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3.2 Modelos de busca de informação

3.2.3 Modelo de Wilson

O modelo de Wilson (1997), Figura 2, aborda um modelo genérico de comportamento da informação incluindo variáveis que podem influenciar o indivíduo no comportamento de busca de informação. O destaque é que há uma grande valorização do contexto de necessidade de informação e das variáveis intervenientes que podem se tornar uma barreira para a busca da informação.

FIGURA 2 – Modelo geral de comportamento da informação. FONTE: Wilson,, 1997, p. 569. Contexto de necessidade de informação Variáveis Intervenientes Comportamento de busca de informação Mecanismo de ativação Mecanismo de ativação Psicológica Demográfica Ambiental Características da fonte Teoria risco/recompensa Teoria do aprendizado social Eficácia própria Atenção passiva Busca passiva Busca ativa Busca contínua Teoria stress/coping com Pessoa no contexto Processamento e uso da informação Pessoal

De acordo com Wilson (1997), a necessidade de informação é influenciada pelo contexto do indivíduo, pois cada indivíduo possui um motivo que antecede a necessidade e que pode levá-lo a buscar informação, portanto, a necessidade de informação é subjetiva.

Os mecanismos de ativação podem ser denominados de teoria do stress/coping e teoria do risco/recompensa. Stress acontece “quando o ambiente exige além das condições da pessoa, colocando em risco o seu bem estar”(FOLKMAN22, 1984, apud WILSON, 1997). Folkman define que coping 23 “é um esforço cognitivo e comportamental para reduzir ou tolerar demandas externas que são criadas por uma situação estressante” (FOLKMAN, 1984, apud WILSON, 1997). O processo risco/recompensa é definido por Wilson como uma “descoberta de que tipos de riscos são percebidos pelos usuários de informação e como eles estão lidando com isso para aproximar as recompensas antecipadas de descobrir a informação útil” (WILSON, 1997, p. 570).

As variáveis intervenientes propostas pelo modelo de Wilson (1997) podem funcionar como barreiras à busca de informação. Elas podem ser de caráter pessoal, social ou ambiental. Quando enfrentadas pelo usuário, podem impedir a expressão do comportamento de busca. As variáveis podem ser caracterizadas como:

a) Psicológicas – as variáveis psicológicas são reflexões da vida e sistema de valores, orientações políticas, conhecimento, estilo de aprendizado, variáveis emocionais, atitudes inovadoras, estereótipos, preferências, preconceitos, percepção própria, interesses e conhecimento de algum assunto, tarefas, informação ou sistema de busca.

b) Demográficas - incluem sexo, idade, “status” econômico e social, educação e experiência de trabalho.

c) Pessoais – derivam de um indivíduo em particular, no sistema social ou em uma organização. Em relação ao papel que ele desempenha no papel profissional, podemos encontrar as características do trabalho, requerimentos, regulamentos e limitações; normas e padrões de comportamento estabelecidos (em uma categoria profissional particular), o lugar

22 Folkman, S. (1984). Personal control and stress and coping processes: a theoretical analysis. Journal of Personality and Social Psychology, 46, 839-852. O apud foi utilizado porque não se teve acesso à referência

citada.

23 De acordo com o Longman Dictionary of Contemporary English Online (2008), coping pode ser definido

como conseguir lidar, enfrentar, encarar um problema ou uma situação difícil. Neste trabalho, preferiu-se manter o termo coping.

que uma pessoa ocupa em uma organização ou em todo sistema da organização; hierarquias típicas de valores; e níveis de responsabilidade.

d) Ambientais - incluem legislação, situação econômica, nível de estabilização, estrutura organizacional de um setor (dependências e competências), cultura informacional (tradicional versus inovativa; individual versus coletiva; nível de aceitação de desigualdades no acesso à informação), tecnologia, localização de fontes de informação, tipo de organização e cultura organizacional.

e) Características da fonte – valor da informação, adequação e confiabilidade.

No comportamento de busca de informação, Wilson (1997) propôs uma classificação que foi baseada nas características identificadas por Ellis (1989), mostradas no modelo anterior, a saber:

Atenção passiva – não é propriamente uma busca, mas quando há uma absorção

passiva da informação, pela TV ou pelo rádio, sem intenção de busca;

Busca passiva - são ocasiões em que um tipo específico de comportamento resulta em

aquisição de informação que poderá ser relevante para o indivíduo;

Busca ativa - ocorre quando se busca ativamente uma informação; e

Busca contínua - ocorre quando o indivíduo busca informação para se atualizar ou

expandir alguma área deseja se atualizar ou expandir sua busca sobre um determinado tópico de interesse.

Após a busca de informação, vem o processamento e uso da informação. Não há garantias de que este processo ocorra sempre que houver identificação da necessidade e a recuperação, pois o processamento e o uso da informação ocorrem na mente do indivíduo. Choo (2003) enumerou alguns indicadores provocados pelo uso da informação, conforme mostrados na seção “necessidade e uso da informação”.

O modelo de Wilson reuniu disciplinas de várias áreas, pois ele considerou que não apenas a Ciência da Informação tem tratado deste assunto, mas outras disciplinas como a comunicação, a psicologia e a sociologia. Para o trabalho, Wilson (1997) estudou alguns conceitos chave como necessidade de informação, busca de informação, troca de informação e o uso da informação em um diagrama que representasse o comportamento de um indivíduo necessitando de informação.

Este modelo parece ser mais abrangente que o proposto por Kuhlthau (1991) e Ellis (1989). Kuhlthau limita-se aos aspectos sentimento-pensamento-ação associados a estágios de busca de informação de um grupo específico. Ellis concentra-se em características identificadas dentro do processo de busca de informação de outro grupo de outra área do conhecimento. Wilson procurou verificar as áreas que também estudam o comportamento de busca de informação e seus assuntos relacionados para propor o seu modelo. Ele ainda considerou as necessidades de informação, associadas ao contexto do usuário, como uma condição inicial de busca e também as barreiras que podem intervir no processo. Wilson afirma que “há espaço para uma grande quantidade de trabalho que possibilita o uso de variáveis intervenientes que afetam grupos de usuários de situações de pesquisa específicas ou particular” (WILSON, 1997, p. 570).

Wilson ainda declara que “se acredita que o modelo oferecido poderia ser usado para análise da literatura da Ciência da Informação existente e identificar áreas de interesse para pesquisas futuras” (WILSON, 1997, p. 570).