• Nenhum resultado encontrado

5.2 A comunicação científica na Linguística, Letras e Artes

5.2.1 Características da Linguística, Letras e Artes na UFMG

a) Escola de Belas Artes

Sob a forma de um curso de Arte na Escola de Arquitetura da UFMG, foi criada a Escola de Belas Artes em 1957. Na Reforma Universitária de 1968, a EBA foi transformada em Escola pelo Decreto-Lei 62.317, e passou a ser uma unidade do sistema básico da UFMG. Hoje a EBA possui os cursos de graduação em Artes Visuais, Conservação e Teatro. Na pós- graduação encontram-se os cursos de mestrado e doutorado em Artes e especialização em Ensino de Artes Visuais.

De acordo com o Vice-Diretor da Escola de Belas Artes, o Prof. Dr. Luiz Antônio Cruz Souza, do ponto de vista da pesquisa, a Escola trabalha com a criação, a crítica e a preservação em Artes. E do ponto de vista da extensão, existem atividades vinculadas com a comunidade como atividades mais amplas de inserção nas comunidades para tornar a arte mais participativa. A interdisciplinaridade está presente na EBA por uma interlocução com os cursos de Letras, de Música e de Arquitetura. Há também uma forte integração, pela via da Preservação, com os cursos de Física, de Química e de Biologia e também pelos professores que têm formação em outras áreas como a Veterinária, a Química, a Engenharia e nem tanto específica na área de Artes, mas atuam na pesquisa, no ensino e na extensão em Artes.

Os pesquisadores da Escola de Belas Artes, embora trabalhem com a criação particular e com a crítica, sempre estão envolvidos com trabalhos em grupos ou em ateliês porque o ambiente de criação envolve um ambiente de grupo. Poucos deles são cadastrados no Diretório de Pesquisa do CNPq e, segundo o Vice-Diretor, ainda tem um caminho a ser

trilhado junto à Pró-Reitoria de Pesquisa da UFMG, à Capes, ao CNPQ e a outras instituições que também fomentam pesquisas para a inserção das Artes na realidade da academia como uma unidade como tantas outras, também com laboratórios, que são os ateliês, em que se trabalha com pesquisa e criação. O predomínio de profissionais também é de pesquisadores ativos, que trabalham dentro da academia. Mas, de acordo com o diretor da EBA, muitos docentes possuem trabalhos integrados fora do âmbito da escola que não são formalmente comunicados. Isso significa que os pesquisadores produzem muito, mas não formalizam seus trabalhos como produção acadêmica porque não têm informação de como fazer isso.

A EBA possui uma particularidade nos seus canais de divulgação da informação científica: os catálogos de exposição são a fonte mais importante, juntamente com os livros. A luta é para que um catálogo com uma boa qualidade seja reconhecido como uma publicação de peso. Quanto aos periódicos, eles são pouco utilizados em relação às outras áreas, como a Bioquímica ou a Física. Os mais importantes são os periódicos estrangeiros, e eles estão acessíveis na biblioteca e também por troca entre bibliotecas. Uma questão interessante é a preferência por periódicos impressos que garantem a qualidade de uma imagem enquanto um periódico eletrônico exigiria um software que tenha um gerenciamento de cor para manter a qualidade do material. Apesar do uso moderado de periódicos, o Vice-Diretor da EBA afirma que existe uma tendência de que a informação flua também pelos periódicos.

Os congressos têm grande importância para a Escola, mas, atualmente, a movimentação deve ser no sentido de incentivar os alunos de graduação a participar dos eventos.

O domínio da área de Artes encontra-se disperso, literatura pouco organizada e com um grande número de tópicos diferentes de pesquisa. As pesquisas realizadas na EBA trazem um conhecimento teórico, que está interligado com a crítica, produção metodológica, que está muito ligada com a preservação e produção empírica que também está vinculada ao processo criativo.

O Prof. Luiz Antônio Cruz Souza, ao final da entrevista, fez um comentário bastante interessante que nos chama a atenção para o reconhecimento das Artes hoje na academia:

[...] que o discurso da academia reconheça as Artes como uma área acadêmica onde existem pesquisa, ensino, extensão nos mesmos pesos das áreas mais tradicionais e que a área não tenha uma visão pejorativa ou porque são as Artes e o investimento tem que ser menor, ou porque são as Artes e as demandas são diferenciadas. E as demandas não são diferenciadas. Um laboratório de dança, por exemplo, precisa ter um ambiente com um controle só nosso. Se um laboratório de Química precisa de um sistema de exaustão específico, ou se um biotério na Biologia precisa de um determinado espaço para criação de animais e tratamento de rejeite desses animais,

também a Escola de Belas Artes tem as suas necessidades e essas necessidades precisam ser respeitadas também, para que possamos seguir em frente como uma academia, como um instituto nessa academia. Acho que é uma mensagem que o seu trabalho poderia servir para dar um toque. (DIRETOR EBA, 2008)

b) Faculdade de Letras

A Fale, Faculdade de Letras, também foi fundada na Reforma Universitária de 1968 quando se desmembrou da área de Letras da atual Fafich pelo Decreto Lei 62.317. A partir de 1983, a Fale foi instalada no Campus Pampulha da UFMG onde se encontra atualmente. A Faculdade oferece, na graduação, o curso de Letras com 12 habilitações (licenciatura e bacharelado), na pós-graduação, os cursos de Estudos Literários e Estudos Linguísticos em nível de mestrado, doutorado e especialização. Através do Centro de Extensão, Cenex, a Fale oferece cursos de extensão de línguas estrangeiras: alemão, italiano, inglês, francês, espanhol e japonês, além dos cursos de línguas clássicas, grego e latim, e português para estrangeiros.

De acordo com o Prof. Dr. Jacyntho José Lins Brandão, a área de Letras tem muitas ramificações e uma divisão grande quando se fala em LLA. A Linguística é um estudo mais pesado e a Letras tende para o lado das Artes. A área é classificada de interdisciplinar. Por exemplo, quem trabalha com Língua e Literatura Grega vai usar informações de História, de Filosofia, porque o recorte é a Antiguidade. Quem trabalha com Literatura e outras Artes interage com o pessoal de Cinema, Teatro e Música. E até mesmo na linha de pesquisa Linguística e Cognição, a interação vai esbarrar na Biologia e na Psicologia. O predomínio de profissionais da área é de pesquisadores ativos, que atuam com o ensino e pesquisa dentro da academia.

Assim como na Fafich, os pesquisadores da Fale estão começando a trabalhar mais em grupos de pesquisas. Antigamente o trabalho era mais individual, e a universidade e o CNPQ induziram o registro de grupos de pesquisa. O Diretor da Fale atribui esta mudança de perfil á nova geração de professores que está chegando na universidade. Ele relembra que antigamente o professor ia à universidade para dar aulas e voltava pra casa, então um gabinete poderia servir para 2 ou 3 professores. Hoje, os novos professores passam o dia inteiro na universidade desenvolvendo seus projetos e necessitam de equipamentos e de estagiários. Assim, o espaço físico precisa ser replanejado e a ideia de criar laboratórios está cada vez mais próxima.

O livro ainda é o canal de divulgação mais importante da área. Segundo o Diretor, as pessoas da área leem pouco periódico, pelo menos os do Brasil. Os periódicos da área são bem classificados e na Fale existem cerca de 6 revistas que saem 2 vezes por ano. Quem

trabalha com literatura estrangeira ou língua estrangeira tem recenseamentos publicados na Internet com toda a publicação do ano. Já para a língua portuguesa e literatura brasileira não existem publicações. Agora, se um pesquisador trabalha com literatura brasileira é mais importante pra ele publicar em revista brasileira do que publicar em uma revista do exterior. Se um livro é publicado no Brasil, numa boa editora, ele tem um impacto maior do que um trabalho publicado no estrangeiro. Além do livro, os pesquisadores publicam muito em coletâneas de livros. Segundo o Diretor, o livro está mais acessível também porque não se encontram periódicos numa livraria, por exemplo. Em contrapartida, boa parte dos periódicos está disponível no Portal de Periódicos da Capes.

Os congressos da área são inúmeros e muito importantes pra redesenhar outras áreas e subáreas das Artes e da Letras. Os eventos menores são uma alternativa boa para pontuar melhor os assuntos. A partir dos congressos, os pesquisadores preferem submeter artigos para alguma revista e não costumam ficar publicando apenas em anais.

Em relação ao domínio da área de Letras, ele se encontra muito disperso, a literatura está crescendo a cada dia junto com as línguas no mundo que hoje somam cerca de 5.000. O tipo de conhecimento produzido é, em sua maioria, teórico. A parte metodológica é dividida com a área da Educação.

5.2.2 Perfil dos entrevistados

A amostra da área de LLA tem 7 participantes, sendo 5 docentes e 2 Diretores, 1 da Escola de Belas Artes e 1 da Faculdade de Letras. Dos entrevistados, 4 são do sexo masculino e 3 do sexo feminino.

Quanto à idade, 3 participantes têm idade entre 41 e 50 anos, e 3 pesquisadores têm idade entre 51 e 60 anos.

Em relação ao tempo de docência, 2 pesquisadores exercem a profissão ente 11 e 20 anos, 4 pesquisadores entre 21 e 30 anos e apenas um pesquisador exerce a profissão há mais de 31 anos.

Os departamentos de origem dos pesquisadores são: 2 do departamento de Artes Plásticas, 1 de Fotografia, Teatro e Cinema, 2 pesquisadores da Linguística, 1 docente da Diretoria da Fale e 1 docente da Diretoria da EBA.

Quanto à formação acadêmica, 4 docentes têm pós-doutorado e 3 docentes têm doutorado.