brilhante. Uma navalha de que eu sacava com a maior das
facilidades nesses tempos globalmente confusos. Tinha-me
afeiçoad o a ela e, à m inha man eira, aprendera a u sá-la . N essa
noite, ficou no meu bolso, e o único pensamento que tive a
respeito daq uela lâm ina foi: oxalá não a encon trem e não se
pon ham a brincar com ela. N em me pa ssou pela cabeça u ti
lizá-la. De sde o m om ento em que percebi o que nos estava a
acontecer, tive consciencia de que eles eram os mais fortes. Uma questão mental. Mais tarde, convenci-me de que, se a questão tivesse sido eles quererem roubar-nos os blusões, a minha reacção teria sido diferente. Eu não era temerária, mas bastante inconsciente. Porém, nesse momento preciso,
senti-me mulher, miseravelmente mulher, como nunca o ha via sentido, como nun ca me viria a sentir depois. Defen der
a minha pele não me permitia ferir um homem. Creio que teria reagido da mesma maneira se houvesse apenas um rapaz contra mim. Era a perspectiva da violação que fazia outra vez de m im um a mulher, alguém e ssencialm ente vu l nerável. A s m eninas são am estradas para nunca fazerem m al aos hom ens, e as mulheres são cham adas à pedra sem pre que infringem essa regra. N inguém gosta de saber até que ponto é cobarde. N inguém tem vontade de o ficar a saber n a carne. Não estou zangada comigo por não ter ousado matar um deles. Estou zangada com um a sociedade que me educou sem ja m a is m e e n sin ar a ferir u m h o m em se ele m e abrir as p ern a s à força, enquanto essa m esm a sociedade me inculcou a ideia de que a violação era um crim e de.que. nunca m e iria re co m por. E estou absolutamente furiosa por, perante três homens
e um a carabina, e presa num a floresta de onde seria im p o ssí vel fugir a correr, me sentir ain d a hoje culp ada po r n ão te r tido
coragem de nos defender com u m a pequena n avalha.
Finalmente, um que encontra a faca e m ostra -a ao s outros, sinceramen te admirado por eu não a ter usado. «E ntão é po r que ela estava a gostar.» Para dizer a verdade, os hom ens igno ram a que ponto o d ispositivo de castração Idas rap ariga s é imp arável, a que ponto tudo está escrupu losam ente o rganizado para garantir que eles vencem, sem arriscar muito, quando atacam as mulheres. Acreditam, inocentemente, que a sua
superi
superiorioridade advém dade advém da sua forda sua força. Não se iça. Não se incomncom odam odam nada emnada em ter
ter umum a la luta de carabina contra uta de carabina contra navalha. Connavalha. Con sideram, sideram, os ditoos dito sos cretinos, qu
sos cretinos, que esse coe esse co mm bate é bate é igualitárigualitário. E io. E esse o segredo esse o segredo dada sua tr
sua tranquanqu iliilidaddad e de espírito.e de espírito.
Parece impossível que, em 2006, quando tanta gente se Parece impossível que, em 2006, quando tanta gente se passeia com minúsculos computadores portáteis, máqui passeia com minúsculos computadores portáteis, máqui nas fotográficas, telefones, agendas e leitores de música, não nas fotográficas, telefones, agendas e leitores de música, não exis
exista nenhum ta nenhum objobjectecto que o que se possse poss a enfia enfiar na rar na rata quanata quando do sasa íí m
m os pos p ara dar umara dar um a a volta, capaz de desfazvolta, capaz de desfazer a er a pila do pripila do primm eiroeiro saca
saca na que na que a quisesse lá ma quisesse lá m etereter. Ta. Tallvez vez não não seja desejável seja desejável toto rr nar o sex
nar o sexo feminino o feminino inacinac essívessív el pela el pela forforça. ça. A A mm ulher ulher tem tem dede ficar
ficar abeabe rta e rta e temtem erosa. erosa. Se não fosse Se não fosse assimassim , o , o que definirque definiria aia a masculinidade?
masculinidade?
Depois da violação, a única atitude tolerada da mulher Depois da violação, a única atitude tolerada da mulher con
con siste em virar a siste em virar a viovio lênlên cia contra scia contra si. Por i. Por exemplo, engordarexemplo, engordar v
vinin tte e qq uu iilolo ss. . SS aa iir r ddo o mm eerrccaadd o o sseexxuu aal, l, ppoor jr j á á tteer r ssiiddo o eessttrraagg aadd aa,, excluir-se voluntariamente do desejo. Em França, não se excluir-se voluntariamente do desejo. Em França, não se m
m ata as muata as mu lherlheres es violadaviolada s, mas s, mas espeespe ra-se delra-se delas quas que e tenhamtenham a
a decdec ência de ência de se apresense apresen tarem tarem como mcomo m ercadoria ercadoria deterideteriorada,orada, poluída. Putas
poluída. Putas ou desfeadas, devem sair ou desfeadas, devem sair espontaneamespontaneam ente doente do v
v iivveeirir o o dd aas s aapp ttaas s pp aa rra a o o ccaassaamm eenn ttoo ..
Com efeito, é a violação que fabrica as melhores putas. Com efeito, é a violação que fabrica as melhores putas. Uma vez abertas à força, elas conservam por vezes à flor da Uma vez abertas à força, elas conservam por vezes à flor da pele um emurchecimento que os homens apreciam, qualquer pele um emurchecimento que os homens apreciam, qualquer coisa de desesperado
coisa de desesperado e de see de sedutordutor. A viol. A violação ação é com frequêné com frequên cia inici
cia iniciática, corta nática, corta n a carne a carne papa ra tornar a mulher ora tornar a mulher o ferferecida,ecida, e nunca se vai voltar a fechar completamente. Estou certa de e nunca se vai voltar a fechar completamente. Estou certa de que há como que um odor, qualquer coisa que os machos que há como que um odor, qualquer coisa que os machos detectam
detectam e qe que os excitue os excita especialmena especialmen te.te.
Insistimos em comportarmo-nos como se a violação fosse Insistimos em comportarmo-nos como se a violação fosse uma coisa rara e periférica, alheia à sexualidade, evitável. uma coisa rara e periférica, alheia à sexualidade, evitável.