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Um tipo de biblioteca que supera os limites da imaginação humana, conectada à Internet, sem paredes, sem papel, é a biblioteca dos tempos atuais - a biblioteca digital - que armazena no meio eletrônico diversos documentos prontos para serem consultados e recuperados. De acordo com Gonçalves e Fox (2001), o termo biblioteca digital começou a ser usado amplamente na década de 90. Os autores alegam que o uso de bibliotecas digitais pode ser justificado pelos seus benefícios e vantagens como a atualização constante, alta qualidade de recursos digitais que ajudam a remover barreiras físicas e conceituais; conexão em rede e tecnologias interativas que ampliam as interações sociais permitindo a criação de locais de trabalhos virtuais; e tecnologias digitais que permitem a construção de técnicas avançadas e serviços inovadores com características que tornam inviáveis sua implementação nas bibliotecas tradicionais. Waters (1998) apresenta um conceito mais amplo de bibliotecas digitais:

Bibliotecas digitais são organizações que proveem recursos, incluindo pessoas especializadas, para selecionar, estruturar, oferecer acesso intelectual, interpretar, distribuir, preservar a integridade e garantir a permanência ao longo do tempo de coleções de obras digitais para que elas sejam prontamente economicamente disponíveis para o uso de uma comunidade específica ou um conjunto de comunidades. (WATERS, 1998, p.1)

Bibliotecas digitais de periódicos eletrônicos exercem um papel relevante na inserção da tecnologia na comunicação científica. De acordo com Saunders (1992), essa nova biblioteca “implica um novo conceito para a armazenagem da informação (forma eletrônica) e para sua disseminação, independentemente de sua localização física ou do horário de funcionamento” (SAUNDERS, 1992).

Cunha (1999), baseado em dezenas de autores, também enumera algumas características e vantagens das bibliotecas digitais:

a) Acesso remoto pelo usuário, por meio de um computador conectado a uma rede; b) Possibilidade de utilização simultânea do mesmo documento por duas ou mais

pessoas;

c) Inclusão de produtos e serviços de uma biblioteca ou centro de informação;

d) Existência de documentos correntes em que se pode acessar não somente a referência bibliográfica, mas também seu texto completo;

e) Provisão de acesso em linha a outras fontes externas de informação (bibliotecas, museus, bancos de dados, instituições públicas e privadas);

f) Acesso a documentos remotos permitindo que a biblioteca local não necessite ser proprietária do documento solicitado pelo usuário;

g) Utilização de diversos suportes de registro da informação, tais como texto, som, imagem e números;

h) Existência de unidade de gerenciamento do conhecimento, que inclui sistema inteligente ou especialista para ajudar na recuperação de informação mais relevante.

Algumas das vantagens enumeradas por Cunha (1999) já podem ser percebidas por usuários que não sofrem de algum tipo de resistência à circulação da informação no meio eletrônico. Algumas bibliotecas digitais científicas, como o Scielo e o Portal Capes elencam suas estatísticas de acessos anuais que ultrapassam milhões de acessos por ano.

A instalação das bibliotecas digitais na comunicação científica promove novos conceitos de lugar e tempo. Levacov (1997) retoma o conceito de lugar mostrando que:

onde o documento reside não é mais importante. O conceito de ‘lugar’ torna-se secundário, tanto para bibliotecários quanto para usuários. O que é importante passa a ser o ‘acesso’ e, com frequência, a ‘confiabilidade’ da informação (LEVACOV, 1997, p.25).

Neste contexto, percebe-se que o tempo também é afetado. O usuário passa a esperar menos, ou quase nada, para obter um documento e se precisar solicitar os serviços de comutação bibliográfica - COMUT novamente, terá a sensação de que a biblioteca tradicional não atende mais às suas expectativas e necessidades informacionais.

Apesar destas grandes inovações no campo científico, que mudaram a forma de produção, disponibilização e disseminação da informação, não é correto dizer que a ciência já assimilou estas novas técnicas de recuperar documentos. Muitas áreas do conhecimento já aprovaram as mudanças, mas muitas outras ainda resistem em preservar suas formas de acesso à informação. O presente estudo pretende mostrar por que certas áreas se comportam diferentemente de outras perante as inovações tecnológicas nas comunidades científicas.

3 COMPORTAMENTO DE BUSCA DE INFORMAÇÃO

Na literatura científica encontram-se diversos termos direcionados à busca de informação e ao comportamento de busca: information seeking11, information retrieval 12,

information behaviour13, information seeking behavior14, information search behavior15. De

acordo com Wilson (1999), os três últimos termos podem ser compreendidos a partir da Figura 1:

FIGURA 1 – Um modelo das áreas de pesquisa em busca de informação e busca em sistemas de informação.

FONTE: Wilson, 1999, p. 63.

Nesta figura, Wilson mostra que existem 3 áreas de pesquisa em busca de informação e busca em sistemas de informação, existindo uma área maior que é o comportamento informacional. Dentro desta área, estuda-se o comportamento de busca de informação que se desdobra em comportamento de busca em sistemas de informação. Assim, podem surgir outros subcampos para ampliar o leque de estudos sobre comportamento informacional.

11 Este termo é comumente traduzido do inglês como “busca de informação”. 12 Este termo é comumente traduzido do inglês como “recuperação da informação”. 13 Este termo é comumente traduzido do inglês como “comportamento informacional”

14 Este termo é comumente traduzido do inglês como “comportamento de busca de informação”

15 Este termo é comumente traduzido do inglês como “comportamento de busca em sistema de informação”

Comportamento informacional Comportamento de busca de informação Comportamento de busca em sistema de informação

Já Marchionini (1995) prefere utilizar o termo information seeking a information

retrieval. Segundo o autor, information retrieval é a busca por alguma informação ou objeto

já conhecido antes em algum ponto. Ao contrário do information seeking, que conota o processo de aquisição de conhecimento, o information retrieval está relacionado à solução de problemas que podem ser ou não encontradas. “A busca de informação é um processo humano fundamental estritamente relacionado ao aprendizado e à solução de problemas. Sua natureza tem envolvido métodos e ferramentas para apoiar a busca de informação” (MARCHIONINI, 1995, p.6).

Para esta pesquisa, encontram-se envolvidos o sentido dos termos information seeking

behavior e information seeking, pois se trata de conhecer o processo de busca de informação

enfatizando os métodos e caminhos utilizados para descobrir a informação.

Para caracterizar o processo e métodos de busca de informação, serão abordados neste capítulo a necessidade e uso da informação, seguida dos modelos de busca de informação.