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Breve descrição dos sujeitos envolvidos no desenvolvimento da pesquisa

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1. Descrição da escola e seu contexto social

3.1.1. Breve descrição dos sujeitos envolvidos no desenvolvimento da pesquisa

A pesquisa foi desenvolvida com duas turmas diferentes e em anos diferentes, na mesma escola, já descrita acima.

A seleção destas turmas deveu-se ao fato de que ambas possuíam um número reduzido de estudantes em relação às demais turmas da escola, o que facilitou na utilização da horta escolar e no acompanhamento da professora em todas as atividades. Outros aspectos levados em conta na seleção destas turmas foram o diferencial que cada uma possuía em relação as demais turmas da escola. A primeira turma, da primeira intervenção, era uma classe de aceleração, com estudantes acima da média de idade considerada pelas séries e anos escolares e a turma da segunda intervenção, possuía duas estudantes inclusas e a necessidade de incluí-las em todo o processo de ensino aprendizagem.

A primeira intervenção foi realizada no segundo semestre do ano de 2013, em uma tentativa de desenvolver o projeto com um grupo especial de estudantes, considerados a turma de Aceleração, denominada T1. Esta modalidade de classe foi destinada a desenvolver os conteúdos essenciais do 6º e 7º anos, no período de um ano letivo.

Sobre a aceleração dos estudos e avanços, Piletti (1999, p. 97), afirma que:

A aceleração de estudos é uma possibilidade aberta aos alunos com atraso escolar: àqueles alunos com lacunas em conteúdos anteriores [...] devem ser oferecidas oportunidades de estudar os pontos faltantes, com a finalidade de permitir-lhes acompanhar a classe de que fazem parte.

A organização desta turma de aceleração foi uma maneira que a equipe diretiva da escola encontrou, com o amparo da lei15, de favorecer os estudantes com atraso superior a dois anos, comparado à idade média dos demais estudantes das classes normais.

Esta turma era composta por seis estudantes, dentre eles: uma adolescente de 14 anos e cinco adolescentes do sexo masculino, com idades entre 14 e 15 anos. Todos os estudantes desta turma especial possuíam um atraso nas antigas séries de dois ou mais anos, por consequência, apresentavam defasagem de conteúdos, dificuldade de concentração, além de problemas disciplinares na escola. Por tais motivos, esta turma foi escolhida para o desenvolvimento da presente pesquisa.

A segunda intervenção ocorreu no primeiro semestre do ano de 2014, e foi desenvolvida na íntegra com uma turma do sétimo ano, composta por dezoito estudantes: nove adolescentes do sexo masculino, destes quatro tinham 13 anos, dois 14 anos e três 12 anos. Das nove adolescentes do sexo feminino, uma tinha 16 anos, duas 13 anos, uma com 14 anos e cinco com 12 anos.

Destes estudantes, uma adolescente de 16 anos e um adolescente de 14 anos estavam repetindo o sétimo ano na mesma escola. Os demais estudantes já eram alunos da escola no ano anterior. Por possuir, duas estudantes inclusas, a turma permanecia praticamente a mesma em todos os anos escolares, uma iniciativa da escola para favorecer o respeito e aceitação à inclusão.

As meninas inclusas eram uma de 14 anos diagnosticada como inclusa intelectual, possuindo problemas na aprendizagem, em especial na escrita, nos cálculos matemáticos, interpretação e argumentação, sendo, porém, participativa e interessada. Outra menina, de 13 anos, possui a Síndrome de Ataxia Telangiectasia,

[...] caracterizada pela associação de ataxia cerebelar, que se instala na primeira infância, telangiectasias óculo-cutâneas, distúrbios extrapiramidais, tendência a infecções constantes do sistema respiratório, retardo estaturo-ponderal e demenciação progressiva. Há também acentuada predisposição aos tumores malignos do sistema reticulo endotelial. A doença evolui inexoravelmente, os pacientes tornam-se inválidos e perecem ainda na infância ou na adolescência em virtude das complicações infecciosas bronco-pulmonares, quando não pelas neoplasias malignas supracitadas (SILVA, et al., 1971, p. 219).

15 A formação de turmas de Aceleração é amparada pela Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, no Capítulo I,

Por este motivo, quando esta menina participava das aulas, era acompanhada de uma monitora, pois neste momento de sua vida era cadeirante, necessitando da ajuda para realizar qualquer função, desde alimentar-se, ir ao banheiro, pegar o material, entre tantas outras atividades. Devido ao estágio adiantado da síndrome, esta estudante não escreve; sua fala e seus movimentos estão comprometidos e apresenta um raciocínio mais lento que os outros estudantes. Sua participação limitava-se em pequenas opiniões e falas, à interação com os colegas e eventuais produções simples. Devido aos problemas respiratórios decorrentes da síndrome, em dias muitos frios ela não frequentava a escola.

As duas turmas possuíam uma característica em comum, eram turmas relativamente pequenas, comparadas às demais turmas da escola, isso tornou possível que a docente acompanhasse as atividades dos estudantes, sem ter a necessidade de outro professor para auxiliar no controle disciplinar, pois, na segunda intervenção enquanto uma equipe se deslocava para a horta, as demais equipes permaneciam realizando outras atividades em sala de aula.

Na segunda intervenção, houve uma breve comparação com outra turma do sétimo ano, denominada turma “controle”. Esta turma possuía vinte e cinco estudantes, com idades variadas entre 13 e 16 anos, com treze estudantes do sexo masculino e doze do sexo feminino. Ela pode ser caracterizada como diversificada, pois estava constituída por alguns estudantes que repetiram o ano escolar e outros novos na escola. Contudo, ela não possuía estudantes com inclusão, mas vários estudantes com dificuldades ou lacunas na aprendizagem. Com esta turma não foram desenvolvidas abordagens metodológicas diferenciadas, ou seja, os estudantes tiveram aulas normais expositivas, sem a utilização de grandes recursos, além da utilização do livro didático e de atividades escritas.