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3 – APORTE TEÓRICO: DIREITO À INFORMAÇÃO, COMUNICAÇÃO PÚBLICA E A PERSPECTIVA DO USUÁRIO

5.5 BREVE ANÁLISE SOBRE DIVULGAÇÃO DO GDF

Mesmo não sendo o foco principal deste trabalho, alguns resultados preliminares dos grupos focais indicaram questões relacionadas à divulgação das políticas públicas pelo governo local. Desse modo, percebeu-se a necessidade de checar, mesmo que não profundamente, essas estratégicas de divulgação. Para isso, foi feito contato com a Secretaria de Comunicação do GDF a fim de entender os principais veículos utilizados pelo GDF e posterior busca, em fevereiro de 2019, das ações nos canais indicados. As principais divulgações são realizadas por meio de campanhas publicitárias, produzidas em parceria com uma agência de publicidade e veiculadas por período determinado em canais de rádio e TV. Também são utilizados o portal Agência Brasília e o da própria Secretaria de Política para as Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (SEDESTMIDH).

Do ponto de vista das campanhas, das 97 produzidas entre 2015 a 2018, apenas uma abordou a violência contra a mulher. Com vídeo, spot para rádios e cartazes, as peças traziam como ideia central o apelo a vizinhos, colegas de trabalho ou àqueles que testemunham situações de violências contra a mulher. A mensagem era a de que quem não denúncia é cúmplice de tal violência. O número 156, canal “Fale com o governo”, cuja opção número 6 é destinada ao combate à violência contra a mulher, foi disponibilizado em todas elas. Em uma das situações ilustradas no vídeo da campanha, há a alusão à violência sexual cometida em ambiente de trabalho. Nos cartazes, todas as imagens trazem mulheres com os olhos roxos.

141 Dentre as 97 campanhas identificadas, alguns links, intitulados “Programas de Rádio”, desdobram-se em outros, que são edições, de cerca de 2 ou 3 minutos. Esses programas foram veiculados nos anos de 2017 e 2018 e são de dois tipos: o Brasília na Mídia, em que locutores comentam notícias que saíram nos veículos locais e o Papo Brasília. Ambos trazem informações sobre serviços e programas do GDF e escutam depoimento dos cidadãos abarcados pelas iniciativas informadas. A regularização fundiária, com o fornecimento das respectivas escrituras às famílias, é o tema mais abordado. Além disso, são destacadas ações dos programas Saúde na Família e de combate à dengue, dados sobre a crise hídrica vivida na região, informes sobre inscrições de cursos técnicos e sobre coleta seletiva de lixo, entre outros, em uma gama grande de assuntos.

Dos 44 programetes veiculados em 2018, nenhum noticiou iniciativa ou serviço relacionado à proteção de mulheres contra violência ou violência doméstica. Dos 55 de 2017, apenas três abordaram a questão, informando, em novembro, que o GDF aderiu à campanha “16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher” e promoveu capacitação de servidores sobre a temática, além de um projeto de atenção preventiva a mulheres que estão sob medidas protetivas. Não explicam como é a iniciativa ou como ter acesso a ela. Em maio abordaram assédio no metrô, informando que funcionários do transporte seriam capacitados e incentivando denúncias pelo canal Disque 180.

Em abril, informaram, ainda, que a Secretaria do Trabalho diplomou alunas de curso fornecido pela Casa da Mulher Brasileira, mas não citam endereço da Casa ou como ter acesso aos cursos. Também destacaram que é importante ajudar profissionalmente mulheres vítimas de violência e que o GDF teria conseguido vagas de trabalho para essas mulheres em empresa que presta serviços ao Senado Federal. Nenhum dos programas, nos dois anos, veiculou qualquer informação sobre os serviços do Ceam, dos Nafavds ou sobre projetos como o Provid, por exemplo.

No portal da Agência Brasília, site oficial de notícias do GDF, foi realizada busca com o termo “Centro Especializado de Atendimento à Mulher”, que localizou 23 matérias, publicadas desde o ano de 2014. Dessas, apenas nove, além de citar o Ceam, explicam o que é o serviço e indicam endereços ou canais de contato. Novamente aqui prevalecem as notícias sobre eventos promovidos ou com a participação de integrantes do governo local. A grande maioria apenas cita que o Ceam faz parte das políticas públicas de enfrentamento ou também realiza atendimentos na Casa da Mulher Brasileira. Nessas notícias, por exemplo, quando o serviço é

142 citado, não há a preocupação em lincar para a página dos Centros, de modo a utilizar o potencial dos hiperlinks para difundir mais informações sobre o serviço.

Sobre os Nafavds, as notícias são ainda mais restritas. A busca pelo termo “Nafavd” retornou com apenas 16 notícias, a mais recente data de 2014 e a mais antiga de 2011. De lá para cá, ou seja, nos últimos quatro anos, não houve novas notícias sobre o serviço. A maioria dos textos apresentam o serviço e explicam suas atividades, seu histórico e sua presença nas regiões. Quase nenhuma, no entanto, indica canais de contato ou endereços.

No site da SEDESTMIDH, o quadro é um pouco diferente. A busca pelo primeiro termo, também entre aspas, na aba notícias do portal da secretaria, retornou com 31 notícias e pelo segundo, com 66 textos. Embora no site da Secretaria as notícias sejam mais numerosas e abrangentes, o acesso ao domínio “www.mulher.df.gov.br” se faz quase que exclusivamente por busca direta no navegador, uma vez que nem no portal oficial do governo do Distrito Federal nem no site da Agência Brasil há atalho rápido para a página da Secretaria.

Estudar os mecanismos e as estratégias de divulgação do Governo do Distrito Federal propiciaria material para uma nova pesquisa e dissertação. Como destacado, o foco desta não tem esse assunto como objeto. Esse breve cenário foi promovido com o intuito de exemplificar ou tornar mais tangíveis alguns apontamentos trazidos pelos grupos focais, que indicam, pode- se dizer que de forma unânime, a divulgação tímida dos serviços e das políticas públicas que hoje existem no DF sobre a temática.

Colher e analisar todo esse material gerou uma série de reflexões e observações. Antes de aprofundar essa discussão, no entanto, é necessário relembrar o que foi visto até agora, conforme o quadro abaixo.

143 Quadro 5: análise

Fonte: elaboração própria