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Breve histórico da educação ambiental na Amazônia paraense

No documento DEYSE DANIELLE SOUZA DA COSTA (páginas 59-63)

2 CAPÍTULO II – CARACTERIZANDO A PESQUISA: O CURSO DE

2.2 EDUCAÇÃO AMBIENTAL: CONSIDERAÇÕES SOBRE A HISTÓRIA

2.2.2 Breve histórico da educação ambiental na Amazônia paraense

Uma das sinalizações pioneiras direcionadas a preocupação do Governo do estado do Pará em relação a Educação Ambiental e nesse contexto ainda vista como uma questão de sensibilização quanto a degradação ambiental e suas respectivas consequências, encontra-se mais precisamente em 1986 com a Divisão de Ecologia e Saúde Ambiental da Secretaria do Estado de Saúde Pública – SESPA, onde a EA passava a ser um dos instrumentos de gestão para o órgão. Em 1990, com a criação do Departamento de Meio Ambiente na SESPA, a Educação Ambiental passou a ser direcionada, junto com outras atividades do departamento, para a solução de problemas ambientais com pouca abrangência e, com isso, atendia a solicitações de palestras sobre o assunto em escolas de Belém e apoiava esporadicamente a outros instrumentos de gestão, a exemplo da fiscalização.

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A I Conferência Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente aconteceu no ano de 2003, teve por tema o Fortalecimento do Sistema Nacional do Meio Ambiente, contou com a participação de 65 mil pessoas em todo país e 912 delegados na Etapa Nacional. Seus objetivos foram: – mobilizar, educar e ampliar a participação popular na formulação de propostas para um Brasil sustentável; – definir diretrizes para consolidar e fortalecer o Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, instituído pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, como um instrumento para a sustentabilidade ambiental; – diagnosticar e mapear a situação socioambiental mediante indicadores, atores sociais, percepções, prioridades. Os principais resultados alcançados com a Conferência foram as 659 deliberações de competência do Ministério do Meio Ambiente e as 336 recomendações de competência de outros órgãos.

A trajetória legal da Educação Ambiental no estado do Pará em 1990, ainda envolve o surgimento da CINEA36, através das portarias n° 0487/90-CS a Secretaria Estadual de Educação, e n° 303/90 - GABS da Secretaria Municipal de Educação e Cultura, posteriormente, foi promulgada a Lei Estadual de Educação Ambiental n° 5.600 de 15 de junho de 1990, com o intuito de promover a Educação Ambiental em todos os níveis, conforme menciona no artigo 255, inciso IV da Constituição Estadual.

Em 1991, ocorreu a estruturação da SECTAM – Secretaria do Estado de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente, contudo não se percebeu profundas alterações das atribuições da Divisão que funcionava na SESPA, pois notava-se que existia a necessidade da implantação de um processo educativo ligado ao meio ambiente e a sociedade, mas as ações do governo nesse sentido ainda eram incipientes já que ainda não existia uma política de valorização do Meio Ambiente no Estado. Em 09 de maio de 1995, foi criada a Lei Estadual de Meio Ambiente n° 5. 887, que dispõe sobre a Política Estadual de Meio Ambiente (PEMA), onde o capítulo V, artigo 87, estabelece os princípios para a efetivação da Educação Ambiental.

Posteriormente aos acontecimentos legais, o secretário em exercício na época, o Dr. Nilson Pinto de Oliveira, promoveu através da Coordenadoria de Proteção Ambiental/Divisão de Estudos e Educação Ambiental, a elaboração do Programa Estadual de Educação Ambiental, que corresponderia a intenção do governo em “Desenvolver sem devastar”. O PEAM37, surgiu através de uma proposta da Divisão de Estudos e Educação Ambiental – DIAMB/SECTAM em conjunto com instituições de ensino superior, órgãos governamentais e não-governamentais, com o apoio do Sr. Elízio Oliveira/IBAMA38 e a Profª Nana Medina/ Consultora, que realizaram oficinas de trabalhos baseados no Programa Nacional de Educação Ambiental com a finalidade de construir a referida proposta para compor o Programa Estadual de EA.

Nesse sentido, foi aprovada a proposta por meio da Exposição de Motivos Interministerial n° 002, publicada no D.O.U EM 22/12/94, e da Política Nacional de Educação Ambiental através da Lei n° 9. 795 de 27/04/99. A finalidade do PEAM, está direcionada para a implementação da Política de Educação Ambiental do Estado do Pará, coordenado pela SECTAM e estimulando ações de EA nas instituições da CINEA, na

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Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental do Estado do Pará.

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Programa Estadual de Meio Ambiente.

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educação escolar envolvendo todos os graus e modalidades de ensino, na não-formal e nas atividades de gestão ambiental. Está incluso também a capacitação de educadores, gestores ambientais e formadores de opinião, a efetivação de estudos e pesquisas a área de fundamentos, metodológicos e produção de matérias técnicos/educativos relacionados à Educação Ambiental.

A CINEA foi instituída através do Decreto Governamental n° 3. 632 de 03 de setembro de 1999, tendo como coordenação a SECTAM e contando com a representação de 28 instituições (governamentais, não-governamentais e empresariais), objetivando gerar, acompanhar e avaliar o Programa Estadual de Educação Ambiental – PEAM/1999. Durante vários anos a SECTAM desenvolveu trabalhos relacionados à educação ambiental, através de sua Diretoria de Planejamento Ambiental e da Coordenação de Capacitação e Educação Ambiental em conjunto com a CINEA, de acordo com o Decreto n° 2481 de 25 de junho de 2002, a CINEA passou a se denominar CIEA – Comissão Estadual Interinstitucional de Educação Ambiental do Estado.

As ações da SECTAM direcionam-se a Seminários, cursos de capacitação, elaboração de jogos educativos, orientação e laboração de programas de Educação Ambiental para outros órgãos do Estado, Instituições de Ensino, entre outros. Em 2004, esta secretaria em conjunto com a CIEA ofereceu oficinas e reuniões objetivando o fortalecimento da Política Estadual de Educação Ambiental, também foi realizado o I Fórum Estadual de Educação Ambiental, cuja intenção foi institucionalizar a Rede Paraense de Educação Ambiental e com isso atribuir conhecimento, promovendo o desenvolvimento e a integração de Programas e Projetos de EA no Pará. No ano de 2007, em meio a um cenário de intensas mudanças administrativas no governo do estado, a Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente - SECTAM passou a ser denominada Secretaria de Estado de Meio Ambiente – SEMA.

A Rede paraense de Educação Ambiental, enquanto desdobramento da REBEA39, vem atualmente desenvolvendo trabalhos de cadastramento de todos os Programas e Projetos de Educação Ambiental realizados no Estado, através de um formulário disponível no site da SEMA40. A Rede PAEA é uma rede que agrega pessoas e organizações que atuam com educação ambiental nos mais diversos territórios e espaços institucionais no estado do Pará. Está sendo articulada pela própria Secretaria de Meio Ambiente, que coordena a CIEA, as

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Criada em 1992, na atmosfera de grande mobilização da Rio-92, a Rede adotou como carta de princípios o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, documento construído pelos seus próprios fundadores em interação com educadores do Brasil e de outros países. A Rede possui também um Acordo de Convivência e um conjunto de consensos que orientam sua ação e como documento político norteador a Carta da Praia Vermelha, aprovada no VI FBEA (RJ, 2009).

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Universidades (UFPA, UFRA41, UNAMA42) se fazem presentes e atuam na CIEA e na Rede. Quanto a esfera municipal, podemos dizer que há certa articulação com os municípios da região metropolitana de Belém, já que se trata de um Estado peculiar com dimensões territoriais consideradas continentais, o que exige atuação descentralizada. Percebe-se que há considerável acúmulo no campo da EA na região de Santarém e de Marabá, no entanto estes ainda necessitam ser potencializados.

Finalmente, O evento mais recente (que envolve os âmbitos regional e nacional) referente à Educação Ambiental no Pará, diz respeito ao II Encontro Panamazônico de Educação Ambiental que aconteceu dentro do VIII Fórum Brasileiro de Educação Ambiental, no período de 03 a 06 dezembro de 2014.

O II Encontro Panamazônico de Educação Ambiental, teve como eixo central a

FORMAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS PARA A CONSERVAÇÃO E O USO DE RECURSOS NATURAIS, demonstrando o interesse da Rede Paraense de Educação Ambiental

e da Universidade Federal do Pará, através do Grupo de Estudos em Educação, Cultura e Meio Ambiente GEAM/ICED43, em dar prosseguimento a um caminho iniciado em 2005, quando foi realizado o I Encontro dessa natureza. Um caminho que expressa a vocação das Redes de Educação Ambiental e da UFPA em promover diálogos que possam ir além de suas fronteiras para a integração de atores de toda a Região Amazônica.

O VIII Fórum Brasileiro de Educação Ambiental (FBEA), teve como tema Educação Ambiental: Do Local ao Global, Tecendo Redes e Fortalecendo Sociedades Sustentáveis. O evento aconteceu pela primeira vez na região amazônica e foi realizado pela Universidade Federal do Pará (UFPA), por meio do GEAM/ICED. Além disso, teve como agentes promotores a Rede Brasileira de Educação Ambiental (REBEA), Rede Paraense de Educação Ambiental (Rede PAEA) e a Rede Carajás de Educadores Ambientais. O Fórum teve programação diversificada e sua conferência de abertura foi ministrada pelo sociólogo ambientalista mexicano Prof. Dr. Enrique Leff, no dia 3 de dezembro,que abordou a problemática ambiental que emerge com a crise da civilização e da cultura ocidental, consequência da racionalidade moderna e da economia do mundo globalizado.

Para Leff “a crise ambiental é um efeito do conhecimento – verdadeiro e falso –sobre o real, sobre a matéria, sobre o mundo. É uma crise das formas de compreensão do mundo, desde que o homem aparece como um animal habitado pela linguagem, que através da história

41 UFRA – Universidade Federal Rural da Amazônia. 42

UNAMA – Universidade da Amazônia.

humana se separou da história natural”. E uma das consequências da crise ambiental global que vivemos é a banalização da ideia de sustentabilidade, que veio acompanhada da saturação do seu sentido e também da perversão do seu conceito. O pesquisador considera que “o pensamento ecológico e sua epistemologia tem como missão reavaliar as inter-relações em um mundo complexo, para resgatar a autonomia humana e suas relações dialógicas”.

Para fins de aproximações conclusivas do presente capítulo nossas constatações dirigem-se em dois sentidos, quais sejam, apontar aquilo que já foi feito, mas estimular a reflexão sobre o que se pode ainda fazer. Vimos que entre os encontros específicos de educação ambiental, os que merecem mais destaque ocorreram em Tbilisi (1977), Moscou (1987) e Thessaloniki (1997). Nesse sentido, consideramos salutar que tais encontros continuem a ocorrer, para que mais pessoas sejam atingidas e para que haja melhoria da intenção de educar.

No entanto, pensamos que falta a tais encontros internacionais o poder de gerar maior impacto no âmbito interno de cada país. A política de educação ambiental é responsabilidade de cada Estado nacional, através de seus canais institucionais, e deve haver maior concretude em sua execução, assim conseguimos perceber caminhos que nos movam para que a ideal amplitude da educação ambiental fique mais perto de ser atingida.

Em consonância com o exposto até aqui, o item seguinte desse estudo se estrutura em torno do levantamento realizado nos periódicos da base Scielo e na ANPED no período de 2010 a 2014, com o intuito de verificar, de que forma a comunidade acadêmica vem discutindo a formação continuada de professores em EA na contemporaneidade.

2.3 A TENDÊNCIA DAS PESQUISAS EM POLÍTICAS PÚBLICAS

No documento DEYSE DANIELLE SOUZA DA COSTA (páginas 59-63)