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Breve Caracterização sócio-econômica de Florianópolis-SC e a Situação das/os

2 A AVENTURA METODOLÓGICA: O UNIVERSO DA PESQUISA, OS

2.6. Breve Caracterização sócio-econômica de Florianópolis-SC e a Situação das/os

A ilha de Santa Catarina situa-se na região sul do Brasil, com população estimada para 2005 em 396.778 hab. (IBGE, censo 2000). Sua área de unidade territorial é de aproximadamente 433 km2 e sua densidade demográfica, cerca de 760,10 hab/km. Florianópolis “nasceu como centro político-militar-administrativo” (CECA, 1993, p. 110) por ter sido considerada como ponto estratégico devido ao seu porto, e é a capital do estado, mas não sua maior cidade, que é Joinville98. O total de residentes na ilha com 10 anos ou mais é: 290.047. Destes, 280.408 são alfabetizados, o que corresponde a uma taxa de alfabetização de 96,7%. Segundo o PNUD, essa alta taxa, juntamente com taxa bruta de freqüência nas escolas resultaram como o melhor indicador (0.934) no ranking geral do

98 Para informações mais detalhadas sobre Florianópolis, ver: CECA (1996) e VEIGA (1993).

IDH-M99 em educação na Grande Florianópolis, que tem 628.238 hab. Todas as mulheres e os homens pesquisadas/os neste estudo são alfabetizados.

A renda per capita referente ao IDH-M dessa capital é a primeira das trinta e três regiões metropolitanas brasileiras: em média, RS$521,30 em 2000. Ao longo de nove anos este valor superou a Grande São Paulo, RM de Campinas e Baixada Santista, apresentando crescimento de 46% nesse período. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA)100, a partir do Censo IBGE-2000, em Florianópolis há 150.905 mulheres. Destas, 92.536 têm rendimentos (61,32%). E há 139.142 homens. Os que têm rendimento são 103.369 (73,89%). As mulheres entrevistadas por mim recebem, em média, RS$750,00 (oitocentos reais).

Ao se atentar aos dois bairros onde esta pesquisa ocorre, os dados são: no bairro João Paulo (onde se faz etnografia de uma incubadora) há 1.508 homens e 1.549 mulheres; e na Trindade (onde se faz visitas a empresas), 7.116 homens e 7.915 mulheres.

Para as décadas de 1990 e 2000, os dados estatísticos quanto à taxa de fecundidade total101 (unidade: filho) são, respectivamente: 2,14 e 1,68. Com relação a 2003, a taxa de fecundidade é de 2,6 filhos102. O aumento inesperado da população decorre de indivíduos que migram para esta cidade em vista de seus atrativos turísticos (as praias, os principais deles), que exercem fascínio pela melhor qualidade de vida. Este aumento não advém, necessariamente, do crescimento vegetativo103. Das mulheres por mim entrevistadas, dez têm filhos e vinte e três não têm filhos.

Florianópolis tem uma taxa baixa de população negra (em torno de 12%, de acordo com o IBGE/censo 2000). Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

99 O IDH-M mede o nível de desenvolvimento humano dos países, cuja base são indicadores de

educação, longevidade e renda. Mais detalhes, ver no site: do PNUD. Disponível em: <

http://www.pnud.org.br/atlas/PR/Press_Release_6.doc > Acesso em: 07 jan 2006.

100 Segundo o IPEADATA, o percentual de mulheres e de homens no PEA refere-se ao universo de

municípios definido pelo IBGE no levantamento censitário e não necessariamente coincide com o oficialmente existente ou instalado na data de referência. Disponível em: <

http://www.ipeadata.gov.br/ipeaweb.dll/ipeadata?160968015 > Acesso: 24 nov 2005.

101 Dados do IPEA, que esclarece que a taxa de fecundidade refere ao número médio de filhos que

uma mulher teria ao terminar o período reprodutivo. Para obter mais informações metodológicas acesse <www.undp.org.br>.

102 PNUD informa que a média brasileira é de 2,3 em 1999, tendo caído de 5,8 em 1970. Para uma

reflexão mais ampla sobre a questão da taxa de fecundidade das mulheres no Brasil, ver: MINELLA (2005) e, mais especificamente, o item 3.2 “O enfoque demográfico: quando os números expressam mais que quantidades”.

(PNAD) de 2005, Santa Catarina é o estado que apresenta o menor percentual de negros na população: 24,5%. Nesta pesquisa não encontrei nenhuma mulher negra e encontrei apenas um homem negro, que atua na administração da incubadora.

Em Florianópolis, em relação à população residente, cor ou raça branca, há 33.790 com algum tipo de deficiência mental, ou física, dentre as enumeradas pelo censo. Ressalto que na presente pesquisa, não foi encontrada nenhuma mulher e nenhum homem que apresentassem qualquer tipo de deficiência dentre as especificadas pelo censo do IBGE.

Com relação à origem, ressalta dos dados do IBGE que, no geral, a ascendência dos habitantes de Florianópolis é a portuguesa, com ênfase à açoriana. No geral as mulheres que integram o universo da presente pesquisa são filhas de pais brasileiros, e têm ascendência européia, mais notadamente portuguesa, espanhola, e italiana, além de alemã.

Ao finalizar este relato, chego à conclusão de que se tratou realmente de uma aventura. Os desafios foram chegando e se sofisticando. Meu caminhar teve idas e vindas, e inclusive estagnações, o que me obrigou a realinhamentos de ordem tanto teórica quanto metodológica, além de redefinição de loci da pesquisa, que passou de uma mega-empresa para empresas nascentes de base tecnológica, incubadas e não-incubadas.

No terceiro capítulo, a seguir, elaboro uma descrição dos dois loci desta pesquisa, situados em Florianópolis-SC, mencionando dados sobre os respectivos perfis dos/as entrevistados/as. Com essa série de informações, objetivo situar o público leitor nos contextos-foco desta investigação, entendidos como locais onde se exerce a tecnociência. Ao privilegiar esses contextos tecnocientíficos, e ao mapeá-los, eu estava em busca da verificação de informação prestada por uma informante de que neles eu encontraria a “tendência do novo” relativamente a uma maior agency das mulheres que neles atuavam profissionalmente. Elas estariam, nesses locais, exercendo funções (nas exatas) e ocupando cargos (na hierarquia superior das empresas) até então tidos como masculinos. Meu estudo revelaria se essa tendência era real e como tal situação estava se processando.

3 O CENÁRIO DA PESQUISA: UMA ETNOGRAFIA DAS EMPRESAS