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5.1 A comunicação científica nas Ciências Humanas

5.1.1 Características das Ciências Humanas na UFMG

a) Faculdade de Educação

A FAE é um desdobramento do Departamento de Pedagogia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Após uma reestruturação da UFMG, em 1968, a FAE foi criada pelo Decreto-Lei Nº 62317. A unidade é constituída pelos departamentos de Administração Escolar, de Ciências Aplicadas à Educação e departamento de Métodos e Técnicas de Ensino, pelos órgãos Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita e o Centro de Ensino de Ciências e Matemática. Encontram-se vinculados à ela o Centro Pedagógico e o Colégio Técnico. A FAE oferece o curso de graduação em Pedagogia e é responsável pela formação pedagógica dos cursos de licenciatura da UFMG. Na pós-graduação, há o mestrado e o doutorado em Educação e a especialização em Ensino de Ciências.

De acordo com a Diretora da FAE, a Profa. Dra. Antônia Vitória Soares Aranha, a Faculdade de Educação é uma das maiores áreas das CH e a mais volumosa no âmbito da pós- graduação. Tem uma grande abrangência do ponto de vista da pesquisa e um grande impacto do ponto de vista social. É uma área interdisciplinar e dialoga com outras áreas como as Ciências Exatas, as Ciências Biológicas e tem uma grande proximidade com a Filosofia, Sociologia e História.

Os pesquisadores da Educação comumente trabalham integrados em grupos de pesquisas e são ativos, ou seja, trabalham quase que exclusivamente dentro da academia e uma grande parte é cadastrada no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq.

Quanto aos canais de divulgação, os mais importantes são os periódicos e as coletâneas (capítulos de livros). A FAE produz 3 periódicos impressos e um eletrônico produzido pelo EJA. A Diretora afirmou que muitos periódicos da FAE, como a Revista Presença Pedagógica, tem artigos que são mais lidos do que outros periódicos Qualis A da área. Os periódicos mais lidos são fundamentalmente nacionais com contribuições de autores estrangeiros e estão acessíveis no Portal de Periódicos da Capes, nas bibliotecas e livrarias.

Existem muitos congressos na área da Educação, tanto nacionais quanto internacionais. A faculdade possui vários convênios com outras universidades de diversos países e continentes, como da América Latina, Europa, África e também nos Estados Unidos. O intercâmbio entre a FAE e outras universidades estrangeiras é permanente.

O domínio da literatura da área da Educação foi considerado extenso, volumoso, mas bem delimitado pela Diretora da FAE. Embora seja uma área que faz fronteira com muitas outras, a produção da literatura é considerada um crescimento da área e não uma desorganização. O tipo de conhecimento predominante nas pesquisas realizadas é ao mesmo tempo teórico, metodológico e empírico. Existe um volume de pesquisa em História da Educação, História da Vida, História Oral e também um grande envolvimento de pesquisas na área de Metodologia de Ensino.

b) Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas

Em 1939, a chamada Faculdade de Filosofia era a concretização de um sonho de intelectuais mineiros oriundos das áreas de Filosofia, Letras, Matemática, Ciências Naturais e Sociais. Somente em 1948, a Faculdade foi incorporada à UFMG e passou a situar-se no centro de Belo Horizonte. Anos depois, em 1968, com a Reforma Universitária implantada pela Lei 5.540/68, a Faculdade de Filosofia passou a se chamar Fafich e foi transferida para o bairro Santo Antônio em Belo Horizonte e desde 1990 foi instalada no Campus Pampulha da UFMG.

Atualmente, sob a direção do Prof. Dr.João Pinto Furtado, a Fafich conta com 6 departamentos - Ciência Política, Comunicação Social, Filosofia, História, Psicologia e Sociologia e Antropologia - que oferecem os cursos de graduação em Ciências Sociais, Comunicação Social, Filosofia, História e Psicologia e os cursos de pós-graduação em Ciência Política, Comunicação Social, Filosofia, História, Psicologia, Sociologia e Sociologia e Política, nível mestrado e doutorado, e os cursos de especialização em Temas Filosóficos e Teoria psicanalítica.

A área de CH é constituída por ciências que estudam a presença humana do ponto de vista mais cultural, e, segundo o Diretor da Fafich, abriga a Filosofia, que não é uma ciência, mas uma forma de conhecimento que prioriza a reflexão. Além do mais, outros cursos terão sede na Fafich, como o curso de Ciências Socioambientais, que terá por princípio investigar a interface entre homens e mulheres e o meio ambiente. Este novo curso proverá uma fronteira entre as CHs e o ICB e com o IGC. A menor interlocução que a Fafich faz é com o Icex. Até a reforma de 1968, curiosamente a Fafich abrigava a FAE, a Faculdade de Letras, a Física, a Química e a Biologia porque eram consideradas ciências aquelas áreas do conhecimento que ensinavam a entender o mundo.

Os pesquisadores da Fafich atuam exclusivamente dentro da academia com a pesquisa e a docência. Hoje muitos já trabalham em grupos de pesquisa, mas a tradição da área era o trabalho individual. Graças ao incentivo e ao aumento do número de bolsas conseguidas pela Pró-Reitoria de Pesquisa da UFMG, muitos pesquisadores têm formado grupos de pesquisa. Os artigos ainda são produzidos, em sua maioria, individualmente, porque a possibilidade de se ter um consenso entre autores, em algumas disciplinas das CH, é pequena.

Os livros e os capítulos de livros são as fontes mais importantes e mais utilizadas na Fafich, seguidos dos periódicos. Para o Prof. Dr.João Furtado, uma tendência do uso dos periódicos eletrônicos ainda é prematura. Os periódicos utilizados são na maior parte nacionais, pois muitas pesquisas de História do Brasil, Partidos Políticos, Dinâmicas Partidárias só interessam a pesquisadores brasileiros. O Diretor ainda relata que apesar de existirem periódicos importantes disponíveis online, como na base do Scielo, a tradição do periódico impresso é ainda a mais forte, pois existem, nessa área, professores de rede pública que não têm acesso fácil à Internet e que consideram o custo da impressão alto.

Quanto aos congressos, eles são frequentes e importantes para a Fafich quando se trata de intercâmbio e troca de experiências entre os pesquisadores. Eles não consideram os eventos determinantes para as publicações.

Em relação à literatura da área, o domínio encontra-se muito disperso, ou seja, o assunto ainda é muito extenso. Há predominância de pesquisas com conteúdos mais teóricos e mais empíricos segundo o Diretor da Fafich.