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Percepções sobre o material de apoio pedagógico do CAEA

No documento DEYSE DANIELLE SOUZA DA COSTA (páginas 119-122)

4 CAPÍTULO IV – ANÁLISE E TRATAMENTO DOS DADOS

4.4 FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES COMO CATEGORIA

4.4.3 Percepções sobre o material de apoio pedagógico do CAEA

60 EaD – Educação a Distância.

No que se refere a processos formativos destinados a profissionais da Educação e que acontecem após a formação inicial realizada na graduação, os dados nos remeteram além da modalidade em que esses processos acontecem, a estruturação e organização pedagógica. Surgiram falas referente, as parcerias entre os níveis federal, estadual e municipal, a equipe pedagógica do curso, o papel da tutoria local e alguns outros, mas o item que mais teve incidência foi o material de apoio pedagógico, nos demonstrando a necessidade de ele constituir uma categoria empírica do nosso estudo.

Nesse sentido, realizamos o seguinte questionamento: Como você avalia o material de apoio pedagógico (cinco módulos) do CAEA? Cite alguns aspectos positivos e outros que você julga que precisem de melhoria.

Para tal questionamento obtivemos as seguintes respostas: um percentual significativo de cursistas considerou o material muito bom, rico em fundamentação teoria e informações sobre a EA, ou seja, 80% dos docentes classificou como bom ou muito bom, no entanto realizando ressalvas sobre alguns aspectos.

Primeiro sobre a dificuldade para ter acesso ao material por não possuírem computador em casa e/ou pela internet de má qualidade. O que para nós evidencia um problema que ultrapassa a questão do material em si, mas o da acessibilidade ao mesmo.

Outro ponto que nos chamou bastante atenção faz referência a uma herança na área da Educação, a de que os cursos têm que apenas instrumentalizar para a prática, aplicar receitas de modelos para serem reproduzidas. Esta visão reprodutivista e para nós já ultrapassada, fica evidente na fala de alguns cursistas, e através desta visão, alguns cursistas chegaram a classificar o material como insuficiente e sinalizar a ausência destas.

De acordo com os dados da tabela seguinte:

TABELA 10 – Avaliação positiva do Material de apoio pedagógico

Cursista Classificação do Material de apoio pedagógico do CAEA: Muito bom ou bom

C9

As apostilas que o curso foi repassando para nós foram muito importantes, foi válido. Principalmente devido a gente ter também feito aquele projeto COMVIDA na escola, que a gente fez um trabalho na escola ele (o material de apoio pedagógico do CAEA) foi uma fonte, abriu um leque de conhecimentos a respeito de educação ambiental.

C3

O material foi bom, foi bom porque eu consegui desenvolver todas as atividades usando o material do curso, imprimi, encadernei e tenho, até hoje serve de suporte para tirar algumas dúvidas para fazer outras atividades, tanto na minha coordenação que eu trabalho, né, que eu tenho um projeto que a gente desenvolve diretamente no campo, e a gente trabalha todos os temas geradores que abrange a Educação Ambiental, em todos os sentidos né? Eu tou sempre fuçando para tirar de lá alguma coisa.

C6

Pra mim foi de grande valia o material. Muito bom mesmo. Em questão de informação veio contribuir muito com o nosso trabalho em sala de aula. E também levarmos para nossa escola. Toda a nossa atividade fora de sala de aula em adquirir conhecimento é para nossos alunos. Então o conteúdo do material foi muito bom

C4

O material é muito bom por sinal. A minha maior dificuldade é que o material ele vinha só através da plataforma, e como foi o primeiro trabalho que eu fiz a distância, eu tive dificuldade, muita dificuldade de acesso, as vezes eu ficava dependendo de deixarem o material na papelaria para eu poder tirar cópia, e teve muitos materiais que eu nem consegui tirar cópia. (...)

C2 Eu achei muito bom o material. Em termo de referências bibliográficas muito bom, muito válido, só que faltou ser voltado para a prática escolar.

Esse conjunto de falas nos reporta há algumas interpretações, a primeira é que o subsidio teórico garantido pela PNEA para tal processo formativo vem dando conta do que tem se proposto, no sentido de instrumentalizar teoricamente os profissionais da educação, ou seja, o público alvo do curso com textos de referências da área da EA como Carvalho (2006), Layrargues (2012) e Loureiro (2004). Esses textos apresentam e defendem o viés de EA crítica, como estratégia de rompimento com um modelo de Educação Tradicional, descontextualizado e individual ainda posto em nosso país.

A fala da Cursista C9, faz referência ao COM-vidas, programa que também exemplifica o esforço da Política Nacional em ampliar a oferta e a participação civil nos processos de EA, a medida que envolve a comunidade escolar como um todo, empoderando os jovens, tornando-os sujeitos ativos neste processo.

O subsídio e apoio para o exercício da prática pedagógica também foram recorrentes nas falas dos cursistas egressos, no que tange as contribuições dos cinco módulos de apoio do CAEA. A Fala do Cursista 02, conforme tabela anterior exemplifica uma visão fragmentada da relação teoria prática, já que, ao mesmo tempo que a cursista elogia a riqueza teórica do material, ela também registra que está não faz relação com a prática, o que para nós, caracteriza uma incoerência e fragilidade na interpretação e que vai coadunar as falas de outros dois cursistas, as quais registramos a seguir, segundo:

C1:

Eu não peguei com o CD. Eu já imprimi, tirei xerox, mas a leitura que eu fiz tava boa, mas eu acho que precisa melhorar um pouquinho, entendeu? Porque tem aquele CD que veio para acompanhar, nem todo mundo recebeu, nem viu, nem ouviu, ficou só voltado para a leitura.

C8:

Eu pensei que teria mais material para eu ir montando outros para mim trabalhar em sala de aula, e não foi bem assim. O material teórico que veio assim, eu pensei que ia ter mais práticas, que para mim é muito importante, eu gosto muito de trabalhar com a prática. Só sala de aula, só teórico, só teórico, a gente já se desgasta, que dirá os adolescentes.

O entendimento sobre o aparato pedagógico em que se sustenta a proposta do CAEA registrado na fala de tais cursistas, faz relação novamente com a forma de disposição do

material e não a ele em si, registrando para nós uma categoria oculta que já pareceu na categoria que se propôs a discorrer sobre a EAD e para nós se apresenta na fala implícita de alguns egressos na presente categoria, que é o entrave causado pela falta de internet, ou internet de péssima qualidade, para concretização de cursos que acontecem nessa modalidade. A fala da cursista 08, reforça uma reflexão já realizada aqui e eu também fez emergir uma categoria, as relações e/ou articulações entre a prática docente da EA, pretendemos discorrer um pouco mais sobre tal temática na categoria destinada a essa reflexão, no sentido de necessidade de superação do modelo da racionalidade Técnica, conforme, CONTRERAS, 2012. Todavia, quanto aos que discordam vemos prevalecer uma visão historicamente posta na Educação Ambiental e na Educação brasileira de uma forma geral, na qual a teoria se dissocia da prática e por assim dizer, representa uma superação hierárquica da primeira em relação a segunda.

No documento DEYSE DANIELLE SOUZA DA COSTA (páginas 119-122)