existência de comprovação de motivos graves ou de conduta imprópria de um dos pais, oportunizado o direito a ampla defesa
167 AKEL, Ana Carolina Silveira. Guarda Compartilhada. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. p. 106. 168 PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Guarda Compartilhada. Porto Alegre: Equilíbrio, 2005. p. 95.
ao genitor acusado. PRESERVAÇÃO DO INTERESSE DO MENOR. CONDIÇÕES DE AMBOS OS GENITORES. PRESERVAÇÃO DOS LAÇOS PATERNOS E MATERNOS. GUARDA COMPARTILHADA. Ademais, "sendo um direito primordial da criança conviver pacificamente tanto com o pai quanto com a mãe, ainda quando sobrevêm a separação do casal, tem-se a guarda compartilhada como um instrumento para garantir esta convivência familiar. É fundamental para um bom desenvolvimento social e psicológico que a criança possa conviver sem restrições com seus genitores, devendo a decisão a respeito da guarda de menores ficar atenta ao que melhor atenderá ao bem-estar dos filhos dos casais que estão a se separar. Assim, tendo as provas até o momento produzidas indicado que ambos os genitores possuem condições de ficar com o filho menor, tem-se que a melhor solução para o caso concreto é a aplicação da guarda compartilhada sem restrições. "169 (sublinhei)
Em sendo assim, dentre as vantagens que a guarda compartilhada apresenta, reportam-se algumas, como a preservação dos laços afetivos que unem os pais aos filhos, bem como a efetiva participação de ambos os genitores na formação, educação e na vida da criança, de uma forma geral.
Uma das principais vantagens para a criança, é que esta não vai sentir-se abandonada por um dos pais.
Cumpre ressaltar que os genitores devem se responsabilizar inteiramente pelos filhos, com a finalidade de preservar o melhor interesse do menor.