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Bloco 4: A interdisciplinaridade o Currículo Integrado e o Planejamento

5.4 ANÁLISE DO DISCURSO DOS PROFESSORES DURANTE A

5.4.4 Bloco 4: A interdisciplinaridade o Currículo Integrado e o Planejamento

Para uma temática que vem sendo discutida a longa data no país e que tem feito parte das discussões das normativas educacionais, no contexto escolar ainda é muito vaga e carece de reflexão. Percebemos que embora os professores tenham disponibilidade e manifeste interesse em refletir a sua prática, fato é que o tempo é relativamente curto para atender a demanda que surge diariamente, onde as reuniões coletivas por áreas tem se restringido a momentos de desabafo, cumprimento de atividades burocráticas ou externas ou ainda para cumprir com as demandas disciplinares pertinentes da atividade docente deforma individualizada.

Neste Bloco fica evidenciado, por meio do discurso dos professores, que tão somente a determinação de tempo para estudo, não garante a participação de todos, pois existem outras questões que precisam ser solucionadas antes que possa exigir um currículo integrado e trabalhado na perspectiva da interdisciplinaridade, como por exemplo, um aumento de tempo para planejamento coletivo interdisciplinar e que este tempo destinado para o planejamento das atividades coletivas e do próprio currículo não seja utilizado para outras atividades.

Os professores registram que a determinação do currículo escolar, dos dias letivos, o tempo destinado ao planejamento coletivo por área de conhecimento assim como o planejamento individual, são determinações políticas e que não tem sido exitosa o apelo da categoria por melhores condições de trabalho, como por exemplo, aumento de horas para efetivo planejamento e pesquisa, assim como outras demandas que são reivindicadas, por exemplo o número de estudantes por sala de aula, e a pressão que os professores sofrem para aprovação, mesmo de estudantes que não tenham alcançado média.

Percebemos que são muitos os desafios apontados pelos professores, e que em muitas das reinvindicações não são atendidos, isso provavelmente é um ponto desmotivador que impede a busca individual por metodologias mais alternativas, que possibilitem o diálogo em vista da ruptura do saber fragmentado. Os professores reconhecem a necessidade de se trabalhar o currículo de forma integrada, mas ao mesmo tempo seu posicionamento é apenas de cumprir com a lista de conteúdos estabelecida no currículo escolar, mesmo que este não faça significado algum.

Segundo os próprios educadores, entre os obstáculos à concretização do currículo integrado na Área de Ciências da Natureza e Matemática, está o descaso das políticas públicas para metodologias que possibilitem essa integração, o desinteresse por parte de alguns professores que ao se sentir pressionado, pela sua condição de contrato (designação temporária – DT), não se sente seguro para se posicionar e acabam por cumprir com a sua aula disciplinar sem se envolver na busca por outras propostas. E entre os três turnos de discussão contidas neste bloco a questão da “ausência do tempo” em virtude das diferentes jornadas de trabalho foi o discurso mais acentuado.

Durante o debate proporcionado neste Bloco, fica claro que os educadores consideram de grande importância investir no currículo integrado na perspectiva da interdisciplinaridade, no entanto faz-se necessário uma mudança de postura, pois, percebemos que, mesmo sendo pouco tempo, existe um momento para reunir coletivamente onde os professores da área se encontram. Seria oportuno organizar um pauta com assuntos e temas a serem discutidos em cada planejamento e o tempo destinado para cada situação, isso poderia aproveitar melhor o tempo e não desperdiça -lo com discussões pouco produtivas.

Quando questionados sobre a possibilidade em organizar o currículo da área de forma integrada, a fala foi unânime e destacamos o Prof. 07 e Prof. 13, “não podemos e nem temos poder para mexer no currículo”, “somente se houver uma autorização da Superintendência Regional, mas já adianto não vamos conseguir [...]”.Situação semelhante foi descrita por Silva e Pinto (2009) os autores reportam para a existência da divisão do trabalho: “de um lado situam-se os que pensam, decidem e têm o poder de determinar; de outro encontram-se os que

executam e buscam meios para tornar possível o que foi alhures pensado e definido – nesse caso, os professores”.

A escola perdeu a autonomia de construir sua proposta curricular conforme a realidade que está inserida, os professores desistiram de enfrentar a situação pelas inúmeras tentativas e que por ações arbitrárias e burocráticas não foram aceitas. Neste contexto, fica difícil pensar e propor ações que possibilitem a integração das áreas e são levantadas outros questionamentos que talvez a resposta não seja encontrada nesta pesquisa, o que a escola por meio do seu currículo considera conteúdo de ensino? Qual o objetivo de estarmos organizados em áreas do conhecimento? Qual o objetivo do planejamento coletivo por área e sua obrigatoriedade conforme as portarias estaduais? Que outros momentos poderiam ser destinados ao estudo e reflexão sobre a prática pedagógica sem que o Regimento Comum das Escolas Estaduais seja descumprido?

Essa etapa da pesquisa, provavelmente foi a que mais acentuou ou desafios apontados pelos professores, talvez como forma de expor a realidade vivida diariamente, e por externar o sentimento dos docentes diante da realidade escolar e expor as tensões vivenciadas no cotidiano escolar. Tais tensões e dificuldades com o trabalho em equipe e o planejamento coletivo interdisciplinar já foram enunciadas em estudos anteriores como os de Weigert, Villani e Freitas (2005).

A crise no Ensino vai além de políticas públicas, mas é preciso que a escola retome seu papel de fornecer ferramentas necessárias a formação, que o professor não seja rotulado como o culpado pelo fracasso escolar, como se essas situações dependessem exclusivamente dele.

5.5 ANÁLISES DO DISCURSO DOS PROFESSORES NA SEGUNDA ETAPA