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Imóveis Famílias envolvidas Nº. de Imóveis Famílias Envolvidas 1985 768 86.854 (*) 1.471 1986 634 11.848 07 4.718 1987 (*) (*) (*) (*) 1988 71 11.119 07 1.230 1989 80 15.960 06 1.290 1990 49 8.314 02 800 1991 77 15.340 03 152 1992 81 15.538 04 595 1993 89 19.092 02 405 1994 119 20.516 03 612 1995 146 30.476 01 230 1996 398 63.080 09 2.460 1997 463 58.266 07 740 1998 599 76.482 12 860 1999 593 78.258 06 333 2000 390 64.497 01 200 2001 194 47.197 09 747 2002 184 26.958 04 900 2003 391 65.552 06 472 2004 496 79.591 04 1.070 2005 437 54.427 03 388

Fonte: COMISSÃO PASTORAL DA TERRA (2004) e dados disponíveis em: <http://www.cptnacional.org.br>. Acesso em: 18.set.2006.

(*) Informação não disponível.

Observada ao longo das décadas recentes, a trajetória das ocupações de terra mostra-se bastante significativa, tanto para o conjunto do país quanto para o estado do Maranhão. Destacam-se especialmente os dados da segunda metade da década de 1990, período em que ocorreram em média 488 ocupações, envolvendo

um contingente de 340.583 famílias, no conjunto dos estados brasileiros. No Maranhão, a média anual foi de sete ocupações, que somaram 4.593 famílias. No caso particular deste estado, o ano de 1996 destaca-se pelo número de famílias que participaram das ocupações: mais da metade (53,6%) do contingente total do período considerado.

O avanço das grandes apropriações sobre as terras de lavoura para a expansão da pecuária até o fechamento da fronteira agrícola, o advento dos grandes projetos vinculados ao PGC para plantação de eucalipto e a incorporação de extensas áreas de cerrado para a monocultura de soja, contribuíram decisivamente para expulsar da terra as famílias de produtores rurais, empurrando-as na direção das cidades. Como estas, pelas circunstâncias históricas da modernidade, também passam a se fechar para as famílias rurais, começa a se expandir, nas diversas regiões do estado, um espaço intermediário para comportar essas famílias. Entretanto, todo esse processo não ocorre passivamente. A decidida resistência dos trabalhadores, organizados nas mais diversas situações logrou impedir que o avanço das cercas de arame fosse mais rápido e empreendeu um movimento de retomada de parte das terras, para transformá-la em assentamentos rurais e produzir alimentos.

4.3 Caracterização dos assentamentos de reforma agrária na dinâmica socioeconômica do estado do Maranhão

Conforme se discutiu na seção anterior, a conseqüência mais imediata das ocupações de terra realizadas pelos trabalhadores rurais traduz-se na reafirmação da função social da terra através de seu uso de forma produtiva pelas famílias incorporadas nos diversos assentamentos que foram sendo criados, principalmente a partir da década de 1980. É nessa mesma década que se verificam duas condições essenciais para a expansão do quantitativo de assentamentos de reforma agrária no Maranhão: por um lado, o avanço da organização dos trabalhadores que se encontravam acampados à beira das estradas; por outro, as empresas “modernas” que vieram para a Pré-Amazônia maranhense atraídas por incentivos fiscais, já não estavam interessadas em manter as terras sob sua propriedade, pois

à época em que foram se reduzindo os incentivos da Sudene e da Sudam, a cobertura vegetal já havia sido devastada, quer pela exploração predatória da madeira de lei quer pela implantação de pastagem com uso de agrotóxicos. Assim, para aqueles grupos, que já haviam se beneficiado dos incentivos fiscais e de crédito, ter as áreas invadidas pelos sem-terra e em seguida desapropriadas pelo Governo representava mais uma oportunidade de tirar vantagens da situação: agora, através da indenização, às vezes a preços elevadíssimos, das terras antes devolutas82.

Nesse contexto é que se origina a hipótese desta seção, segundo a qual os assentamentos de reforma agrária no Maranhão constituem um processo irreversível, considerando-se sua expansão quantitativa, as condições históricas dessa expansão e o contingente de famílias envolvidas, ainda que essa circunstância não signifique qualquer indicação de uma trajetória segura.

A observação da expansão quantitativa pode ser feita de maneira menos problemática quando se considera o conjunto do território maranhense. Porém, quando se pretende analisá-la com base nos municípios, apresentam-se alguns obstáculos de difícil contorno, uma vez que há dez anos operou-se profunda modificação na divisão geográfica do Maranhão, assim como em outros estados da Federação, a partir da emancipação de diversos povoados, que foram alçados à categoria de municípios83. Em sua maioria, esses novos municípios tiveram os territórios formados pela junção de áreas desmembradas de diferentes municípios. Em algumas situações, um mesmo município cedeu trechos de seu território para a formação de dois outros municípios. Em se tratando dos assentamentos em particular, há casos em que a área não coincide com os limites municipais, abrangendo trechos de outros municípios. Dessa forma, as informações referentes a determinado município que tenha sofrido desmembramento não podem ser adaptadas para efeitos comparativos com o novo município.

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Atraídos por uma generosa política de transferência de terras do estado, via COMARCO – Companhia

Maranhense de Colonização – no início dos anos 70, a partir de dispositivos legais como a lei Sarney de terras e outros, e da igualmente generosa política de inventivos fiscais no mesmo período, tais grupos vêm obtendo lucros fantásticos com processos desapropriatórios de grandes áreas transferidas a seus patrimônios pela COMARCO, chegando, em alguns casos, quando comparados os preços de aquisição inicial e de desapropriação, a atingir um ágio de 2.481%, conforme quadro apresentado pela Folha de São Paulo.

(ANDRADE; CARNEIRO; MESQUITA, 1996, p. 106-107)

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Estatísticas oficiais indicam que atualmente no estado do Maranhão, existem 826 assentamentos84, somando-se os quantitativos de projetos de responsabilidade dos governos federal e estadual, ocupando uma área total de 4,1 milhões de hectares e envolvendo aproximadamente 94,3 mil famílias. A distribuição geral desses assentamentos nos diferentes municípios do território estadual pode ser visualizada no mapa 5, a seguir.