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CAPÍTULO 2 NA TOCA DO COELHO

2.5 Ensino de línguas e tecnologia

2.5.1 Métodos e Abordagens

2.5.1.4 Blended learning

Mesmo com o surgimento da internet datado ainda na década de 1990, é nos anos 2000 que esta começa a aparecer com mais força nas pesquisas que envolvem educação e tecnologias. Um desses estudos trouxe exatamente a ideia da cultura da convergência que Jenkis (2008) defende, o chamado blended learning ou aprendizagem híbrida.

O conceito de ensino e aprendizagem híbrida ou blended learning já existia desde da década de 1990, mas sua terminologia não tinha sido estabelecida até o início do século XXI. O significado de ensino híbrido era amplamente divergente e com uma gama de variedade de conceitos e metodologias até 2006, quando o primeiro livro científico sobre o assunto foi publicado por Bonk e Graham, intitulado Handbook of Blended Learning. Nesta publicação, Graham desfez a ambiguidade no termo e estabeleceu uma definição, na qual 'blended learning

é um sistema de aprendizagem que combina a instrução presencial (face a face) com a instrução mediada por computador." Atualmente, o uso do termo blended learning precisamente envolve a "combinação de internet e as mídias digitais, as quais estabelecem formatos de sala de aula que requerem a presença tanto física quanto virtual dos alunos e professores"32.

O ensino híbrido, portanto, é a combinação do aprendizado online com o offline, em modelos que mesclam (por isso o termo blended, do inglês “misturar”) momentos em que o aluno estuda sozinho, de maneira virtual, com outros em que a aprendizagem ocorre de forma presencial, valorizando a interação entre pares e entre aluno e professor. A parte online disponibiliza o auxílio de recursos digitais, os quais permitem que o aluno tenha controle sobre sua própria aprendizagem, ou seja, onde, como, o que e com quem vai estudar. Nesse sentido, os dispositivos móveis, como tablets e smartphones, e a facilidade de utilizá-los em diferentes ambientes abriu o leque de possibilidades sobre onde esse componente pode ser desenvolvido: dentro da própria sala de aula, na biblioteca, no laboratório de informática e até em casa33.

Esse tipo de ensino e aprendizagem exige configurações diferentes em todo o contexto educacional, que vai desde a parte da estrutura física (não será mais possíveis carteiras enfileiradas do modelo fordista) até o desenvolvimento de competências de professores, que precisarão compreender as tecnologias como objetos socioculturais de aprendizagem, além de se apropriar das ações e atitudes que compõem as palavras de ordem dessa pedagogia: produção, colaboração e compartilhamento.

O professor, nesses modelos de educação convergente entre o on e offline, assume papéis, que apesar de serem chamados de novos, são requisitados desde a abordagem comunicativa, ou seja, lideram a função de mediador de conhecimento e incentivador da criatividade e inovação dentro do ambiente escolar.

Contudo, o mais interessante desse novo movimento de educação, que obviamente também atinge a educação de línguas, é a percepção da tecnologia para além do recurso, pois esta permite também fazer coletas de dados para personalizar o aprendizado. Em outras palavras,

32 Informação retirada e adaptada do verbete “Blended learning” da Wikipedia em inglês <

http://en.wikipedia.org/wiki/Blended_learning>. Acessado em janeiro de 2014.

33 Informação retirada e adaptada do texto “Ensino Híbrido” do site sobre educação contemporânea Porvir

é possível realocar ferramentas mais eficientes para determinado problema do aluno ou ir diretamente (face a face) naquele aluno e ajudá-lo de maneira pontual, pois com as tecnologias digitais, os dados são mais facilmente organizados para melhor análise dos professores de maneira individual aos alunos.

Desta forma, a convergência das tecnologias digitais ajuda tanto o professor quanto os alunos, pois com elas os alunos podem seguir o seu próprio ritmo de estudo, desenvolver a responsabilidade por seu próprio aprendizado, além de desenvolver competências de aprender (RIBEIRO, 2009), fundamentais para aprender ao longo da vida.

Especialmente na aprendizagem de línguas, os alunos terão oportunidades, de fato reais, de aprender línguas para comunicação. Já para os professores, as tecnologias digitais, nesse modelo de convergência, permitem-lhes um trabalho mais preciso, menos indutivo e mais profissional, evitando, inclusive, repetição de pontos de explicações coletivas, muitas vezes exaustivas para os alunos que já compreenderam tal ponto do conhecimento e, assim, focando mais seus esforços naqueles que precisam mais desse reforço intelectual.

É importante ressaltar o que Leffa (2003, p. 248) alerta, de que não se trata de substituir o real pelo virtual, o professor pela máquina, mas de fazer convergir os dois. O autor ainda relembra que a virtualidade faz parte do ser humano, ou seja, a virtualidade não surgiu apenas com o advento da internet.

Leffa (2003, p. 224) afirma que o virtual, por sua vez, não se opõe ao real, mas funde-se a ele, levando à conclusão de que a virtualidade não existe apenas no computador, mas em todos os artefatos culturais que cercam o homem, incluindo, entre outros, o livro e a língua.

Desta forma, Leffa (2003, p. 248) afirma que é um erro banir o virtual da sala de aula, pois então teríamos que também destruir as próprias bibliotecas, considerando a natureza essencialmente virtual do livro. Até a própria língua, em última análise, teria de ser banida também, pois no fundo não é a realidade, mas sim uma representação dela.

O ser humano é virtual; tirando-lhe a virtualidade, não terá como transmitir o conhecimento, perderá o dom da fala e deixará de existir como ser humano (LEFFA, 2003, op. cit).

Antes mesmo que Alice pudesse fazer um comentário dessa última parte da história, a tela de cinema feita de pó mágico desapareceu e junto com ela a Lagarta também. A professora

ficou sem entender muito bem, pois queria agradecer a Lagarta, que apesar de ser séria e chata, era também generosa, pois a fez compreender muita coisa que estava com as “pontas soltas”.

Ao se preparar para descer do cogumelo gigante, onde estava sentada desde o início da história, Alice conseguiu perceber que havia uma casinha um pouco mais adiante, onde finalizava o bosque. “Pelas risadas que consigo escutar daqui, acredito que lá tenha gente feliz e muita comida porque estou morrendo de fome”, falou consigo mesma enquanto corria em direção a animada casa.